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ISADORA
Já faz uma semana que não vejo, Jude. Jobe desde o dia que ele me trouxe para meu apartamento, ele tem aparecido aqui algumas vezes, e até mesmo tem me visitado no meu trabalho.
Acho que ele de alguma forma de sente mal pelo irmão e talvez fosse melhor eu não ter contado sobre a briga que eu tive, mas estava no meu pior momento e não estava afim de ficar com fingimento.
Olhando a situação agora, não foi tão ruim. Tive algumas notícias de Jude, que ele havia se lesionado em um jogo pela Inglaterra, mas que não foi nada grave.
Hoje os jogadores estariam de volta para Madrid, entre eles Rodrygo que foi alvo de Racismo após uma briga com o Messi.
Não gostava disso, não gostava que mexessem com meus amigos, apensar de não falar muito, eu o considerava já que me ajudou quando precisei.
Não sabia a hora que ele irá chegar, ou se já estava aqui em Madrid, muito menos tinha notícias de Jude, e como ele mesmo disse, era melhor assim. Manter distância um do outro.
A minha semana foi realmente horrível, a notícia do infarto deixou minha mãe bem apreensiva, mas tentei ajudá-la o máximo que eu conseguia daqui mesmo.
E apesar de dizer para mim mesma, que eu não gostava de Jude, essa semana serviu para me mostrar que eu realmente sentia falta dele, o que me deixou um tanto surpresa.
Apesar disso, tentei focar no meu trabalho e em como resolver minha vida que estava bem agitada.
Após uns vinte minutos colocando as camisas do real dentro de um saquinho para mandar para outra loja pelo caminhão, eu senti meu celular vibrar em meu bolso e nem tive tempo de ver de quem era a ligação, apenas atendi e coloquei no ouvido, enquanto continuava a embalar os uniformes.
_ Alô. - Falei e do outro lado ouvi um suspiro de alívio.
_ Nossa fia, demorou duas horas para atender esse telefone. Já é a quinta vez que te ligo.
_ Não tocou, espera... - Tirei meu celular do ouvido e sorri ao ver de quem era. _ Rodrygo não era para você estar em um avião?
_ Cheguei de madrugada. Por que? Sentiu minha falta? - Perguntou e se não estou enganada, conseguia enxergar seu sorriso mesmo sem o ver.
_ Não, nem tive tempo de descansar e você já voltou para me atazanar. - Zuei e escutei ele rindo do outro lado da ligação.
_ Mancada, deixa você. Escuta, vai fazer o que hoje a noite? - Perguntou.
_ Dormir, o que eu não faço a dias.
_ Não quer vir aqui pra casa? O Vinga, o Vini e o.. Jude vai vir. - Quando ouvi o nome do Jude, neguei no mesmo instante.
_ Não, acho melhor ficar em casa mesmo. Mas se divirtam, vocês merecem tirar um dia de descanso.
_ Que nada, o Vinga tá lesionado e vamos dar um força pra ele, o Vini também vai ficar um tempo sem jogar.
_ Serio? Foi por causa dos jogos? - Eu não estava sabendo muito ultimamente.
_ Sim, eles se lesionaram, vai por favor vem aqui mais tarde. Me ajuda a cuidar das minhas crianças.
Eu não queria encontrar com o Jude, mas talvez não fosse uma má ideia, eu não precisava falar com ele, bastava ignorar e seguir minha vida em paz.
_ Então.. você vai vir? - Rodrygo perguntou após eu ficar muda por um tempo.
_ Vou dar uma passada rápida mais tarde. Descobri um lugar brasileiro aqui em Madrid e vou levar salgado, espero que não se importe. - Falei, havia aberto uma lanchonete cujo descobri que os donos eram brasileiros e faziam todos os tipos de salgados e assados do Brasil, eu amei assim que vi.
_ Nossa que maravilha, pode trazer sim, mas eu vou esconder dos meninos para comer tudo sozinho. - Rodrygo disse do outro lado me fazendo rir.
_ Guloso, vou levar a mais para todo mundo poder comer, agora eu preciso desligar, porque tenho que terminar tudo antes do horário acabar, o motorista está esperando.
_ Tudo bem, até daqui a pouco Isa. Bom trabalho.
_ Obrigada. Cuide das pestes antes que eu chegue. - Falei antes de desligar e voltar a prestar atenção no que eu estava fazendo.
O meu dia estava bem corrido, fiquei o dia todo no quartinho arrumando tudo, ainda bem que tinha ar condicionado.
_ Você ainda está aqui? - Henrique perguntou entrando no quartinho e assenti terminando de organizar as coisas.
_ Estou terminando. Por que o povo já foi embora? - Perguntei colocando a caixa na prateleira de cima.
_ Sim, na verdade você está fazendo hora extra né? Porque já era para você estar na sua casa a meia hora atrás. - Ele disse e só então que olhei para o relógio e vi que já tinha dado o meu horário.
_ Então já estou indo embora. - Falei passando por ele e saindo no corredor.
_ Quer uma carona? - Perguntou, mas neguei.
_ Não precisa, eu vou passar em um lugar antes. - Falei e ele assentiu indo até o balcão.
O acompanhei e peguei minha mochila me despedindo do pessoal que ainda estava lá e sai pela porta da frente.
_ O moça? - Ouvi alguém me chamar e quando olhei para trás, era um menininho de aproximadamente oito anos, acompanhado de uma senhora.
_ Sim? - Perguntei e ele me chamou com as mãos e fui até ele.
_ Eu queria uma camisa do meu jogador, vocês já fecharam? - Perguntou e sorri na sua direção.
_ Fechamos, mas eu posso te ajudar nisso. - Falei.
_ Sério? Como? - Perguntou e olhei para a senhora ao seu lado.
_ Podemos entrar e eu posso falar com meus amigos. O que você acha? - Perguntei e eles dois assentiram.
Quando me levantei ele simplesmente segurou na minha mão, eu não estava acostumada com isso, ainda mais porque eu não o conhecia, mas achava uma graça.
A confiança que uma criança tinha para segurar na mão de outra que nem conhece, eu diria que não era uma boa coisa a se fazer, mas também depende da pessoa.
Segurei firme em sua mão e os acompanhei para dentro da loja.
_ Já voltou? - Henrique perguntou olhando para a porta e parou quando viu eles.
_ Ele quer uma camisa, Henrique. - Falei e ele assentiu com uma sorriso.
_ É mesmo? E de qual jogador? - Perguntou.
_ O Jude! - Disse todo animado esfregando as mãozinhas, e por algum motivo eu já imaginava.
Henrique assentiu e foi até a camisa, mas quando olhei o preço, vi que a senhora com ele também viu e negou balançando a cabeça na direção do menino que apertou os lábios ficando triste e frustrado.
_ Eu não vou poder.. - Ele ia dizendo, enquanto devolvia a camisa e me abaixei ao seu lado.
_ Tudo bem, é um presente. - Falei e vi quando Henrique franziu o cenho em minha direção.
_ Imagina não posso aceitar. - A senhora disse vergonhosa, mas assenti.
_ Está tudo bem. Henrique coloca numa sacola para ele, por favor. - Pedi e fomos com ele até o balcão, onde eu paguei pela camisa.
Me despedi novamente do pessoal e sai para fora com eles dois.
_ O moça. - O menininho me chamou enquanto puxava a barra da minha camisa para baixo e me abaixei ficando do seu tamanho.
_ Oi. - Falei na sua frente e ele me deu um abraço do qual eu nem esperava, mas o abracei de volta.
_ Obrigada por me dar uma camisa do meu jogador favorito. Eu amo muito ele. - Ele disse e aquilo aqueceu meu coração.
Apesar de tudo, sabia que Jude tinha um bom coração e era bom saber que as crianças gostavam dele.
Foi então que enquanto estava abraçando o menininho, olhei para frente e avistei o carro de Rodrygo do outro lado da rua.
Quando olhei na sua direção, vi ele e Jude parados do lado de fora, com os braços cruzados e conversando sobre algo.
Já fazia uma semana que eu não os via. Mas uma ideia brotou em minha mente e ainda sem coragem para fazer, eu resolvi fazer.
_ Vocês estão com pressa? - Perguntei olhando para a senhora.
_ Estamos atrasados, meu marido já deve ter chegado em casa.
_ Vocês podem esperar um minutinho? Vai ser rápido, eu prometo. - Pedi e ela aceitou, foi então que me levantei e comecei a andar para o outro lado da rua.
Enquanto me aproximava, os meninos não haviam notado isso, até que cheguei mais perto e eles ajeitaram sua postura olhando para mim.
_ Oi, pessoal. Vocês estão bem? - Perguntei não olhando para Jude que estava me olhando meio sem graça.
_ Oii, Isa!! - Rodrygo disse me dando um abraço com um sorriso no rosto e retribui fazendo o mesmo.
_ Oi, Rodrygo. Também estou feliz em te ver, mas me solta que está ficando estranho. - Falei e ele me soltou bagunçando meu cabelo.
_ Que saudade sua chata. E aí como você está? - Perguntou e sorri sem mostrar os dentes.
_ Estou bem, só um pouco cansada.
_ É perceptível. - Disse apontando para meu rosto e bati em sua mão.
_ Cala a boca. - Falei e ele riu.
_ Oi. - Jude disse e foi então que olhei para ele. Ele havia cortado o cabelo e estava mais bonito que o normal, mas parecia exausto.
_ Oi. - Respondi, me lembrando do que ia pedir. _ Escuta, você podem me fazer um favor? - Pedi e Rodrygo negou encostando no capô do carro.
_ Não faço favores.
_ Chato. Eu queria perguntar se vocês podem autografar a camisa nova daquele menininho? - Perguntei apontando para ele do outro lado que ainda não tinha visto os meninos. _ Ele é seu fã e disse até que te ama. - Falei olhando para ele, que assentiu balançando a cabeça.
_ Tudo bem. - Ele respondeu e Rodrygo também.
Foi então que voltei para o outro lado da calçada com eles logo atrás, e quando o menininho os viu, ele começou a chorar.
_ Oii amiguinho, tudo bem? - Jude perguntou se abaixando na sua frente e ele assentiu lhe dando um abraço. _ A Isa me contou que você gosta de mim, fico lisonjeado. - Ele ainda me chamava assim...
_ Sim. Você tira uma foto comigo? - Ele perguntou e Jude assentiu.
Tanto Jude quanto Rodrygo tiraram uma foto com ele e com a senhora, da qual eu suspeitava ser sua avó. Ambos também autografaram a camisa dele que o deixou extremamente feliz.
Depois, ele e sua avó foram embora e restaram apenas eu, Jude e Rodrygo do lado de fora.
_ Então Isa, viemos te buscar. Ja está tarde para você ficar andando sozinha. - Rodrygo disse passando os braços em volta dos meus ombros e me virou me levando na direção do carro.
_ Tabom.
_ Tabom? Não vai negar? Quem é você ? E o que você fez com a Isa? - Perguntou chocado.
_ Estou cansada demais para negar uma carona. - Respondi arrancando um riso dele.
Jude andava com as mãos no bolso atrás de nós, mas quando chegamos no carro, abri a porta detrás, não queria ir na frente e me sentiria melhor atrás.
Durante o caminho, indiquei para onde Rodrygo tinha que ir, já que iríamos levar os salgados para sua casa. E quando chegamos lá, Rodrygo disse que era para mim permanecer no carro e não sair porque ele voltaria logo.
E apesar de não querer ficar sozinha com Jude no carro, agradeci mentalmente por não estar sentada no banco da frente. Era muito fácil ignorar ele sentada atrás, sem ter uma visão dele.
Após Rodrygo sair, ficamos cinco minutos em total e completo silêncio. Não era constrangedor, mas era um silêncio que se um mosquito passasse, certamente me deixaria sem graça.
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