Berlim, 19:27 - 20.02.2099.

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A Tenente Lweiz havia tomado cerca de trinta minutos para se maquiar, mesmo tendo preferido ela não usar uma maquiagem pesada, pois não desejava desagradar seu alvo religiosamente fervoroso, além de que não queria parecer-se vulgar. Ela havia comprado um par de meias-calças sete oitavos, nas quais havia planejado colocar suas armas, escondendo-as por baixo de seu vestido. Colocando, então, sua faca de combate na meia esquerda e sua pistola em sua meia direita, a Tenente Lweiz estava pronta para sua missão.

Ao sair do quarto, retornando assim para a sala, os tenentes Anderson e Johansen a vislumbraram enquanto graciosamente caminhava para o recinto. Ela trajava um sedutor vestido de frente única, justo no tórax, possuindo um leve corte godê em sua saia. O vestido ainda impostava um acentuado decote, além de deixar suas costas nuas graças a um corte semicircular, que alcançava a cintura baixa. O vivo tom de vermelho de seu vestido combinava perfeitamente com seus sapatos de salto alto e o suave batom que usava em seus lábios.

Seus colegas, agora boquiabertos, contemplavam-na através de um lapso de tempo que não correspondia aos relógios que pairavam em seu campo de visão digital, enquanto um corpo escultural, que nunca puderam imaginar estar sob uniformes militares, aproximava-se deles imerso em puro charme.

Durante um momento que lhe pareceu infindável, o Tenente Johansen compreendia agora ao menos uma das razões para que a secretária do vice-presidente estivesse tão interessada na Tenente Lweiz. Já o Tenente Anderson, que possuía características um pouco mais rudimentares, em nada foi capaz de pensar, enquanto tinha a impressão de que sua visão havia se tornado difusa, agora na presença de sua linda colega.

De repente, seus dois colegas arregalaram seus olhos ao notarem que, por baixo do vestido da Tenente Lweiz, um grande volume projetava-se à frente, exatamente à altura de sua virilha. O Tenente Johansen então tentou limpar a sua mente de qualquer ideia que pudesse vir à tona, até que seu colega perpetrou, seriamente, a seguinte observação:

- Alana, dá pra ver a arma.

- Mas que merda! Essa porcaria ainda é muito pesada! - retrucou então a Tenente Lweiz enquanto sacava, de sua meia-calça, sua Dune Falcum .50AE, que possuía mais de meio quilo de puro aço plástico27, e somente cerca de trinta centímetros de comprimento.

27. Uma das várias ligas oriundas de uma nova geração de ligas sintéticas, capaz de oferecer a mesma rigidez e resistência de seu material de origem, porém possuindo cerca de 1/3 de seu peso. Essa é uma das ligas mais usadas atualmente pela indústria bélica para a confecção de armas.

- Acho que vai ser melhor deixá-la de lado - disse-lhe o Tenente Johansen sucintamente, todavia aliviado.

- E ficar desarmada? Ficou maluco?! - retrucou a Tenente Lweiz, insatisfeita, passando a observar o ambiente ao seu redor, enquanto procurava por algum lugar no qual pudesse esconder sua pistola.

- Façam o seguinte: peguem essa mesinha perto da porta e a coloquem do outro lado do sofá! Eu sentarei desse lado. Acho que ficará melhor pro campo de visão de vocês. - disse-lhes então a Tenente Lweiz, após observar a posição do equipamento de camuflagem, uma câmera de vigilância já montada para filmar o interrogatório, além das armas de ar comprimido e de fogo, que se encontravam ao lado e atrás da poltrona, próxima ao canto esquerdo do fundo da sala.

- E vai deixar a arma em cima da mesa?! - perguntou-lhe o Tenente Anderson ironicamente.

- É óbvio que não! - retrucou a Tenente Lweiz enquanto lançava-lhe um olhar de desprezo, - Vou colocá-la dentro desse vaso de flores que já está sobre a mesinha. Eu acho que vai caber.

- Tudo bem! - exclamou o Tenente Johansen, insatisfeito, porém conformado, enquanto se levantava para então mudar a posição da mobília. - Não era essa a ideia, mas você está certa quanto ao nosso campo de visão.

NOVA Berlim 2099Where stories live. Discover now