08/05/2024
Point of view: Lohan Manobal
Seul - Coreia do Sul
Quarta-feira
09:52 AM
— O que ele quer? — perguntei, vendo Joon franzir o cenho enquanto me encarava, sentado na cadeira em minha frente. — O que o Aon quer de mim? É dinheiro?
— Você acha que eu sei, Lohan? Acha mesmo que eles contariam os planos deles pra mim? — seu tom de voz parecia ser verdadeiro.
— Eles te adotaram quando?
— Há três anos atrás, quando você foi embora. A única coisa que me falaram era que você estava envolvido com a máfia e que eu não podia ter contato com você.
— Tá falando isso por quê? E se eu realmente fosse da máfia? Eu poderia te manter em cativeiro agora, sabia? — cruzei meus braços, encarando-o com um olhar determinado, demonstrando que não estava com medo ou algo do tipo, apenas queria descobrir a verdade.
— Você não parece ser da máfia.
— Por que está trabalhando aqui sendo que deve ser herdeiro daqueles idiotas?
— Pra te espionar. Olha, eu só não quero me envolver com morte nessa merda. Eles me obrigaram a trabalhar aqui, e com esse tempo trabalhando, percebi que você não é do jeito que falaram. Você é educado, atencioso e trata todos da empresa bem.
— Por que eu deveria acreditar em você? E se isso for um plano deles? Sabe que se for contra eles, vai estar correndo risco de morte, né? — descruzei os braços e inclinei-me um pouco para frente, entrelaçando meus dedos de maneira lenta e apoiando-os na mesa.
— Lohan, eu juro que não tenho nada a ver com eles. Eu sou obrigado a fazer essas coisas.
— Por que secou a Jennie? Aquilo foi um ato extremamente nojento. Não se deve fazer isso com ninguém. Não te deram educação no orfanato?
— Eu não sabia que ela namorava.
— Aquela aliança brilhando no dedo dela era enfeite? — meu olhar passou a expressar raiva, junto com minha expressão completamente irritada. — Mesmo se ela estivesse solteira, isso continuaria sendo errado. Eu poderia te punir agora, mas a única punição seria te tacar dessa janela.
— Eu sei que foi errado, mas não é para tanto — sua voz trêmula, seu olhar amedrontado... aquele garoto parecia ser bem medroso e fraco.
— Vou preparar sua carta de demissão.
— Não faz isso, por favor! — ele se levantou rapidamente e ajoelhou-se no chão, juntando suas duas mãos e implorando. — Se você me demitir, eles vão me matar.
— Por que eu teria piedade com alguém que trabalha com eles? Com o seu pagamento dá para fugir do país. Faça isso e se salve. Eu não vou continuar trabalhando com alguém que traz mais perigo pra mim.
— Lohan... por favor — lágrimas apareceram em seus olhos, quase me fazendo mudar de ideia, mas resisti até o último momento.
— Saía da minha sala e arrume suas coisas, Joon Manobal. Fale para eles que descobri sozinho. E avise que aqueles filhos da puta não sabem com quem estão mexendo — levantei-me, aproximando-me do rapaz e fazendo-o olhar para cima, já que ainda estava ajoelhado. — Mande eles dormirem com os olhos bem abertos, machucar meu filho e minha mulher foi uma péssima ideia.
Com seu corpo tremendo de medo, uma lágrima escorreu enquanto o rapaz se levantava rapidamente. Observei tudo com um semblante ameaçador e com as mãos nos bolsos. Ao tê-lo completamente em pé em minha frente, tirei um pequeno bilhete, deixando-o entre meu dedo do meio e o indicador, entregando-o para Joon, que não o pegou, apenas encarou o papel com o cenho franzido.
— Entregue para o Aon Manobal e não fale mais nada. Se perguntarem, eu que pedi.
Ele pegou o papel, curvando-se em seguida antes de sair caminhando rapidamente. Aquele garoto parecia ser novo, bem novo. Chuto que teria dezoito ou dezenove anos.
Caminhei até perto da minha janela, completamente irritado com o que havia acontecido. Eu precisava de um plano bom para acabar com eles. Joon não pareceu ser uma ameaça, mas não sou besta o bastante para confiar em alguém que trabalha com o Aon.
Fui puxado dos meus pensamentos ao escutar a porta ser aberta, virei-me para trás, deparando-me com Jennie caminhando até mim em passos calmos e um sorriso lindo em seu rosto. Seu sorriso quebrava barreiras invisíveis entre a gente e a minha única vontade era de abraçá-la forte e beijá-la sem parar, sentir seu corpo no meu sem segundas intenções.
— Taehyung me falou que descobriu algo.
— Senta aí que eu já te explico. É uma longa história. — expliquei tudo para ela, vendo sua expressão ficar ainda mais preocupada. — Tomarei as devidas providências, não se preocupe.
— Não quero que se arrisque tanto, Lohan. Você tem que pensar que tem um filho que precisa de você, não pode ficar se arriscando. Sabe que eles têm mais poder que nós, isso é muito perigoso.
— Eu entendo seu medo, Jennie, mas se eu não fizer nada, você ou o Jinwoo podem morrer. Não quero que isso aconteça, é melhor que eu me arrisque do que matem vocês.
— Vamos mudar de assunto, por favor? Não quero continuar falando disso, sabe que sou paranóica.
— Amor — segurei suas mãos e coloquei uma mecha de seu cabelo para trás, vendo-a encarar-me com suas pupilas dilatadas —, vai dar tudo certo. Não precisa ter medo, tudo bem? Vou garantir sua segurança antes de ir para o exército.
— Como? — ela puxou suas mãos, ficando surpresa com a notícia. — Como assim você vai para o exército, Lohan?
— Eu moro aqui, sou obrigado a ir para o exército, já que meu gênero é masculino na minha certidão de nascimento.
— Por que isso agora? Olha o que a gente tá passando. É melhor você não ir, Lohan — ela se levantou, começando a andar de um lado para o outro. — E se o Kai descobrir que você está no exército e acabar tentando...
— Meu amor — levantei e segurei suas mãos, que estavam tremendo, enquanto tinha lágrimas e preocupação em seus olhos —, já disse que vou cuidar disso — dei-lhe um selinho rápido, logo limpando uma lágrima que escorreu com o meu polegar. — Eu vou ir para o exército junto ao Tae, e depois que eu voltar, você vai fazer faculdade de moda.
— O quê?
— Conversei com Taehyung esses dias e combinamos de ir juntos. Ele me disse que você não fez faculdade.
— Eu nem passei na prova...
— Existem outros países para fazer faculdade, sabia? — a interrompi, segurando suas mãos novamente. — Não se preocupe, cuidarei da segurança de vocês dois. Tenho contatos confiáveis que vão me ajudar com isso.
— Lohan...
— Vai dar tudo certo, mas eu preciso que confie em mim para isso, meu amor. — Ela assentiu, encostando sua cabeça lentamente no meu peito e envolvendo minha cintura com seus braços. — Eu te amo, Nini — sussurrei, deixando um selar no topo de sua cabeça, enquanto envolvia meus braços por seu pescoço.
— Eu também te amo, Lo...
— Tudo ficará bem, eu prometo.
A verdade é que eu prometi algo que eu sabia que era impossível de acontecer. Tento esconder meu medo perto dela, mas é quase impossível. Conheço bem as pessoas com quem estou lidando, e sei que isso é algo muito perigoso.
Enquanto abraçava Jennie, senti uma mistura de amor e angústia me consumindo por dentro. Prometer proteger minha família era uma responsabilidade que pesava sobre meus ombros, especialmente sabendo contra quem estávamos lutando.
Jennie levantou seu rosto para me olhar, seus olhos refletindo uma preocupação profunda. Ela sabia que as palavras de conforto que eu oferecia não eram suficientes para apagar a ameaça que pairava sobre nós. Não a deixei longe de mim por muito tempo, puxei-a em seguida para abraçar-la novamente.
Por um momento, tudo o que importava era o calor do nosso abraço e a certeza de que estávamos juntos, enfrentando os desafios lado a lado.
Mas mesmo com todo o amor que compartilhávamos, uma sombra pairava sobre nós, uma sombra que não podíamos ignorar. A batalha que estávamos prestes a enfrentar seria a mais difícil de todas, e eu sabia que teríamos que nos preparar para o pior.