Seokjin
- Não Tae, eu não preciso de um novo funcionário, eu já te disse que eu vou ficar no café quando você estiver na universidade. – Eu estava de costas para o outro, não queria continuar discutindo esse assunto com ele.
- Mas Seokjin, você nem ao menos da conta de fazer tudo o que precisa aqui, você sabe que eu vou ficar mais ocupado esse ano do que no ano passado e o movimento do café esta ficando cada dia maior. – Me virei para o mesmo e ele me encarava de braços cruzados.
- Eu dou conta. – Falei mais por teimosia do que por qualquer outra coisa.
- Não da não. – Senti uma vontade absurda de jogar alguma coisa nele.
- Tae, eu não quero contratar outro funcionário que vai passar duas semanas de treinamento e desistir logo em seguida, prefiro evitar a fadiga. – Me virei novamente e continuei arrumando a prateleira do estoque.
- Vai por mim Jin, isso não vai acontecer. – Dava para ouvir a confiança na voz do outro.
Fiquei curioso e me virei, olhando para o mesmo que tinha um olhar presunçoso no rosto,
- E por que não? – Perguntei um pouco curioso.
-Por que ele precisa do emprego. – Falou como se isso respondesse todas as minhas duvidas. Ergui uma sobrancelha esperando-o continuar. – Olha Jin, o cara precisa de um emprego, chegou aqui depois de passar uma manhã inteira andando, e ele não parece o tipo que desiste na primeira dificuldade. – Então ele começou a implorar – Qual é Jin, só liga pra ele e marca uma entrevista, pelo menos o conheça antes de dizer não. Dá uma chance, você sabe que eu não me engano sobre as pessoas.
Suspirei cansado, eu sabia que não iria vencer essa, eu teria que pelo menos dizer não pro cara pessoalmente, ou Taehyung nunca me deixaria em paz.
- Tá legal, mas quem vai ligar é você, liga pra ele e diz que ele tem que estar aqui amanha às 8 horas para uma entrevista, se ele for mesmo tão bom assim eu faço um período de experiência com ele.
-Isso – o mais novo comemorou batendo palmas – Eu sabia que você iria topar. Você vai gostar dele, ele é uma visão e tanto. – Deu uma risadinha e saiu da sala de estoque me deixando sem entender nada.
Se tem algo que eu jamais faria, é admitir que o Tae tem razão em alguma coisa, o garoto já se acha o suficiente sem que ninguém de a ele razões pra isso, mas o fato é que ficaria realmente complicado ficar sozinho no café sem ele. Um novo funcionário me pouparia de ter que estar no balcão atendendo os clientes cara a cara.
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Namjoon
Era fim de tarde e eu estava no ônibus voltando para casa, eu passei o dia inteiro na rua procurando por um trabalho e a única coisa boa que tinha acontecido no meu dia foi o atendente do Café que tinha sido simpático e tentado me animar.
Foi um dia longo e repleto de negativas. Nem mesmo na época em que fiquei meses fazendo somente trabalhos temporários, eu não havia me sentido tão mal por não conseguir um emprego.
Na verdade acho que eu só estou cansado, cansado de viver com a possibilidade de perder o emprego , a casa ou qualquer coisa assim a qualquer momento. Era exaustivo ser adulto, a única coisa que me consolava é que logo logo Jungkook receberia o resultado do vestibular, ele estava tão empolgado que era engraçado de ver.
Com o pensamento longe, acabei adormecendo com a cabeça encostada na janela do ônibus. Acordei quando o ônibus parou e vi que era onde eu deveria descer. Da parada até a minha casa eram cerca de 20 minutos caminhando. Como eu morava afastado do centro, nenhum ônibus passava mais perto da minha casa, suspirei, coloquei as mãos nos bolsos da minha calça, mantendo minha pasta embaixo do braço e segui pela rua lateral que era meu caminho.
Estava pensando que já que hoje à noite era a minha folga da semana e eu não teria que trabalhar, eu poderia ir pra casa e preparar algo gostoso para o jantar, me sentar com meu irmãozinho e aproveitar um pouco da sua companhia, algo que eu raramente tinha tempo devido aos nossos horários.
Normalmente eu saia para trabalhar às 18h antes que Jun chegasse, e voltava para casa depois que ele já tinha saído para a escola, basicamente nos comunicávamos por meio de bilhetes pela casa e mensagens de texto. Tirei meu celular do bolso e enviei uma mensagem pra ele, pra avisar que viesse jantar em casa, pois eu iria preparar algo para nós dois.
Terminei o percurso até em casa e destranquei a porta. Ao abri-la e passar pelo hall de entrada onde deixei meu tênis, suspirei alto olhando para o apartamento, não é que ele fosse feio, mas ele também estava longe de ser bonito, se mantinha com uma aparência melhor por que meu irmão cuidava muito bem dele, na época em que precisamos nos mudar da nossa antiga casa, precisamos priorizar o minúsculo orçamento no lugar do conforto, e o que aconteceu é que nosso apartamento também era minúsculo. Olhei para o pequeno sofá da sala, o tapete pequeno que cobria o espaço a frente dele e a pequena televisão em cima de uma mesinha completando o espaço, tudo parecia pequeno. Não ficamos com muitas coisas, mas era até melhor, já que o apartamento era adivinha? Pequeno e mal cabíamos nós dois.
Depois que tirei meu calçado, coloquei meu chinelo e fui direto para o banheiro, lavei meu rosto, minhas mãos e fiquei alguns minutos contemplando minha existência antes de entrar no chuveiro.
Depois do banho, fui para a cozinha pensar no que eu poderia preparar para nós dois. Como o clima ainda não estava frio demais, talvez uma sopa não fosse a melhor escolha, mas um caldo cairia bem. Comecei a separar os ingredientes, coloquei a panela de água em cima do fogão para começar a ferver e fui dar inicio ao preparo. Quando estava na cozinha escutei a porta bater e um Jungkook esbaforido com um semblante estranho passar pela porta da cozinha.
- Hyung, você já começou a cozinhar? – Me olhando com... Desespero?
-Não, ainda não, eu cheguei há pouco tempo e estava no banho, só coloquei a água ferver, ainda vou começar a fazer o caldo. – Ele suspirou e vi seus ombros relaxarem.
- Graças a Deus, eu vou tomar um banho e venho preparar tudo, não se preocupe. – Ergui a sobrancelha para o mais novo. - Qual é Hyung, você sabe que é péssimo na cozinha. – O encarei de boca aberta e total descrença.
- Você sempre come a minha comida. – Me defendi.
- Sim, e vou continuar comendo, sempre que eu não chegar a tempo de intervir. – O olhei em choque. – Você sabe que eu detesto desperdiçar comida.
- Ah seu moleque – Eu peguei a primeira coisa que vi sobre o balcão da pia (que por sorte era um pano de prato) e joguei nele que saiu correndo e rindo em direção ao quarto. – Você vai ver só quando voltar aqui.
- Desculpa Nam, mas não mexa no fogão, eu já volto. – Gritou já de dentro do banheiro.
Mas que menino abusado, sempre comeu da minha comida e agora tá fazendo graça. Eu sei que eu nunca tive muita habilidade na cozinha, mas eu sei fazer o básico bem feito. Pelo menos eu achava que sim, até hoje.
Quando Jun voltou para a cozinha ele sorriu pra mim com aqueles olhos de jabuticaba, tentando me distrair de agora a pouco. Funcionou.
Cozinhamos juntos o jantar enquanto ele me falava sobre a escola e o curso de verão. Em nenhum momento ele falava sobre a tutoria, esse era nosso acordo silencioso: ele fingia que me enganava e eu fingia que não sabia.
Quando terminamos de cozinhar, nos sentamos no pequeno sofá e aproveitamos para conversar um pouco mais, enquanto ele me ouvia falar sobre o dia de procura a um novo emprego.
Contei a ele o que aconteceu na tal da cafeteria e ele sorria o tempo todo.
- Gostei desse cara, ele parece ser bem legal, tomara que de certo. – Eu sorri um pouco.
- Não acho que vá dar em nada, mas ao menos serviu para deixar meu dia mais leve e me dar ânimo para procurar o resto da tarde. – Falei em tom de conformismo.
- Não se preocupa Nam, não já ser tão difícil assim, agora você tem mais experiência e tem também a carta de recomendação do senhor Yu. – Jungkook sorria para mim.
- É, espero mesmo que sirva de alguma coisa. – Falei baixinho.
Não é que eu não achasse que aquela carta teria muita serventia, mas eu precisava ser realista, e quando você esta procurando emprego, uma carta de recomendação que diz como você era um atendente de conveniência muito competente e de confiança não era lá grande coisa.
Após terminar o jantar, recolhi as louças e me coloquei diante da pia para lavar tudo e organizar a cozinha. Estava terminando de limpar a pia quando escutei meu telefone tocando, estranhei o horário, pois já passava das 19h, imaginei que poderia ser meu ainda chefe me ligando.
- Jungkook, atende meu telefone, deve ser o senhor Yu. – Pedi a ele.
Escutei o mais novo atender ao telefone e alguns segundos depois falar algo que não entendi, em seguida o vejo entrando na cozinha, me estendendo o telefone e dizendo:
- É alguém dizendo que é seu parente. – O menino tinha um semblante sério.
Estranhei o uso de palavras, desde o falecimento dos nossos pais, não tivemos contato com nenhum parente, eram todos distantes o suficiente para não se importarem com a nossa situação.
- Então deve ser golpe, pode desligar. – vejo-o franzir o cenho.
- Você tem certeza? Ele parece ter ligado para o Kim Namjoon certo. – Eu o encaro com dúvida. – Acho melhor atender.
Penso por um instante e decido pegar o telefone, estendo a mão, pego o aparelho e levo até o ouvido.
- Sim, aqui é Kim Namjoon. – E escuto um “até que enfim” do outro lado da linha.
- Seguinte cara, você tem que estar aqui no café amanha às 8h sem falta e sem atrasos. – A voz do outro lado não era totalmente estranha mas também não sabia dizer se era de algum conhecido.
Eu estava confuso.
- Desculpa, mas do que você esta falando? Quem é você? – pergunto para a pessoa do outro lado da linha que da uma risadinha.
- Seu dia deve ter sido exaustivo mesmo não é? Deixe-me adivinhar, você passou a tarde inteira andando atrás de um emprego e só voltou para casa depois que as lojas começaram a fechar não é mesmo? – A pessoa do outro lado da linha parece estar contendo um sorriso.
Mas que droga era essa? Como essa pessoa sabia isso sobre ele? Fiquei em silêncio.
- Ei tudo bem, acho que você só deve ter falado com gente pra caramba hoje e se esqueceu de mim. – A pessoa do outro lado ri novamente. – Eu sou o Kim Taehyung, aqui do café Lilás, eu te disse que falaria com o meu chefe sobre você.
Meus olhos se arregalaram, faltaram cair da minha cara tamanho o choque eu levei. Eu não esperava que aquele garoto realmente fosse fazer isso, eu só achei que ele estava sendo legal.
- E-eu me lembro de você sim. – gaguejei.
- Ai que bom, então você vai se lembrar de onde o café fica assim não vou precisar explicar como chegar. – Ele fez uma pausa. – Enfim, eu falei com o meu chefe e você tem que estar aqui amanhã bem cedo às 08h para uma entrevista, ele vai esta te esperando.
- É sério? Caramba, eu nem sei como agradecer. – falei sem graça.
- Não agradece ainda não, me agradece amanhã depois que conseguir o emprego. – Eu ri e ele também – Mas enfim, era só isso, até amanhã.
- Obrigado, até amanhã. – e desligou.
Eu abaixei a mão com o telefone e meu irmão ergueu as mãos em duvida.
- Quem era? – Me questionou depois que não falei nada.
- Se lembra do cara do café, que eu te falei mais cedo? – O vi acenar com a cabeça em concordância – Aparentemente, ele realmente conversou com o chefe dele, e agora eu tenho uma entrevista lá no café amanhã às 08h.
- Que ótimo irmão, eu te disse que dessa vez não ia ser tão difícil. - Ele me respondeu sorrindo.
- Eu ainda não consegui o emprego. – Falei calmamente.
- E nem vai conseguir se ficar ai a noite toda, você precisa descansar. – Falou me empurrando para fora da minúscula cozinha.
Olhei no relógio do celular e ainda não era nem 20h, comecei a rir.
- Calma Jun, não preciso ir dormir agora, ainda está muito cedo, o que acha de conversarmos mais um pouco e ai vamos os dois dormir? – Encaro o mais novo que concorda.
- É você tem razão, não tinha prestado atenção no horário. – Ele ri sem graça depois de praticamente ter me arrastado para fora da cozinha.
Os irmãos foram para o quarto que dividiam no pequeno apartamento e ficaram mais um tempo conversando até que decidiram dormir.
Na manhã seguinte, quando Namjoon acordou, percebeu que o irmão já não estava mais deitado, estranhou um pouco e saiu em direção à cozinha onde o encontrou. O Kim mais jovem estava preparando café da manhã. Segundo o próprio, era para dar sorte na entrevista.
Ambos sentaram e comeram em um silêncio confortável, assim que terminaram, organizaram novamente a cozinha e correram se arrumar para sair. Depois do banho, Namjoon usava uma calça jeans simples, um tênis branco confortável e uma camiseta verde, uma de suas preferidas. Por cima colocou uma jaqueta agradecendo por ainda não estarem na inverno, ou ele morreria de frio, ainda não era inverno, mas o dia tinha amanhecido particularmente frio, e saiu em direção à rua.
Ele e o irmão foram para a mesma parada de ônibus, o ônibus do caçula passou primeiro, esse se despediu de seu Hyung e foi para a aula mais cedo do que o habitual. Não demorou nem dez minutos e o transporte do mais velho chegou. Esse que entrou, e se acomodou, levava cerca de trinta minutos para chegar a parada mais próxima da cafeteria, então ele tinha tempo.
Ficou observando as pessoas que entravam e saiam do veiculo, como o café ficava perto de uma das principais universidades da cidade, em breve muitos jovens estudantes estariam a caminho de iniciar seu dia. Ele suspirou com saudade, ele não era exatamente um apaixonado pelo curso que havia escolhido, mas ele sentia falta da universidade, a essa altura ele já estaria formado, talvez tivesse um emprego melhor. Mas tudo isso ficou no passado, ele se esforçava para não guardar ressentimentos. Viu que sua parada se aproximava, ele se levantou e foi para mais próximo da porta, era alto e não tinha dificuldade em se movimentar no meio de muitas pessoas. Agradeceu ao motorista e desceu.
Caminhando a passos lentos até a frente da cafeteria onde parou e respirou fundo, olhou seu celular e estavam 15 minutos adiantado. Foi até a porta e entrou.
Estranhou o fato de a loja estar com a porta aberta, mas não tinha nenhum cliente, olhou para os lados procurando pelo jovem de ontem, mas não o viu em nenhum lugar, olhou para a porta por onde havia entrado e a plaquinha dizia “FECHADO”. Ele olhou em volta mais uma vez um pouco confuso quando avistou um sorriso quadrado um pouco familiar se aproximando.
- Você veio! – Exclamou o dono do sorriso.
-Você me disse para vir. – Se curvou para o jovem – Bom dia.
-Por favor, sem formalidades comigo, vi no seu currículo que você é mais velho que eu, então, por favor. – Aquele homem não parava de sorrir nunca?
-Me desculpe, eu não sabia. – Falei simples. – É você quem vai me entrevistar?
- Não, é meu chefe, ele quem é o dono do café, ele esta lá no fundo, ele ama esse café, mas detesta estar aqui na frente. – Ele deu uma coçadinha de leve na orelha e começou a caminhar em direção ao fundo do estabelecimento - Ele não tem um dia de paz quando resolve atender.
O encarei confuso e ele percebeu.
- Como eu posso explicar... Jin Hyung é uma pessoa muito bonita, sem exageros, ele é lindo pra caralho. – Ele parou e se virou para mim - E toda vez que ele vem atender aqui na frente, vários caras dão em cima dele, é muito inconveniente.
Eu estava sério, tudo bem você levar muitas cantadas por ser muito bonito, isso na verdade nem deve ser tão ruim, será que o fato de serem homens é assim tão desconfortável?
- Não seria mais fácil ele só dizer que é hétero e ignorar as cantadas? – Perguntei, a duvida era sincera.
- Ai é que tá, ele não é hétero. – parei um momento para pensar sobre.
- Então ele já tem um namorado? – Questiono.
- Também não, ele não gosta de ninguém dando em cima dele, por que ele namorou um babaca por muito tempo e agora meio que está traumatizado. – Eu apenas acenei com a cabeça.
-Muito lindo não é Kim Taehyung! – Escuto a voz atrás de mim e me assusto. Eu nem ao menos tinha reparado que tinha uma porta nas minhas costas.
- Eu sei que a minha beleza é realmente estonteante Senhor Kim. – O Jovem da um dos seus melhores sorrisos e faz uma cara de inocente. – Senhor Kim, esse é o rapaz de quem eu lhe falei ontem, Kim Namjoon. – Ele fala apontando para mim, eu me viro devagar para encarar o homem parado na porta do que eu acho que é um depósito.
- Mais um Kim nessa loja? Isso pode se tornar realmente confuso. – O homem sorri pra mim e estende a mão. – Muito prazer Kim, meu nome Seokjin, Kim Seokjin.
Eu estava estático olhando para o homem na minha frente, eu consigo entender todos aqueles que não perdem tempo e tentam conquistar a atenção dele no balcão da loja, Seokjin era sem duvidas o homem mais bonito que eu já vi na vida. Saio do meu devaneio quando o vejo estender a mão para mim. Pego a mesma e me curvo para ele.
-Muito prazer Senhor Kim, muito obrigado por me receber hoje. – Fala imediatamente.
- Ah, sobre isso, agradeça a esse ser insuportável que eu chamo de funcionário, ele não me deixaria em paz se eu não entrevistasse você.
Olhei para ele e fiquei um pouco envergonhado com a situação.
-Certo, entendo senhor.
- Por que você não vem comigo até o estoque? Assim podemos conversar e você já vê um pouco do espaço? – Perguntou já se dirigindo ao lugar. Assenti o seguindo.
Taehyung disse que iria higienizar os utensílios e que qualquer coisa era só gritar. Não esperou resposta do chefe, apenas se virou e foi em direção aos fundos do local.
Segui Seokjin até uma sala espaçosa e repleta de caixas e pacotes de materiais. Permaneci em silêncio aguardando o mesmo começar a entrevista.
- Por que tá procurando emprego? – Ele foi direto.
- Eu trabalho no período noturno em uma loja, mas o proprietário vai parar de fazer o turno da noite e eu vou ficar desempregado em breve. – Era mais fácil falar a verdade.
- Então já resolveu começar a procurar um novo emprego? – Sempre direto.
-Exatamente.
Senti os olhos de Seokjin pararem em mim pela primeira vez e ele pareceu refletir por um momento. Quando ele voltou a falar, seu semblante era totalmente neutro.
- Vi na sua ficha que você tem 24 anos. – Não era uma pergunta.
-Na verdade eu tenho 25, completei há pouco tempo. – Não que eu realmente tivesse tempo para comemorar aniversários, mas no último mês Jungkook tinha feito questão de que cantássemos parabéns.
- Por que não terminou a faculdade? – Ele perguntava ainda com o mesmo semblante neutro.
- Precisei largar para trabalhar. – respondi um pouco envergonhado, ninguém costumava questionar sobre isso.
- Seus pais não te ajudaram?- Eu engoli seco, nesses últimos três anos eu não havia falado sobre meus pais. Nenhum lugar que eu procurei emprego se importava sobre de quem eu era filho.
- Não senhor, eles morreram. – Respondi e passei a língua pelos lábios. Tentando conter o desconforto.
- E eles te deixaram sem nada, por isso você largou a faculdade? – Eu levantei meu olhar para de encontro com o dele e respirei fundo.
- Não, meus pais não tinham muito dinheiro, não éramos uma família rica, mas nos deixaram em uma situação boa, entretanto não durou muito tempo, antes que as coisas ficassem realmente ruins, achei preferível procurar um emprego. – Vi o mais velho erguer uma sobrancelha.
- “Nos deixaram”? – Eu o encarei confuso – Você disse “Nos deixaram” ao invés de “me deixaram” – Vi a curiosidade em seu olhar.
- Eu e me irmão. – Não pude conter um sorriso – Ele tem 18 anos agora, recém fez o vestibular.
O mais velho ficou um tempo me encarando em silêncio, estar sobre o escrutínio daquele homem era um pouco desconfortável. Eu estava prestes a começar a me balançar em sinal de desconforto quando ele prossegue:
- Você sabe fazer café? – Neguei com a cabeça – Você sabe usar uma cafeteira – Neguei novamente. Ouvi um suspiro.
-TAEHYUNG – O grito me pegou desprevenido e eu dei um pulinho. Ele fingiu não notar.
- Fala chefinho – Taehyung apareceu na porta quase que imediatamente. O garoto era rápido.
- Suas aulas começam em duas semanas, esse é o tempo que você tem para ensinar tudo o que o senhor Kim precisa saber, isso inclui fazer café. – Eu abaixei a cabeça encarando a ponta dos meus tênis. – Tenha em mente que eu não farei nenhuma outra entrevista. Ele agora é responsabilidade sua.
- Sim senhor chefinho, ensinarei a esse homem tudo o que há de mais maravilhoso para saber sobre essa linda cafeteria. – Taehyung falou com um sorriso no rosto e o Senhor Kim ficou ainda mais sério.
- Não abusa garoto, controla a língua e tenha em mente que você vai treinar o novo funcionário. – Só então ele se virou para mim – Se no final do dia o serviço for do seu agrado e você achar que pode fazer isso, venha até o escritório. Falaremos sobre o seu salário.
Curvei-me em agradecimento, e segui o outro Kim em direção à frente da loja. Parece que agora eu tinha um novo emprego. Sorri um pouco.