[ ... ]
JUDE
Eu não sabia o que fazer, Isadora estava desaparecida o dia todo e não deu sinal de vida. Não atendia minhas ligações e nem as de Henrique, sempre caía na caixa postal.
Não sabia o que fazer, já havia rodado Barcelona inteira e nada dela. Já estava indo para a polícia quando tentei ligar pela vigésima vez e ela me atendeu.
_ Alô? - Ouvir sua voz me deu um alívio no mesmo instante, pelo menos ela estava bem.
_ Isa.. você está bem? onde você está? Você saiu enquanto eu estava no banho e não disse para onde ia, está perdida? - Perguntei com um aperto no coração, precisava saber a onde ela estava.
_ Estou bem Jude, não precisa se preocupar. - Respondeu e ouvi som de vozes no fundo da sua ligação.
_ Você está sozinha? - Perguntei sentindo um frio percorrer pelo meu corpo, a noite estava gelada.
_ ... - O silêncio prevaleceu, ela não respondeu minha pergunta o que me levou a crer que ela não estava sozinha.
_ Isa? - A chamei novamente.
_ Estou na casa de um amigo, preciso ir.
_ Na casa de um amigo? mas você não conhece ninguém.
_ Conheci hoje, não se preocupe. Pode ir dormir que vou ficar bem. - Respondeu querendo se livrar de mim.
_ Espera, não desliga. - E se ela estava com um garoto? _ Eu te procurei por Barcelona inteira, pelo menos me diz que você está bem e que vai voltar para o hotel em segurança? - Eu não me perdoaria se ela se machucasse.
_ Tabom, prometo que vou voltar em segurança. Agora eu preciso ir. - Ela desligou a ligação e meu coração se apertou.
Respirei fundo colocando meu celular no bolso e me sentei na calçada olhando para as pessoas que passavam na rua.
Eu fiz merda, mas queria concertar. Mas talvez vir atrás de Isadora agora, não tenha sido uma boa opção.
_ Licença. Garotinho, você poderia me ajudar a atravessar a rua? - Uma senhora perguntou após tocar em meu ombro e assenti me levantando, enquanto ela passava o braço ao redor do meu. _ Você é muito educado, sua namorada deve ter sorte.
Disse após atravessar com ela e reprimi um sorriso que não queria dar.
_ Eu tinha uma, mas fui um babaca com ela e ela não quer me ver mais na frente dela. - Respondi olhando para o chão.
_ Que engraçado, uma vez uma menina me pediu um conselho sobre o amor, eu respondi que era uma bosta, mas que ela deveria seguir o coração dela. Eu acredito que a ajudei na época, você quer um conselho também? - A senhora perguntou e assenti. Eu precisava de um conselho.
_ Eu agradeceria.
_ Você acabou de me dizer, que errou com a moça, certo? - Perguntou e assenti.
_ Sim, eu fiz uma coisa errado e machuquei ela.
_ Então.. é provável que ela esteja machucada e que precise de um tempo para pensar sobre vocês dois. Eu aconselho a deixar ela pensar, não force as coisas, o que tiver que acontecer, vai acontecer.
_ Mas e se ela me trocar por outro? eu não quero perder o que construímos, mesmo que eu tenha destruído tudo.
_ E você pensou que ela ficaria feliz por ter sido machucada por você? Você não pensou nos sentimentos dela e agora está com medo dela te trocar?
_ Não foi isso que eu quis dizer.
_ O que você fez para ela? - Perguntou, que senhora curiosa. Queria um conselho, não uma cadeirada na cabeça.
_ Eu beijei outra... - Sussurrei e no mesmo instante, a senhora me bateu no ombro o que me fez se encolher.
_ Aí! - Exclamei, porque havia doído.
_ Se eu fosse ela, pegaria outro também. Passar bem. - Disse curta e grossa e me deu as costas saindo andando.
Que velha mal agradecida, feiosa, ridícula... minha mãe que me perdoe por pensar isso. Velha feia e gaga.
_ Era só o que me faltava. Quer saber.. vou esperar ela na frente do hotel. - Falei para mim mesmo voltando a três quadras do hotel e me sentando no terceiro degrau do lado de fora.
ISADORA
Após muito esforço da minha parte, resolvi sair de perto dos meninos que haviam chegado na casa de Ferran para atender a vigésima ligação de Jude.
_ Quem era? - Ferran perguntou após desligar o meu telefonema e se encostando no batente da porta.
_ Era o cara que eu queria evitar. - Respondi voltando para a sala e Ferran veio ao meu lado.
_ E quem é ele? Nós conhecemos? - Ferran perguntou se sentando no braço do sofá e me sentei na cadeira na frente dos meninos.
_ Pior que sim. Mas é melhor vocês não saberem.
_ Por que? Conta é babado. - Lamine perguntou e todos os meninos assentiram querendo saber.
_ Ele é jogador do Real Madrid. - Foi nítido a expressão de desgosto e surpresa no rosto dos meninos.
_ Que!! Não acredito que você está sofrendo por um merengue. - Pois é, eu estava.
_ Sabia que não podia ser coisa boa, está explicado agora. - Balde disse jogando as mãos para o alto.
_ E qual deles que você estava? - Ferran pelo visto era o mais curioso.
_ É o Jude Bellingham.
_ Que!! Aquele cara é um filho da mãe, quem ele pensa que é para te tratar assim? - Ferran era curioso, mas também se doía pelo outros. Muito simpático.
_ Me faço a mesma pergunta.
_ Mas então esquece ele. Ele não te merece. - Lamine disse a sorri lateralmente.
_ Talvez vocês tenham razão. Mas é difícil esquecer.
_ Não faz mal, mostra para ele o que ele perdeu. - Lamine era muito jovem, mas também muito sábio.
_ Pessoal me ajudem a convencer ela a ir no treino amanhã. - Balde contou e os meninos se viraram para mim.
_ Ela vai sim, não vai? - Ferran perguntou.
_ Não sei, é complicado.
_ Então trate de descomplicar. - Ferran disse cruzando os braços.
_ Tabom, amanhã eu vou ao treino de vocês. - Falei e todos ergueram as mãos felizes por terem conseguido. Mas na verdade, era que eu já cogitava ir, talvez eles pudessem me distrair antes que eu começasse a focar no meu trabalho. _ Mas agora eu realmente preciso ir embora, já está tarde.
_ Mas está cedo. Dorme aqui.
_ Não, obrigada. Eu realmente preciso ir embora.
_ Tabom, eu te levo. - Balde disse e apesar de negar as duas primeiras vezes, aceitei. Me despedi dos meninos e disse que nos veríamos no dia seguinte.
JUDE
Fazia vinte minutos que estava esperando Isadora, já estava quase desistindo quando avistei ela chegando.. mas ela não estava sozinha.
_ Quem é esse cara? - Perguntei para mim mesmo, ao vê-la se aproximar.
No mesmo instante meu sangue ferveu, ela estava conversando com um jogador do Barcelona, e.. ela parecia muito a vontade.
Tentei controlar a vontade de ir até ela e tirar satisfação, mas meu eu interior falou mais alto.
Instantemente, me levantei do chão e fui em passos largos em sua direção.
_ Onde você estava? - Perguntei olhando para ela que ajeitou a coluna antes de me responder.
_ Não te interessa, eu avisei que viria depois.
_ Não me disse que conhecia ele.
_ Não fala assim com ela. - O jogador se doeu ficando na frente dela e o olhei de cima a baixo.
_ Não se intromete, aliás, é melhor você dar um fora. - Falei e ele não se moveu e continuou a me encarar.
_ Senão vai fazer o que? Já não está feliz com outras pessoas e agora quer mandar na Isa. Você não tem moral para dizer nada aqui.
_ Ninguém pediu a sua opinião. - Falei me aproximando dele, mas Isa entrou no nosso meio.
_ Para com isso. - Pediu olhando para mim, mas não desviei o olhar do jogador, igual ele fazia comigo.
_ Ele que se intrometeu. - Respondi e ouvi a respiração pesada de Isa que se virou para o jogador e deu as costas para mim.
_ Balde, eu sinto muito, mas é melhor você ir. Não quero problemas.
_ Ele não me intimada, Isa. Se você quiser, você pode dormir na minha casa.
_ Ela não quer, agora ouve ela e vai embora daqui. - Falei deixando transparecer o quão irritado o seu convide me deixou.
Ela não ia com ele, nem que ele pagasse. Quem ele pensa que é, para dizer isso a ela? Ela não pode.
_ Obrigada. Mas não precisa, eu vou ficar bem.
_ Tem certeza? - Perguntou para ela, mas olhando para mim e respirei fundo para não bater nele.
_ Ela tem certeza, agora cai fora. - Respondi e Isa me olhou com cara feia.
_ Vou ficar bem.
_ Tabom, te vejo amanhã. - Como assim te vejo amanhã? Ele simplesmente a puxou para um abraço que me ferveu o sangue no mesmo instante.
O pior, foi que ele me encarou com um sorriso cínico no rosto e se Isa não tivesse se afastado logo em seguida, eu teria arrancado aquele sorriso do seu rosto.
_ Tchau. - Isa se despediu e ele virou indo embora.
_ Que idiota. - Sussurrei e Isa se virou para mim no mesmo instante.
ISADORA
Esperei Balde se afastar para falar com Jude, dessa vez ele passou dos limites. O que lhe faltava nesses dias.
_ Qual é o seu problema? - Perguntei virando de frente para ele. Que olhou de forma desentendida para mim. Que cara de pau.
_ Qual o meu problema? - Perguntou indignado. _Qual o seu problema? Porque eu estive aqui o dia todo te esperando e preocupado com você, para que você chegasse com esse cara.
_ Não fala como se eu tivesse feito algo de errado.
_ Você acha certo me fazer esperar por você aqui fora? - Agora ele foi longe demais.
_ Não pedi para você me esperar, aliás eu não te pedi nem para vir atrás de mim. Mas como você é intrometido, não me deixou pensar em paz e achou um jeito de vir atrás de mim. Estou cansada disso. - Falei o deixando ali e indo para o meu quarto.
_ Eu não pensei, eu só vim porque eu queria ficar perto de você. - Disse entrando no elevador junto comigo.
_ E você pensou se eu queria ver você depois de tudo que você fez? - Perguntei brava.
_ Eu sei que não queria. Mas eu precisava vir.
_ Sempre você. Será que você pode parar de pensar no que você quer e começar a perceber que você fez burrada e só está tentando conseguir o meu perdão porque se sente mal com o que você fez.
_ Eu estou assim porque eu não quero ficar longe de você! - Gritou comigo.
_ Está gritando por que!? - Gritei imitando ele, quem ele pensa que é para gritar comigo?
_ Desculpa. - Pediu me olhando com seu olhar que ainda mexia comigo, mas me virei para frente agradecendo mentalmente quando as portas se abriram. _ Isa. Será que não podemos conversar civilizadamente? - Perguntou entrando na minha frente antes que batesse na porta, já que estava sem o cartão de acesso para entrar.
_ Tabom, Jude. Fala então, vamos conversar civilizadamente, igual você conversou com o Balde lá em baixo quando eu cheguei.
_ Nesse caso é diferente...
_ Por que seria diferente? - Agora eu estava curiosa.
_ Vocês chegaram muito próximos, e ele ainda te deu aquele abraço que eu não gostei.
_ Essa é a questão Jude, você não pode se intrometer na minha vida, eu abraço quem eu quiser. Sempre deixei claro o meu modo de ser, mas você agiu daquele modo porque estava com ciúmes. Mas não temos mais nada entre nós, você não pode brigar com tudo mundo que eu abraço.
_ Sim, eu posso.
_ O que vocês estão fazendo aqui fora? - Henrique perguntou abrindo a porta bem na hora.
Olhei no fundo dos olhos do Jude e fiquei olhando até que não queria mais olhar e me virei na direção do Henrique.
_ Me desculpa, Henrique. - Pedi e ele franziu o cenho sem entender.
_ Por que está me pedindo desculpas? - Perguntou inocente e foi então que segurei em sua mão e o coloquei para fora do quarto e entrei fechando a porta deixando Jude e Henrique para fora do quarto. _ Isadora!! Sua lambisgoia, abre essa porta! - Henrique gritou batendo na porta e me sentei no chão ficando escorada na parede, olhando fixamente para um ponto fixo na minha frente. _ Jude faz alguma coisa. - Ouvi Henrique dizer.
_ Deixa ela, ela precisa descansar.
_ Que? Eu também preciso. Quer dizer que você vai sentar no corredor e dormir aí? - Pelo visto Jude já tinha achado um lugar para dormir, pensei que ele iria procurar outro quarto, mas ele preferia passar frio no corredor, do que fazer isso.
Não queria fazer mais nada, eu queria chorar isso sim, mas ao mesmo tempo estava tão cansada para isso, que simplesmente me joguei na cama e peguei no sono, minha vida estava um verdadeiro inferno.