Manuela
Eu não vou ficar mal por conta desse idiota do pai do meu filho.
Se ele acha que vai mandar em mim está muito enganado.
A gente não tem nada, ele não me deve fidelidade como ele mesmo disse, e eu também não devo porra nenhuma aqui.
Transei duas vezes com ele porque quis, mas isso não quer dizer que ele tenha virado meu dono.
Respiro fundo para segurar as lágrimas.
Lágrimas essas de ódio.
Deito na cama e fico esperando o sono chegar o que não acontece.
Sinto minha boca secar e fico com sede.
A casa está em silêncio, acho que o Grego está dormindo no quarto dele, então decido ir até a cozinha beber água.
Desço as escadas com cuidado até chegar na sala onde vejo Grego dormindo no sofá.
Vou até a cozinha abrindo a geladeira pego uma garrafa de água e um copo e me sirvo.
Depois de dois copos cheios de água encho a garrafa novamente de água e a coloco de volta na geladeira.
Lavo o copo e deixo em cima da pia. Quando me viro dou de cara com o Grego me olhando feito um doido.
Manu: Caramba que susto!- levo minhas mãos até meu peito.- Quer me matar do coração?
Grego: Quero conversar com tu.
Manu: Não quero papo agora. Muito menos contigo.
Grego: Eu quero te explicar umas paradas. Sobre esse negócio de tu querer sair com outra pessoa.
Manu: Isso não é da sua conta Grego, tu deixou muito claro que não temos nada, foi só sexo. A nossa única ligação é somente o nosso filho, nada além disso. E vai ser assim de hoje em diante. Só vamos nos ver ou conversar quando nosso filho for o assunto.
Grego: O que tu tá falando? Tu tá morando na minha casa não tem como não conversar um com o outro.
Manu: Tu disse que essa é a parte mais segura do morro né? Então não preciso morar necessariamente na tua casa, a casa da frete está desocupada e vou me mudar pra lá amanhã mesmo, não vou ficar na casa de alguém que passa o pau em qualquer buraco desse morro e acha que eu devo alguma coisa por ter tido o azar de engravidar de você.
Vejo o moreno engolir em seco.
Grego: Tu se arrepende de ter transado comigo na boate?
Manu: A resposta é óbvia né. Tu me trata como se eu fosse um cachorro que precisa da permissão do dono pra qualquer coisa.
Grego: Eu nunca fiz isso contigo Manuela.
Manu: Não? Engraçado porque eu me sinto assim toda vez que tu diz que eu não posso sair com alguém que eu queira. Não quero ser obrigada a ficar com você só porque tu acha que eu sou sua.
Vejo o espanto nos olhos dele assim que eu termino de falar.
Grego: Tu se sente obrigada a ficar comigo? Foi tu que quis não te obriguei a nada. Achei que tivesse de acordo.
Manu: Não me lembro de ter concordado em ficar só com você. Assim como tu não fica só comigo.
Quando Grego abre a boca pra falar ouvimos o barulho dos fogos sendo disparados.
No mesmo instante o radinho dele toca e ele atende.
MT: Tão invadindo essa porra.
Grego: É a polícia?
MT: Não, os caras tão com máscaras de cobra. Acho que são do filho do finado.
Grego: Que porra, segura aí que tô descendo.
MT: Tranquilo, enquanto isso vou brincar de tiro ao alvo na cabeça dos alemão.
Grego: Vem Manuela preciso te deixar segura.
Subimos as escadas e entramos no quarto dele.
Grego abre uma porta por trás do espelho do closet dele que dá acesso a uma pequena sala.
Manu: Que lugar é esse?
Grego: Um lugar onde tu vai tá segura até eu voltar. Tem água e comida no frigobar ali.
Ele veste um colete e pega duas pistolas e põe na cintura uma de casa lado e logo em seguida atravessa um fuzil que é maior do que eu no peito dele.
Manu: Tu vai lá fora agora? Vou ficar aqui sozinha?
Grego: Eu tenho que ir. Tu vai ficar bem aqui só que que esperar eu voltar. Olha essa porta se fecha aqui por dentro.- aponta para a fechadura da porta.- Tu só vai abrir ela quando eu mandar entendeu?
Manu: Entendi.
Grego: Tudo bem.
Ele se vira e vai em direção a saída.
Manu: Grego? - ele olha pra mim.- Tenta ter cuidado lá fora por favor, tu precisa voltar pra gente.- ponho as mãos em cima da minha barriga.
O moreno da meia volta e me abraça apertado deixando um beijo na minha testa. Logo depois se abaixa e beija minha barriga.
Grego: Prometo que eu volto pra vocês dois.
Diz me olhando nos olhos.
Logo se vira e sai.
Vou em direção a porta e a tranco.
Fico sentada no sofá que tem aqui rezando pra dar tudo certo e nenhum dos meninos se machuquem.
Grego
Trocação de tiro tava intensa, já estamos aqui tem mais de três horas e nada deles recuarem. Os desgraçados invadiram de madrugada achando que seria mais fácil.
O dia já amanheceu e os trabalhadores não saíram de suas casas.
Vejo de longe o JG encurralado por três dos inimigos, ele está de joelhos com uma arma apontada para a cabeça dele.
Tento chamar reforço pelo radinho mas parece que esse caralho pifou, só escuto um chiado na linha.
Sem esperar mais miro na cabeça deles e só puxo o gatilho da minha arma e vou acertando a cabeça de um por um. Consigo livrar a cara do JG que ficou caído no chão.
Vou até ele e o levanto pela camisa.
Grego: Que caralho tinta fazendo aqui? Te mandei ficar com os outros na segurança da Manuela.
JG: Foi tu mesmo que me mandou vim pra cá patrão.
Grego: Tá maluco? Não mandei porra nenhuma.
Tz: Qual é Grego larga o menino pô, também ouvi tu passar o rádio chamando ele e os outros pra desceram pra cá.
Grego: E como eu ia chamar alguém se o meu rádio tá pifado hein caralho?
JG: Eu não sei mas foi tua voz que todos nós escutamos no rádio, pode perguntar pra qualquer um.
Tz: Ele tá falando a verdade Grego, foi tua voz que tava no radinho, até mandou eu ir pro lado contrário de onde os caras tavam vindo.
Grego: Eu nunca mandaria tu fazer essa idiotice.
Tz: É por isso que acho melhor tu soltar o mano aí.- se aproxima de nós.- Acho que tem alguma coisa errada aqui. Invadiram a nossa frequência e usaram algum programa de inteligência artificial usando tua voz nos passando ordens. Não invadiram nenhuma boca e nem depósitos nossos.
Grego: Só estavam nos distraindo.
Tz: Isso.
Largo o JG que cai no chão feito um saco de batatas.
Grego: Preciso ir pra minha casa agora . Preciso ver como a Manuela tá.
Saio correndo até chegar em minha casa.
O portão tá aberto assim como as portas da casa. Entro corrente vou até meu quarto vendo tudo revirado.