NOVA Berlim 2099

Berlim, 09:40 - 18.02.2099.

Foi por volta desse horário que começaram o enfadonho processo de verificação, que lhes deve ter tomado cerca de uma hora ou mais. O Tenente Anderson e a Tenente Lweiz receberam, em seus escritórios, o café da manhã requisitado e ao menos tiveram, ainda, alguns bons minutos para terem finalizado sua primeira refeição do dia. O que esses dois não tiveram foi a chance de esperarem por uma boa digestão, pois alguns minutos após o término de suas refeições matinais o Tenente Johansen, que verificava um dos últimos andares laboratoriais sob sua responsabilidade, havia então encontrado algo.

Observava atentamente - por meio de próteses oculares cibernéticas que requisitou em 2091, objetivando mais conforto e eficiência em sua área de atuação - quando percebera que um pipetador laboratorial fora posto lateralmente contra uma porta, evitando que as molas automáticas da mesma trancassem o laboratório. A fresta escura que se destacava por entre a porta e o portal foi o que chamou a sua atenção, além do fato de que eles haviam formalizado como procedimento padrão manter todas as portas dos setores de pesquisa trancadas, sendo necessário digitar o código de acesso, ou usar o cartão de segurança, para poder tanto sair quanto entrar de qualquer laboratório. Copiou rapidamente o link de segurança e o enviou para seus colegas, que receberam a imagem da porta entreaberta, e o urro:

- Achei o desgraçado! Temos uma quebra de segurança!

- Não pode ter sido algum cientista CDF7 que foi desesperadamente fazer aquele barro?! - indagou-lhe a Tenente Moss ironicamente.

7. Cu-de-ferro, termo usado no século passado para designar estudantes incansáveis, que normalmente obtinham as melhores notas do colégio.

- Nem fodendo! Nós mesmos proibimos esses vacilos!

Empurrando violentamente sua poltrona para trás e sacando sua pistola, o Tenente Anderson colocou e acionou seu comunicador auricular, enquanto praticamente corria para fora de seu escritório, requisitando:

- Segurança?! Aqui é o Tenente Anderson! Quero imediatamente dois sargentos e oito agentes da segurança no quinquagésimo terceiro andar! E armados com rifles de assalto!

- Sim, senhor!

Com isso, todos os chefes de segurança começaram a se movimentar rapidamente para fora de seus escritórios, procurando alcançar o andar exibido no vídeo. Apenas o Tenente Johansen tomara as escadas, já que a invasão havia sido detectada apenas a dois andares abaixo de sua sala. Porém, no elevador, a Tenente Lweiz comunicou-lhes:

- Vou pro hall de entrada da diretoria, lacrar o andar e todo o prédio. Monitorarei as câmeras de segurança e lhes fornecerei todas as informações que puder encontrar.

- Alana?! - exclamou-lhe a Tenente Moss. - Aguarde ao menos nós três e os outros agentes da segurança chegarem ao andar pra terminar de lacrar todos os andares.

- Entendido! Assombrarei vocês.8

8. Termo técnico usado em seu antigo esquadrão para informar que o agente em questão estaria monitorando a movimentação da equipe.

O Tenente Johansen, obviamente, foi o primeiro a chegar ao andar. Observou, em seu trajeto, se havia alguma movimentação estranha nas escadas, mas nada encontrou. Ao chegar à porta do andar-alvo, ele abriu-a furtivamente, observando pela fresta aberta o corredor. Não vendo nada de suspeito, ele terminou de abrir suavemente a porta e, apontando sua pistola em direção à sala, foi lenta e silenciosamente caminhando em sua direção. Parou próximo à porta e procurou escutar alguma movimentação dentro do laboratório, mas nada ouviu. Ficou em posição tática de guarda, enquanto aguardava o resto da equipe chegar.