NOVA Berlim 2099

By LeoACS

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Após a Terceira Guerra Mundial, em 2023, poderosas potências globais foram completamente arruinadas e muito d... More

Prefácio
Berlim, 08:10 - 18.02.2099.
Berlim, 09:40 - 18.02.2099.
Berlim, 11:02 - 18.02.2099.
Berlim, 13:18 - 18.02.2099.
Berlim, 14:43 - 18.02.2099.
Berlim, 08:53 - 19.02.2099.
Berlim, 16:47 - 19.02.2099.
Berlim, 19:11 - 19.02.2099.
Berlim, 21:01 - 19.02.2099.
Berlim, 08:18 - 20.02.2099.
Berlim, 09:33 - 20.02.2099.
Berlim, 16:00 - 20.02.2099.
Berlim, 17:13 - 20.02.2099.
Berlim, 19:27 - 20.02.2099.
Berlim, 21:14 - 20.02.2099.
Dossiê Introdutório - Dados Históricos - Terceira Guerra Mundial, 27.11.2023.
Dossiê Introdutório - Dados Históricos - O Grande Terremoto Mundial, 04.07.2025.
Dossiê Pessoal - Anderson, Keith
Dossiê Pessoal - Johansen, Adler
Dossiê Pessoal - Lweiz, Alana
Dossiê Pessoal - Moss, Karen
Dossiê Pessoal - Stoltz, Hellen
Dossiê Pessoal - Alhazred, Yasser
Dossiê Pessoal - Falthouser, Ian
Dossiê Tecnológico - Glossário Bélico e Científico - Europa, 2099.

Dossiê Introdutório - Dados Histórico-Analíticos - Europa, 2025 à 2099.

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By LeoACS

Desde então, a maioria das grandes cidades não se encontra mais em ruínas, porém estrutural e socialmente precárias devido à série anterior de eventos ocorridos no passado. Os cidadãos lutam até hoje para sobreviver em meio ao lixo e ao esgoto que se acumulam nas ruas, lutam contra um clima hostil que assola grande parte do globo e lutam contra seus maiores inimigos: eles mesmos.

As cidades que não haviam sido completamente devastadas, ou que ruíram, tiveram todos os seus serviços de saneamento básico, principalmente os subterrâneos, destruídos. Não se é mais possível escoar os detritos por vias normais ou abastecer bairros inteiros com água potável. O esgoto agora é despejado através de encanamentos externos, instalados nos prédios e descendo até pouco abaixo das calçadas. Sendo em seguida liberado por canos e dutos, por entre os meios-fios, os detritos então correm livres pelas ruas. Ao centro dessas vias localiza-se uma vala com cerca de dois metros de profundidade e cinquenta centímetros de largura, no qual o esgoto escoa para fora da cidade. Não mais existe nenhum tipo de sistema pluvial que possa escoar as águas das constantes chuvas, sendo consequentemente despejada com o esgoto, em algum rio próximo ou no mar. Assim, somadas as águas das chuvas frequentes, as valas de escoamento encontram-se sempre cheias ou trasbordantes.

A água potável é comumente coletada das chuvas torrenciais, de todas as formas possíveis que a sociedade pôde conceber. Quem pode pagar por esse serviço o recebe através de canos que se espalham pelas cidades, por meio de torres suspensas entre os prédios. Quando não se é possível pagar pelo sistema de distribuição de água potável, a mesma é transportada por caminhões para as comunidades desamparadas, mas raramente é suficiente para atender a demanda. Os abalos sísmicos mais sutis que ocorreram em 2025 haviam, ao menos, provocado rachaduras e fissuras por onde a água e o frio invadiam as residências precárias. Muitas vezes, essa é a única forma acessível e rápida pela qual a sociedade mais carente pode obter a água de que necessita, ao custo do frio castigador.

O lixo agora é abandonado pela sociedade, nas ruas, em qualquer beco ou por entre o esgoto. Desde então existe um precário serviço de recolhimento de lixo, ou de limpeza urbana, e as autoridades apenas contratam um serviço particular de coleta quando o lixo toma as ruas e impede a passagem de algum indivíduo econômica e politicamente bem posicionado entre a sociedade, que possui voz ativa o suficiente para fazer alguma reclamação. Normalmente a população conta com que a correnteza das valas de esgoto possa levar seu lixo para algum outro lugar, que não seja o seu bairro. Ainda assim, é bastante comum encontrar montanhas de sacos de lixo à frente de prédios residenciais e comerciais, becos, estacionamentos e escadarias. Na maioria das vezes, essas montanhas de lixo não desaparecem, pois servem de abrigo para alguns moradores de rua.

Redes elétricas, telefônicas e as redes de dados transformaram-se em um emaranhado impossível de se discernir, ao nível do solo, sem o equipamento adequado. A grande globalização das telecomunicações, que ocorreu no início do século XXI - principalmente devido ao desenvolvimento desenfreado da internet e ao barateamento de aparelhos, equipamentos e serviços -, fez com que várias comunidades ou indivíduos se tornassem completamente dependentes de seu espaço de expressão. Nenhum outro recurso básico, visando a qualquer qualidade de vida, havia sido priorizado antes do reestabelecimento das tecnologias de comunicação.

Ainda existem na atual sociedade muitos problemas com todos os tipos de entorpecentes, mas o vício da comunicação se tornou algo pior que muitas drogas químicas. A dependência tecnológica transformou-se no ópio do povo, devido ao fácil acesso aos sistemas de telecomunicações atuais e os módicos preços dos aparelhos comercializados. É interessante lembrar que todas essas tecnologias são desenvolvidas e distribuídas por empresas japonesas, que incentivam a imersão tecnológica para se esquecer da tragédia que é a vida. É muito fácil encontrar, morando em meio às montanhas de lixo, muitos moradores de rua acessando incessantemente as várias redes sociais digitais. Permitimos que tudo isso ocorresse para fazer-nos esquecer de nosso atual e maior castigo, o clima.

O novo clima terrestre assola a população sobrevivente. Os abalos tectônicos haviam alterado o eixo terrestre, e agora o clima oriundo dessa mudança castiga o mundo com constantes chuvas torrenciais, densas neblinas, tempestades de granizo, nevascas e ventanias. O céu se encontra nublado e escuro na maior parte do tempo. O Sol passou a ser algo de que apenas os poucos que podiam pagar por exorbitantes passagens aéreas podiam desfrutar. Quando o clima se encontra mais ameno, apenas o brilho dourado do Sol é refletido pela neblina ou por nuvens parcas que ainda tomam completamente o céu.

A população procura abrigar-se como pode desse clima impiedoso, mas muitos de seus esforços são infrutíferos. Poucos são os ricos que gozam de um real conforto. Aliás, a população sofre em vários outros aspectos. A saúde agora é delicada e poucos a desfrutam. Além das péssimas condições de vida - o que provoca a disseminação de muitas doenças, antes quase eliminadas da face da Terra -, muitos também sofrem ao relento, abandonados por não mais serem capazes de trabalhar, devido às amputações resultantes dos desmoronamentos habitacionais, ocorridos durante os terremotos pós-guerra, ou por necroses oriundas de doenças ou infecções não tratadas em tempo hábil.

A sociedade mundial estava, sob muitos aspectos, aleijada. E esse havia sido um dos grandes, se não o maior de todos os mercados no qual os japoneses passaram a investir. Desde seu grande desenvolvimento robótico, a partir de 2015, os japoneses passaram a se focar completamente em novas tecnologias cibernéticas, para atender as necessidades e os sofrimentos da população, e arrecadavam fortunas com seus produtos.

Os avanços tecnológicos permitiram o desenvolvimento de fibras miométricas semelhantes a músculos - produzidas a partir de metamateriais revolucionários e sigilosos -, que podem ser usadas para reproduzir perfeitamente os movimentos humanos naturais, com versatilidade e precisão semelhantes ou superiores. A tecnologia cibernética cresce cada dia mais, e o baixo consumo de energia faz com que sua aquisição e manutenção sejam acessíveis à população. Além disso, nunca sequer houve a sombra do temor da rejeição pelo organismo em relação aos implantes, porque desde o início de suas primeiras aplicações, as empresas japonesas já haviam desenvolvido um biossoro cibernético especial que, com apenas uma única aplicação, permitia que o corpo aceitasse perfeitamente as próteses instaladas, além de já adaptar o organismo para caso fossem necessárias operações e instalações prostéticas futuras. O objetivo principal da concepção dessa tecnologia era replicar, da forma mais idêntica possível, a estrutura muscular humana, para que polímeros sintéticos pudessem então acompanhar perfeitamente a sua curvatura, reproduzindo assim o mais fielmente possível a pele, para o conforto do portador da prótese. Apenas uma junção, que recorda uma leve cicatriz, é o sinal de evidência do uso de um membro ciborgue. As fibras foram desenvolvidas em material à prova de água e apenas uma sutil, porém lacrada conexão externa permite a alimentação das baterias internas, instaladas no núcleo da estrutura.

É claro, não há a necessidade de citar que o maior beneficiário dessa tecnologia fora o mercado bélico. O desenvolvimento da tecnologia cibernética não se limitou a um mercado social e beneficente, mas se tornara também uma corrida armamentista. A busca por novos recursos e implementos havia se convertido de um bem desenvolvido com fins humanitários para uma arma. Os esforços por maiores potências de força, menores tempos de resposta, ligas e fibras mais leves, maiores velocidades e agilidade, transfiguraram a disputa comercial entre as empresas japonesas em uma guerra silenciosa.

Muitos grupos militares, ou pelo menos os restantes, pagam hoje fortunas para transformar suas tropas em exércitos de ciborgues. E, é claro, isso vem fragilizando ainda mais as fracas e instáveis relações internacionais, que ainda se tenta reerguer. A instabilidade social está em seu auge. Militares, grupos de guerrilheiros e mercenários trafegam por entre as sombras em busca de seus interesses próprios, já que as políticas sociais encontram-se instáveis.

Como se conflitos por interesses políticos e militares não fossem o suficiente para abalar ainda mais a vida daqueles que tentam sobreviver às consequências da grande catástrofe, grupos de obstinados religiosos ainda se levantaram para lutar contra a tecnologia ciborgue, intitulada por eles como a "Marca da Besta dos Fins dos Tempos".

O maior desses movimentos religiosos, e sem fundamento algum, é o atual Culto Neocristão Revolucionário. Espalhado pelo globo e estabelecido nas principais capitais mundiais, o culto ignora o grande benefício social prestado pelos implantes e próteses - tecnologia que fora recebida desde seu início de braços abertos pela atual sociedade mundial, principalmente pelas vítimas das mutilações provocadas pelo grande terremoto - e perseguem as empresas japonesas, afirmando sem prova alguma que foram enviadas à Terra por demônios. Transtornam, já por volta de quatro décadas, a vida daqueles que possuem e dependem dessas inovações, além das empresas responsáveis por essa tecnologia, através de ininteligíveis programas de televisão e agressivas manifestações públicas, realizadas sem a menor organização ou objetivo.

Vários dos atuais governos têm tentado coibir a ação e expansão desses cultos, porém, infelizmente, o enfraquecimento do poder político e legal do Estado vem agora obstruindo suas manobras de contenção, mesmo diante de relatos em que cultistas/manifestantes dispersos invadiram e incendiaram clínicas para tratamentos cibernéticos. Registros de outros casos, ainda que considerados isolados, em que portadores de implantes ciborgues foram atacados e dilacerados, em becos escuros, também constam em relatórios policiais.

Verdadeiras guerras judiciais costumam ocorrer entre os advogados que representam as lideranças religiosas contra ferrenhos promotores públicos - evidentemente influenciados pelo capital financeiro das empresas japonesas - sempre que alguma atrocidade que pode ser vinculada aos cultos religiosos assola a população.

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