Sentada no parapeito da janela, eu olho lá fora, observando alguns polícias na sala de musculação do Sr. Jekons e alguns em volta da Sra. Barkers sem vida e toda ensanguentada. Estremeço com a quantidade de sangue em volta dela e fecho meus olhos. Eu sabia o que havia acontecido, mas não parecia ser real. Viro minha cabeça e olho para a parede branca, que separava nossos apartamentos. De repente, seu rosto surge na minha frente e pressiono minhas costas na parede. O sangue escorria pelo seu queixo, suas presas estavam para fora enquanto ele ofegava e rosnava e, em seguida, seus olhos vermelhos-dourados, que olhavam para os meus. Quando olha para fora, eu noto uma ambulância. Eu estava provavelmente mergulhando em meus pensamentos para não ter ouvido as sirenes. Os policiais e outras pessoas estavam tirando fotos no apartamento no Sr. Jekons e do corpo da Sra. Bakers. Gostaria de saber se Harry também matou o Sr. Jekons. O flashback de Harry atacando a Sra. Bakers voou em minha mente e sinto minhas mãos começarem a tremer novamente. Antes que pudesse aprofundar em meus pensamentos de novo, a campainha toca. Eu saio da janela e faço meu caminho para o corredor.
"Mãe." Disse abrindo a porta do quarto, mas não encontro ninguém. "Mãe!" Eu grito e fecho a porta do meu quarto, mas não obteve resposta. Ando em direção à porta, fico na ponta dos pés e vejo polo olho mágico o policial que havia visto na escola de pé em frente e porta. Lentamente, abro a porta e esqueço completamente que estava de pijamas, mas ele não parecia se importar.
"Olá, Srta. Moonsky." Ele começa e estende a mão. Eu lentamente a pego e aperto delicadamente.
"Olá." Respondo e ele me dá um sorriso.
"Sua mão ou seu pai estão em casa?" Ele pergunta e balanço minha cabeça em resposta .
Ele balança a cabeça e suspira. "Eu acho que você nos viu trabalhando no parque e na casa do Sr. Jekons." Ele diz e para, esperando uma resposta minha, então aceno com a cabeça ligeiramente.
"Estamos olhando em volta, perguntando se talvez as pessoas não tivessem visto alguma coisa para novas ajudar com a investigação. Você não viu alguma coisa estranha ou qualquer pessoas que tenha agido de forma estranha ultimamente?" Ele me pergunta olhando intensamente em meus olhos com seus olhos marrom escuro.
"Não." Menti ainda mantendo a porta aberta apenas pela metade.
"Ok, não vamos mais incomoda-la. Boa noite." Ele disse e acenou uma vez para mim antes de se afastar e ir em direção à porta do Harry. Rapidamente fecho minha porta e encosto minha testa nela. Ouço a campainha do apartamento do Harry. Fico na ponta dos pés para ver que o policial está na frente da porta do apartamento de dele. Ele toca novamente a campainha, mas novamente não obteve resposta. Ele suspira antes de se afastar e ouço seus paços ficando cada vez mais e mais suaves. Eu lentamente caminho de volta para o meu quarto e olho para fora da janela, para ver o corpo da Sra. Barkers ser colocado na ambulância e os polícias entrando em seus carros.
Pego o telefone, disco o número do meu pai e espero até ser atendida.
"Olá?" Eu ouço a voz sonolenta do meu pai.
"Ei pai, sou eu." Disse e me sento no parapeito da janela novamente.
"Oi querida, por que você está me ligando tão tarde?" Ele pergunta e eu olho para fora da janela, e vejo que todas as pessoas foram embora.
"Posso falar com você?" Perguntei.
"Claro, o que há de errado?"
Inspiro fundo e fecho meus olhos. "Você...Você acha que o mal existe?" Lhe perguntei e sinto uma lágrima escorrendo pelo meu rosto.
"O quê? Do que você está falando August?" Ele pergunta espantado.
"Você acha que as pessoas podem ser más?" Pergunto e sinto mais lágrimas escapando dos meus olhos tornando minha respiração irregular.
"August o que está acontecendo? É sobre o divórcio? Sua mãe está pedindo para você fazer isso? Ela está mal-intencionada?" Meu pai diz em um tom irritado.
"Papai, não é uma ordem da mamãe." Eu sussurro.
"August passa o telefone para sua mãe, eu quero falar com ela nesse instante." Ele ordena.
"Ela não está aqui." Digo e passo a mão pelo meu cabelo loiro.
"Tudo bem, mas diz para ela me ligar, ok?"
"Sim pai."
"Escute, eu quero que você tire essa porcaria da sua cabeça, ok? Sua mãe, ela...ela tem problemas, mas não é culpa sua, tudo bem?" Ele diz e eu começo a chorar.
"August, por favor, não chore, eu tenho que ir, me desculpe. Diga a sua mãe que ela precisa me ligar."
"Ok." Eu resmungo e encosto minha cabeça na parede.
"Eu te amo August, vejo você em breve."
"Também te amo, tchau pai." Digo e desligo rapidamente o telefone antes de jogá-lo na sala. Com minha cabeça baixa, eu caminho em direção ao grande espelho e olho para cima. Eu me vejo, meus olhos vermelhos e inchados de tanto chorar, olheiras envolta deles, meus lábios levemente azuis pelo frio, meu cabelo que cai em cascata pelo rosto e meu pequeno corpo que poderia quebrar se apenas fosse atacado por uma bola de papel. Com a mão direita, acaricio o lado esquerdo do meu pescoço, onde Harry queria me morder. De repente, eu me pergunto por que o Harry não me mordeu. Sem pensar, me afasto do grande espelho e caminho em direção ao lugar onde eu tinha uma grande chance de morrer, mas era onde eu precisava estar.
***
Paro na frente da sua porta, embora eu ainda estivesse assustada com o que aconteceu á algumas horas a trás. Mas havia algo que me fazia querer correr para seus braços, embora eu saiba que ele era perigoso. Ele era o primeiro que não me julgava, que não me intimidava e foi o primeiro que me chamou de bonita. Para mim, ele havia se tornado realmente importante e o que tinha acontecido, não mudou muito isso, eu apenas fiquei com medo. Toco a campainha e coloco meus braços envolta do meu corpo trêmulo. A porta permanece fechada e eu suspiro antes de tocar a campainha de novo, mas antes de apertar o botão, a porta se abre e o sentimento de querer estar em seus braços desaparecem. Eu o vejo olhando para mim, com o cabelo molhado e apenas uma toalha em volta da sua cintura, mas era tarde demais agora. Eu não sorrio de volta e fico pregada no chão.
"Posso entrar?" Pergunto em silêncio e olho em seus olhos por um segundo antes de olhar para meus pés. Vejo ele indo para o lado, me dando espaço para entrar, mas não entro.
"Você tem que dizer se eu posso entrar." Eu digo do mesmo jeito que havia feito na noite passada.
"Você pode entrar." Harry diz com a voz rouca. Eu entro em seu apartamento e fico supresa por ele ser vazio. Faço uma careta, olho em volta e vejo todas as janelas cobertas com papelão tornando o ambiente escuro. Quando ouço a porta da frente se fechar, eu saio dos meus pensamentos e me viro para encarar Harry e tento não me concentrar em seu corpo seminu. Olho para meus pés e fecho meus olhos enquanto ele permanece em silêncio.
Eu respiro fundo antes de olhar para cima." "O que você é?" Pergunto e vejo que ele olha para baixo. "Sério?" Eu adiciono.
Harry respira profundamente. "Eu preciso de sangue." Ele diz e arqueia suas sobrancelhas. "Para viver." Ele sussurra.
"Quantos anos você tem?" Pergunto em voz baixa.
"Vinte." Ele responde olhando para cima. "Mas tenho vinte por um longo tempo."
Eu balanço a cabeça. "Onde está seu pai?" Pergunto quando noto que ele havia ido embora e eu não o tinha visto.
"Ele não era meu pai." Harry responde e em seguida vem o silêncio. Eu me perguntava quem era ele então. Olho em volta e vejo algumas coisas na mesa de jantar. Eu caminho lentamente em direção a ela. Um monte de papéis estavam jogados sobre ela, mas um chama minha atenção. Eu agarro a foto vintage e vejo Harry e outro homem sentados, ambos sorrindo com seus braços no ombro uns dos outros. No canto da imagem estava escrito '1942' e minha respiração trava. Olho para o homem ao lado de Harry e estrito meus olhos percebendo que ele era familiar. Então, veio um flashback do homem que pensarei ser o pai de Harry. O menino e o homem na foto tinham o mesmo sorriso e a mesma mancha sob o olho esquerdo. Engulo em seco e deixo a foto cair sobre a mesa. Olho para Harry, para vê-lo olhando para mim com suas sobrancelhas franzidas.
"Desconhecido." Rapidamente digo e começo a caminhar para a porta da frente, mas Harry bloqueia o caminho.
"Eu quero ir." Bato nele e ele franze ainda mais suas sobrancelhas.
"O que você vai fazer comigo?" Pergunto e estreito meus olhos para ele. "Você vai sugar todo meu sangue até eu morrer?" Ele olha para mim com uma expressão irritada e lentamente se afasta, me dando espaço. Abro a porta e dou um passo para fora do apartamento. Tão rápido quanto eu podia, caminho em direção ao meu apartamento e pouco antes de abrir a porta, eu o ouço sussurrar "Eu disse que nós não podíamos ser amigos.". Honestamente, isso doeu. Rapidamente volto para meu quarto e deito na minha cama quando forço a me acalmar. Eu respiro fundo, até minha respiração voltar ao normal. Eu olho para a parede perto de mim e sinto as lágrimas ameaçarem cair.
"Eu sinto muito Harry." Eu sussurro e coloco minha mão sobre a parede, mas de alguma forma, parecia estar conectada com sua mão. Sinto uma pressão no peito, eu abraço o edredom fortemente e olho para a parede novamente e, então, minha visão fica embaçada e todas as minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto. Depois de uma hora, eu choro até dormir com medo e amor espalhados pelo meu corpo.
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