Naive ಌ l.h

By tulipxs

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Sophie considera-se capaz de ajudar um rapaz intocável, porém, ela é ingénua e sofrerá as consequências das s... More

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By tulipxs

17 de fevereiro

               Não conseguira pensar noutra coisa senão no que aconteceu durante o período da manhã, quando Luke fugira a correr daquele grupo de rapazes que tentava meter-se com ele. Aquilo que me custou mais foi vê-lo fragilizado, assustado, completamente sozinho e desamparado num mundo repleto de crueldade e maldade. Defendi-o porque todos nós merecemos alguém que nos defenda. No entanto, Luke não teve qualquer atitude de gratidão para comigo, por isso, durante o resto do dia, fiquei sem saber como ele estava. Tentei procurá-lo pelos corredores mas sabia que seria improvável encontrá-lo num lugar tão movimentado. Além disso, o rapaz faltara às restantes aulas do dia, acrescendo a minha preocupação. Não conhecia o seu esconderijo e lamentava-me vezes sem conta por não puder dizer-lhe que podia contar sempre comigo, que eu estaria sempre lá para o ajudar.

               Antes da hora de almoço cedi e mandei-lhe uma mensagem. Podia recorrer aos bilhetes no cacifo, uma forma simples e bonita de comunicar com alguém, como Luke disse gostar; porém, eu não sabia onde ficava o seu cacifo e a única forma de eu tentar chegar até ele seria através do seu número de telefone. Todavia, a mensagem que eu lhe mandei a questionar se estava tudo bem não obteve resposta e eu vi-me novamente envolvida numa incógnita. Sabia que ainda teríamos as explicações, no entanto, não sabia se conseguia aguentar até lá sem ter notícias do loiro de olhos azuis.

               E foi por essa mesma razão que eu respirei de alívio quando o meu relógio de pulso marcou as 18:25. Faltavam dez minutos para a hora que tínhamos combinado e eu não podia estar mais ansiosa por ver Luke. A minha mãe fez-me o favor e levou-me de carro até à rua do rapaz. Abandonei o veículo com um sorriso nos lábios e despedi-me dela, ficando depois a ver o seu automóvel a desaparecer pela estrada. Apesar de faltar uma semana para o outono, as grandes árvores à minha volta começavam a libertar as folhas dos seus ramos, deixando-as cair pelo passeio, tornando as ruas mais coloridas. No entanto, estava um final de tarde agradável, o tempo estava ameno e existia uma breve brisa que arrefecia a minha face quente. Olhando à minha volta, iniciei a caminhada, sorrindo à medida que via as folhas a caírem no chão, dando já sinais que o tempo estaria a mudar e que, em breve, uma nova estação substituiria o verão. Acabei mesmo por me debruçar e apanhar uma folha, guardando-a dentro do bolso do meu casaco. Essa folha era bonita e digna de ser oferecida a alguém.

               Coloquei a minha mochila preta ao ombro e caminhei vagarosamente pelo passeio. Não estava preocupada com a possibilidade de chegar atrasada, até porque não sabia como Luke iria reagir com a minha presença, nem se eu seria capaz de formular as palavras certas para o acalmar. Só queria aproveitar o trajeto até ao seu prédio e absorver a brisa fresca que embatia no meu rosto e atirava os meus cabelos loiros para trás. Não existiam muitas pessoas na rua, contudo, os lugares destinados ao estacionamento estavam cheios de carros e supus serem das pessoas que vivem nos prédios paralelos ao parque. E então olhei para o céu. O sol escondia-se atrás de algumas nuvens e não faltaria muito para escurecer, até porque a lua já ocupava um lugar entre as pequenas estrelas que estariam por renascer. Sempre gostei de observar o céu, especialmente a uma hora como esta.  

               Fiquei desiludida quando olhei para o lado e vi o grande prédio verde menta de Luke. Atravessei a passadeira e respirei fundo, caminhando até à porta. Fiquei durante uns segundos a olhar para os botões da campainha, tentando lembrar-me do andar e do número da porta, informações que o rapaz me dera durante o almoço de ontem. Estiquei a mão e mordisquei o lábio, carregando no botão da campainha. Ouvi um som e, depois, a porta à minha frente abriu-se com um estalido. Era agora. Apertei a alça da mochila na minha mão e subi os degraus, fechando a porta atrás de mim. Felizmente, o prédio tinha elevador, por isso não tive de subir as escadas até ao quarto andar. Assim que as portas metálicas deste se abriram, duas portas de madeira apareceram no meu campo de visão. Caminhei até àquela que tinha o número 8 preso à madeira e respirei fundo antes de bater. Porém, quando os nós dos meus dedos chocaram contra a madeira, a porta, que pelos vistos se encontrava encostada, abriu-se.

               – Luke? – chamei, adentrado pelo hall de entrada. Caminhei lentamente, observando as paredes repletas de quadros vistosos e fotografias antigas. Luke aparecia em quase todas, com mais dois rapazes, que eu supus serem os seus dois irmãos mais velhos. Um sorriso triste apareceu nos meus lábios quando vi o seu ar vulnerável em quase todas as fotos.

               Quando não obtive resposta, continuei a caminhar, até chegar à sala de estar. Um sofá bege encontrava-se no centro da visão, em frente a uma pequena mesa de centro e um plasma. Existiam várias estantes, onde se podiam observar livros e mais algumas fotografias. Senti o meu coração palpitar-me no peito quando me senti sozinha numa casa que me era desconhecida e pensei para comigo que o que eu estava a fazer era invasão de propriedade, no entanto, a figura alta de Luke apareceu vinda do nada e esses pensamentos evaporaram-se.

               – Olá. – ele sorriu, encostando-se à ombreira da porta. Trazia nas mãos um prato com uma fatia de pizza. O seu sorriso afastava todas as minhas preocupações relativas àquilo que acontecera na escola, porém, conseguia ver uma réstia de medo escondida nos seus olhos brilhantes.

               – Olá. – exalei. – Desculpa, eu não sabia se podia entrar mas a porta estava a aberta. – apontei para a porta atrás de mim e engoli em seco, sentido a minha face quente. Luke encolheu os ombros.

               – Eu deixei-a encostada para ti. – ele afirmou. Só nessa altura é que reparei que ele envergava umas calças de treino cinzentas e uma t-shirt completamente preta. Nunca o tinha visto com um ar tão descontraído, mas talvez isso se devesse a ele estar no conforto da sua casa. A verdade é que ele estava lindo, com aquele cabelo desgrenhado puxado para cima.

               – Oh, então nesse caso obrigada. – forcei um sorriso e baixei a cabeça, fitando os meus ténis. Não sabia bem o que dizer, até porque agora já não sabia se aquilo que tinha acontecido na escola tinha importância para o rapaz. Ainda assim, não consegui manter-me calada. – Tu faltaste ao resto das aulas. E não respondeste à mensagem que te mandei.

                Luke caminhou até ao sofá e sentou-se, pousando o prato em cima da mesa de centro. Mantive-me em pé, agora já a fazer contacto visual com ele. 

                – Senta-te. – ele suspirou, aconchegando-se a um canto do sofá. Respirei fundo e sentei-me no sofá individual, ficando assim de frente para ele. – Eu devia agradecer-te, não é?

                – Eu apenas fiquei preocupada. – abanei a cabeça, meio zangada por ele não ter dito nada. – Não sabia se estavas bem. Eu fui à tua procura mas foi inútil.

                – Pois... desculpa. – ele murmurou. – Não queria que ficasses assim por minha causa. Estas coisas são normais na minha vida.

                – Mas parece que eu agora também faço parte dela. – os olhos frágeis de Luke encontraram os meus assim que estas palavras abandonaram a minha boca, da forma mais inocente que eu podia tê-las proferido. Senti-me envergonhada, no entanto, o sorriso que Luke me mostrou, provocou uma certa alegria dentro de mim. – Desculpa, não era isto que eu queria dizer. – abanei a cabeça. – Tu és só o meu explicador de matemática.

                – Porque é que eu me sinto tão confuso quando estou contigo? – ouvi-o questionar. – Num minuto dizes uma coisa, noutro já dizes outra completamente diferente. Quer dizer, tu queres ser minha amiga ou o quê? Eu não consigo perceber o que vai na tua cabeça, Sophie.

                – Desculpa. – repeti, desta vez tapando a cara com as mãos. Tinha vontade de chorar, contudo, sabia que se o fizesse estaria a dramatizar a situação. – Eu não sei. Eu acho que também estou confusa. – voltei a respirar fundo, tentando acumular todo o ar que os meus pulmões poderiam aguentar. Destapei a cara e olhei nos olhos do rapaz. – Tu disseste-me não nos podíamos aproximar. Foste tu quem quis manter a distância.

                – Sophie, eu pensava que estavas determinada a quebrar as minhas regras. – ele pegou na fatia de pizza e deu uma dentada, pousando-a depois no mesmo sitio. – Vai sempre haver uma distância física entre nós mas, agora que te começo a conhecer melhor, acho que podemos ser amigos. Não existe necessidade de sermos apenas duas pessoas que se conhecem.

                Um sorriso parvo acabou por curvar os meus lábios e não consegui deixar de baixar o rosto para evitar olhar diretamente nos seus olhos azuis. Luke estava a permitir que eu entrasse na sua vida, e isso era uma honra enorme, até porque nem toda a gente tem esse privilégio. No entanto, o rapaz de cabelos loiros também não tem ninguém em que confiar, por isso, eu devo ser a única pessoa que ele pode aceitar na sua bolha de solidão. Não posso dizer que isso me magoe, porque magoa ser a única opção dele, contudo, também fico aliviada ao saber que agora ele não está sozinho. Agora ele tem-me a mim.

                – Nós devíamos começar as explicações. – ele riu-se baixinho. Sorri também, lembrando-me do que tinha guardado no bolso do casaco.

                – Luke, eu tenho uma coisa para ti. – enfiei a mão no bolso e tirei de lá a folha dourada que apanhara no caminho para cá. A folha era grande e tinha a forma perfeita para ser considerada uma folha especial e única. A sua cor combinava com o cabelo loiro de Luke e, de certa forma, retratava na perfeição a sua personalidade única, simples e bonita.

                – Uma folha? – ele riu-se e aproximou-se. Puxou um cobertor de lã que se encontrava perto dele e envolveu o seu corpo no tecido negro, protegendo-se. Ele ficava adorável daquela forma, fazendo-me lembrar uma criança. Ergui a folha no ar e girei-a nos meus dedos, ficando hipnotizada pelas cores bonitas e acastanhadas que ela nos mostrava. Luke inclinou-se e, com a boca meio aberta, ficou a olhar fixamente para a folha a girar na minha mão. – É bonita.

                – Foi por isso que a apanhei. – concluí. – Se a tivesse deixado no passeio onde a encontrei, ela seria pisada por uma centena de pessoas. Acabaria por se partir ou perder esta forma bonita. Salvei-lhe a vida.

                Luke ouviu atentamente as minhas palavras, enquanto continuava a observar a folha. Depois de alguns segundos em silêncio, suspirei e pousei-a em cima da mesa de centro, onde Luke pudesse pegar nela sem tocar na minha mão.

                – É tua. – declarei, com um sorriso contido nos lábios. O rapaz olhou para mim com uma expressão confusa e debruçou-se sobre a mesa para apanhar a folha, continuando com o cobertor à volta dos seus ombros largos.

                – A sério? – o seu rosto permaneceu fixo na folhinha, com um semblante pensativo.

                Encolhi os ombros. – Não é nada de especial. Eu vi-a e lembrei-me que podias gostar.

                 – Gostei. – ele sorriu. – Gostei muito. Obrigado.

                 Respirei fundo e abanei a cabeça, como se tentasse dizer que não foi nada de especial. E não tinha sido. Eu só queria retribuir aquilo que ele fez comigo, ao deixar aquele papelinho no meu cacifo. A sensação de receber algo seu foi diferente. Dar-lhe algo que eu considero especial é entregar-lhe uma parte de mim própria e é deixá-lo entrar um pouco mais na minha vida. Além disso, se Luke confia em mim, eu também tenho de aprender a confiar nele.


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Muito obrigada pelos vossos comentários. Sinto que esta história está a crescer e vocês têm-me apoiado imenso. Muito, muito obrigada. Eu adorava poder retribuir o que fazem por mim, por isso, se quiserem, eu dedico-vos capitulo, é só pedirem :)

Coisas importantes:

-> Ontem foi atualizado mais um capitulo de Strawberry, podem encontra-lo em sauciness

-> O meu user no twitter é frightless_ estejam à vontade para me seguirem.

-> O videoclip do SKH saiu ontem e eu ainda não estou em mim!! Opa viu-se mesmo que eles se estavam a divertir e amei, amei, amei. É, sem duvida, o melhor vídeo até agora. O que é que vocês acharam??

Love u guys,

ella



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