GAME OF SURVIVAL, minho (maze...

By kbishopgf

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Quando Lizzie acordou dentro de uma caixa de metal estranha, sem se lembrar de nada sobre sua vida que não fo... More

GAME OF SURVIVAL
00 | PRÓLOGO
PARTE UM
01 | BEM-VINDO AO INFERNO
03 | ELA É A ÚLTIMA
04 | ELE É MAU
05 | MUROS FECHADOS
06 | SEPARAÇÃO
07 | BESOURO MECÂNICO
08 | REGRA NÚMERO UM
09 | ENCARREGADO DOS CORREDORES
10 | AMEAÇAS
11 | VOZES ESTRANHAS
12 | PRIMEIRO DIA
13 | UMA MANHÃ ESCURA
14 | O EXPERIMENTO DAS PEDRAS
15 | O TÉRMINO

02 | VERDUGOS, CORREDORES E UM LABIRINTO PROIBIDO

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By kbishopgf

Não demorou para que o restante dos garotos se aproximassem de Lizzie e do novato, cercando-os enquanto inspecionavam o recém-chegado com curiosidade. Era possível ouvir os murmúrios confusos, as vozes misturando-se umas com as outras, deixando a maior parte das palavras ditas difíceis de compreender.

─ Que tipo de Encarregado ele vai dar? ─ alguém perguntou, um pouco distante.

─ Já disse, cara de mértila ─ uma voz estridente respondeu ─ Ele é um plong, logo será um aguadeiro... Não tenho a menor dúvida quanto a isso ─ em seguida, o garoto riu de sua própria fala, como se tivesse acabado de contar a piada mais engraçada de todas, e provavelmente era exatamente isso que pensava ter feito.

─ Calem a matraca! ─ Alby gritou, impaciente, numa tentativa de manter as coisas minimamente organizadas ─ Onde você estava? ─ ele se voltou para Lizzie, ignorando a presença do garoto ao seu lado.

Ela olhou para a multidão de garotos que a cercava no momento, a atenção deles voltada repentinamente para ela, suas bocas enfim fechadas. Um grande grupo de curiosos, era o que eles eram.

Em meio a eles, Lizzie viu Chuck. O menino se encolheu, escondendo-se atrás de outro garoto para tentar evitar o olhar da amiga sobre si. Ela sabia que não devia o culpar por não conseguir distrair um grupo tão grande como aquele sozinho, mas não pôde evitar se sentir ligeiramente irritada.

─ No bosque com o Tagarela ─ ela apontou para o lugar. Tinha o costume de passar parte de seu tempo livre ao lado do cachorro, por isso imaginou que a mentira pudesse cair bem.

Alby a analisou por um momento, buscando por qualquer incerteza ou hesitação em seu rosto.

─ Ei! Alby! ─ a voz de Gally chamou a atenção de todos ao longe.

O garoto corria na direção do grupo, saindo do bosque, do mesmo lugar em que Lizzie havia saído poucos minutos atrás. A garota arregalou os olhos, desejando que Gally mantivesse a boca fechada. Mas era óbvio que ele não faria isso.

Um pouco atrás do líder, alguns Clareanos trocaram sussurros, conversando uns com os outros sobre o assunto. Bastaram poucos segundos para que as vozes baixas dos garotos se tornassem mais altas, todos eles falando ao mesmo tempo, tentando fazer com que suas próprias palavras sobressaíssem as de seus colegas. Estavam desesperados para serem ouvidos e obterem respostas sedentos por uma história que pudesse lhes entreter. Lizzie não os culpava por isso. Viver na Clareira, cercados sempre pelas mesmas pessoas e acontecimentos, poderia ser considerado um pouco monótono.

─ Calados! ─ Alby gritou, irritado, fazendo com que o silêncio voltasse a se instalar no ambiente ─ Estão parecendo um bando de maritacas descontroladas! O que foi, Gally?

─ Ela estava... ─ Gally começou a falar assim que parou na frente dos colegas, suas mãos apoiadas nos próprios joelhos, a respiração pesada, entrecortando sua fala ─ A Lizzie... ela estava...

─ Dando comida para o Tagarela! ─ ela fez questão de falar a primeira coisa que veio em sua mente. Não era uma de suas melhores mentiras, mas para aquele momento, deveria bastar ─ Tudo bem, Gally, você me pegou. Eu invadi a cozinha para alimentar ele de novo, foi mal, Caçarola.

─ O quê? Nã... ─ Lizzie pisou forte no pé do garoto, olhando para ele com um sorriso estranhamente falso e ameaçador enquanto dava batidinhas não tão fracas em suas costas ─ Ai!

─ Tudo bem, já chega ─ Alby deu fim ao assunto, parecendo cansado ─ Todos vocês, voltem aos seus trabalhos, ainda temos algumas horas até o dia terminar.

Parecendo decepcionados pelo fim nada divertido da pequena confusão, os Clareanos se afastaram, pouco a pouco, cada um indo para seu próprio lado, até que os únicos que restassem ali fossem Lizzie, Alby, Newt e o gatoto novo.

─ Lizzie, quero que fique de olho no novato ─ então, ele se voltou para o garoto, que até o momento havia permanecido calado, atento a tudo que acontecia ao seu redor ─ Não vamos ter tempo para fazer o passeio hoje. Te explico tudo amanhã de manhã.

─ Mas que lugar é esse?

─ Te explico tudo amanhã de manhã ─ o líder repetiu em um tom mais severo.

Sem se dar ao trabalho de aguardar por mais uma possível pergunta do novato, Alby deu as costas ao pequeno grupo que havia restado no local, encaminhando-se em direção a pequena construção decadente um pouco afastada dali, próxima a um dos encontros de dois dos muros que cercavam a Clareira.

─ O que foi que eu fiz? ─ o garoto sussurrou, para ninguém em específico ─ O que foi que eu fiz... por que me mandaram pra cá?

─ Fedelho, isso que está sentindo todos nós já sentimos ─ Newt deu-lhe um tapinha no ombro ─ Todos tivemos o primeiro dia, ao sair daquela caixa escura. As coisas são ruins, são mesmo, e ficarão muito piores pra você em breve, essa é a verdade. Mas, depois de algum tempo, vai se sentir mais conformado e satisfeito. Posso garantir que você não é um maldito maricas.

─ Ou talvez ele esteja errado e um Verdugo pule o muro e arranque seus braços enquanto dorme ─ Lizzie finalizou a fala de Newt em um tom descontraído, como se o que tivesse acabado de dizer não fosse nada demais.

Um semblante assustado assumiu o rosto do garoto, seus olhos encarando a jovem de cabelos cacheados a sua frente. Ele abriu a boca algumas vezes, em tentativas falhas de dizer alguma coisa.

Newt laçou um olhar duro a Lizzie, a repreendendo silenciosamente, mas a garota apenas deu de ombros, permitindo que uma risada fraca escapasse de seus lábios.

─ Isso não vai acontecer ─ Newt garantiu ─ A Lizzie gosta de inventar histórias para assustar os Fedelhos.

─ É divertido ─ ela justificou ─ Vai ver isso quando enviarem mais um no próximo mês.

─ O que é um Verdugo? ─ foi o que o garoto perguntou, por fim, parecendo repentinamente curioso.

─ Não posso contar agora ─ Newt falou.

Apesar do loiro não ter dito nada a Lizzie, ela tinha certeza que ele a estava xingando em seus pensamentos por ter dito aquilo ao garoto.

Ela estava certa de que seu amigo daria um jeito de se livrar do novo colega para que pudesse lhe dar uma bronca, mas um grito estrondoso de dor foi ouvido, percorrendo todo o ar da Clareira e invadindo os ouvidos das pessoas dali, fazendo com que interrompessem momentaneamente seus respectivos trabalhos para que pudessem olhar naquela direção. Lizzie não foi capaz de conter o arrepio que percorreu seu corpo, como se uma repentina frente fria tivesse vindo diretamente em sua direção.

Newt também havia parado, assustado. Assim como qualquer outro, ele olhava na direção da construção de madeira, a mesma para a qual Alby havia ido poucos minutos atrás.

─ Mértila ─ disse ele ─ Será que aqueles malditos socorristas não conseguem controlar aquele garoto por dez minutos sem a minha ajuda? ─ abanou a cabeça e voltou-se para Lizzie ─ Encontrem o Chuck e arranjem um lugar para o Fedelho dormir.

A garota assentiu, perdendo seu desejo de conversar com qualquer outra pessoa naquele momento. Não pôde evitar sentir-se culpada ao ouvir os gritos torturantes de Ben. Lembrou que tinha prometido ajudar Clint e Jeff a cuidar do garoto naquele dia, mas voltou atrás após irritar-se com um dos socorristas. Desejou poder voltar no tempo e concertar aquilo. Ben merecia sua ajuda.

Ela ficou em silêncio por algum tempo, atormentando a si mesma com a própria culpa, antes de enfim se virar para encarar o garoto novo mais uma vez.

Agora, ele estava sentado no chão, as costas apoiadas no tronco rugoso de uma árvore. Ele estava encolhido, abraçando as próprias pernas, os olhos fechados com força, como se estivesse tentando convencer a si mesmo de que aquilo tudo não passava de um grande e pavoroso pesadelo.

Devagar, Lizzie se aproximou, permanecendo de pé e olhando para baixo para que pudesse encará-lo.

─ Você ainda não nos disse seu nome ─ ela comentou com cuidado ─ Sei que você se lembra, é a única coisa que eles nos deixam.

─ Thomas.

─ É um prazer te conhecer, Thomas. Sou a Lizzie ─ ela lhe disse seu nome antes de estender duas mãos na direção dele, para ajudá-lo a levantar ─ Vem, vamos procurar o Chuck. Preciso resolver umas coisinhas com ele.

Lizzie e Thomas tinham acabado de encontrar Chuck quando Caçarola pôs-se no meio do recém formado trio. O cozinheiro chegou atrás de Lizzie, dizendo a garota que seu novo isqueiro, enviado através da caixa há duas semanas, tinha desaparecido. Ele tinha a mais absoluta certeza de que ela havia sido a responsável por aquilo, já que nas últimas duas vezes em que seu objeto desaparecera também tinha sido ela quem o escondera do amigo, apenas para descontrair um pouco.

Assim como das vezes anteriores, Caçarola não estava irritado, apenas com pressa para encontrar o objeto, visto que não demoraria muito tempo para o entardecer e ele precisava começar a preparar a última refeição do dia. Por isso, Lizzie deixou Thomas sozinho com Chuck, apenas por alguns minutos, enquanto acompanhava o outro Clareano até o esconderijo seguro onde tinha deixado o isqueiro.

Quando a garota enfim voltou para a companhia dos amigos, descobriu que aquele pouco tempo que esteve longe foi suficiente para Thomas entrar na velha construção e deparar-se com a imagem assustadora de Ben, que ─ segundo Lizzie imaginou ─ ainda gritava e se debatia, as veias esverdeadas e estufadas pelo corpo enquanto a pele excessivamente pálida lhe dava um aspecto doentio. Lizzie ainda se lembrava bem de como alguém ficava ao passar pela Transformação, e sabia que ver aquilo devia ter sido perturbador para Thomas, principalmente levando em consideração que tinha acabado de chegar na Clareira e ainda não sabia bem o que estava acontecendo.

─ O Gally é um idiota ─ ela concluiu quando Chuck terminou de contar o acontecimento, dizendo que tinha sido ele o responsável por mandar Thomas para a construção ─ Ele quase me entregou pro Alby mais cedo porque alguém deixou que ele entrasse no bosque atrás de mim ─ a garota se direcionou ao mais jovem, fazendo com que ele encolhesse um pouco os ombros e desviasse o olhar.

─ É, ele é ─ Thomas respondeu, distraído. O olhar do garoto agora estava fixo na porta em um dos muros ─ O que tem lá fora?

─ Um labirinto ─ Lizzie contou sem hesitar, mesmo sabendo que não deveria.

─ Um labirinto? ─ ele perguntou, começando a andar na direção da porta, ainda aberta.

─ Ei, ei, ei! ─ Chuck correu, colocando-se na frente do mais velho, para impedi-lo de continuar o caminho ─ Não podemos entrar ali.

Nesse mesmo momento, o olhar dos três caiu sobre Minho. O asiático atravessava a porta, adentrando a Clareira com uma expressão cansada depois de passar mais um dia nos corredores do Labirinto. Ele encarou o trio, acenando com a cabeça, sem interromper seu caminho em direção ao bosque. Lizze sabia que ele estava indo para a casa dos mapas, onde o restante dos corredores já devia estar.

─ Ele acabou de sair de lá ─ Thomas tentou argumentar com Chuck, apontando para o asiático.

─ Mas ele é um corredor. ─ Chuck explicou, como se aquilo fosse óbvio. E para eles, que já estavam na Clareira há algum tempo, realmente era, mas para Thomas, que acabara de chegar, aquela palavra não significava absolutamente nada e apenas o deixou ainda mais confuso.

─ Corredor? O que isso quer dizer?

─ Quer dizer que ele pode entrar no Labirinto e nós não ─ Lizzie explicou de forma simples, olhando enquanto Minho se distanciava deles ─ Eu já volto. Chuck, por favor, não deixe o Thomas fazer nenhuma estupidez de novo.

O menino mais jovem assentiu, balançando a cabeça em concordancia, mas Lizzie não viu. Àquela altura, já estava longe deles, correndo na direção do corredor para que pudesse o alcançar antes que entrasse no bosque.

─ Minho!

Ao ouvir seu nome ser chamado, o garoto parou, virando-se para Lizzie e a vendo se aproximar, já sabendo exatamente o que ela estava prestes a dizer.

─ Não ─ ele falou, antes que ela pudesse ter a chance de falar o que estava pensando.

─ Mas eu não falei nada!

─ E nem precisa. Você ia me pedir para entrar no Labirinto.

─ Errado! ─ ela falou, em um tom de comemoração, com um sorriso estampado em seu rosto ─ Eu ia pedir pra entrar na sala dos mapas.

A garota não comentou que já tinha entrado na sala ─ e nem ia. Embora não tivesse conseguido encontrar nada em sua busca mais cedo, ela pensou que talvez pudesse obter um resultado melhor com a ajuda de alguém que já viu o Labirinto de perto, e não apenas os rabiscos que o retratavam em um pedaço de papel.

─ Mesma coisa ─ o garoto se mostrou indiferente quanto àquilo ─ A resposta continua sendo a mesma.

─ Qual é! Eu seria muito mais útil dentro do Labirinto do que aqui fora ─ ela tentou argumentar, mesmo sabendo que seria em vão ─ Talvez isso pudesse me ajudar a lembrar de alguma coisa.

─ Não depende só de mim. Se dependesse, você já estaria lá dentro há séculos. Sabe disso, não é?

─ Sei ─ Lizzie respondeu. Ela realmente sabia. Já tinha tentado convencer os Clareanos a deixá-la entrar, e Minho a ajudou o máximo que pôde ─ Eu seria uma ótima corredora.

─ A segunda melhor.

─ Segunda?

─ Claro. O primeiro sempre vou ser eu ─ ele se gabou, um sorriso convencido estampado no rosto.

A garota riu. Não sabia dizer, com certeza, se Minho estava falando sério ou apenas brincando ─ havia grande chance de ser qualquer uma das opções ─, mas aquilo não importou muito.

─ Vai sonhando! ─ ela lhe deu dois tapinhas em um dos ombros ─ Aposto que você seria destronado por mim logo no primeiro dia.

Apesar de estarem falando sobre aquilo com leveza, ambos sabiam que o lugar de Lizzie era dentro do Labirinto, ao lado do restante dos corredores. E, dessa mesma forma, sabiam que não habia nada que pudessem fazer para que o restante dos Clareanos percebessem a injustiça que havia sido criada ali quando a garota foi proibida de realizar a função que deveria.

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