15/04/2024
Point of view: Lohan Manobal
Seul - Coreia do Sul
Segunda-feira
02:35 PM
Jennie estava conversando com o doutor quando eu decidi sair para comprar algo para ela comer. Ouvi ela comentando com Taehyung que não havia almoçado e nem comido nada desde o café da manhã. Eu conheço bem a Jennie, e sei que quando ela não come nada, é porque está nervosa com alguma coisa que está acontecendo em sua vida. Ou ela está nervosa, ou está com medo.
Quando voltei, procurei por ela, mas só encontrei o Taehyung sentado em uma cadeira no corredor. Aproximei-me do rapaz, percebendo lágrimas em seus olhos, encarando uma porta em sua frente.
— Cadê a Jennie?
Ele me olhou, surpreso e confuso, logo mirando seu olhar para minhas mãos e franzindo o cenho.
— Jennie achou que você tinha ido embora. Onde foi? Por que não nos avisou?
— Eu fui buscar algo pra ela comer. Pode chamá-la por favor? — ele assentiu, levantando da cadeira e batendo na porta.
Taehyung entrou dentro do quarto, e após alguns segundos, observei Jennie saindo com o rosto inchado e limpando alguns vestígios de lágrimas que escorriam pelas suas bochechas gordas.
— Pensei que tivesse ido embora. Não precisa ficar aqui, pode ir — ela disse, ficando em minha frente.
Estiquei meus braços, entregando um hambúrguer e um copo de refrigerante, vendo-a franzir o cenho e me encarar, expressando sua confusão, que eu imagino ter causado nela.
— Você disse que não éramos nada além de chefe e secretária, por que está me tratando assim?
— Porque eu ainda me preocupo com você e quero te ver bem, saudável e forte. Tenho certeza que ainda brigará muito na vida, e você precisa de todas as suas forças pra mostrar suas habilidades como faixa preta.
— Para de ser idiota — ela baixou a cabeça, escondendo seu sorriso. — Me dá isso aqui — a minha compra foi arrancada ferozmente das minhas mãos.
— Vamos lá fora, o Taehyung fica com o seu filho — ela me olhou meio receosa, porém me acompanhou sem dizer uma palavra no caminho.
Fomos até um parque que tinha ali por perto, apenas para respirar um pouco de ar livre e sair de perto daquele hospital. Começamos a caminhar até encontrar um banco de madeira, e por alguns segundos, eu tinha me esquecido em que parque estávamos.
Nos acomodamos no banco perto de um pequeno lago que tinha pelo o local, dando uma das melhores vistas de todas e nos proporcionando lembranças maravilhosas.
— É Jinwoo.
— O quê?
— O nome do meu filho é Kim Jinwoo — ela me olhou, encarando-me profundamente enquanto eu tinha meu olhar focado nos patos que estavam nadando na água.
— Que nome lindo esse, né? — sorri, podendo ter certeza que um brilho imenso atingiu o meu olhar. — Por que do nome?
— Porque um conhecido gostava desse nome. Mas eu me arrependi profundamente de ter o batizado de Jinwoo — sua cabeça virou lentamente para o lago.
— Por quê? — encarei ela, cruzando os braços e franzindo as sobrancelhas.
— Porque sempre quando eu o chamo, eu lembro de um homem desgraçado.
— Desgraçado? — o meu semblante indignado era bem aparente.
A mulher me encarou enquanto sorria sem mostrar os dentes.
— Sim. Aquele filho da puta ficava puxando meu cabelo. Não sei como ainda tenho cabelos pretos, aquele muleque só me estressava.
— Tenho certeza que ele tinha um bom motivo pra isso — sorri abertamente, fechando meus olhos e escutando sua risada baixa, logo sentindo um peteleco na minha bochecha. — Au! — gemi, massageando o local atingido.
— Você é tão idiota.
— Por que não come? Eu comprei pra você, é o seu favorito.
— Eu tô sem fome...
— Mentira. Você disse pro Tae que você não comeu nada desde hoje de manhã. Come isso antes que eu seja obrigado a fazer aviãozinho, Jendeukie.
— Lohan, para! Não somos mais adolescentes, porra.
— Fale por você. Eu tô na flor da idade — fiz beicinho e virei minha cabeça para frente.
Observei ela me encarar com desdém por canto de olho, logo levando sua atenção para o hambúrguer.
— Jennie, coma antes que eu tenha que fazer aviãozinho.
— Vai se foder, Lohan — ela murmurou e começou a comer.
Ficamos em silêncio por alguns minutos, e isso foi o suficiente para a minha mente se preencher de recordações.
— O Jinwoo tem algum problema? — perguntei, pois fiquei curioso, já que o médico passou algumas regras para a alimentação do garoto.
— Ele é diabético.
— Nossa. Deve ser complicado lidar com uma criança diabética. Ainda bem que você não está sozinha nessa, né — sorri falsamente.
— O Kai não é o pai do Jinwoo.
— Não? — ela negou. — Então... quem é o pai dele? — encarei-a concentrada em comer o seu hambúrguer.
— O pai do Jinwoo... — ela engoliu seco e olhou para mim, demonstrando incerteza em seu olhar — é...
— Jennie, Taehyung mandou eu vim te chamar
O Jinwoo acordou — um rapaz interrompeu ela, ficando atrás do banco em que estávamos. — Quem é ele?
— Kai, este é o Lohan. Lohan, este é o Kai... meu namorado — ela olhou para o chão, como se não quisesse ter dito aquilo.
Surpreendi-me quando Kai estendeu sua mão e me cumprimentou sorridente, demonstrando ser bem-educado.
— Jennie me falou muito de você. Fico feliz em saber que está de volta, e Jennie, seu filho está esperando por você.
— Eu já estou indo — ela se levantou, guardando o seu lanche. — Você vem?
— Eu vou ficar mais um pouco, daqui a pouco eu vou — ela assentiu, se afastando de mim.
***
15/04/2024
Point of view: Jennie Kim
Seul - Coreia do Sul
Segunda-feira
03:17 PM
Enquanto Kai e eu nos direcionávamos até o quarto onde Jinwoo estava, o rapaz me perguntou:
— Conversou com ele?
— Eu ia contar, mas você chegou bem na hora — observei ele fechar os olhos com força.
— Não tinha uma hora melhor pra eu aparecer? Toma no cu dessa merda. Enfim, espero que da próxima vez, ninguém interrompa você.
— Eu também... Não sei de onde tô tirando tanta paciência, mas tá saindo.
— Jen... pode me responder uma pergunta do fundo do seu coração?
— Posso.
— Você ainda sente alguma coisa pelo Lohan? — ele me encarou.
— Que pergunta é essa, Kai? Óbvio que não.
— Caso você sinta alguma coisa por ele, me avise, não quero ficar te prendendo comigo ou levar um chifre.
Acabei rindo por conta de sua última fala, vendo-o sorrir também.
O Kai pode ser um preconceituoso do caralho, mas pelo menos ele me trata como princesa, assim com trata o Jinwoo como um príncipe. Parando para pensar agora, eu estou brincando com os sentimentos dele, já que não o amo de verdade...
— O médico já passou uma dieta pro Jinwoo?
— Sim, é pior do que a antiga. Eu ainda não acredito que o filho da puta do Taehyung deu açúcar demais pro Jin. Eu vou matar ele — falei, enquanto entrávamos no elevador.
— Não brigue com o seu irmão de novo. Vocês sempre param de se falar por anos e isso é horrível, não só pra vocês, como pro Jinwoo e pra sua família também.
A última vez que eu e o Tae brigamos, foi por conta do Jinwoo. Ele descobriu o que eu estava escondendo do Lohan e acabou ficando muito puto comigo, isso levou a uma discussão que fez a gente se afastar por quase quatro anos.
— É o meu filho, Kai.
— Mas isso não tem nada haver em ficar puta com seu irmão. Ele errou e reconheceu isso, já que estava chorando quando eu cheguei.
— Como assim?
— Quando cheguei no quarto do Jin, vi o Tae sentado perto da cama do Jinwoo, segurando a mão dele e chorando enquanto implorava pra ele acordar.
— Tá.
— Jennie, para de ser tão imatura. Esse seu jeito só machuca as pessoas que você ama. Eu sei que você é mãe e só quer proteger seu filho, mas você não pode agir com imaturidade, pelo contrário.
— Cala a boca, senão eu te taco daquela janela ali — apontei para frente assim que o elevador abriu.
— Ó céus, nem com um filho você amadurece.
Não dei a mínima para ele, apenas segui meu caminho até a sala do meu filho, e assim que eu entrei, observei o Jinwoo conversando com o Tae, que não fazia questão de esconder suas lágrimas e nem seu sorriso boiola.
— Mamãe! — exclamou Jinwoo, sorrindo de orelha a orelha.
— Oi, meu filho... — aproximei-me, contendo minhas lágrimas e sorrindo alegremente.
— Mamãe, você tá bem? Parece triste.
— Eu só fiquei preocupada com você, bebê — sentei-me na cama e segurei sua mão, vendo Taehyung se afastar e ir para perto do Kai.
— Mas eu tô bem. Na verdade, eu tô morrendo de fome, então eu não tô bem — ele fez beicinho e colocou a mão em sua barriga, fazendo-nos rir.
O celular do Kai tocou, fazendo o rapaz dar um pulo, pois o volume estava no máximo, e isso arrancou uma gargalhada do Jinwoo.
— Alô, mãe. O que foi? — Após ouvir o que sua mãe tinha a dizer, ele bufou antes de guardar o celular. — Meu pai sumiu de novo.
— Eu acho que ele tá no bar do seu tio — Tae disse, colocando as mãos nos bolsos.
— Ele brigou com meu tio semana passada, ele deve estar em um bar que esteja passando jogo na tv.
— Cem reais pra quem acertar — Tae esticou sua mão e Kai logo a apertou.
— Fechado.
— Precisa de ajuda pra carregar ele, Kai? — o rapaz assentiu, encarando o Tae com um sorriso amarelo. — Beleza. Tchau, maninha! Jinwoo, não coma doces.
— Tchau, amor — Kai veio até mim e deixou um selar no topo da minha cabeça. — Tchau, JinJin — ele fez o mesmo com o garoto.