Não pode piorar..

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[ ... ]

Nunca pensei que iria passar tanta raiva na minha primeira viagem de avião. Quando eu olhava através da tela da televisão de casa, imaginava que seria fantástico, poxa vida viajar de avião que coisa bacana, mas estava sendo infernal.

Aquela criança ao meu lado estava me irritando em um nível absurdo, por um acaso, onde que estava os pais desse ser?

A todo instante ele cutucava o nariz com as pontas dos dedos, que nojo. E depois, ficava limpando elas na poltrona da frente, se bem que poderia ser pior, ele podia limpar em mim e daí eu ia fazer ele limpar.

Tirando o fato, que esse garoto possuía uma maldita pena, que com certeza ele havia arrancado de alguma pobre galinha por aí, tadinha dela. E como se não bastasse, ele ficava esfregando ela no meu braço, durante duas horas de voo eu aguentei quieta, mas aquilo ao passar das horas foi me irritando.

Isso quando ele não tirava o tempo para puxar meu cabelo e dar risada.

Eu já não estava mais aguentando, foi quando a aeromoça veio até mim, me dar uma boa notícia.

_ Licença moça, vamos pousar daqui a pouco. Você gostaria de alguma coisa para beber? - A aeromoça perguntou passando com seu carrinho em cada assento.

_ Teria algum sonífero para que uma criança durma e só acorde quando este avião pousar? - Perguntei com um sorriso no rosto e a aeromoça franziu o cenho.

_ Para uma criança? - Perguntou confusa e assenti.

_ Sim. - Respondi com um sorriso no rosto e ela me ignorou como se eu fosse maluca.

Então ela simplesmente seguiu seu caminho e me deixou ali esperando por uma resposta, o engraçado e ao mesmo tempo irritante, era que o menino fingiu dormir com cara de anjo e quando ela saiu da sua vista, ele abriu os olhos rindo e me mostrando a língua.

_ O moça me ajuda aqui, por favor! - Gritei chamando por ela, mas acabei chamando a atenção das pessoas no avião.

_ Fica quieta o menina, eu quero dormir. - Um homem disse alguns bancos para trás e fiquei indignada com aquilo.

_ Deixa para dormir na sua casa, aproveite a vista do lado de fora o senhor aí do fundo. - Falei me virando para frente e meu olhar foi direto na criança que estava rindo da minha cara.

_ Sua feia.. - Ele caçoou fazendo uma careta e peguei o fone de ouvido que a aeromoça havia me dado e coloquei no ouvido colocando um filme na televisão do avião. _ Feiosa. - O menino disse novamente e tirei o meu fone apontando o dedo em seu rosto.

_ Escuta aqui seu menininho arteiro, feia é a sua mãe que não te deu educação. - Falei brava e ele começou a fazer biquinho e do nada começou a chorar.

Mas gente eu não fiz nada..

_ O que está acontecendo aqui? - A aeromoça que havia me ignorado antes voltou, quando viu o menino chorar.

_ Nada. - Respondi inocentemente e um homem que estava comendo todo o saquinho de batata frita do avião respondeu na poltrona à minha frente.

_ Ela assustou a criança que só queria brincar com ela. - Mas que absurdo, eles estavam cegos que não perceberam que a criança que começou tudo aquilo?

_ É verdade isso? - A aeromoça perguntou e fui sincera.

_ Não fiz nada demais, só falei que a mãe dele era feia e ele começou a chorar. - Falei e ela abriu a boca indignada, mas eu não tinha feito nada demais.

_ Que coisa feia menina, você ofendeu a mãe do menino. - O homem disse enfiando mais batata para dentro.

_ Fica quieto seu saco sem fundo, você está comendo todas as batatas fritas do avião a dez horas e eu não disse nada.

Country on fire - Jude BellinghamOnde as histórias ganham vida. Descobre agora