Forgive | JIKOOK

By seokiearth

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Durante um encontro diplomático entre dois países a beira de uma guerra nuclear, Park Jimin e Jeon Jungkook... More

Avisos iniciais importantes
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capitulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Capítulo 49
Capítulo 50
Capítulo 51
Capítulo 53
Capítulo 54
Capítulo 55
Capítulo 56
Capítulo 57
Capítulo 58

Capítulo 52

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By seokiearth

oO

Eu não gosto de fazer isso, mas para evitar confusão mental, eu quero relembrar vocês de que nenhum dos personagens são narradores confiáveis. Eles mentem e também acreditam em mentiras além de terem as próprias interpretações dos fatos. Então, as vezes algumas informações se contradizem e é para ser isso mesmo. Eu sou esquecida, mas certas coisas não são engano da minha parte

Enfim, com isso dito... Vamos para a leitura :)

oO

Naquela manhã, quem acordou Yoongi foi o som de uma mensagem chegando em seu celular.

Ainda sem abrir os seus olhos, Yoongi respirou fundo e estendeu o seu braço direito pela cama em busca de um segundo corpo, mas tudo o que ele encontrou foram os lençóis e os travesseiros gelados, indicando que aquele lado da cama estava vazio há muito tempo. Curioso, o Min abriu os seus olhos e olhou ao seu redor apenas para encontrar o quarto vazio.

Taehyung não estava mais ali. Até mesmo as roupas do modelo que Yoongi havia espalhado pelo quarto ao despir o jovem na noite anterior haviam sumido, assim como os seus sapatos e celular. A única coisa deixada para trás por Taehyung foi uma jaqueta bordô da Celine.

Ao confirmar a ausência do modelo, Yoongi quis, mas não conseguiu se surpreender. Afinal, surpreendente mesmo seria Taehyung ainda estar ali.

Mas mesmo sabendo disso, nada impediu o Min de sentir um gosto azedo em sua boca porque, no fundo do seu coração, ele desejava que dessa vez tudo fosse diferente. E podia ter sido diferente já que eles tiveram um bom sexo e uma boa conversa logo em seguida, uma conversa que durou horas. Além disso, quando Yoongi adormeceu, era nos olhos de Taehyung onde o foco da sua visão estava.

Decidido a aceitar a realidade e não pensar mais no Kim, Yoongi se espreguiçou antes de se sentar na cama e ler as mensagens que havia recebido.

Apesar da grande quantidade de pessoas querendo algo dele, as únicas pessoas que o Min respondeu foi o grupo da sua família, o seu namorado, Seokjin e Jungkook. Aquelas eram as pessoas mais importantes da sua vida e, mesmo que nem todos estivessem falando sobre tópicos importantes ou urgentes, todos os outros podiam esperar até que Yoongi tivesse tempo e vontade de responder a cada um deles.

Por não ter tomado um banho durante a madrugada depois do seu sexo com Taehyung e, tecnicamente, com Hoseok, depois de juntar força de vontade, a primeira coisa que o rapper fez naquela manhã foi se dirigir ao banheiro. Ao tomar seu banho, Yoongi dedicou parte do seu tempo a esfregar o seu corpo inteiro, se livrando do suor que secou em sua pele clara que estava marcada em diversas partes por manchas vermelhas causadas pela boca, mãos e unhas de Taehyung.

Taehyung, Taehyung, Taehyung. Não importa o que ele estivesse pensando, no final a sua mente sempre iria voltar para essa mesma pessoa e encontrar uma mensagem do modelo em seu celular assim que ele saiu do banho não ajudou em nada.

Em poucas palavras, o Kim convidou Yoongi para ir até a sua casa para que os dois pudessem discutir e resolver um problema que aparentemente havia surgido com a música que eles estavam trabalhando para o drama onde Taehyung estava atuando. Então, depois de tomar o seu café da manhã e conversar um pouco com Hoseok em ligação, o rapper deixou o hotel e dirigiu o carro que foi alugado para ele pela sua equipe e foi em direção à casa de Taehyung.

Ao chegar no local, quem recebeu Yoongi não foi Taehyung e, por não saber se ele era conhecido pelo jovem com rosto parcialmente escondido por uma máscara de hidratação facial, o Min tratou de se identificar: "Oi, bom dia. Eu me chamo–."

"Quem é você?" O jovem vestido com um pijama sujo com o que parecia ser molho de tomate perguntou, interrompendo a fala de Yoongi conforme arrancava a máscara de seu rosto.

Diante da cena, o que mais ganhou a atenção do Min não era o fato dele ter sido interrompido ou a grosseria no tom alheio, mas sim o quão parecido com Taehyung aquele garoto magro e esbelto era. Por pouco o rosto dos dois não eram idênticos, o que abria a possibilidade deles serem confundidos um com o outro, mas o cabelo curto tingido de azul, a boca naturalmente inclinada para baixo e a altura do corpo ligeiramente mais baixa quando comparada com a altura de Taehyung tornavam a diferença entre os dois mais fácil de ser notada.

Ainda assim, não era necessário pensar muito para saber que aquele jovem era Kim Yeonjun, o irmão caçula de Kim Taehyung.

"Eu me chamo–." Yoongi tentou responder, mas foi interrompido mais uma vez.

"Não responde, eu sei quem você é." Yeonjun notificou, ascendendo na mente de Yoongi a dúvida de por qual motivo o mais novo havia questionado a sua identidade já que ele já o conhecia. "O que você está fazendo aqui, cara pálida? Você interrompeu a minha performance de Beetlejuice."

"O seu irmão me pediu para vir aqui." Respondeu com paciência, mesmo que estivesse se cansando de toda a interrupção por parte do jovem que estava demonstrando ter uma personalidade tão petulante quanto a de seu irmão mais velho. "Ele está?"

"Não te interessa." Yeonjun respondeu, movendo a sua mão que até então estava escondida pela porta e revelando um pedaço de pizza de abacaxi que logo foi mordida. "Ele está com o Seonghwa hyung." Revelou, surpreendendo Yoongi tanto porque Yeonjun havia acabado de dar a entender que ele não iria falar o paradeiro de Taehyung quanto também por ter descoberto com quem o Kim mais velho estava.

Ele me largou em um quarto de hotel para ir dormir com outro?!

"O irmão do Jimin?" Yoongi quis verificar, mal acreditando no que Taehyung havia feito

"Não te interessa." Yeonjun respondeu de boca cheia, mastigando e engolindo a pizza antes de voltar a falar: "Sim, o irmão do Jimin hyung."

Pirralho, se você vai me responder, por que continua dizendo que não me interessa?

Ignorando a expressão incomodada presente no rosto do rapper, Yeonjun estendeu a pizza em direção ao japonês e perguntou: "Quer pizza? É de abacaxi."

"Não, obrigado." Yoongi negou sereno, se curvando levemente em seguida para se despedir do jovem que franziu o cenho ao assistir o Min dando as costas para ele e se distanciando.

"Está indo para onde, pigmeu de cara pálida?" Yeonjun perguntou alto, atraindo a atenção do japonês que parou e olhou para ele. "Entra aí, o meu irmão daqui a pouco chega. Ele nunca passa o café da manhã com o Seonghwa hyung. Ele diz que é coisa de casalzinho." Relatou, dando as costas para Yoongi que hesitou, mas seguiu Yeonjun até o interior da casa de Taehyung. "Quer alguma coisa? Água, uma cesta básica, lenços de papel...?"

Lenços de papel? Por que eu iria precisar disso?

"Não, obrigado." Yoongi negou, continuando a seguir Yeonjun até ambos alcançarem a sala de estar da casa, onde a TV presa à parede tinha uma cena congelada e o sofá estava bagunçado com um edredom amarelo, uma caixa de pizza, pacotes de balas de goma cheios pela metade e embalagens vazias de biscoitos salgados.

O cômodo parecia uma zona de guerra ou um lixão, definitivamente bagunçado, mas Yeonjun não parecia se incomodar e apenas limpou um pequeno espaço do sofá e disse com indiferença: "Se não quer nada, então senta aí e assiste Beetlejuice comigo." ​​

Por um tempo, Yoongi se esforçou para prestar a atenção e assistir ao filme que a cópia de Taehyung assistia com tanto interesse, mas o enredo não o conquistou e, movido pelo tédio, ele decidiu dedicar o seu tempo ao celular que não parava de vibrar com novas mensagens do mesmo grupo.

quarteto de diamante

Babe:
não, mas sério
os humanos cortam as casas dos passarinhos pra construir casa pros passarinhos
isso é meio louco

Namjoon:
E fazer papel!
Tudo culpa do capitalismo!

Min Yoongi:
Dois burgueses reclamando do capitalismo
é cada uma...

Seokjin:
você também reclama, Yoongi

Min Yoongi:
se você lesse o Manifesto Comunista você também iria reclamar

Namjoon:
FATO!

Babe:
ótimo, vai começar o encontro dos comunistas

Min Yoongi:
eu não sou comunista

Babe:
você só fala sobre comunismo o tempo inteiro

Min Yoongi:
exatamente
mas Namjoon, me deixa te perguntar uma coisa

Namjoon:
Pode falar.

Min Yoongi:
o irmão do Taehyung é tantan das ideias?

Namjoon:
Como assim?

Min Yoongi:
o Taehyung me pediu pra vir na casa dele pra gente resolver alguma coisa na música que a gente fez pro drama que ele tá participando
e quem abriu a porta foi o irmão dele
e ele é meio...
excêntrico(?)
quer dizer, ele falava que uma coisa não era da minha conta pra no segundo seguinte me dizer o que ele aparentemente não queria me dizer
e agora ele está chorando com um musical sobre fantasma enquanto come pizza de abacaxi com canela
...o potinho de canela tá na mao dele e ele vira na pizza antes de cada mordida

Namjoon:
Beetlejuice?

Min Yoongi:
esse mesmo!

Namjoon:
Ah, ele deve ter terminado com meu irmão.
O Tae disse uma vez que o Yeonjun sempre assiste esse filme quando eles terminam porque o musical da Broadway dessa história é o favorito do meu irmão e eles foram assistir juntos.

Babe:
por que você está falando como se isso acontecesse com frequência?

Namjoon:
Porque acontece kkkkkkkkkk
No mínimo uma vez por mês esses dois terminam.
Não é a coisa mais saudável do mundo, mas eles continuam indo e voltando desde os catorze anos de idade deles.

Babe:
caralho?
qual é o problema desses irmãos Kim?

Seokjin:
como assim?

Min Yoongi:
ontem eu fiquei com o taehyung e ele foi embora no meio da noite
e agora eu descobri que ele foi direto pra casa do seonghwa

Seokjin:
é, mas ele não namora você, Yoon
nem com o Hoseok
ou vocês dois

Babe:
sim, mas eu concordo com o Yoon.
é incômodo quando ele faz essas coisas

Namjoon:
Olha, querem um conselho?
Se vocês querem continuar tendo o que quer que vocês tem com o Tae, eu aconselho que vocês passem a se acostumarem com isso
Ou pelo menos com a presença do Seonghwa
O Tae tenta esconder o que ele tem com o Seonghwa por toda a questão de que o Jimin não estava em bons termos com o irmão dele, mas eu já falei para vocês como o Tae se sente em relação ao Seonghwa
E ele não deve mudar nem tão cedo
Talvez nunca mude

Era um bom lembrete para Yoongi que precisava manter em mente o fato de que ele e Hoseok não eram especiais para Taehyung, mas as palavras não deixavam de ser duras. E palavras duras tem a tendência de machucar corações frágeis.

Em outras palavras, Yoongi estava magoado. Não com Namjoon ou com Taehyung, mas com ele mesmo. Afinal, como ele pôde ter sido tão ingênuo ao ponto de cogitar a ideia de que talvez o que o Kim tinha com ele e com Hoseok era especial? Não que Taehyung estivesse apaixonado ou coisa do tipo, mas que talvez Taehyung carregasse um carinho por eles dois.

Mas não. A única pessoa que detinha do mínimo de carinho e atenção de Taehyung era Park Seonghwa.

quarteto de diamante

Babe:
outch?
doeu kkkkkkkkk
mas é, eu e Yoon estamos nos acostumando com o jeito do Taehyung cada vez mais
sem falar que ele também avisou que em momento algum ele seria exclusivo nosso e que não deveríamos esperar algo sentimental vindo dele
a gente tem noção disso
mas ainda assim...
essas coisas acabam por dar um certo incômodo pra gente, sabe?

Seokjin:
entendo
eu sei como é

Namjoon:
Então isso significa que vocês gostam dele?

Babe:
eu não diria gostar
tipo, não acho que eu esteja apaixonado pelo Taehyung ou coisa parecida
sei lá, é tudo muito confuso quando se trata dele
eu não entendo nada
só sei que é incômodo ver/ouvir falar dele com outro cara que não seja eu e o yoon

Namjoon:
Kkkkkkkkkkkkkkkkk
Eu me sentia assim quando comecei a sair com o Seokjin

Seokjin:
o que????
eu não sai com mais ninguém depois que a gente começou a sair!!

Namjoon:
Preciso te lembrar do James?

Seokjin:
pior que eu realmente esqueci que ele existe
kkkkkkkkkk perdão!

Babe:
quem é esse?

Min Yoongi:
um ficante que o Seokjin teve na faculdade
não era nada sério
bobeira de adolescente

Seokjin:
exatamente!
e eu parei de sair com ele depois que comecei a sair com o Joonie
mas uma vez, quando ainda éramos só amigos, eu e Joonie brigamos e ficamos sem se falar por umas duas semanas
a gente ainda saia juntos porque tínhamos amigos em comum, mas a gente não se falava
e em uma dessas saídas eu levei o james e fiquei com ele bem na frente do Namjoon

Namjoon:
E é claro que eu fiquei incomodado.
Na época eu também entendia que já gostava do Seokjinie, mas quando eu vi ele com outra pessoa eu entendi que eu odiava ver outras pessoas tocando e beijando ele

Seokjin:
então ele me contou isso e a gente começou a sair porque eu já era doidinho por ele
e uns dois meses depois a gente começou a namorar

Babe:
fofos (⁎⁍̴̆Ɛ⁍̴̆⁎)
então a lição de moral da história é que a gente deve falar com o Taehyung sobre o nosso incômodo

Namjoon:
O QUE?!
DE ONDE VOCÊ TIROU ISSO?
NUNCA, HOBI!
JAMAIS!
A não ser que você queira levar um block eterno dele em todas as redes sociais e meios de comunicação.
Se esse for o seu plano, então vá em frente.

Seokjin:
KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
hobi e yoon, vamos de telecurso do TaeTae
no telecurso de hoje, nós vamos aprender e conversar sobre os seguintes tópicos:
-como não levar um block de Kim Taehyung
-como não ganhar um socão de Kim Taehyung
-como não incomodar Kim Taehyung e conquistar o seu ódio
-é possível conquistar Kim Taehyung?
Quem irá responder isso e muito mais será o nosso especialista em Kim Taehyung-logia, o nosso amado Kim Namjoon.
é com você, Namjoon!

Namjoon:
Obrigado, Seokjin.
Boa tarde, alunos.
Você está confuso sobre os seus sentimentos?
Caiu na teia que é o charme inigualável de Kim Taehyung?
Pois os seus problemas acabam aqui!

Min Yoongi:
por que vocês são tão vergonhosos?
isso tudo já é demais...

Babe:
ah, yoon...
eu to gostando (ㆀ˘・з・˘)

Min Yoongi:
continua, namjoon

Babe:
\(^o^)/

Namjoon:
Tópico número um: como não levar block de Kim Taehyung
Não encha o saco dele e nem tente forçar o seu sentimentos para cima dele.
Ele costuma dizer que você pode tentar cortar a árvore dele, mas quando ele cair la de cima ele só vai fugir, não ir para os seus braços

Babe:
hã???

Min Yoongi:
ele se coloca em um lugar de difícil alcance e nao adianta tentar forçar ele a sair desse lugar porque no instante em que você forçar e ele realmente se mover, vai ser pra longe que ele vai correr

Namjoon:
Exatamente!
O conselho chave é: ele não gosta de você e não vai mudar isso só porque você implorou ou pediu direitinho.

Babe:
ouch²
doeu

Seokjin:
a verdade dói, gato, mas é necessária
continua, Joonie

Namjoon:
Segundo tópico: como não ganhar um socão de Kim Taehyung
Ele detesta que invadam o espaço dele, tanto físico quanto mental, então não encha o celular dele de mensagens e/ou ligações, não fique chamando ele para sair o tempo todo e também não fique querendo saber tudo sobre a vida dele.
O conselho chave é: se ele quiser a sua presença ou que você saiba de alguma coisa, ele mesmo vai te dizer. Não suponha nem insista muito.

Min Yoongi:
porra???
então é melhor não falar caralho nenhum

Seokjin:
naaaaao
vocês podem falar, se ele não quiser te responder ele simplesmente não vai te responder
do mesmo jeito que vocês também podem fazer isso
é uma via de mão dupla
vocês não servem ao Taehyung

Babe:
por que você sabe mais do Taehyung do que eu?
o namjoon faz sentido, mas você...
você conheceu ele antes de mim??

Seokjin:
na verdade, eu conheci ele depois kkkkkkkkkkk
mas é que a gente conversa bastante
sabe, ele liga todos os dias pro Joonie para saber como ele está
e as vezes eu estou por perto e nós três conversamos juntos
acho que posso dizer que somos amigos

Namjoon:
Ele gosta de você.

Seokjin:
que bomkkkkkkkkkk
eu também gosto dele
seria estranho se só eu gostasse dele

Namjoon:
Nah, ele não finge.
Se ele não gostasse de você, você saberia.
E isso nos traz ao nosso tópico número três: como não incomodar Kim Taehyung e conquistar o seu ódio
Seja sempre verdadeiro e dê espaço para ele!
Conselho chave: Taetae sempre cheira falsidade e mentira de longe, igual um cachorro farejador, mas ele também sempre sabe quando alguém está sendo honesto com ele. E é disso que o Tae gosta. De pessoas que são honestas com ele para o bem e para o mal.

Min Yoongi:
a gente já mentiu pra ele uma vez

Namjoon:
É, eu sei
Não façam mais isso caso queiram manter ele na vida de vocês.
É melhor dizer "não quero falar sobre isso" ou "não me sinto confortável falando sobre isso" do que mentir.
Infelizmente o Tae entende desconforto melhor que muita gente.
Enfim...
Quarto e último tópico: é possível conquistar Kim Taehyung?
Por mais que talvez vocês pensem que esse seja o caso, é possível. O Tae não é arromântico, mas ele não confia em ninguém e tem outras questões também que não é meu direito falar, o que faz com que ele não queira nada romântico com ninguém. 
Conselho chave: o problema não é você, é o mundo. Se você quer conquistar ele, mude o mundo.

Min Yoongi:
como caralhos a gente ia conseguir mudar o mundo?

Babe:
realmente, Joonie
isso é meio que impossível kkkkkkkkk

Seokjin:
o que o Joonie quis dizer não é que você devem literalmente mudar o mundo
tipo, o mundo todo
isso é realmente impossível
o que vocês tem que fazer é mudar o jeito que o Tae vê o mundo

Babe:
mudar ele?

Namjoon:
Não, isso vocês não vão conseguir nunca.
É irreal achar que você consegue mudar toda a personalidade de uma pessoa ou fazer os medos delas sumirem.
Se alguém for mudar de verdade, ela vai fazer isso por ela mesma, por querer mudar.
Mas o caso do Tae não é questão de querer, mas sim de ser.
Se vocês querem alguma coisa com ele, qualquer coisa, então primeiro vocês tem que conquistar a confiança dele.
A confiança é o que ele mais valoriza.

Seokjin:
o que é bem difícil

Min Yoongi:
ele confiou e ainda confia em você

Seokjin:
sim, porque o melhor amigo dele é meu noivo
eu não quero nada com ele além de uma boa relação amigável e ele sabe disso
então eu não me encaixo no perfil de pessoa que assusta ele, mas ainda assim no começo ele me olhava bem estranho porque ele não confiava em mim e acreditava que eu tava usando o Joonie

Namjoon:
Exatamente

Babe:
que complicado...
pior que o Yoon
e olha que ele me deixou na friendzone por ANOS

Min Yoongi:
você também me deixou!

Babe:
pois estamos quites então (〃ω〃)
te amo

Min Yoongi:
te amo mais

Seokjin:
não adianta ficar com inveja de mim não

Min Yoongi:
eu não estou

Seokjin:
então qual é o motivo do meu fio estar com pontinhos brancos?

Babe:
branco é...?

Min Yoongi:
...inveja

Namjoon:
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Relaxa, Yoon, você está agora na casa dele e isso significa muito.
A casa dele é terra sagrada para ele.
Ele raramente deixa alguém entrar.
Talvez tenha sido por isso que o Yeonjun te tratou de um jeito estranho.
Enfim, conquistem a confiança dele
Depois disso vocês vão virar amigos

Babe:
ou não

Namjoon:
É, tem essa possibilidade.
Mas são relações humanas, né?
Não existem cálculos, nada é exato.
OH SEOKJIN
A NOVELA
ELA VAI COMEÇAR

Seokjin:
ESTOU INDO
ESPERA
ME ESPERA QUE EU ESTOU CHEGANDO
CHEGUEI AGORA, ESPERA

Babe:
bem, eu estou indo trabalhar
tchauzinho pra vocês
te amo, Yoon

Min Yoongi:
te amo mais.

Como se tivesse sido programado, ao pressionar na tela do seu celular a opção de enviar a sua última mensagem, uma das portas da casa foi aberta.

"Peste, eu cheguei." A voz de Taehyung soou ao longe, acompanhada pelo som característico de chaves sendo deixadas sobre uma superfície e sacolas de plástico sendo movimentadas. "Eu comprei o pão que você gosta e mais morangos já que você aspirou todo o pote que tinha na geladeira. Bora, peste, vem comer."

"Eu já tomei café da manhã, hyung." Yeonjun avisou, sua voz soando alta conforme ele pausava o filme. "E aquele rapperzinho dos pôsteres do seu quarto na casa do papai tá aqui." Anunciou ao mesmo tempo em que se virava no sofá para olhar em direção ao hall de entrada.  

"Pôsteres?" Yoongi murmurou, desviando o olhar de Yeonjun para olhar em direção à voz de Taehyung, encontrando de imediato o modelo que estava de pé não muito longe deles e que revirou os olhos, entediado.

A roupa que ele vestia era a mesma que ele estava usando na noite anterior, com a adição do cardigã que Yoongi conhecia muito bem. Afinal, a peça pertencia à ele.

Em comparação ao Kim, Yoongi era uma pessoa com o corpo baixo e esguio, o que fazia com que o seu casaco ficasse engraçado no corpo de Taehyung. Mesmo que a peça de roupa fosse maior que o número certo do vestuário de Yoongi, o cardigã ainda era relativamente pequeno para Taehyung, transformando o ítem em um casaco justo ao corpo bem estruturado do modelo.

"Ignora ele." Taehyung instruiu, descansando as suas mãos sobre o encosto do sofá. "Já tomou café da manhã, gatinho?"

"Já." Yoongi respondeu.

"Ótimo, vem para a cozinha que eu vou tomar o meu café da manhã e a gente aproveita para falar das mudanças na música que o diretor pediu." Convidou, mal esperando o mais velho se levantar antes de começar a se retirar em direção à cozinha.

Enquanto seguia Taehyung, Yoongi sentiu toda a sua autoconsciência a respeito da indiferença que Taehyung sentia por ele e pelo seu namorado desmoronar pela simples visão do modelo vestindo o seu cardigã. O ítem de lã preso ao redor da parte superior do corpo alheio lembrava Yoongi de como foi a noite anterior e despertava em sua mente a dúvida a respeito de quando e porquê Taehyung foi embora tão repentinamente.

Querendo sanar a sua dúvida, mas não querendo ser afobado, Yoongi resolveu abordar o acontecimento de maneira discreta ao dizer: "Você foi embora."

"O que? Eu não entendi." Taehyung declarou, sem se dar ao trabalho de olhar para trás, apenas continuando a caminhar até entrar na cozinha moderna e espaçosa. Sobre a ilha de mármore estavam algumas sacolas de mercado junto com o molho de chaves que Yoongi havia escutado antes.

"Eu disse que você foi embora ontem." Repetiu, assistindo o modelo começar a retirar as suas compras das sacolas com o intuito de guardar os itens em seus devidos lugares. "Tipo, você fugiu."

"Eu não fugi. Quem foge é criminoso ou quem tem culpa no cartório. Eu só terminei o que tinha para fazer lá e fui embora." Taehyung esclareceu sem remorso ou cuidado com as suas palavras, analisando um pacote de maçãs e a tigela de morangos antes de dar as costas ao Min para em seguida caminhar até a geladeira. "Você queria o que? Que eu ficasse até de manhã para tomar café com você e planejar o nosso futuro juntos?" Riu e fechou a geladeira.

Observando em silêncio o modelo, Yoongi só conseguiu pensar em como foi tão fácil e natural para Taehyung deixar o seu quarto e ir diretamente ao encontro de Seonghwa.

Namjoon está certo, Yoongi pensou. Seonghwa é quem Taehyung considera como uma pessoa de confiança e de conforto. E não importa com quem Taehyung esteja, no final vai ser Seonghwa quem vai ganhar a atenção e presença do Kim.

... o que exatamente acontece entre eles? Amor?

"Ah, eu peguei um dos seus casacos, ok? Você fodeu com o meu." Taehyung avisou conforme voltava para buscar o cereal que ele havia comprado para Yeonjun para em seguida voltar a dar as costas para Yoongi, focado em organizar a sua cozinha antes de se sentar para comer a sua primeira refeição do dia.

"Eu não estraguei ele." Yoongi se defendeu, puxando uma das cadeiras altas próximas à ilha da cozinha ampla para se sentar.

"Você usou ele para limpar a sua porra da sua barriga." Taehyung apontou o fato.

"A sua porra." Yoongi corrigiu sem perder nem mesmo um segundo para se defender.

"Tanto faz, o que importa é que quem pegou e sujou o meu casaco foi você. Por isso que eu roubei o seu." Taehyung apontou o fato, se virando com uma xícara de leite com chocolate em pó e um prato com biscoitos doces. "Vamos lá? Eu estou com sono. Eu quero terminar isso logo e dormir pelo resto do dia."

E enquanto eles caminhavam pelo corredor que levava ao escritório e ateliê do dono do imóvel, ambos os jovens pensavam na mesma coisa ao mesmo tempo que também possuíam pensamentos diferentes.

Ele está cansado porque dormiu pouco por ter ficado a madrugada transando com Seonghwa, Yoongi pensou com um nó em sua garganta e um sabor amargo em sua boca.

Francês maldito! Taehyung pensou com raiva. Ter aqueles olhos e sorriso bonito, ser cheiroso e ser deslumbrante não te da o direito de acabar com o meu juízo!

(...)

Algumas semanas depois, o príncipe que ainda estava em Rhode Island, acordou cedo com a intenção de arrumar a sua casa e cozinhar uma boa refeição antes que Taehyung chegasse em sua residência. Afinal, ele era um bom anfitrião e precisava de reafirmação.

Jungkook sentia felicidade em ver os seus convidados confortáveis em sua casa e amava receber elogios pela sua casa bem arrumada e a sua comida bem preparada.

Motivado e esforçado, Jungkook falava no celular com os seus dois melhores amigos, jogando conversa fora assim como costumavam fazer com bastante frequência enquanto preparava uma lagosta à thermidor.

"Vocês tem falado com o Tae?" Jungkook perguntou, interrompendo Hoseok que cantarolava uma musiquinha boba que ele mesmo havia acabado de criar.

Ao mesmo tempo, guiado pelo orgulho do prato que estava preparando, Jungkook limpou as suas mãos no avental que ele usava e pegou o seu celular com a intenção de fotografar a travessa com as lagostas prontas para ir ao forno. Em seguida, a foto foi enviada para Jimin junto a um pedido de feedback do Park.

"Faz um tempinho que eu não falo com ele, na verdade." Hoseok confessou, ainda um pouco surpreso por Taehyung ter sido trazido à conversa tão de repente já que normalmente era sobre Jimin que Jungkook queria falar sobre.

"Ah, sim! É, o Jimin hyung também gosta de arroz."

"Que pôr do sol maravilhoso! O Jimin vai amar!"

"Nossa, isso me lembrou da vez que o Jimin hyung–"

"É bonito. Claro, não mais que o Jimin hyung, mas–"

"Que saudades do Jimin hyung..."

"Não, eu não faço tudo ser sobre o Jimin. É que ele realmente bebe água de um jeito diferente e é bem fofo. Eu acho que tenho uma foto aqui, espera!"

Contudo, agora Jungkook queria falar de Taehyung. Mais especificamente das interações do casal japonês com o modelo coreano.

"A última vez que eu falei com ele foi quando eu fui na casa dele." Yoongi revelou, soando tão desinteressado quanto poderia estar.

Mas Jungkook não se sentia da mesma maneira e, ao ouvir o relato dos seus amigos, ele exclamou: "Isso já faz muito tempo! Como vocês esperam que o meu trisal passe a existir se vocês continuarem assim?!"

"Por favor, pare de se referir a nós três como um trisal." Yoongi pediu, suspirando cansado. "Isso não tem nem chances de acontecer." Falou com certeza e, ao mesmo tempo, o celular de Jungkook vibrou indicando que Jimin havia respondido a sua mensagem.

Ao abrir a notificação, Jungkook encontrou uma imagem do rosto de Jimin próximo a câmera com um olhar típico de uma pessoa gulosa, com fome. Em seguida, o Park enviou uma mensagem elogiando as habilidades culinárias do japonês, pedindo também que ele cozinhasse uma refeição gostosa para os dois no futuro.

Como um homem tão forte e poderoso pode ser tão fofo?! Jungkook pensou enquanto se derretia pela fotografia e a marcava com um coração antes de enviar dezenas de emojis de coração para o Park. Eu quero casar e ter o filho desse homem! Não! Eu preciso! Eu preciso casar e ter os filhos dele.

"É, Jeikei. O Yoon está certo." Hoseok confirmou enquanto Jungkook escrevia de volta para Jimin prometendo cozinhar o que o coreano quisesse.

"Vai sim, espera só." Jungkook prometeu, otimista a respeito do futuro do trisal que ele apoiava e de ótimo humor pela fotografia de seu namorado.

"Se você está feliz, então tudo bem, só não coloque muitas expectativas na sua ilusão." Hoseok aconselhou, visando evitar decepções futuras por parte de Jungkook.

"Bra bra bra, ilusão nada." Jungkook se desfez da fala alheia. "Daqui a pouco o meu trisal vai estar unido e vamos poder fazer encontros triplos: eu e Jiminie, Seokjinie e Namjoonie e vocês três! Vai ser tudo de bom." Previu com animação, deixando o seu celular sobre o balcão da cozinha.

"Eu não quero acabar com os seus sonhos, mas eu também não quero iludir você..." Hoseok arranhou a garganta, fingindo pensar profundamente. "Ser moralmente correto é tão difícil."

"Eu estou dizendo a verdade. Vocês vão ficar juntos." O príncipe insistiu, ainda certo das suas palavras, mesmo após ouvir tantas opiniões contrárias.

"Ele quer o Seonghwa." Hoseok apontou o que Jungkook já sabia ser pelo menos um pouco verdade dado o que ele já havia escutado de Namjoon e Jimin as mesmas palavras.

Ainda assim, Jungkook era o capitão desse navio e por ética e moral, o capitão era sempre o último a se retirar do navio. Portanto, Jungkook colocou a travessa de porcelana branca no forno e disse com firmeza: "Seonghwa é para panacas."

"Aquieta a raba, homem." Yoongi pediu, sua voz imparcial falhando por poucos segundos em esconder a graça que ele sentia pela confiança sem base de Jungkook. "Ele não quer nada com a gente e a gente não quer nada com ele. Simples assim."

Mentiroso, Jungkook pensou.

Do outro lado da cidade, Taehyung estava sendo escoltado por um dos seguranças de Jungkook em direção ao carro que o príncipe enviou ao aeroporto. Como Jungkook não pôde ir buscar o Kim pessoalmente, ele achou que seria uma boa ideia fazer com que Uchida, o seu segundo segurança de maior confiança, buscasse Taehyung e o levasse até a casa de praia em segurança.

Era a primeira vez de Taehyung em Rhode Island e, para completar, ele não havia pesquisado absolutamente nenhuma informação ou foto sobre o estado. Afinal, ele nunca foi o maior fã dos Estados Unidos e não tinha nenhum interesse nos estados e cidades daquele país.

Taehyung preferia passar as suas férias e folgas na Europa e seus trabalhos internacionais também costumavam ser pelas cidades europeias e asiáticas. Portanto, enquanto o carro era dirigido pelo segurança de Jungkook, Taehyung mantinha Yeontan preso em sua casinha de transporte posicionada sobre o banco ao seu lado e observava o lado de fora com atenção.

Porém, a sua paz durou pouco e de repente o silêncio no carro foi quebrado pelo som do toque que vinha do seu celular.

"Hyung." Foi a primeira palavra que Yeonjun pronunciou a ter a sua chamada atendida pelo seu irmão mais velho.

"Oi, fala." Taehyung respondeu, suspirando cansado por já saber o tipo de conversa que o aguardava.

"A minha vida..." Lamentou dramaticamente, arrastando a última vogal da última palavra dita. "Ela acabou!" Completou com uma exclamação.

"Para de falar merda, Kim Yeonjun." Taehyung decretou ríspido, reprovando a fala de seu irmão. Afinal, Taehyung podia ser um suicida, mas Yeonjun devia ser feliz, saudável e viver uma longa e próspera vida. Era para garantir esse futuro ao seu irmão que o Kim estava fazendo hora extra na superfície da Terra. "O que foi agora?" Quis saber, olhando mais uma vez para o lado de fora do carro.

O dia estava bonito e, pelo carro estar passando por uma avenida ao lado do mar, a vista se tornava a mais bela possível. Seria um bom dia.

"Eu conversei com o Soobin hoje." Yeonjun relatou. "Eu cheguei lá na NEPTUN todo gato, bonito, trabalhado no meu perfume que ele mais gosta e todo irresistível como sempre. Eu até comprei o bubble tea favorito dele, hyung, e fui falar com ele." Começou a contar, fazendo uma pausa para respirar fundo. "Eu subi até a droga do escritório dele e a secretária dele disse que ele estava em reunião, mas que eu podia esperar, então eu disse 'eu já esperei nove meses para nascer, não espero mais nada nem ninguém!' e fui esperar o Soobinie sentadinho, bem comportado."

"Por isso que ninguém te leva a sério. Você fala uma coisa e faz outra." Taehyung apontou revirando os olhos.

Yeonjun era uma pessoa muito difícil de se levar a sério.

"Tudo em nome do surto, hyung." Yeonjun se defendeu com um pouco de bom humor. "Enfim, o ponto é que quando ele chegou, ele me chamou para o escritório dele e a gente conversou um pouco. Só que quando eu toquei no assunto 'reatar o namoro' ele disse não. Ele nem me deixou terminar de falar antes de negar!" Exclamou inconformado. "Ele não quer voltar mesmo, hyung. O que eu vou fazer?! Ele disse que me ama, mas que a gente corre em círculos sem parar o tempo todo e que ele está cansado."

"Hm." Taehyung murmurou, sem mostrar muito interesse.

Todo mês os dois irmãos tinham a mesma conversa, então com o tempo Taehyung passou a não ter mais tanto interesse na história repetidas tantas vezes. Sem falar que Soobin estava certo. Terminar o namoro por qualquer besteira, qualquer besteira mesmo, não era nada saudável ou divertido. Se eles discordassem de como um prato era feito ou reclamasse da demora do outro para ficar pronto, eles poderiam e certamente iriam terminar para na semana seguinte reatar a relação.

Não era saudável e, aparentemente, Soobin finalmente percebeu isso.

"Hm!?" Yeonjun repetiu em um tom irritado. "Hyung! O meu amado namorado não quer mais nada comigo!"

"Ex namorado." Corrigiu.

"Você é tão cruel, Kim Taehyung!" Yeonjun acusou amargurado, mas a sua mágoa não durou muito e logo ele clamou desesperado: "Hyung, faz ele voltar para mim!"

"Olha, Yeonie, não dá para forçar o pirralho a voltar com você." Taehyung apontou o óbvio que era conhecido pelo mais novo, mas que estava sendo propositalmente ignorado graças a sua personalidade mimada e infantil.

"Mas eu quero ele de volta. Eu amo ele e ele me ama." Yeonjun protestou como uma criança mimada em uma loja de brinquedos."Hyung, eu quero o Soobin de volta. Faz alguma coisa..." Implorou em um tom tão triste que fez o coração do mais velho dar uma fisgada.

Mais uma vez, Taehyung suspirou. Ele não era bom em dar conselhos amorosos para as pessoas. A última vez que ele viu o seu primeiro e único namorado foi quando os dois estavam na corte em que a juíza do caso decretou que o seu ex estava proibido de entrar em contato com ele e que devia manter uma distância física de no mínimo dez metros de Taehyung. Portanto, o Kim mais velho definitivamente não era um guru dos relacionamentos e, além disso, ele não tinha muita paciência para tais assuntos.

Nenhum dos seus melhores amigos era sentimental, todos optavam por agir pelo raciocínio e todas as vezes que eles se juntavam para falar de amor eram casos isolados e tão raros quanto painita. Porém, Yeonjun era o seu irmão e estava passando por o que ele considerava como uma crise.

Então, seguindo o seu papel de irmão mais velho, Taehyung respirou fundo para juntar bastante paciência e disse: "Então vocês dois tem que dar um jeito no que está separando vocês."

"Parar de andar em círculos?" Yeonjun supôs mesmo que ainda claramente em dúvida.

"Isso, principalmente parar com essa putaria de terminar todo mês por causa de uma briga tosca. Tomem vergonha na cara vocês dois e conversem, porra. Tem boca só para comer, beber, falar merda e chupar rola?" Taehyung reclamou, deixando a sua falta de tolerância transparecer conforme falava.

Após a fala de Taehyung, por um breve instante o outro lado da linha ficou em completo silêncio. Era como se Yeonjun nem estivesse mais na ligação e Taehyung chegou a até mesmo conferir a tela do seu celular para ter certeza que a chamada não havia sido encerrada. Mas não, Yeonjun ainda estava lá, mas estava calado, pensando.

Sabendo que o seu irmão precisava daquele tempo, Taehyung se manteve calado, assistindo pacificamente a paisagem do lado de fora do carro. E, de repente, Yeonjun quebrou o silêncio: "Você acha que a culpa é minha?" Quis saber, a sua voz mostrando que agora ele estava mais acanhado e sério, quase fragilizado. "Quer dizer, sobre o meu relacionamento não dar certo. Você acha que isso é culpa minha?"

"Por que seria?" Taehyung quis saber, as suas sobrancelhas se franzindo por ele não estar gostando do rumo que a conversa estava tomando. Afinal, não era apenas Yeonjun que terminava. Muitas vezes era Soobin que ficava irritado com algo idiota como louça na pia ou porque o modelo cancelou um compromisso em cima da hora.

"Sei lá, hyung..." Disse desanimado, quase tristonho e culpado. "Talvez seja algum resquício da relação dos nossos pais? Talvez eu tenha ficado ferrado da cabeça e criado esse hábito de estragar tudo igual eles faziam. Ou então eu sou mais parecido com eles do que eu pensava. Quer dizer, eu não devo ser uma boa pessoa, certo? Nem os meus pais gostam de mim, então–"

"Não, você não estraga nada. Absolutamente nada." Taehyung decretou, mudando completamente o seu tom e postura ao ouvir o seu irmão. "E eles não desgostam de você. Ele são burros e ridículos, mas–"

"Eles não me odeiam, mas não me amam, hyung." Yeonjun declarou o que ambos sabiam ser verdade. "Dado quem eles são e como agem, eu não sei se isso é bom ou ruim, mas eles não me amam."

"É uma benção." Taehyung declarou, mesmo que seu coração estivesse doendo porque ele sempre soube que a falta de amor parental sempre machucou o seu irmão. E Yeonjun merecia receber todo o amor do mundo, até mesmo daquelas duas párias asquerosas que os dois tinham a infelicidade de chamar de 'pai' e 'mãe'. "Olha, relacionamentos são uma via de mão dupla e os dois lados estão sujeitos a errar. Talvez você tenha errado dessa vez e talvez ele tenha errado na outra vez, isso não importa, mas sim que vocês precisam conversar e os dois precisam se esforçar igualmente para que essa relação dê certo. Se não der certo, então abre mão dessa relação e que os dois sigam em frente. Existem outros homens no mundo."

"Mas é ele quem eu amo, hyung." Yeonjun declarou com honestidade e tristeza. "Não existe outra pessoa no mundo que vá me fazer sentir o que eu sinto pelo Soobin. Ele é o amor da minha vida, a única pessoa que eu sonho em ter e quero ter ao meu lado." Suspirou. "Hyung, eu realmente amo ele."

"As vezes amar não é o suficiente, Yeonjunie. Não deixe que os seus sentimentos, certo? Isso não leva ninguém à um bom lugar." Taehyung aconselhou com paciência, torcendo para que o seu irmão o desse ouvidos dessa vez. "Se você quer amar alguém, então que seja alguém que te ame do jeito que você é, que busque te entender e que preze pela sua existência e companhia. Existe mais homens no mundo e você pode encontrar alguém como ou até melhor que o Soobin."

"Hyung, se você pensa desse jeito, então por que você não dá uma chance para o Seonghwa hyung?" Yeonjun quis saber, mudando de assunto porque falar dele mesmo era sempre muito desconfortável e as palavras de seu irmão haviam sido o suficiente para que ele atingisse o seu limite.

Em contrapartida, Taehyung não estava tão interessado em mudar de assunto. Falar sobre Seonghwa com Yeonjun era sempre uma tarefa de grande esforço e cuidado, visto que o mais novo gostava muito do príncipe. E tudo ficou pior ainda quando Yeonjun descobriu que os dois, Taehyung e Seonghwa, chegaram a noivar em certo ponto. Apenas por um dia até que eles se separaram e só voltaram a sair de novo há menos de seis meses.

Ainda assim, desde quando Taehyung começou a ficar com o Park mais velho quando ele só tinha dezenove anos e o seu irmão apenas quinze anos, Seonghwa muitas vezes tratava e cuidava de Yeonjun assim como um irmão mais velho faria. O príncipe realmente gostava do Kim caçula e não eram poucas as vezes que os três saíam juntos para eventos, compras e comer fora por pura diversão. Além de que Yeonjun e Seonghwa até mesmo compartilhavam segredos que escondiam de Taehyung como uma dupla de melhores amigos.

Além disso tudo, Taehyung também sabia que o seu irmão torcia para que ele e Seonghwa ficassem juntos em algum momento.

"Porque eu não sinto nada por ele além de gratidão, tesão e amor, mas amor de amigo." Taehyung respondeu, se esforçando para não ser grosseiro mesmo que essa não fosse a primeira vez que eles estivessem tendo essa mesma conversa. "Também tem a situação do Hansol que você sabe que eu ainda não superei. Sem falar que eu também não planejo ficar aqui por muito tempo. Quanto menos pessoas por perto, melhor."

"Não fala isso não." Yeonjun pediu, verdadeiramente afetado pelas palavras de seu irmão. "Me machuca quando você fala essas coisas. Você é o meu irmão mais velho, hyung. Eu não posso ficar sem você. Eu te amo demais para isso."

Suspirando e apoiando a cabeça contra a janela do carro, Taehyung declarou: "Eu também te amo, Yeonjun. Muito mesmo."

"Então me promete que não vai tentar nada?" Pediu esperançoso, sabendo que se seu irmão prometesse então ele poderia passar a dormir tranquilo à noite.

"Não posso prometer isso, mas eu posso prometer que você ainda vai ser feliz comigo estando aqui ou não, peste. Talvez até mais." Taehyung declarou, incapaz de prometer algo que ele sabia que não poderia cumprir. Afinal, Taehyung não mentia. "Fique tranquilo, tudo bem?"

"Não vou não." Yeonjun disse quase choroso. "Hyung, você não pode me deixar. Eu só tenho você e eu te amo. Você não pode fazer isso comigo." Praticamente implorou, por pouco não se entregando ao choro.

Que bebê chorão idiota, Taehyung pensou. Por que ele reage sempre assim? Há anos a gente tem essa conversa. Tudo bem que os meus dias estão contados, mas porra! Para o que chorar? Só faz com que eu me sinta pior.

"Para de drama, garoto. Eu estou vivo." Taehyung mandou, coçando a garganta para se livrar do nó que se formou ali e só então notando que o carro estava desacelerando. "Chegamos?" Perguntou em inglês ao motorista que dirigia através de portões altos, entrando na garagem privada de uma casa grande e charmosa.

"Sim, senhor Kim." Uchida respondeu, parando o carro em frente à entrada da residência beira mar.

"Chegou no hotel?" Yeonjun quis saber, repetindo a ação de seu irmão de coçar a garganta para se livrar do caroço presente ali.

"Quase isso." Taehyung respondeu, abrindo a porta ao seu lado para sair do carro com a bolsa de transporte de Yeontan em sua mão livre do celular.

Ao estar ao ar livre, o rosto de Taehyung foi imediatamente atingido pelos intensos raios de sol que atrapalharam a sua visão por alguns segundos até que ele voltasse a se acostumar com a claridade. O vento também era forte, trazendo consigo a maresia que Taehyung não sabia se gostava ou odiava.

"Como assim 'quase isso'?" Yeonjun perguntou confuso e preocupado. "Hyung, onde você está se enfiando?"

Ao mesmo tempo em que Yeonjun bombardeava Taehyung de perguntas, o Kim mais velho assistiu a porta principal da casa sendo aberta para logo em seguida Jungkook sair do interior do imóvel. Sorridente como sempre, o príncipe caminhou com passos rápidos em direção ao modelo, mas antes se curvou em direção à Uchida em agradecimento ao trabalho do homem que havia ido buscar Taehyung no aeroporto e que agora carregava a mala do Kim em direção ao quarto de hóspedes preparado para a sua estadia.

"Tete hyung!" Jungkook exclamou animado ao se aproximar do jovem que caminhou ao seu encontro. Por ser um dia quente, o príncipe vestia apenas uma bermuda de tactel preta, deixando à mostra o seu peitoral definido e os seus braços fortes, as tatuagens no braço direito se destacando na pele naturalmente bronzeada. "Eu te esperei o dia todo!"

"São onze horas da tarde, viadinho pão com ovo." Taehyung apontou o fato, se desfazendo do exagero alheio.

"Exatamente! O dia todo!" Jungkook insistiu em seu exagero, mas manteve o seu sorriso intacto, diferente de Taehyung que revirou os olhos em resposta.

"Quem estava te esperando, hyung?" Yeonjun quis saber, desconfiado.

Porém, Yeonjun foi ignorado por Taehyung porque logo em seguida Jungkook voltou a falar: "Eu espero que você não tenha almoçado ainda porque eu preparei uma refeição para nós dois!"

"Quem é esse pedacinho de cocô que não cala a boca?" Yeonjun insistiu, sua voz soando mais alta pela irritação que ele sentia por ter sido ignorado pelo seu irmão mais velho.

"Jungkook." Taehyung respondeu.

"O que?!"

"Oi, hyung."

"Não, eu estava respondendo o meu irmão." Taehyung explicou, afastando o celular da sua orelha para pressionar a opção de transferir a chamada para o viva-voz. "Eu estou com o Jungkook, Yeonjun." Informou ao seu irmão. "Diz 'oi', viadinho." Ordenou.

"Oi?" Jungkook cumprimentou confuso, olhando o seu celular e lendo sobre a tela as palavras 'peste asiática' gravadas como nome de contato da pessoa do outro lado da linha.

"Meu Deus!" A voz de um jovem, Yeonjun, soou alta e surpresa através da saída de áudio, sendo seguida por um grito alto e o barulho de algo caindo no chão. "Vossa santidade, eu sou o seu fã número um!" Revelou orgulhoso, pegando Jungkook de surpresa porque ninguém jamais havia dito tal coisa para ele. Pelo menos não tão honestamente quanto Yeonjun. Além disso, ninguém jamais havia o chamado daquela forma também. "Eu escuto todas as suas músicas todos os dias, a minha favorita é Bad Kind of Butterflies, mas Cardigan também é incrível! Ah, e eu tenho uma conta no Twitter dedicada à vo–"

"Tchau, Yeonjun." Taehyung interrompeu o mais novo, ameaçando encerrar a ligação.

"Não desliga, hyung! Eu estou há anos tentando falar com a reencarnação de Jesus!" Yeonjun gritou urgentemente, desesperado para não perder a sua oportunidade de falar com o príncipe japonês. "Como devo me dirigir a você? Jungkook? Príncipe? Alteza? Senhor? Hyung? Vossa santidade? Deus?!"

"Yeonjun..." Taehyung avisou, constrangido pela falta de filtro do seu irmão que sempre agia como um lunático quando se tratava de Jungkook.

É assim que o Jimin e o Namjoon se sentiam quando eu falava certas coisas sobre o Yoongi? Taehyung se perguntou envergonhado.

No entanto, Jungkook não estava nem um pouco desconfortável. Yeonjun o lembrava um pouco de como ele era quando mais novo e, se ele arriscar em dizer, como ele ainda era. Era perceptível que Yeonjun estava sendo sincero e apenas estava agindo de uma forma exagerada por estar falando diretamente com uma pessoa que ele vinha admirando a distância há anos.

Para Jungkook, Yeonjun era adorável.

Portanto, não querendo que Taehyung interrompesse a felicidade do Kim mais novo, Jungkook se colocou a responder Yeonjun com pressa: "Se você é irmão mais novo do Tete hyung, então eu sou seu hyung, certo?" Quis saber, fingindo estar confuso e não saber direito como funcionavam os honoríficos coreanos. "Você pode me chamar de 'Jungkook hyung', Yeonjunie." Decretou sorrindo mesmo que o outro não pudesse ver o seu rosto.

"Puta merda, puta merda. Ele disse 'Yeonjunie'." Yeonjun falou baixinho, incrédulo com a sua conquista ao mesmo tempo em que atingia o auge da sua felicidade. "Ok, Jungkook hyung." Concordou ao se controlar ligeiramente. "Eu sou realmente muito o seu fã!"

"Ahn, obrigado." Jungkook agradeceu um pouco sem jeito, pouco acostumado com uma reação tão positiva em relação à sua música. "Vamos nos encontrar e conversar melhor no futuro." Propôs, olhando para Taehyung em busca de uma reação do modelo que apenas escutava a conversa com o rosto imparcial e assim se manteve.

"Sim!" Yeonjun aceitou de imediato. "Eu pago pela nossa refeição e tudo mais o que você quiser! Se você quiser eu também deixo você usar a minha cara de tapete e–"

"Só a refeição está de bom tamanho." Jungkook avisou de bom humor, mas interrompendo o Kim antes que ele dissesse algo mais drástico. "E eu vou me lembrar disso e te cobrar na minha próxima viagem para a Coreia." Brincou, rindo soprado de como o mais novo parecia ansioso em pagar por uma refeição para ele.

"Por favor, se lembre e me cobre!" Yeonjun pediu sem vergonha alguma, arrancando uma risada mais alta de Jungkook e um revirar de olhos de Taehyung que se esforçou e obteve sucesso em esconder o seu sorriso satisfeito por ver o seu irmão tão alegre.

Taehyung também estava grato. Ele já gostava de Jungkook e sabia que o príncipe era dono de um coração mole. No entanto, assistir o moreno tratando o seu irmão com tanto carinho fez Taehyung sentir algo novo por Jungkook, algo positivo que vinha para consolidar os seus sentimentos pelo seu amigo.

"Tchau, Yeonjun." Taehyung quebrou o seu silêncio, se despedindo do seu irmão com firmeza, mas com uma gentileza discreta que era reservada à apenas ao seu irmão.

"Tchau, hyungs!" Yeonjun se despediu, aceitando que era o seu momento de ir e de deixar o seu irmão e o seu ídolo socializarem.

Yeonjun queria muito que o seu irmão se aproximasse de Jungkook porque assim ele teria mais chances de conhecer pessoalmente o príncipe. Era por puro interesse, mas Yeonjun nunca alegou ser uma pessoa altruísta.

Sem mais demoras, a ligação foi encerrada por Taehyung que estalou a língua no céu da boca e disse em um suspiro: "Esse garoto..."

"Ele é fofo." Jungkook elogiou com carinho e honestidade, recebendo o foco do olhar do modelo que guardava o celular em um dos bolsos da sua calça alfaiataria bege. "Mesmo que eu não saiba o motivo pelo qual alguém seria meu fã." Completou rindo baixinho, indicando a entrada da sua casa com um discreto aceno de cabeça logo em seguida em um mudo convite.

"Ele realmente gosta muito das suas músicas. Não dúvido que ele saiba cantar todas as letras." Taehyung revelou, se lembrando das inúmeras vezes que ele foi obrigado a ouvir as músicas compostas e performadas por Jungkook como resultado das caronas que ele dava à Yeonjun e das vezes que a música alta reproduzida no quarto do mais novo se espalhava por toda a casa.

Morar com um adolescente não era fácil e Taehyung descobriu isso quando ainda era adolescente, já que com dezenove anos ele já era um responsável legal pelo seu irmão de quinze. Foi também aos dezenove anos de Taehyung que os dois irmãos Kim passaram a morar juntos e sem os seus pais. Ambos completamente livres dos dramas daqueles dois doadores de esperma e óvulos descontrolados e patéticos.

Foi uma época caótica, mas boa o suficiente para que Taehyung ainda sentisse falta da presença do mais novo em sua casa. Além disso, o tempo também foi ótimo para aproximar mais ainda os irmãos que já eram inseparáveis desde o berço.

"Jura?" Jungkook perguntou surpreso, mas alegre. Era bom saber que alguém o escutava por prazer e apreço, e não só por fofoca. Em resposta, Taehyung assentiu. "Maneiro. Agora eu tenho mais uma pessoa para conseguir feedback." Comentou feliz, já planejando mostrar a sua nova composição ao Kim mais novo antes de publicar a canção. "Mas enfim, você gosta de lagosta, hyung?"

"Não."

"Ah." Jungkook deixou o som de decepção escapar pelos seus lábios ao mesmo tempo em que ele hesitava com os seus passos. "Foi o que eu preparei."

"Eu imaginei." Taehyung comentou, parando e se virando para olhar nos olhos de Jungkook antes de rir. "Eu estava brincando, viadinho pão com ovo. Lagosta é o meu fruto do mar predileto." Declarou bem humorado, o que fez Jungkook soltar um suspiro de alívio e finalmente voltar a andar, fechando a porta de entrada da sua casa logo atrás do seu corpo. 

(...)

Conforme o planejado, Jungkook e Taehyung almoçaram juntos. Durante a refeição, os dois espantaram o silêncio conversando sobre assuntos banais que levaram ambos a descobrir que eles possuíam alguns gostos em comum além de gostar de Jimin. A cada descoberta de similaridade, Taehyung e Jungkook tinham reações opostas. Enquanto Taehyung se preocupava mais a cada descoberta, Jungkook definitivamente se tornava muito contente e animado.

Os dois tinham em comum o interesse e carinho por alguns animes, mangás, programas de TV e cantores e até mesmo o livro que Jungkook estava lendo no momento era um dos livros favoritos de Taehyung. Eles de fato possuíam muitos gostos parecidos. Assim, quando eles terminaram de almoçar, foram esses os assuntos que mantiveram os jovens sentados à mesa conversando até Taehyung se cansar e se levantar, declarando que iria tomar um banho.

Com o modelo longe, trancado no banheiro do quarto de hóspedes, Jungkook teve todo o tempo do mundo para brincar com Yeontan de todas as brincadeiras que Darwin nunca aceitava participar.

Jungkook era o tipo de pessoa que preferia gatos. Eles eram lindos, adoráveis, fáceis de cuidar e nada no mundo se comparava ao sentimento de ser honrado com um momento relâmpago de carinho vindo de um felino. Contudo, Jungkook ainda considerava divertido brincar com cachorros de vez em quando, então ele aproveitou a oportunidade para gastar a sua energia com o Spitz Alemão que surpreendentemente se cansou antes mesmo do príncipe.

"Ok, Tannie, vai descansar." Jungkook declarou ao cachorro, acariciando a cabeça do animal antes de se levantar e se afastar em direção à sua cozinha.

Brincar com Yeontan havia deixado o príncipe com sede, o que o levou a buscar uma garrafa de água em sua geladeira antes de voltar para a sala e se sentar em seu sofá posicionado bem ao lado da janela com vista para o mar. Por um tempo, Jungkook apenas observou as ondas se quebrando e molhando a areia antes da água ser puxada de volta para o mar. Ao mesmo tempo, ele também sentia o vento com cheiro de maresia passar pela janela e bagunçar o seu cabelo comprido e sua franja.

Era um momento pacífico e Jungkook reconhecia esse fato. Portanto, ele sorriu em agradecimento à natureza e finalmente desviou o olhar para se entreter com o seu celular até que Taehyung voltasse a se juntar a ele.

"Me dá o seu celular." Taehyung demandou ao chegar ao térreo da casa, se aproximando do príncipe com a mão estendida. "Vou excluir o Pinterest do seu celular."

"Você quem deveria ter o Pinterest apagado!" Jungkook rebateu, bloqueando o seu celular e enfiando o objeto em seu bolso do short para impedir Taehyung de alcançar o aparelho. "Você colocou aquela abominação na nossa pasta compartilhada!"

"Abominação é o seu cu, Dora Aventureira! Ele é arte!" Taehyung defendeu, a sua expressão se tornando ofendida pela fala do mais novo.

"Não fode, Taehyung. Ele é um assassino." Jungkook continuou a acusar, apontando o dedo em direção ao modelo que afastou a mão tatuada com um tapa leve. 

"Você chama ele de assassino, eu chamo ele de Light Yagami, vulgo o dono da minha vida." O Kim respondeu com um sorriso que nascia conforme ele elogiava o personagem de anime.

Vendo aquilo, Jungkook se tornou incrédulo e negou com a cabeça enquanto afirmava: "Você tem sérios daddy issues."

"Você sabe da minha história de vida, mas descobriu agora que eu tenho daddy issues?" Taehyung quis saber, revirando os olhos enquanto se jogava sobre o espaço vago ao lado de Jungkook no sofá.

"Agora eu vi que é sério mesmo o problema." Comentou fingindo estar preocupado, o que foi recebido com uma risada genuína vinda de Taehyung.

"Claro que é." Taehyung confirmou bem humorado, se virando em direção à Jungkook e colocando os pés sobre o sofá antes de voltar a falar. "Mas hein, eu não tenho nada para fazer hoje. Quer sair para beber um pouco?"

"Pode ser." Concordou. "Eu conheço um lu–"

Jungkook queria continuar falando, mas ele não conseguia. A sua língua parecia estar anestesiada, assim como o resto do seu corpo. Era uma sensação desconfortável, mas a cada nova vez que ele se sentia assim, a estranheza era menor que a anterior.

Sabendo o que estava por vir, o príncipe piscou os seus olhos lentamente e não se assustou com o modo como a sua visão foi escurecendo aos poucos assim como a sua audição que também era diminuída gradativamente até tudo ficar em silêncio.

🍂

Cinco meses haviam se passado desde o dia em que o casal chegou em Nova lorque e a adaptação da dupla ao local estava finalmente quase concluída. Felizmente, Yuto havia conseguido o seu emprego no hospital perto de seu apartamento e à aquele ponto Younghyun já conseguia manter uma conversação em inglês. Ele ainda cometia alguns erros gramaticais aqui e ali ao falar o idioma estrangeiro, mas na opinião de seu namorado e de seu mais novo melhor amigo, até mesmo os seus erros eram extremamente fofos.

Naquele momento, Younghyun e Yuto estavam deitados na cama que estava posicionada no centro do quarto que os dois dividiam. O corpo pequeno, nu e suado de Younghyun se mantinha agarrado ao corpo igualmente nu do japonês conforme os dois tentavam acalmar as suas respirações ofegantes.

Um novo dia estava começando, o relógio não chegava a marcar nem mesmo as sete horas da manhã, mas era sábado e Yuto não iria trabalhar naquele dia. Portanto, o casal tinha todo o direito de fazer corpo mole enquanto sorriam um para o outro como os dois bobos apaixonados que eles eram.

Honestamente, a dupla só queria permanecer naquele aconchego gostoso o dia todo e nenhum sentia a necessidade de um banho. Afinal, por qual motivo eles iriam tomar um banho se o plano era continuar na cama e fazer amor até o sol se pôr?

Contudo, de repente a barriga de Yuto roucou alto e, entre as risadas dos dois, ele disse: "Eu estou com desejo de comer um hambúrguer. Um bem grande, do tamanho da minha cabeça."

"Eu estou com muita preguiça até mesmo para mexer o meu braço, hyung, quem dirá para sair de casa só para comprar hambúrgueres." Younghyun revelou, a sua voz ainda tomada pela diversão que ele sentia pelo relato do seu namorado, o seu sorriso crescendo mais quando o japonês se aproximou para deixar um selar rápido sobre os seus lábios inchados.

"Você não estava com preguiça agora a pouco." Yuto observou e riu soprado quando recebeu um tapa leve contra o seu ombro. "Estou apenas dizendo." Se defendeu, bem humorado como costumava ser sempre quando se tratava de Younghyun.

"O hyung acabou com as minhas energias. Agora eu só quero ficar o dia inteirinho na cama agindo como um urso em plena hibernação." Resmungou preguiçoso e aproximou mais o seu corpo do corpo do médico, puxando o travesseiro consigo com a intenção de ficar mais confortável.

Por um longo tempo, os dois ficaram naquela mesma posição, calados, apenas ouvindo a respiração um do outro enquanto brincavam com a mão um do outro e ambos eram rodeados por uma áurea de paz que nos dias de correria eles não costumavam sentir.

Aproveitando que Yuto estava com os olhos fechados enquanto segurava a mão de Younghyun, o Kang dedicou o seu tempo a atividade de observar com calma o rosto do homem que ele chamava de 'namorado'.

Yuto havia mudado bastante nos últimos meses. O seu cabelo longo de antes agora estava tão curto quanto a moda do ocidente ditava, a sua barba estava sempre sempre presente e bem aparada além de que agora ele usava com mais frequência os seus óculos de grau. Talvez pelo cansaço causado pelo seu trabalho árduo no hospital, mas diferente de antes, agora Yuto não conseguia mais ignorar a sua necessidade por óculos com tanta frequência quanto antes e, para Younghyun, isso era uma grande vantagem. Afinal, Yuto já era um homem atraente, mas com óculos ele se tornava mais atraente ainda.

No entanto, naquele momento Yuto não estava usando os seus óculos e, enquanto ele ainda analisava o rosto pacífico alheio, o sorriso no rosto de Younghyun se desfez levemente por notar no rosto do homem que amava um traço de cansaço.

Yuto vinha trabalhando tão duro todos os dias, tendo apenas um dia completo de folga por semana. Mas mesmo cansado, o mais velho nunca reclamou ou qualquer coisa do gênero. Younghyun sabia que parte disso era porque o seu namorado realmente amava o que fazia. Regularmente o jovem casal passava horas apenas conversando sobre os casos que o médico tratava no trabalho e sobre como andava a pesquisa de Yuto sobre mutações genéticas, que ele continuava a estudar sobre mesmo após concluir a faculdade.

Porém, Yuto Adachi ainda estava cansado, visivelmente cansado, e Younghyun não gostava disso, principalmente porque ele sabia que parte da culpa de seu namorado estar tão exausto era porque ele era o único que trabalhava para manter a casa. Younghyun também não gostava disso. Ele odiava ser sustentado e se sentia desconfortável e com a consciência pesada por ficar em casa ou passeando o dia inteiro enquanto Yuto trabalhava duro o dia todo e às vezes a noite também.

"Eu quero trabalhar." Younghyun declarou de repente, assistindo Yuto abrir os olhos com calma e prestar atenção nele.

"Com o que?" Yuto quis saber, levantando a sua mão livre da mão de Younghyun para coçar o seu próprio nariz que pinicava levemente.

"Não sei." Younghyun deu de ombros e começou a brincar com os fios lisos, curtos e negros da cabeça de seu namorado. "Mas eu quero ajudar as pessoas do mesmo jeito que o hyung faz."

"Você quer virar médico?" Perguntou surpreso, um sorriso de orgulho crescendo em seu belo rosto e os seus olhos grandes ganhando um brilho encantador. Younghyun riu baixo da animação do japonês e assentiu, confirmando. "Você vai ter que fazer faculdade então. Precisa estudar bastante."

"Ah não, eu detesto estudar." Reclamou e bufou em seguida, se virando para esconder o seu rosto no  encontro entre o pescoço e o ombro de Yuto. "Não tem como ajudar as pessoas igual ao hyung, mas sem estudar?" Perguntou manhoso, a sua voz soando abafada por estar muito próxima à pele pálida do japonês.

"Não." Negou e riu com o biquinho que o mais novo involuntariamente fez ao encarar o seu rosto com um olhar de protesto. "Para cuidar das pessoas, você vai ter que estudar bastante." Insistiu pacientemente.

"Que droga." Reclamou novamente e deslizou a sua mão do cabelo do mais velho até o rosto do mesmo, guiando os seus dedos até a bochecha corada do homem com a intenção acariciar o local. "Mas eu não quero ver sangue. Eu só quero cuidar das pessoas." Contou e Yuto assentiu, parando para pensar um pouco no que ele poderia sugerir como opção, o que não demorou a vir.

"Bom, se você quer trabalhar no hospital, você vai acabar vendo sangue e vai precisar estudar bastante também." Yuto falou, desagradando Younghyun. Ainda assim, ele continuou: "Você pode trabalhar com outra coisa se você quiser. Podemos te matricular em um curso profissionalizante ou cadastrar você no centro de empregos da cidade."

"Não, eu quero trabalhar no hospital. Ajudar pessoas." Younghyun insistiu, arrancando uma risada de Yuto que soltou a sua mão apenas para segurar a sua cintura.

Em seguida, Yuto moveu o corpo de Younghyun com facilidade para posicioná-lo no centro do colchão macio. Sem protestar, Younghyun assistiu o japonês usar o próprio corpo para cobrir o seu. O olhando de baixo, Younghyun assistiu Yuto sorrir em sua direção antes de abaixar a cabeça para acariciar o seu pescoço com a ponta do seu nariz.

"Mesmo que precise estudar bastante?" Yuto quis saber, se certificando que o mais novo estava certo a respeito da sua escolha.

"Sim." Younghyun confirmou, virando o seu rosto para dar ao seu namorado mais acesso ao seu pescoço. "Mas eu não quero ser médico."

"O que acha de enfermagem? Ou anestesista?" Yuto sugeriu. "São profissões tão importantes quanto e no hospital estão sempre abrindo novas vagas para novos profissionais."

"Quero ser enfermeiro." Younghyun decidiu, se baseando no que ele já sabia a respeito da profissão.

Yuto costumava citar os profissionais sempre que falava sobre o seu dia de trabalho, falando sobre como ele era ajudado e aprendia com os enfermeiros que trabalhavam no hospital. Parecia ser uma profissão bastante importante e Younghyun queria poder ajudar o máximo possível.

"Tudo bem." Yuto concordou assentindo antes de encher o rosto, pescoço e busto de Younghyun com beijos rápidos e estalados, provocando risadas no coreano que tentava se esquivar dos beijos alheios por puro charme. "Você vai ser o melhor enfermeiro de todos os tempos." Profetizou movido pelo orgulho e favoritismo, mas por mais que Younghyun soubesse desse detalhe, nada o impediu de abrir um grande sorriso.

Ele se sentia tão amado e apreciado e o sentimento de satisfação só crescia mais por saber que quem ele amava era a mesma pessoa que mais o apoiava e o admirava.

Deus, eu amo tanto esse homem.

"Vai ter que estudar mais inglês também." Yuto acrescentou ao se lembrar do detalhe.

Esqueça o que eu acabei de dizer, Deus.

"Não quero mais." Younghyun fez charme, parando de sorrir para formar um bico de protesto em seus lábios.

Achando a visão que tinha adorável, Yuto sorriu e roubou um beijo de Younghyun antes de descer o seu corpo com o objetivo de tocar a barriga do mais novo com os seus lábios. Contudo, o que Yuto queria não era beijar a barriga do Kang, mas sim assoprar a área para fazer cócegas em Younghyun.

De repente, o quarto escuro foi preenchido pelas risadas altas de Younghyun e barulhos estranhos que Yuto reproduzia contra a barriga flácida do coreano. Como reação, Younghyun se debatia para fugir das cócegas.

Aos poucos, de tanto rir, Younghyun foi perdendo as suas forças e parou de se debater, mas ele ainda continuou rindo até que Yuto notou a sua fraqueza e parou de provocar o mais novo. Rindo, o Adachi subiu o seu corpo novamente na altura do rosto do Kang e beijou os lábios rosados de Younghyun, este que rodeou o pescoço de Yuto para em seguida aprofundar o beijo.

"Vamos lá comprar o seu hambúrguer." Younghyun chamou ao quebrar o ósculo, deixando mais um selinho sobre os lábios alheios ao terminar de pronunciar as suas palavras.

"Vamos mais tarde." Yuto falou pouco interessado, descendo a sua mão direita em direção às nádegas nuas do coreano que riu ao sentir o aperto alheio.

"Não, vamos lá logo. Você está com fome." Younghyun insistiu, empurrando o ombro do seu namorado para incentivar o outro a se retirar de cima dele.

"Então vamos tomar um banho antes." Yuto propôs, se sentando na cama para assistir o mais novo se levantar. Sabendo qual era a verdadeira intenção do Adachi por trás da proposta, Younghyun se virou com as mãos na cintura e olhou nos olhos do mais velho. "Hm?" Insistiu com um sorriso malicioso, pouco se importando com o olhar de reprovação alheio. "O que você acha?"

"Você não presta." Apontou o fato, rindo e negando com a cabeça antes de dar as costas mais uma vez ao Adachi.

"Babe, isso é um sim ou um não?"

"Vem logo."

🍂
🌸

O dia havia sido realmente cansativo para Yuto Adachi, mas dois de seus pacientes haviam recebido alta, então ele não tinha absolutamente nada para reclamar. Afinal, os seus pacientes estavam bem e ele estava voltando para casa, onde ele iria encontrar o seu namorado e os dois poderiam jantar, conversar e descansar juntos.

Depois de cumprimentar a senhora da floricultura ao lado do prédio onde morava, Yuto entrou no edifício e subiu as escadas até o terceiro andar sem ter muita energia em seu corpo. Depois de seis meses morando ali, Yuto já não sentia mais dificuldade alguma em subir todos os lances de escada. O seu corpo já havia se acostumado com o exercício diário e Yuto havia até começado a gostar da atividade, visando a saúde do seu corpo. No entanto, naquele dia em especial, Yuto havia corrido bastante pelo hospital, então ele estava cansado.

Já no andar do seu apartamento, enquanto pegava o molho de chaves em seu bolso e procurava a certa para abrir a porta da sua casa, os tímpanos de Yuto foram agraciados pelo som abafado do violino que vinha do apartamento que pertencia à Mathieu. Para o japonês, era engraçado como o Gouy parecia seguir à risca o clichê francês. Afinal, além de se vestir muito bem, Mathieu adorava músicas elegantes e era comum ouvir o som das notas suaves de violino, saxofone e trompete vindo de seu apartamento. Quando não era o som dos instrumentos de Mathieu que se alastrava pelo corredor, era o som que vinha da victrola alheia que sempre tocava discos de jazz.

Mas na maior parte das vezes, era Mathieu quem estava tocando. A conexão que o Gouy tinha com os seus instrumentos era inegável, principalmente com o violino. Era como se aquele instrumento fosse uma extensão do corpo de Mathieu, assim como o lápis e o caderno que ele usava para escrever as suas histórias e poesias diárias pareciam ser.

Quando finalmente achou a chave certa e abriu a porta de madeira, o Adachi sorriu satisfeito. Ele estava pronto para se livrar do seu sapato social desconfortável na área de entrada assim como mandava a etiqueta asiática, correr para abraçar o seu namorado, tomar um banho e beber um bom vinho enquanto saboreava o seu jantar com o seu parceiro. Em suma, Yuto queria o conforto do seu lar e foi exatamente isso o que ele encontrou quando chegou no final do curto corredor e encontrou Younghyun sentado no chão da sala, bem em frente à mesa de centro, enquanto estudava em silêncio.

Já fazia alguns meses desde o dia que o coreano ingressou na universidade para se tornar um enfermeiro e, por mais que ele constantemente reclamasse a respeito de como odiava estudar, era impressionante o quanto o coreano estava se esforçando para aprender o máximo que podia. Tanto que antes Yuto costumava ler os seus livros sozinho, mas agora era comum que os dois passassem o tempo livre deles em silêncio, o mais novo quase sempre deitado no sofá com as pernas em cima das coxas do japonês enquanto ambos liam os seus respectivos textos. Também havia se tornado comum que eles comentassem um com o outro a respeito do conteúdo que eles estavam lendo, compartilhando conhecimento e, no caso de Younghyun, também tirando dúvidas.

Muitas vezes Yuto se pegava pensando em como ele estava vivendo uma vida que ele nunca planejou. A sua vida atual era tão inesperada que se alguém a três anos atrás tentasse o convencer de que esse era o seu futuro, Yuto definitivamente iria rir da cara de quem quer que fosse o mensageiro da premonição.

Yuto Adachi namorando e morando com um coreano em um apartamento minúsculo na cidade de Nova Iorque e vivendo uma vida simples era algo tão absurdo que até mesmo os seus pais se recusaram a falar com ele quando o médico buscou contato. Porém, por mais que a  sua realidade atual não tenha sido planejada de antemão, Yuto estava mais feliz do que ele já foi em toda a sua vida. A maioria dos seus dias eram comuns, além de que ele e Younghyun haviam caído na tão temida rotina. No entanto, para eles, até mesmo a rotina era algo que conseguia ser interessante, divertida e confortável.

Todos os dias Yuto e Younghyun acordavam no mesmo horário, transavam, tomavam café da manhã juntos e saiam de casa lado a lado. Enquanto Yuto trabalhava, Younghyun estudava e quando o médico voltava para o seu lar, ele encontrava a casa arrumada, o jantar pronto e o seu namorado estudando. Era só então que o Adachi tomava um merecido banho e rumava até a sala para jantar com Younghyun. Já durante o jantar, os dois conversavam sobre o que haviam feito durante o dia e depois eles rumavam até a sala para assistir um programa de TV exclusivo de cada dia da semana.

Já nas sexta-feiras, eles jantavam pizza na casa de Mathieu junto aos seus outros amigos e passavam a noite toda conversando e rindo, enquanto aos finais de semana, Yuto e Younghyun escapavam da rotina e passeavam pela cidade em busca de um novo local para passarem o tempo juntos sozinhos ou com amigos.

Era de fato uma grande rotina. Nada que fugia do comum acontecia em suas vidas, mas os dois estavam felizes e em paz.

Finalmente eles estavam felizes e em paz.

Ao se aproximar o suficiente do seu namorado, Yuto se inclinou e beijou o topo da cabeça de Younghyun antes de dizer: "Boa noite, Hyunie." Cumprimentou.

Porém, apesar da falta de discrição de Yuto ao entrar em casa e se aproximar de seu namorado, por Younghyun estar concentrado em seus estudos, ele só notou a presença de mais alguém no local quando sentiu o toque alheio, o que foi o suficiente para assustar ele. Com os olhos arregalados, tremendo e exasperando, Younghyun olhou em direção ao mais velho e só relaxou quando viu que era Yuto parado ao seu lado.

Mais tranquilo, Younghyun sorriu de volta para Yuto e abraçou a cintura do médico ao mesmo tempo em que encostava a sua cabeça no peito alheio e dizia: "Boa noite." Respondeu calmo, sorrindo mais ao receber um beijo em sua bochecha antes de assistir Yuto se afastar e caminhar para se sentar na cadeira vaga posicionada em frente ao Kang. "Você me assustou."

"Eu pensei que você já tivesse percebido que eu tinha chegado." Yuto compartilhou, deixando a sua bolsa sobre o único espaço vazio da mesa de centro. "Eu fiz bastante barulho enquanto tirava o sapato. Quase caí." Revelou, arrancando uma risadinha baixa de Younghyun.

"Eu não ouvi. Parei de prestar atenção nos barulhos ao meu redor quando o Math começou a tocar o violino." Contou de bom humor e essa foi a vez de Yuto rir.

"Ele está tocando há muito tempo?" Yuto perguntou, interessado em saber há quanto tempo a música de Mathieu estava atrapalhando os estudos do seu namorado.

"Há tempo o suficiente para eu conseguir ler quatro capítulos deste livro enquanto fazia anotações." Younghyun respondeu parecendo nada incomodado ou irritado, afinal, ele estava acostumado com os barulhos vindo do apartamento da frente. "Mas como você está, hyung? Como foi o seu dia?"

"Foi bom. Dois dos meus pacientes receberam alta." Contou e sorriu ao ver o olhar orgulhoso que o mais novo disparava em sua direção.

"Jura?" Perguntou animado e apoiou ambos os cotovelos em cima da mesa de madeira clara, assistindo com um sorriso no rosto o mais velho assentir positivamente. "Isso é ótimo, babe." Comentou feliz pelos pacientes. "E o seu chefe da residência? Ele disse algo sobre quando você vai poder ajudar em uma cirurgia?" Perguntou interessado, sabendo que esse era o maior objetivo atual de Yuto.

"Ainda não, mas hoje eu tive a oportunidade de assistir uma cirurgia de emergência para conter uma hemorragia interna." Contou e recebeu mais da atenção do seu parceiro. "Foi realmente interessante, Hyunie. Eu não pude participar, claro, mas só de assistir..." Deixou as palavras no ar, começando a divagar levemente enquanto sorria e assentia por se lembrar do espetáculo que foi aquela cirurgia. "Realmente foi uma experiência incrível, principalmente quando tudo deu certo no final." Contou e olhou nos olhos pequenos e atentos de Younghyun. "Eu quero estar lá. Quero salvar vidas." Segredou em um suspiro.

"Você vai estar." Prometeu mesmo sem ter poder algum para garantir isso. Porém, o Kang sabia que Yuto conseguiria porque ele também sabia que o seu namorado era um estudante e profissional incrível. Quando se tratava de Yuto Adachi, nem mesmo o céu era o limite para o seu sucesso. "Em breve você vai estar lá." Afirmou segurando a mão maior que a sua e dando um leve aperto nos dígitos alheios, atraindo um sorriso pequeno vindo do japonês.

"E o seu dia, Hyunie, como foi?" Perguntou e roubou um dos biscoitos que estavam em um prato em cima da mesa.

"Bom." Respondeu sincero, mais relaxado e menos sério que antes. "Depois da aula, eu saí com a Maria. Fomos até o mercado de flores e–." Se interrompeu, se lembrando de algo animador o suficiente para fazer os seus olhos brilharem. "Ah!" Exclamou antes de se levantar agitado para em seguida correr em direção ao quarto, desaparecendo por alguns segundos para logo depois voltar para a sala de estar tão apressado quanto quando saiu. Contudo, dessa vez ele tinha algo em suas mãos escondidas atrás do seu próprio corpo. "Comprei para o hyung!" Contou orgulhoso, estendendo os seus braços em direção ao japonês ao mesmo tempo em que se tornava apreensivo pela reação que receberia.

Confuso, Yuto olhou para as mãos de Younghyun e viu que o seu amado lhe ofertava um pequeno e belo buquê de flores de cerejeira.

Sakuras, assim como era chamada em seu país natal.

As flores que Yuto mais amava eram as sakuras.

O médico amava que as flores tinham o cheiro e a imagem da sua terra natal, além do sabor maravilhoso que florescia quando as suas pétalas eram usadas para se fazer chá. Portanto, ao ver o buquê, Yuto ficou tão feliz que não conseguiu conter o sorriso grandioso que cresceu em seu rosto.

Yuto sabia que Younghyun não era de presentear com flores. Durante todos os meses que passaram juntos, o coreano costumava optar por demonstrar o seu amor incondicional ao Adachi com contato físico, palavras de afirmação e comida. Younghyun amava cozinhar para Yuto e Yuto sempre comia tudo com muito prazer.

Além disso, Younghyun fazia parte daquele pequeno percentual de pessoas que acredita fielmente que plantas sentem tanta dor quanto os seres humanos e que não devemos cortá-las, mas sim nos contentar com o ato de apreciá-las em seu local de nascimento.

Desta forma, para que o coreano tivesse a atitude de presentear Yuto com tal coisa era porque ele realmente queria agradar o japonês.

Porra, Yuto pensou enquanto pegava o buquê das mãos pequenas e bronzeadas. Eu realmente amo esse baixinho.

"Eu sei que o hyung sente falta de casa e pensei que..." Começou a falar, mas parou pela vergonha que sentia. "Talvez ver as flores de cerejeira te alegraria de alguma forma..." Continuou ainda receoso. Normalmente, Younghyun era atrevido e não pensava duas vezes antes de dizer ao seu namorado o que estava sentindo ou querendo, mas aparentemente presentear Yuto com flores era um ato que deixava o coreano mais envergonhado do que dizer palavras sujas ou descaradamente honestas. Era adorável. "E o hyung também pode usar as pétalas para fazer seu chá de sakura."

"Mas assim eu iria destruir o buquê." O médico observou, levando as flores até perto do seu nariz para sentir a fragrância natural das sakuras.

Era um cheiro que costumava lembrar Yuto de casa, mas agora era apenas nostálgico. Atualmente, cheiro de lar para Yuto era aquele perfume suave e quase doce que era encontrado com maior fartura no espaço entre o pescoço e o ombro de Younghyun.

Valorizando o presente e o gesto de seu namorado, Yuto sorriu e disse: "Eu não posso destruir elas. São lindas demais e ficaram mais lindas ainda porque foi você quem me deu."

"Mas o hyung está há meses falando sobre como quer beber chá de sakura." Argumentou e aproveitou a oportunidade para sentar no colo do mais velho, este que usou a sua mão livre para envolver a cintura fina do belo jovem que ele tanto amava.

"Mas eu gostei mais do seu presente." Respondeu e deixou um beijo na bochecha do coreano que corou envergonhado como resposta. "Muito obrigado pelas flores, Hyunie. Eu amo você."

"Eu te amo mais, hyung."

🌸
🍂

"Eu literalmente tenho aula amanhã de manhã, gente." Younghyun reclamou, segurando o braço de Yuto com mais força ao ver dois homens caminhando pela calçada ao encontro deles. "Está muito tarde. Vamos embora." Pediu assustado.

Younghyun não estava acostumado a ficar perambulando por essa área da cidade durante a noite. Ele sabia que Nova Iorque não era o lugar mais seguro do mundo e ele definitivamente não queria se machucar e nem ver seu namorado ou o seu melhor amigo machucados. Portanto, o melhor a se fazer era dar meia volta e voltar para casa, onde era seguro, confortável e quentinho.

"São só oito da noite, Hyunie." Mathieu falou contente, segurando por trás os ombros do amigo coreano e balançando o mesmo levemente enquanto continuava a caminhar animado. "Vocês dois vão adorar o Afterglow. Todo mundo lá é incrível! Vamos nos divertir horrores!" Prometeu rindo.

Era uma noite de segunda-feira e o trio estava indo para um bar que Mathieu insistia em apresentar aos seus dois melhores amigos, prometendo que o local era diferente e tão melhor que todos os outros da cidade. Foi por essas promessas que Younghyun aceitou deixar o conforto do seu sofá à primeira instância, mas a cada passo que eles davam pelas ruas do Brooklyn, mais o Kang se arrependia de ter aceitado.

O outono finalmente havia chegado e o clima esfriava mais a cada dia, principalmente durante a noite, o que fez com que Yuto abrisse mão do seu blazer para deixá-lo sobre os ombros esguios de Younghyun. Afinal, o Kang era uma pessoa com imunidade muito baixa e havia acabado de se recuperar de um resfriado tão forte que o deixou de cama por uma semana inteira. Não seria bom para Younghyun ficar exposto ao frio.

Porém, apesar das baixas temperaturas, Nova lorque parecia ser ainda mais bonita durante as estações frias e Younghyun mal podia esperar para que o inverno chegasse.

Já fazia oito meses desde o dia em que o casal conheceu o francês e era a primeira vez que ambos viam o homem de olhos azuis tão animado como estava enquanto falava sobre o bar e os seus amigos que ele queria apresentar ao casal. Quer dizer, Mathieu sempre foi animado e absolutamente ninguém que conhecesse minimamente o europeu poderia negar isso, mas naquele momento ele realmente estava reluzindo de tanta animação.

Era surpreendente!

Entre protestos de Younghyun, promessas de Mathieu e risadas de Yuto, o trio caminhou por mais alguns minutos até alcançar o destino tão comentado. A fachada do lugar não era chamativa, mas o seu interior era completamente extravagante. E, ao dizer que o interior do estabelecimento era extravagante, Younghyun queria dizer que desde a decoração ao modo como as pessoas presentes no local se vestiam, absolutamente tudo e todos eram extravagantes.

O casal estava verdadeiramente surpreso com o ambiente, mas entenderam na mesma hora o motivo de toda a animação do Gouy.

Ali tudo era tão diferente do que os dois asiáticos já viram antes. As mesas eram claras, todas contavam com enfeites como flores coloridas em cima da superfície de madeira e os assentos acolchoados possuíam um tom de rosa intenso. Além das mesas, a luz do local era ambiente e existia também um palco pequeno, mas muito bem feito e decorado ao fundo do bar. Sobre o mesmo palco existia uma bela figura vestida em um vestido vermelho elegante e brilhante e saltos da mesma cor. O seu rosto era agraciado com uma maquiagem muito bem feita, o que ajudava a tornar mais atraente a canção em ritmo de Jazz que ela cantava.

"Vamos sentar." Mathieu chamou os amigos e começou a andar em busca de uma mesa vazia. O local não estava lotado, mas também estava longe de estar vazio e era de fato melhor garantir logo o seu espaço. "Daqui a pouco alguém aparece para atender a gente."

Descendo a sua mão, Yuto entrelaçou os seus dedos aos dedos de Younghyun e esperou que o mais novo desse os primeiros passos para só então andar atrás dele, prestando atenção em cada mínimo detalhe do local. Ao notar o olhar curioso do seu namorado, Younghyun riu baixo e foi copiado pelo francês que achou graça da reação que o médico estava tendo do lugar, principalmente das pessoas que usavam roupas chamativas e maquiagens exageradas.

"É um bar LGBTQ+, Yuto." Mathieu explicou ao se sentar à mesa escolhida, sendo seguido pelo casal que o olhou sem saber do que se tratava a sigla usada. "Cada letra significa uma orientação sexual ou de gênero. Lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros, queers... Por ai vai." Explicou pacientemente e com um sorriso em seu rosto. "Hoje a estrela da noite é a Crystal Cock. A melhor drag queen que eu já tive a honra de conhecer."

"Cock?!" Younghyun perguntou alto, surpreso com a palavra. Pelo seu tom, o coreano acabou por atrair alguns olhares de quem estava por perto. Alguns riram, outros apenas encararam Younghyun, mas já foi o suficiente para que ele se sentisse envergonhado ao ponto de se encolher contra a cadeira confortável na qual ele estava sentado. "Isso significa pênis. O nome dela significa pênis de cristal?" Questionou e riu baixinho.

"Hyunie, não se deve zombar do nome das pessoas" O japonês advertiu suavemente o seu namorado, mas segurou a mão pequena de Younghyun por cima da mesa para mostrar que não estava bravo ou ressentido. "Os pais dela acharam que esse nome seria apropriado, então nos resta aceitar e respeitar." Concluiu.

Em resposta, Younghyun assentiu, concordando com a fala do seu namorado. Porém, o clima de compadecimento pelo nome alheio logo foi quebrado por Mathieu que riu alto, se divertindo com a ignorância dos amigos.

"Ela quem escolheu esse nome, Soleil." O francês explicou para Yuto, bem humorado e gentil como de costume. "Ela é uma drag queen e drag queens são como personagens que as pessoas criam para performar a sua arte, assim como ela está fazendo agora."

Com as informações dadas pelo amigo, o casal finalmente passou a entender do que se tratava o termo e, ao olharem em direção ao palco, os três dedicaram um tempo para apreciar a canção e a voz suave que preenchia todo o bar. Crystal Cock cantava de uma maneira tão imaculada que parecia prender todos os presentes no estabelecimento em seu véu de encantamento. Era lindo e cativante, realmente um som angelical. Além disso, as suas expressões faciais e movimentos se encaixavam com exatidão com o sentimento transmitido pela composição da canção, o que melhorava a sua apresentação.

A música bem interpretada falava sobre querer voltar para os braços de alguém que se ama, sonhar com o calor do corpo desse alguém, mas que pelo sentimento não ser recíproco e pelos conflitos passados, a realização do desejo se tornava impossível. Aos olhos do Kang, era como se a música falasse sobre tudo o que ele estava passando com os seus irmãos e, a cada palavra que era cantada, o coreano sentia como se pequenas farpas penetrassem o seu frágil coração.

Em oito meses desde quando foi expulso de casa, nenhum de seus irmãos o procurou uma única vez sequer. Yuto continuava a manter contato com Hosoda e o casal sabia do que estava acontecendo na Coreia e com os irmãos Kang. Porém, o mesmo não acontecia ao contrário.

Durante uma das ligações de Yuto com Hosoda, Younghyun ficou sabendo através das palavras do melhor amigo de Yuto que o seu pai havia voltado para casa depois de oito anos trabalhando na China. Younghyun também descobriu que o seu pai teve um surto ao descobrir toda a história envolvendo os seus três filhos e o médico japonês, mas o patriarca da família Kang também nunca procurou pelo mais novo.

Outra descoberta de Younghyun foi que Sungjoo havia se casado há três meses. O evento foi bonito, mas eles não sabiam de muito porque o compromisso de Sungjoo partiu o coração de Hosoda e ele não quis falar muito sobre. Ainda assim, Sungjoo ainda trabalhava no resort do japonês. Ao que se tratava de Minhyuk, as notícias eram de que o jovem agora vivia cercado de pessoas que, segundo as más línguas, eram pessoas que trilhavam um caminho de pedras e que faziam atividades ilegais. Além disso, muito também se falava sobre como o Kang do meio costumava desaparecer por alguns dias e voltar como se nada tivesse acontecido, o que causava preocupação em todos da família.

De qualquer forma, Younghyun entendeu que a sua vida e o seu bem-estar não importavam mais para a sua família de sangue. Portanto, agora ele teria que os deixar para trás e montar a sua própria família. Até aquele momento, Younghyun já possuía dois membros em sua família: o seu namorado e Mathieu.

Estava bom, não é? Até porque, quem mais iria querer se juntar a eles?

Depois de se acostumar com o ambiente, Younghyun iniciou uma breve conversa com os outros membros da sua mesa e juntos eles fizeram os seus pedidos ao garçom que os atendeu. Com tudo já organizado, eles voltaram a prestar atenção no show até o fim enquanto bebiam e comiam hambúrgueres e batatas.

Após os aplausos, a bela drag queen agradeceu e desceu do palco, passando pelas mesas com um sorriso intacto em seu rosto e agradecendo os elogios que recebia por onde passava. Younghyun sinceramente estava encantado com a beleza de Crystal Cock. Porém, ele também estava com fome, então quando os aplausos acabaram, ele usou as suas mãos que se tornaram livres para comer as batatas que estavam no prato de Yuto.

Ao notar que estava tendo a sua comida roubada, Yuto sorriu e beijou o topo da cabeça de Younghyun, permitindo que o mais novo comesse a quantia que quisesse. Afinal, Younghyun amava batatas e Yuto se importava mais com a carne presente em seu hambúrguer, então os tubérculos fritos não fariam falta em sua refeição.

De repente, uma voz animada e aveludada soou ao lado direito de Younghyun, enquanto dizia: "Eu achei que você estava brincando quando disse que viria hoje."

Ao ouvir a voz alheia, a atenção de todos na mesa se virou em direção à Crystal Cock, esta que olhava e sorriu em direção à Mathieu.

"Você me subestima demais, Kabir." Mathieu respondeu, devolvendo o sorriso simpático.

"Gracinha, aqui eu sou Crystal Cock e apenas ela." Advertiu e o francês sorriu, levantando as suas mãos em rendimento e murmurando um pedido de desculpas. "Está tudo bem." Assegurou de bom humor. "Mas me diga, Math, quem são essas belezinhas aqui?" Perguntou curiosa, se virando em direção ao casal que observava tudo em silêncio e curiosos pelo jeito singular que Crystal tinha ao falar e gesticular.

"Ah, esses são os meus melhores amigos que eu costumo te falar sobre no trabalho. Yuto Adachi e Younghyun Kang." Mathieu respondeu e apontou para cada um conforme dizia o nome deles para apresentá-los. "E essa é a minha amiga, gente. Quando ele não está montado como Crystal Cock, ele é só o chato do Kabir que trabalha comigo no New York Times."

"Departamento de esportes." Crystal esclareceu e se sentou ao lado do Gouy. "Muito macho!" Comentou forçando a voz grossa e formando uma expressão engraçada.

"Realmente." Adachi concordou simpático, participando da brincadeira. "Prazer, Yuto Adachi." Se apresentou e estendeu a sua mão em direção à cantora.

"Prazer apenas na cama, gatinho, mas se quiser podemos resolver isso mais tarde." Crystal respondeu, flertando abertamente com o japonês ao mesmo tempo em que aceitava o aperto de mão de Yuto.

"E eu sou Younghyun, o namorado dele." O coreano se apresentou sem demoras, perdendo o sorriso que antes estava presente em seu rosto e dando espaço para um olhar assassino que era disparado em direção à Crystal Cock sem piedade.

Em sua vida em geral, Younghyun não costumava ser um homem ciumento, mas em situações como a que estava vivendo no momento ele não conseguia se controlar. Ele confiava que Yuto não iria o trair, mas apenas a ideia de alguém tentar tocar ou tirar o seu namorado de perto dele fazia com que o coração de Younghyun se apertasse e o seu sangue fervesse.

Yuto Adachi era o namorado de Younghyun. Apenas de Younghyun e de mais ninguém.

Ao contrário do esperado, Crystal não perdeu por um segundo sequer a sua aura leve e animada. Na verdade, a reação dela foi rir ao notar a expressão brava no rosto do mais novo dentre todos ali.

"Que fofo. Ele parece um filhotinho de leopardo!" Observou e aceitou o aperto de mão de Younghyun. "Fique tranquilo, ele é todo seu. Eu só gosto bastante de flertar para passar o tempo. Não leve para o pessoal."

"Hm." Younghyun concordou a contragosto e se esforçou para tirar a expressão fechada de seu rosto, livrando a sua mão do aperto alheio para em seguida rodear os seus dois braços ao redor do braço esquerdo de Yuto.

O Adachi queria rir. Era nítido em seu rosto que ele estava achando a cena engraçada e adorável. Afinal, Crystal estava certa e Younghyun realmente parecia um filhote de felino pronto para proteger o seu território. Porém, Yuto se deteve e bebeu um pouco da sua cerveja para se livrar do pequeno sorriso que se formava em seus lábios.

"Escute o conselho da Crystal Cock, gracinha." A drag começou a falar, se referindo a si mesma na terceira pessoa e se inclinando na direção do coreano como quem está prestes a segredar algo. "Brigar com as pessoas por causa de um homem é algo realmente deselegante. Deixe que ele mesmo recuse a cantada das pessoas ou ignore. Se ele fizer o contrário disso e aceitar o flerte, aí sim, termine com ele. Ele não respeita você e você merece respeito." Aconselhou e sorriu gentilmente antes de se afastar e voltar a descansar as suas costas sobre o estofado da sua cadeira. "Vocês vão continuar aqui? Eu estou morrendo para comer um kebab" Revelou, bufando em seguida.

"Pede, você merece. O show foi incrível." Mathieu elogiou ao mesmo tempo em que encorajava a sua amiga a comer o que desejava.

"Foi, não foi?" Crystal perguntou sorrindo amplamente, orgulhosa do seu trabalho.

"Realmente foi muito bom. Eu fiquei impressionado." Yuto comentou, fortificando o elogio feito por Mathieu anteriormente.

"Eu também gostei bastante." Younghyun declarou timidamente.

A partir daquele momento até o final da noite, os quatro passaram a conversar sobre assuntos triviais e se conhecer melhor. E, apesar do seu ciúmes inicial, ao final da noite Younghyun já sabia que gostava de Crystal Cock e mal podia esperar para conhecer Kabir Bhatia.

🍂

Quando a consciência de Jungkook voltou ao momento atual da sua vida, o primeiro sentido que ele recuperou foi a sua audição. Era possível ouvir as ondas do mar quebrando abaixo da colina, os passos de Yeontan contra o porcelanato da casa, os galhos das árvores do seu quintal se mexendo com o vento e a respiração profunda de alguém vindo da sua direita.

Ao recuperar o tato, Jungkook notou que havia algo apoiado em seu ombro e só ao recuperar a sua visão e movimentos que o príncipe pôde notar que não era o que, mas sim quem. E quem estava ali apoiado contra seu corpo era Taehyung. O modelo dormia pacificamente, a luz alaranjada do sol que já estava se pondo no horizonte beijava a pele bem cuidada e bronzeada do coreano que fazia um bico enquanto dormia e sonhava com algo.

Jungkook sabia que Taehyung estava sonhando porque os seus olhos se mexiam por trás das pálpebras. No entanto, pela proximidade, Jungkook também notou linhas finas, curtas e com relevo espalhadas ao redor da orelha do Kim.

Apesar da presença delas, nenhuma das cicatrizes era capaz de diminuir a beleza incontestável do homem que dormia com Darwin em seu colo.

Faz sentido o Yoongi ser apaixonado por ele há tanto tempo e o Hoseok estar seguindo o mesmo caminho, Jungkook pensou, sorrindo ao mesmo tempo em que se lembrava de como a alma daquele homem o acompanhava há tantos anos. Por quem você está aqui? Pelo meu irmão? Por mim e pelo Jimin? É ruim que eu queira que seja pela segunda opção? A ideia de ser seu amigo próximo de novo parece muito divertida.

De repente, os pensamentos de Jungkook foram interrompidos pelo seu celular que passou a vibrar em seu bolso, indicando o recebimento de uma nova chamada.

Jungkook sequer precisou olhar para a tela para saber quem estava do outro lado da linha e, ao atender, ele disse: "Oi, Hyung."

"Oi, Kookie. Está tudo bem com você?" Jimin perguntou parecendo ligeiramente preocupado.

"Eu estou. A confusão dessa vez passou muito rápido. Mas e você? Está bem?" Jungkook quis saber por estar ciente da possibilidade do mais velho ainda estar ressentido consigo mesmo a respeito da última lembrança que eles tiveram.

"Sim, estou. A lembrança foi tranquila." Jimin concordou, mas arranhou a garganta em seguida em desgosto. "Mas foi estranha."

"Sim, antes as lembranças eram de um só dia. Está muito, muito estranho." Jungkook comentou baixinho, segurando a cabeça de Taehyung com a sua mão livre e posicionando com delicadeza a cabeça do modelo sobre uma das almofadas de encosto do sofá.

"E eu não sei dizer se isso é bom ou ruim." Jimin apontou enquanto Jungkook se afastava da sala de estar, a caminho do lado externo da casa para não correr o risco de acordar o seu amigo. "Será que eu fiz besteira, Kookie? Quer dizer, será que ter tido aquela lembrança forçada teve algum efeito?"

"Eu espero que não." Jungkook comentou, mordendo o canto da sua unha do polegar.

Ao ouvir a resposta do mais novo, Jimin suspirou e disse: "Eu vou passar a chamada para vídeo e vou tentar adicionar o Seokjin e o Yoongi na ligação, tudo bem? Eu quero saber sobre isso."

"Eu ia sugerir isso agora." Jungkook respondeu, afastando o seu celular de sua orelha para aceitar a solicitação de chamada de vídeo feita pelo seu namorado. Em seguida, o rosto lindo, mas visivelmente preocupado de Jimin surgiu na tela dividida em quatro pequenos quadrados. Jungkook e Jimin ocupavam dois desses quadros, enquanto os outros dois estavam cinzas conforme eles aguardavam a resposta de Yoongi e Seokjin. "Ei, hyung, não se pressione. Você não fez nada de errado." Consolou o mais velho que negou.

"Você sabe que isso não é verdade, babe."

Jungkook estava prestes a corrigir Jimin quando de repente o rosto confuso de Yoongi surgiu em um dos quadrados vagos.

"Oi?" O rapper perguntou, afastando o celular do seu rosto o suficiente para que fosse possível ver que ele estava sentado sobre o palco onde ele iria performar no dia seguinte.

"Oi, Yoongi hyung. Desculpa te incomodar." Jimin cumprimentou o mais velho, sorrindo em desculpas para o rapper que negou.

"Vocês não me incomodam, relaxa." Yoongi assegurou ao coreano, totalmente despreocupado. "Vocês lembraram de mais alguma coisa?"

"Sim, como você sabe?!" Jungkook perguntou surpreso ao mesmo tempo em que curioso.

Contudo, antes que Yoongi pudesse responder, mais um rosto ocupou o último quadrado vago na tela do smartphone.

"Oi!" Seokjin cumprimentou os mais novos, seu rosto longe da câmera o suficiente para que fosse possível notar o seu cabelo bem arrumado e o terno que ele usava enquanto caminhava por um corredor vazio. "Se lembraram de alguma coisa?"

"Como vocês sabem...?" Jungkook quis saber, pronunciando as palavras gradualmente em um tom mais baixo que a anterior.

"Vocês só chamam nós dois ao mesmo tempo quando vocês se lembram de alguma coisa e não, eu não estou reclamando disso." Yoongi respondeu, posicionando um dos seus braços atrás do seu corpo para apoiar o seu corpo. "Mas conta aí para nós dois o que aconteceu."

"A lembrança em si não foi nada demais." Jimin se adiantou a explicar e Jungkook concordou com um aceno de cabeça.

"Sim, só eu e o hyung transando bastante." Jungkook completou casualmente, o que gerou reações diferentes vindo dos membros da ligação.

"JUNGKOOK!" Jimin exclamou, as suas orelhas queimando de vergonha enquanto se esforçava para evitar os quadrados que mostravam os rostos dos irmãos do seu namorado.

Ou melhor, irmão, no singular. Afinal, nessa vida, Yoongi não era irmão de Jungkook e Seokjin.

"Pelo amor de Deus, Jungkook!" Seokjin exclamou horrorizado, dramatizando o momento, assim como era de costume da sua família.

"O que foi?!" Jungkook perguntou, não entendendo as reações alheias visto que naquela época e atualmente ele já era um adulto e Yuto também já era assim como Jimin já é um adulto.

Não era nada obsceno o que ele havia falado. Talvez íntimo, mas aquelas três pessoas com quem ele estava conversando eram pessoas que ele confiava e que sempre teve liberdade para dizer o que quisesse. Não fazia sentido aquelas reações.

"Todo mundo aqui é adulto, parem de palhaçada." Yoongi resmungou, corrigindo as atitudes alheias como se pudesse ler a mente de Jungkook.

Coçando a garganta, Jimin disse: "Enfim, voltando ao tópico da lembrança... Elas estão sendo muito curtas e pulando."

"Pulando?" Seokjin questionou franzindo o cenho, confuso ao ponto de parar de caminhar abruptamente, fazendo os guardas que seguia o príncipe parar a tempo de não invadir o espaço pessoal do jovem.

"Meio que antes as nossas lembranças eram lineares." Jungkook começou a explicar. "Por exemplo, a gente lembrava de um dia e na próxima lembrança seria outro dia. Só que agora é uma só lembrança e vem vários momentos aleatórios de dias diferentes."

"Sim, eu estou desconfiando de que isso é culpa da lembrança que eu forcei." Jimin acrescentou, deixando claro o motivo pelo qual ele estava entrando em contato com os dois homens mais velhos. Afinal, normalmente quem procurava pelos outros dois era Jungkook e não o Park.

"Ah, não. Não é não. Isso aí é normal." Yoongi se prontificou a dizer.

"Antes vocês estavam se lembrando de como vocês se conheceram e se apaixonaram, mas agora vocês vão começar a lembrar dos pequenos momentos que mais marcaram vocês." Seokjin revelou, sorrindo ao assistir os rostos do seu irmão e de Jimin se suavizarem, perdendo a pitada de preocupação que os dois carregavam.

Assentindo com o que havia sido dito pela sua alma gêmea, Yoongi acrescentou: "Isso acontece até um momento realmente importante da sua vida chegar. Nesse momento tudo vai voltar a ser como foram nas suas primeiras lembranças."

"Então não estamos com problemas?" Jungkook perguntou apenas para se certificar de que não havia entendido errado mesmo que o discurso dos mais velhos tivesse sido claro.

"Não, não estão." Seokjin reafirmou, assegurando o seu irmão de que tudo estava bem.

Suspirando aliviado, Jimin confessou: "Ainda bem. Eu estava me sentindo muito culpado e preocupado."

"É, eu também. Ainda não lembramos dos nossos momentos mais felizes." Jungkook resmungou, se ajeitando sobre o acolchoado de uma das cadeiras posicionadas no jardim de grama verde da sua casa. "Eu quero saber porque caralhos o meu momento mais feliz foi uma transa, principalmente agora que eu sei que a gente fazia isso com bastante frequência."

"Pode ter sido um momento especial." Yoongi supôs dando de ombros.

"Provavelmente foi mesmo." Jimin concordou assentindo, sem pensar muito. "Mas Ggukie, o meu momento também não faz sentido. Fica tranquilo. Pelo o que eu vi nas pesquisas que eu fiz, a primeira lembrança é sempre bem confusa mesmo."

"Qual foi a sua, Jimin?" Seokjin quis saber, olhando para a tela do seu celular por alguns instantes antes de voltar a olhar para o caminho que ele voltou a percorrer em direção ao escritório da sua mãe.

"Não sei muito bem. Eu só sei que parecia ser uma festa e que o Younghyun estava lá." Jimin revelou em busca de confortar o seu namorado que formou um bico em seus lábios rosados.

"Talvez seja o nosso aniversário de namoro?" Jungkook tentou adivinhar.

"Ou de casamento." Seokjin adicionou a sua suposição naturalmente, sem se dar conta de que havia acabado de cometer um deslize que ele só foi perceber ao voltar a encarar a tela do seu celular.

Ali, em cada um dos três quadrados a parte do seu, três rostos diferentes mostravam expressões diferentes. Enquanto os olhos grandes de Jungkook pareciam prestes a saltar para fora do rosto bronzeado tamanha era a sua animação, Jimin olhava de maneira torta em direção ao aparelho que ele mesmo segurava e, por último, Yoongi havia parado de caminhar sobre o palco para olhar duramente para a tela, como se pudesse perfurar com os olhos o rosto de Seokjin.

"O que você disse?" Jimin perguntou em um sopro, não acreditando no que havia escutado e não sabendo como lidar com a nova informação.

Jimin era completamente contra o casamento. Para o Park, o casamento é uma indústria capitalista falha que sempre está fadada ao fracasso e ao desgaste de ambas ou uma das partes que cometesse o erro de se sujeitar a tal compromisso e promessa. Ainda assim, certamente Jimin não era contra quem optava por se casar. Porém, durante toda a sua vida ele soube que ele não iria se sujeitar a tal erro.

Assim como filhos, casamentos eram sempre uma grande responsabilidade e Jimin já tinha muitas.

Portanto, para Park Jimin, saber que ele como Yuto Adachi havia se casado era no mínimo desconfortável.

"Cala a boca, Seokjin." Yoongi disse ríspido, corrigindo o príncipe que voltou a caminhar com a postura perfeita de sempre.

Coçando o seu nariz constrangido, Seokjin sorriu sem jeito antes de dizer: "Eu tenho que ir. Tchau!"

E desligou.

"Yoon, eu e ele nos casamos?!" Jungkook perguntou para o seu melhor amigo.

Diferente da sua alma gêmea, Jungkook estava radiante com a ideia. Para ele, nada no mundo era mais lindo, romântico e puro do que um casamento. Afinal, era com um casamento que duas pessoas maduras e apaixonadas juravam se amar, se respeitar e se apoiar para sempre. Além de que, na mente e planos de Jungkook, o casamento era o último passo que ele precisaria dar antes de passar a criar a sua própria família.

Nos sonhos de Jungkook, ele viveria em uma cidadezinha pacata e à beira mar, a sua casa seria grande apenas o suficiente para que ele, Jimin e seus filhos e gatos vivessem confortavelmente. Não existiria muito luxo ou cercas altas com vigilância 24/7. Eles seriam apenas mais um casal feliz vivendo com os seus filhos saudáveis e alegres assim como todos os outros daquela rua, bairro e cidade.

Jungkook sonhava com o anonimato, com Jimin como o seu marido e com filhos. E ele havia acabado de descobrir que em sua vida passada ele realizou dois desses sonhos.

Portanto, para Jungkook, saber que Kang Younghyun havia se casado era como uma promessa de que ele havia tido uma vida passada feliz e que havia sido amado plenamente.

No entanto, assim como a sua alma gêmea, Yoongi também não queria permanecer naquela chamada por muito mais tempo e, para fugir das perguntas alheias, ele sorriu e disse: "Também preciso ir, gente. Tchau!"

Com Seokjin e Yoongi fora da chamada, Jungkook sorriu mais abertamente e radiante, emanando felicidade enquanto aproximava o celular do seu rosto corado pelo sol que havia atingido a sua pele nos últimos dias enquanto surfava, mas que também estava vermelho pela felicidade que ele sentia. Os seus olhos escuros e grandes pareciam brilhar como uma galáxia inteira, o que encantou e fascinou Jimin que sorriu gentilmente pela primeira vez durante aquela conversa.

Jimin não estava sorrindo pela ideia de um casamento em suas vidas passadas, ele estava sorrindo porque ele amava ver a sua alma gêmea feliz. Porém, Jungkook não sabia disso e por falta de explicações, o mais novo confundiu as motivações de Jimin.

"Jiminie!" Jungkook exclamou animado, literalmente quase pulando de alegria. "Eu quero me lembrar logo disso! Nós vamos nos casar! Quer dizer, nós já nos casamos! Nós nos casamos!"

"Isso é bom, Kookie!" Jimin comentou sorrindo e assentindo para reafirmar o que havia acabado de dizer.

Porém, Jungkook não pareceu gostar muito da sua resposta, dado que a animação de Jimin não chegava nem perto de se comparar com a que ele sentia. Na verdade, parecia que eles sequer compartilhavam do mesmo sentimento.

Jimin não parecia feliz, apenas contente.

"Você não parece muito animado com isso." Jungkook compartilhou a sua visão com o seu namorado, parando de andar pela grama verde para olhar mais atentamente para a tela do aparelho que ele segurava.

"Não é que eu não esteja feliz, Kookie, é só que eu fico aliviado em saber que já fizemos isso. É o seu sonho, não é?" Jimin perguntou mesmo que já soubesse da resposta. "Por isso eu fico feliz em ver você feliz em saber que já nos casamos." Revelou com sinceridade.

Porém, dentre todo o discurso de Jimin, a atenção de Jungkook se focou em uma pequena palavra que havia sido dita pelo coreano e que tinha o potencial de dar à sua declaração dois sentidos opostos.

Ao se pronunciar, Jimin queria dizer algo em específico, mas Jungkook entendeu de outra forma.

"Como assim 'aliviado'?" Jungkook perguntou franzindo o cenho. "Eu não estou entendendo."

"É só que, você sabe, como já casamos, então não é como se eu fosse falhar por não poder te oferecer isso nessa vida caso um dia esse momento chegue." Jimin explicou, fazendo o coração de Jungkook congelar ao mesmo tempo em que o seu cérebro pareceu vibrar ligeiramente em reação.

Era como se Jungkook pudesse ver e ouvir todos os seus planos e sonhos desmoronando bem na sua frente. Tudo o que ele visualizou e planejou foi amassado e pisoteado por Jimin sem nenhuma consideração.

"O que você está falando? Você não quer se casar comigo nessa vida?" Jungkook perguntou se esforçando para não soar frágil, mas falhando em esconder a sua frustração.

Jimin imaginava como Jungkook estava se sentindo e, com uma rápida olhada em direção ao fio preso em seu pulso direito, ele notou que a sua suposição estava certa. Porém, Jimin não podia ir contra as suas crenças e desejos para a sua vida pessoal para agradar ninguém, nem mesmo a sua alma gêmea.

Filho era algo que o Park não queria ter, mas talvez em um momento da sua vida ele fosse precisar ter para manter viva a dinastia da sua família. Contudo, um casamento para o futuro rei não era necessário para manter o seu país próspero.

Assim Jimin prometeu a si mesmo que jamais iria se casar. Não era necessário, ainda mais que ele havia descoberto que ele e Jungkook já haviam se casado um com o outro em suas vidas passadas.

"Não é uma questão de não querer me casar com você, mas sim de não querer me casar com absolutamente ninguém em geral. Eu não vejo necessidade alguma em casamentos. Nunca vi e nunca quis isso para mim." Jimin esclareceu, mas não bem o suficiente para que Jungkook tivesse a chance de entender o desprezo que o Park sentia por casamentos. "Sem falar em toda a dificuldade que seria a burocracia para me casar com você." Acrescentou pensando em como seria um inferno na terra um futuro rei da Coreia se casar com um príncipe japonês.

Independente deles serem almas gêmeas até mesmo aos olhos do mundo, o povo coreano ainda guardava ressentimentos

A história ainda era muito recente, logo era difícil manipular a massa para determinados assuntos. Além disso, Jimin sabia que existiam reis que caíram por bem menos e ele não queria ser o motivo do fim de uma dinastia que até então vinha sendo tão honrosa e benéfica ao seu povo.

A vida de Jimin dessa vez não pertencia unicamente à ele, mas ao seu povo também. Desde o dia em que Seonghwa abdicou do título de príncipe herdeiro, Jimin passou a estar vivo para servir aos cidadãos do seu país. A sua vida girava em torno disso e seria assim até o final.

Mas mesmo com a sua explicação, Jimin notou que o seu namorado ainda estava com uma expressão estranha e ele não entendeu a razão dado que ele acreditava e honrava com todas as suas promessas. Portanto, se Yuto Adachi prometeu amar e respeitar Kang Younghyun na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza para todo o sempre, então a promessa também se aplicava à Park Jimin e Jungkook a partir do momento em que os dois se lembrassem que tal compromisso foi selado.

"Então você está aliviado porque não vai fazer isso comigo nessa vida." Jungkook concluiu entendendo apenas uma parte do que havia sido dito pelo seu namorado.

Porém, Jimin não notou que Jungkook havia entendido errado e fortificou o mal entendido ao afirmar com firmeza: "Sim."

Notando a atitude segura e fria de Jimin sobre um tópico tão sensível, Jungkook abriu os seus olhos que refletiam o quão incrédulo ele estava. Logo em seguida, Jungkook revirou os olhos com um pouco de deboche para disfarçar a sua decepção com a atitude de Jimin.

Ele sequer está se esforçando para ser gentil ou compreensível, Jungkook pensou. Eu sou tão ruim assim ao ponto dele estar aliviado por não ter mais que se sentir obrigado a casar comigo só porque esse é o meu sonho? É isso? E eu entendo que um casamento seria difícil para dois príncipes de países com tensões políticas, mas ele nem mesmo pensa em tentar? Ou se afastar de tudo só para ficar comigo? Eu não sou o suficiente?

"Uau." Jungkook falou depois de um tempo, rindo seco e sem humor. "Então esse tempo todo você nunca quis se casar comigo?"

"Jungkook, estamos juntos há menos de dois meses." Jimin respondeu rindo de leve, forçado para tentar amenizar o clima.

Mais uma escolha errada de palavras visto que, enquanto o que Jimin queria dizer era "seria muito cedo para qualquer um pensar em casamento em apenas dois meses de namoro", o que o Jungkook entendeu foi "você é o único idiota emocionado aqui. ninguém vai se casar com você".

Inseguranças mudam a mente das pessoas, mas Jungkook não estava ciente disso. Não naquele momento.

Um pouco impaciente, Jungkook olhou duramente em direção a tela do seu celular e perguntou firmemente, a sua voz soando de uma maneira que nunca havia soado antes ao falar com Jimin: "Se você não quer se casar, então por que estamos namorando, Jimin?"

Só então que o Park notou que Jungkook estava bravo e parecia que a sua raiva e frustração só crescia conforme o fio preso ao redor do pulso de Jimin ganhava um tom vermelho cada vez mais intenso. Surpreso com a mudança de atitude de Jungkook, Jimin olhou ao redor em descrença antes de coçar o interior da sua garganta.

"Porque eu gosto de você e quero estar com você e você sente o mesmo por mim, Kookie." Respondeu, mantendo o seu tom usual que costumava usar quando falava com Jungkook. Sempre muito gentil e calmo, mesmo que agora ele estivesse preocupado com como seria o desenrolar daquela conversa. "Isso não é o suficiente?"

"Eu não sei." Jungkook respondeu com pesar, coçando o seu nariz que ardia pelo choro preso em sua garganta. "Eu preciso trocar a água do Darwin, Jimin. Vou desligar." Avisou, já movendo o seu dedo em direção à opção que encerraria a chamada de vídeo.

Notando o gesto, Jimin se preocupou e chamou: "Jungkook."

"Fala."

Jimin queria poder falar que ele iria pensar no assunto, que eles poderiam conversar e talvez planejar alguma rota de ação. Ele realmente queria porque ele gostava de Jungkook ao ponto de se sentir culpado e triste por ver o mais novo tão decepcionado e magoado. No entanto, se o Park dissesse isso, então ele teria que cumprir com a sua palavra e... Bom, Jimin não podia garantir nada, muito menos sem pensar antes.

Desta forma, ele apenas engoliu em seco antes de voltar a falar: "Eu sinto muito." Jimin pediu, não sabendo o que mais ele poderia dizer para amenizar o que ele havia causado.

"Sim, você se sente muito alívio em saber que tem uma boa desculpa agora." Jungkook afirmou firme, mas sua voz acabou por falhar ao pronunciar a penúltima palavra. "Tchau, hyung. Eu preciso entrar." Jungkook insistiu em desligar, dessa vez seguindo até o final.

Porém, Jungkook não voltou para o interior da sua casa como havia dito que faria. Em vez disso, ele se sentou sobre a grama do seu quintal e encarou o mar abaixo da pequena colina, o seu olhar se perdendo conforme os pensamentos cheios de insegurança e frustração enchiam a sua mente.

Como ele pode não querer se casar? Ele não gosta de mim? Eu sou tão ruim assim? Ou ele leu algo sobre mim que não gostou?

Faria sentido ele não querer a imagem dele atrelada à minha. Até faz sentido já que até hoje absolutamente ninguém sabe sobre o nosso relacionamento...

Mas, em geral, o que mais machucava Jungkook naquele momento era a ideia de que, assim como todos os seus antigos namorados, Jimin o achava ridículo por desejar que os dois pudessem viver juntos uma vida feliz que duraria para sempre.

Jungkook se sentia ridículo, julgado e diminuído. Era o seu sonho que estava sendo desprezado pela sua alma gêmea e seu sonho era simplesmente se casar e construir uma família. Algo tão simples. Jungkook não queria riqueza, bens materiais, sucesso ou qualquer outra coisa que muitos perseguem por toda uma vida. Ele só queria ter alguém vivendo feliz ao seu lado para sempre para se amarem, se cuidarem e manterem companhia um ao outro diariamente. No entanto, todos sempre agiam como se os seus desejos fossem ridículos e Jungkook já estava acostumado, mas ele não esperava que Jimin fosse agir da mesma forma.

Além disso, Jimin parecia bastante aliviado por estar livre da responsabilidade de se casar com Jungkook. Era como se Jungkook fosse um fardo que o Park só cogitaria se casar caso ele fosse obrigado ou coisa parecida, assim como acontecia com mulheres do passado que eram "desonradas" e eram obrigadas a se casar para evitar sujar o próprio nome e o nome da família.

É assim que Jimin me vê? Como uma pessoa que só iria merecer ser aceita caso exista uma faca em suas costas?

Jungkook estava se sentindo envergonhado, frustrado e de coração partido. E ele queria chorar porque ele esperava que Jimin fosse diferente, que gostasse dele de verdade, mas o mais velho sequer se impediu de debochar do sonho e animação do japonês.

Eu só estava feliz por saber que passamos nossa vida passada juntos como marido um do outro, mas ele estava interessado em se desfazer dos meus sentimentos como se não fosse nada.

De repente, Jungkook não conseguiu mais segurar as suas lágrimas e finalmente se permitiu chorar, escondendo o seu rosto em suas mãos enquanto os seus cotovelos se mantinham apoiados contra os seus joelhos.

Enquanto isso, do interior da casa, Taehyung já havia acordado e assistia tudo através de uma das janelas da cozinha. Em seu rosto, uma expressão de tédio se fortalecia cada vez mais.

Todo esse surto por causa de um papel no cartório e um anel feio?! Taehyung pensou enquanto revirava os olhos. Se todas as pessoas com família saudáveis são como esse macho, então Deus, obrigado por me dar pais de merda e me forçar a criar uma personalidade individual.

(...)

"Você fez de propósito, não fez?" Yoongi perguntou assim que a ligação foi atendida por Seokjin.

"Ele precisava saber." O príncipe respondeu, sua voz soando séria junto ao som de uma porta sendo aberta do outro lado da linha.

"Não, ele não precisava. Você sabe como o Jungkookie é e–"

"Eu não estava falando do Jungkook." Declarou, esclarecendo querem era o seu verdadeiro alvo.

"O Jimin?" Yoongi perguntou confuso, seu cenho se franzindo conforme ele passava a girar o microfone preto em sua mão livre do celular posicionado contra a sua orelha. "Por que você faria algo pelo Jimin?"

"Porque ele é quem meu irmão amou e ama por duas vidas e o sonho do Jungkook é esse. Ele quer casar e ter filhos." Seokjin respondeu como se fosse óbvio e de fato era. Ou ao menos para ele era.

"Eu sei disso, mas eles só estão namorando há dois meses." Apontou, acreditando que com um início de relacionamento tão recente assim, ainda não era hora de falar sobre casamento. Ele mesmo e Hoseok só não precisaram falar sobre esse assunto porque ambos já haviam deixado claro os seus objetivos quando eles ainda eram amigos.

Yoongi não via necessidade em casamentos e Hoseok compartilhava da mesma indiferença. Para eles, casar era um grande 'tanto faz'. Já sobre filhos, ambos também concordavam em não ter.  O Jung adorava crianças, mas amava entregar elas de volta aos responsáveis depois que cansava. E, ao que se tratava do Min, ele nunca se entendeu em explicar as suas razões e apenas se limitava a dizer que não queria ser pai por saber que ele não seria um bom pai.

"Mas eles se conhecem e conversam há quase um ano e, durante todo esse tempo, o Jimin não falou sobre como ele não quer se casar, como ele não planeja ter filhos e sobre como ele não é um príncipe comum." Seokjin declarou sem hesitar em dizer nenhuma palavra, sabendo de tantos detalhes que nenhum dos dois envolvidos chegou a contar para ele sobre, mas que ele ainda assim sabia.

"Como assim? O que o Jimin é? Um herdeiro ao trono?" Perguntou com desdém, não acreditando naquela possibilidade absurda. Contudo, a reação do mais velho não foi de rir e negar, mas apenas se calar. E foi no silencio que Yoongi arregalou os olhos conforme falava: "Seokjin, isso é impossível. Depois do Donghwa existe o pai do Jimin e o Seongwa. E a cada novo filho que o Seonghwa tiver, mais longe do trono o Jimin fica. Ele não nasceu para ser rei."

Assentindo do outro lado da linha e arrumando os documentos dispostos sobre a mesa de escritório da sua mãe, Seokjin disse: "Mas ele vai."

"Então você quer acabar com o relacionamento deles de novo?" Yoongi quis saber, com medo de que a história pudesse se repetir de alguma forma.

Ele sempre temia que a história se repetisse.

"Óbvio que não. Não diga bobagens." Seokjin corrigiu ofendido, parando de olhar os documentos que a sua mãe havia deixado com a intenção do primogênito ler. "Eu quero que eles discutam sobre isso enquanto ainda estão apaixonados. Nessa fase tudo pode ser resolvido, basta querer."

"E se o Jimin não querer, Seokjin? Ou o Jungkook?" Yoongi questionou com medo de que o casal de almas gêmeas entrassem em uma briga impossível de solucionar.

Afinal, Jungkook sonhava com contos de fadas enquanto Jimin não e, para piorar, o coreano era um Park. E os membros da família Park não possuía um bom histórico de ceder a vontade dos outros.

"Casais que renascem como alma gêmeas não são tão frágeis quanto você pensa." Seokjin garantiu com firmeza, certo de que o que ele dizia era um fato. "Agora eu preciso ir, Yoon." Avisou, voltando a olhar a pilha de papéis que ele precisava ler e fazer anotações para correção ou assinar.

"Pare de fazer esquemas, Jinie... Já conversamos sobre isso." Yoongi pediu em um suspiro cansado, refletindo exatamente como a sua mente, coração e alma estavam em relação àquele assunto.

"Meus esquemas fizeram eles se conhecerem e ter o apoio do mundo sem nem precisar tentar." Seokjin apontou, relembrando de como Jimin e Jungkook se conheceram em público apenas porque ele criou todo um esquema que resultou em seu pai enviando o seu irmão ao encontro ao invés do príncipe herdeiro assim como a Coreia faria.

"Pai, você precisa se lembrar que todos os nossos movimentos agora serão analisados e podem ser usados com simbolismo." Seokjin argumentou pelo telefone após ter ido para Nova Zelândia de propósito logo após ordenar que o capitão de um dos navios da marinha japonesa entrasse em território coreano. "Me enviar, enviar um príncipe herdeiro, para negociar com um príncipe qualquer é no mínimo humilhante para o nosso país! Não estamos tão desesperados."

"Ele não é um príncipe qualquer, Seokjin. Você sabe a real posição de Jimin dentro daquela hierarquia." Katsu relembrou o seu filho primogênito, sua voz deixando clara o quão cansado o imperador estava após aquela semana tumultuada com ameaças de guerra e queda da principal bolsa de valores do país.

"Eu sei, você sabe, mas o mundo sabe?" Seokjin perguntou, sorrindo por perceber que seu plano estava indo exatamente como ele havia planejado. "Mande o meu irmão. Jungkook é bom em negociações, ele manipula tudo e todos com uma facilidade impressionante até mesmo para mim. Sem falar que, aos olhos do público mundial, Jungkook e Jimin possuem o mesmo título. Nenhum dos países está desesperado e podemos nos aproveitar da má reputação de Jungkook. Todos pensam que ele é burro e estúpido, então ele terá mais espaço para fazer suas jogadas sem ser notado."

Seokjin quase começou uma guerra em nome de unir e proteger o seu irmão e a alma gêmea dele. Não existia a possibilidade dele tentar afastar aqueles dois.

Suspirando cansado, o príncipe herdeiro disso: "Eu pensei que você já tivesse parado de me colocar no papel de vilão, irmão."

"Eu sei que você não é um cara ruim, mas eu também não quero que você abra mão da sua vida e da sua felicidade mais uma vez." Yoongi falou, pegando o mais velho de surpresa. Afinal, eles estavam falando de Jungkook e de Jimin, eles sempre falavam deles, não de Seokjin. "Foi fazendo esquemas sozinho que você viveu a vida que viveu no passado." Relembrou com pesar.

"Não farei isso." Seokjin garantiu, um nós se formando em sua garganta conforme os segundos se passavam graças à vergonha que ele sentia.

O desespero levava as pessoas a fazer loucuras e, enquanto Minhyuk enlouqueceu e pendeu para o ódio e a agressividade, Sungjoo decidiu que ele iria resolver tudo sozinho e abdicou mais uma vez da sua própria felicidade em nome de unir a sua família.

"Porque o Namjoon não permite." Yoongi apontou o que ele já vinha observando e ouvindo há muito tempo. Suspirando, ele disse: "Eu gosto dele."

"Não mais que eu." Declarou e, apesar da honestidade da sua fala, ele precisou fingir o bom humor presente em sua fala.

O maior medo que Seokjin tinha era de perder Namjoon. Ele honestamente não sabia o que faria sem o seu futuro marido ao seu lado, mas ao mesmo tempo ele também se sentia extremamente culpado por não poder oferecer ao Kim tudo o que ele realmente merecia. E o que Namjoon merecia era tudo que existia de perfeito e bom no mundo, não... Bem, não Seokjin.

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