stop your crying, baby ও l.s

Da parishouis

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Louis faz barulho à noite, gostaria de poder evitar. Harry odeia barulho à noite, gostaria de nunca ter recl... Altro

𓂅 1.
𓂅 2.
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𓂅 35.
𓂅 36.
𓂅 37.
𓂅 Final
𓂅 Epílogo
Extra (1/2)
Extra (2/2)

𓂅 30.

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Da parishouis

A situação não melhora.

Pelo menos ele não sente assim.

Depois daquela noite em que foi dormir sem um beijo pela primeira vez em nove meses, ele sente que Louis está se afastando. 

Não exatamente, talvez nem tão dramático, mas toda vez que entra em casa e Louis apenas acena com a cabeça antes de voltar a fazer seus afazeres, ou sair para o trabalho, parece uma facada em seu coração. 

No entanto, as poucas tardes que passam juntos acalmam seu alfa, pois Louis se torna tão doce e dele em poucas horas, que não é incomum se beijarem até ficarem sem fôlego e acabarem na cama da maneira mais suja, mas, ao mesmo tempo, tão íntima quanto possível. 

Tudo isso evapora quando Harry sai cedo ou volta tarde, ou quando Louis está atolado na cafeteria e não pode pegar Ethan na creche, e é para Ed que eles se voltam enquanto Liam olha para longe, balançando a cabeça.

As coisas com Liam estão estranhas e ele gostaria de consertar, mas não sabe o que diabos mudou. Eles discutiram outras vezes e se reconciliaram rapidamente, embora com Louis ele nunca tivesse tido aquele tipo de tensão em que estão submersos há semanas.

Realmente acha que está tentando ao máximo entendê-lo, mas seu ômega não está cooperando.

Perguntou a ele mil vezes todas as noites com uma nova aura calma e amorosa, não muito comum ultimamente, sobre sua atitude, tentando não culpá-lo, mas Louis rapidamente balança a cabeça tristemente e o beija antes de dormir.

Na verdade, tem uma leve suspeita sobre o que é, mas sabe que Louis aprecia tudo o que faz por eles e o quanto trabalha. Não ficaria tão chateado com algo assim, ficaria?

Em todo caso, ele odeia isso. Odeia o sentimento de rejeição e desapontamento, então espera que Louis fale com ele sobre isso em breve.

É uma questão de tempo até que passe. Pelo menos até que possa terminar sua surpresa.

— Bom dia, querido.

Sua voz talvez soe mais sensual e baixa do que deveria a essa hora da manhã, mas não pode evitar ao ver seu ômega de camisola, preparando o melhor café da manhã que ele poderia pedir. Não sabe o que é, mas aposta que é uma delícia, porque é seu precioso ômega que está preparando.

O ômega mais perfeito do mundo.

— Bom dia, alfa.

Louis parece se render à sua voz, enquanto seus ombros relaxam, assim como os de seu filhotinho, que está comendo umas panquecas de aveia em sua cadeira, ou pelo menos tenta. Esse é o efeito que tem em sua família e todos os dias ele agradece à lua por mantê-los tão saudáveis e calmos.

Tudo o que faz é para esse fim.

Sem dar tempo ao ômega para se aproximar dele, Harry corre para ele e o encurrala no balcão da cozinha. Seus braços fortes são apoiados em ambos os lados do menor e sua boca ataca rapidamente a marca que na noite anterior mordeu com tanta força novamente.

Porra, ele precisa mais a cada dia.

— Você cheira tão doce, meu amor. — Harry se afasta um pouco para ver como Louis suspira com os olhos fechados, desfrutando de seus carinhos. — Está tão bonito hoje.

E é verdade, está particularmente brilhante e bonito. Sempre achou que isso era impossível, mas seu ômega consegue surpreendê-lo cada dia mais.

— Obrigado, alfa. — Louis responde, envolvendo seus ombros com os braços e cruzando as mãos atrás de seu pescoço.

Harry não pode deixar de fechar os olhos e se agachar para que seus narizes se encontrem, movendo-se de um lado para o outro enquanto seus aromas enchem a sala. 

— Acho que tenho que te levar para um encontro. — Abre os olhos para ver os de Louis se iluminarem com o pedido. Seu alfa abanando o rabo com orgulho o faz sorrir. — Não temos um há muito tempo.

— Muito. — Louis concorda, sua voz um pouco triste, mas esperançosa em partes iguais. — Você quer ir amanhã?

Harry fecha os olhos, suspirando. Louis automaticamente abaixa os braços e solta um estalo que lhe diz que seu ômega sabe o que dirá.

— Ômega, tenho que trabalhar amanhã. Estava pensando em levar você hoje…

— Não acredito.

Louis balança a cabeça, impotente, e Harry apenas engole em seco quando ele o empurra, tirando as mãos de sua cintura.

Essa dor no peito de novo não, por favor.

— Amor…

— Não, pode parar. Estou muito cansado disso. — A voz de Louis, por mais furiosa que soe, não dói tanto quanto o maxilar cerrado e os olhos frios que ele jura nunca ter visto em seu parceiro.

Com ninguém.

— Cansado de quê? — E merda, ele tem que pensar antes de falar.

— Sério, Harry? — Louis olha para o lado, onde seu filhote continua absorto em sua comida. O ômega balança a cabeça e vai para a sala, onde Harry o segue como um cachorrinho perdido.

Sabe que não quer discutir na frente do seu filho. Ele não quer discutir em nenhuma circunstância.

— Espera, eu quis dizer…

— Eu não ligo. Juro que não ligo mais. — Louis se vira na sala para encará-lo, as mãos no rosto, esfregando os olhos com força. — Estamos assim há semanas e eu não vejo o fim disso, Harry. O que mais me dói é que você parece não perceber.

Claro que ele percebe, mas não deu essa importância. Estavam ocupados, é normal.

— Então é isso? Nós dois trabalhamos, não há muito tempo e estou te oferecendo para irmos jantar hoje ou o que você quiser. — Queria moldar mais o seu discurso, mas um grito inesperado de repente o silencia.

— Você nem sequer me escuta mais!

A respiração de Louis e sua voz falhando na última sílaba deixam seu alfa ansioso. Seu lobo luta para sair, choramingando de arrependimento, mas ele apenas se bloqueia. Não sabe o que fez de errado e isso o coloca na defensiva.

— Do que você está falando? — Pergunta em um tom baixo e calmo, tentando redirecionar a situação para um estado mais calmo.

No entanto, Louis não faz sua parte.

— Eu te disse que hoje eu tinha um encontro com meus colegas da cafeteria. — Droga, é verdade. — Eu te disse mil vezes esses dias e você assentia como se não fosse nada. Se importa tão pouco?

— Ômega, não vá por aí. — Uma risada irônica o faz franzir os lábios e cruzar os braços para não demonstrar vulnerabilidade.

Sim, está errado, mas não tem nada a ver com não se importar com o que seu ômega diz. Existe mesmo algo que é mais importante para ele nesta vida?

— E por onde você quer que eu vá? — Louis abre os braços em sinal de rendição. — Quer que eu fique em casa, esperando você chegar do trabalho em atividades que nem são obrigatórias, mas que você se inscreve sabe se lá Deus por quê.

— Eu… — Uma nova onda de censuras o interrompe. Seu alfa está furioso com ele, mas agora ele só quer mostrar que não fez isso por fazer.

— E então, você beija minha marca para que eu não reclame com você por isso. Não pode fazer isso. — A cabeça de Louis balança de um lado para o outro, ainda incrédulo. — Não é justo, nem para mim, nem para…

— Me deixa falar, ômega. — Sua voz soa mais profunda que o normal e Louis arregala os olhos, dando alguns passos para trás como se estivesse com medo.

É isso que o acaba explodindo.

— Porra, n-não. — Suspira angustiado antes de falar novamente. — Esses dias têm sido difíceis. Sim, eu esqueci o que você me disse. Me desculpe, eu realmente esqueço, mas tudo que faço é por você.

— Mais uma vez com isso… — Louis bufa, cruzando os braços e evitando seu olhar. Parte seu coração ver que seu ômega rejeita seu esforço e necessidade de proteção.

— É tão ruim? — Pergunta, começando a ficar com raiva. Ainda não sabe com quem. — É tão ruim eu tentar cuidar de você e dar tudo o que você quer e mais? É assim que é ter um alfa que te ama e te valoriza. Sabe como era antes ser meu ômega e como seria quando eu fosse seu alfa.

— Isso é uma desculpa? Deixe-me apenas dizer que se você realmente me amasse saberia do que preciso, que não é dinheiro ou mobília. Você nem faz tudo isso por mim, só quer mostrar que é um bom alfa e...

Seu lobo agora chora em seu peito quando ao completar a frase.

— Eu não sou. — Longe de deixar transparecer sua dor, cerra a mandíbula, totalmente perdido. Louis apenas o observa com a mesma dor e balança a cabeça.

— Eu não disse isso. Eu nunca diria.

— Mas você pensa assim. — Ri sem humor. — Claro que pensa. E o que tenho que fazer, Louis? Me esclareça, vamos. — Suas palavras escapam cheias de zombaria e dor. Seu alfa bate em seu peito enquanto observa seu ômega encolher no lugar e seus olhos se encherem de lágrimas. Ele não é capaz de vê-lo. — Me diz, porque nada parece ser suficiente.

O ômega, com fúria renovada, aproxima-se dele até ficar a um metro de seu rosto. Harry desaba ao avistar a decepção e a raiva em suas feições.

É tarde demais para se arrepender. Sabe disso quando Louis termina a conversa em um tom distante que parece um chute na garganta.

— Sempre foi o suficiente.

— Louis…

— Por enquanto, cuide do seu filho esta tarde, porque todas as manhãs ele chora quando não te vê. Isso é o que você tem que fazer.

❀•❀

Alguns passos avançando pela sala o fazem se levantar do chão, onde está brincando com Ethan em seu quarto, com rapidez.

Seu coração martela de angústia em seu peito enquanto caminha desajeitadamente para a sala, procurando desesperadamente pelo ômega que tem sido a razão de sua felicidade desde que o conheceu. 

É irônico como a tristeza mais profunda é causada por aquele mesmo anjo que bate a porta de casa sem ao menos se despedir.

— Porra…

Tentando não desmoronar no meio da sala, pensa nas poucas horas difíceis após a única discussão real que eles já tiveram.

Visualiza a maneira como Louis se trancou no quarto enquanto ficava pedindo a ele para conversar. Sua voz era dura, pois a pontada em seu peito causada por seus sentimentos contraditórios o estava matando lentamente e precisava detê-la com todas as suas forças.

No entanto, Louis não falou com ele, muito menos abriu a porta, então Harry teve que arcar com as consequências de seus atos e ir cuidar da outra pessoinha que consegue animá-lo.

Atos que ainda não entende totalmente por que são ruins, embora possa ver como é parcialmente culpado por tudo isso.

Sabe que Liam estava certo daquela vez e finalmente sabe o que ele quis dizer com não estar em casa com mais frequência e os problemas que isso acarretava. Sabe que ele tinha motivos para fazer tudo o que fazia, pois o simples fato de imaginar a carinha feliz de seu ômega lhe dava toda a força necessária para continuar trabalhando; sem parar para pensar que seu ômega não tinha nada disso.

Ele não sabe de seus planos, embora sempre fale sobre como ele é a razão por trabalhar mais, também não tem estado lá para lhe mostrar diariamente, com mimos e tempo de qualidade, o que planeja mostrar com sua surpresa.

Realmente, não pode culpar Louis por nada. Ele tem sido um alfa ruim e deve pagar por isso como seu ômega decidir.

Seu lobo parou de rosnar, começando a ganir como um cachorrinho em um cantinho de sua alma, com medo de quão vazio se sente por não ser preenchido com o amor e a cumplicidade de seu ômega.

Paa-pa.

Um sorriso triste lhe escapa ao ouvir a voz pela qual daria a vida e falhou da mesma forma que com sua alma gêmea.

— Olá, meu menino. — Seu filhotinho vem rastejando até ele e isso o faz rir pouco antes de se abaixar para pegá-lo, porque embora Ethan já saiba andar razoavelmente bem, ele não gosta muito de fazê-lo. — E aí, lobinho?

Maaa — O menino em seu quadril responde, virando a cabeça para procurar sua mãe.

O coração de Harry se parte.

— Oh, querido. — Engolindo o nó na garganta, sorri um pouco e cutuca a barriga do filho para chamar sua atenção novamente. — Mamãe saiu com os amigos, mas logo volta. — Uma ideia lhe vem à cabeça e crer que é a melhor maneira de clarear a mente nessas horas. — Tá com vontade de passear com o papai?

Ethan, entendendo perfeitamente o que isso significa, bate palmas e balança as pernas gordinhas cobertas pelo macacão azul-celeste que o mantém aquecido.

Harry ri um pouco mais facilmente, desejando poder compensar todo o tempo que não passou com seu filhote nos últimos meses.

Merda, como ele não percebeu?

— Ok, filhote. Vamos nos trocar primeiro.

E assim eles fazem.

Harry troca as roupas de Ethan para vesti-lo com a roupa que Louis havia preparado para ele naquele dia antes de partir, sentindo-se verdadeiramente culpado por pensar que seu ômega não o via capaz de realizar algo tão simples quanto isso.

Não demora muito para vestir o jeans preto e a camiseta branca ao lado do grosso suéter verde para proteger o bebê das baixas temperaturas. Ele se veste quase da mesma forma, substituindo apenas as calças por uma azul.

Com Ethan em seu carrinho e tudo embalado, eles saem de casa e Harry mal consegue suportar a nostalgia em seu peito.

Quando foi a última vez que saiu com sua família para passear ou ir ao parque? Fica extremamente envergonhado ao admitir que mal consegue se lembrar.

Parece errado não aproveitar a atmosfera fresca, mas não desagradável, de tranquilidade que sente no início da noite com seu ômega. Não há muita gente na rua, apenas grupos de pessoas a tomar chá nos pequenos cafés ou nas bonitas lojinhas à espera dos primeiros clientes da tarde.

O panorama fica muito mais alegre quando chegam ao parque infantil por excelência. Pois bem, para ele, essa felicidade estampada nos rostos das crianças brincando no parquinho e dos pais incentivando os pequenos é a razão pela qual seu coração dói mais do que o necessário.

Mais uma vez, ignora todos os seus sentimentos para tirar seu bebê do carrinho com um sorriso e ir para sua atividade favorita.

Os balanços.

Balanços de meio metro de altura e com segurador para crianças da idade dele, mas para seu filhote é a atividade mais emocionante do mundo, mesmo quando Harry mal usa a força para empurrar delicadamente a atração.

A risada de seu filho é como band-aids perfeitamente colocados no corpo de seu lobo, absolutamente dolorido pela distância de seu ômega.

A gota d'água é quando, minutos depois, uma voz inocente o lembra.

— Olá, Harry.

Desviando o olhar de Ethan por um momento, ele olha para a loira ômega que balançava o próprio filho, um pouco mais velho que o filhotinho. Ele mal a conhece, mas sabe seu nome e sabe que Louis gosta muito dela. 

— Oi, Megan, como você está? — A de olhos castanhos e vestido florido sorri para ele, cansada, e responde empurrando seu bebê.

— Muito bem. James ficava pedindo para vir aqui, então eu não tive escolha a não ser interromper minha soneca para agradá-lo. Como você está? Eu não te vejo aqui há algum tempo. — Harry sorri tristemente e inclina a cabeça antes falar.

— Sim, digamos que estive ocupado.

Mentiroso. Cuide de sua família. Eles estão tristes.

Pela primeira vez, não quer bater em seu lobo, só quer ir para casa e chorar ao saber que ele tem razão. Não pode fazê-lo, no entanto. Tem que manter a compostura.

— Mmm — O ômega acena com a cabeça. — Louis me contou. Ele sempre se gaba de como você é trabalhador e dedicado. Ele é um anjo. — Megan sorri divertida, sem estar ciente de seu desejo de morrer naquele momento. — Você deixou a mamãe descansar hoje?

— Espero que sim. — Diz com a voz trêmula, sem querer falar, mas sem querer ser rude com a doce mulher. — Ele saiu com seus colegas de trabalho. Decidi que é um bom momento para ter um dia pai e filho.

— É sempre…

— Querida! — Megan é a primeira a virar a cabeça na direção da voz profunda, e Harry a segue, curioso.

O sorriso da ômega é incrivelmente brilhante quando ela vê um alfa vestido com um terno e acomodando seu cabelo castanho um tanto bagunçado enquanto deixa sua maleta perto de um banco ao redor da área.

— Oh, me desculpe, Harry. — Megan pega seu filho do balanço, que choraminga até que sua mãe aponta para o alfa de cabelos escuros e ele começa a acenar para ele. — Meu alfa está aqui, ele saiu cedo da reunião. Nos vemos em breve!

Sem mais delongas, observa a família reunida do outro lado do parque com sorrisos, beijos e abraços. Megan parece surpresa e seu alfa apenas ri disso, enquanto beija seus lábios com diversão.

Uma imagem que poderia muito bem protagonizá-lo, mas ele foi estúpido o suficiente para arruiná-la.

— Filhote. — Tirando Ethan do balanço, ele quase começa a ter um ataque de raiva, mas para quando vê uma lágrima no rosto de seu pai. — Q-querido, me desculpe, mas temos que ir.

Tem certeza de que sua voz trêmula é o que o faz aproximar-se de seu peito, calado e atento ao seu pedido.

— Tudo bem, lobinho. Eu te amo tanto.

Tentando não derramar as lágrimas que se acumulam em seus olhos, coloca Ethan de volta no carrinho e se apressa para sair daquele ambiente familiar o mais rápido possível. Mais cinco minutos lá e não tem certeza se seu alfa pode se recuperar dessa mistura de emoções.

Cada uma de suas ações passa por sua mente no caminho de volta para casa. Ele planeja mil formas de pedir perdão, de recompensar, de cuidar, de amar seu ômega do jeito que ele merece.

É o mínimo que pode fazer.

No entanto, todos os seus planos desmoronam quando descobre que seus pés não o guiavam para casa.

Ou realmente sim.

Uma linda casa branca com flores cor de rosa e grandes arbustos verdes em torno de suas janelas e grades está diante dele. O caminho de pedra que lhe deu tantas dores de cabeça contrasta perfeitamente com a cor da porta e os azulejos que seu ômega tanto gostou na primeira vez que o viram quando caminhavam pela área.

— Alfa, esta casa é linda!

— Sim, meu amor. — Concorda sem nem olhar para a casa, sua atenção totalmente voltada para seu precioso ômega. — É mesmo.

— Amei tudo. Parece de filme, e... — Louis engasga de surpresa e Harry ergue as sobrancelhas com isso. — Aquele telhado é perfeito!

Uma risada escapa de seus lábios ao ouvir o comentário. Tudo menos isso era esperado.

— O telhado? — O olhar de desdém de seu ômega o silencia.

— Sim, alfa. Você não entende dessas coisas, não diga nada.

E não disse nada. Obedecia ao seu ômega e é a única coisa original da casa que não mudou ao gosto de todos os detalhes que seu ômega lhe contava diariamente.

Ele não tinha ideia de que havia lhe comprado a casa dos seus sonhos.

Sem pensar, tira do bolso a chave daquele lugar e avança trêmulo até chegar à grande porta. É difícil para ele inserir a chave devido ao nervosismo, mas assim que o faz, algo dentro de si explode ao ver aquele grande hall e sala novamente com apenas a lareira e a poltrona no meio da sala.

Oooh.

Entrando devagar, abaixa o filho até ficar de pé no chão, agachando atrás de suas costas, admirando ao longe a cozinha com todos os eletrodomésticos de que Louis lhe falou e que teve condições de comprar.

— Você gostou, lobinho? — Os típicos aplausos ressoam em seus ouvidos e não consegue conter as lágrimas que há tanto tempo segurava.

Deitando-se no sofá com o filho no peito, ele tira o celular do bolso e funga um pouco com a impossibilidade de estancar a água que cai dos olhos sem parar.

Tem que consertar isso e só há uma maneira.

Atendem do outro lado da linha e Harry se permite soar mais vulnerável do que nunca.

— Mãe?

❀•❀

Seus olhos se abrem devagar, sentindo-se estranhamente desorientado pela falta de luz do local. Leva pouco tempo para adivinhar o que aconteceu.

Ele adormeceu.

Após chorar com sua mãe por meia hora ao telefone e ter que acalmar Ethan com seu cheiro; ele estava chateado com sua tristeza, sua cabeça e peito doíam tanto que a única opção que considerou para evitá-lo foi dormir até que seu corpo dissesse chega.

Nunca imaginou que seria tanto.

A conversa da mãe o animou ao mesmo tempo, em que se sentiu completamente repreendido quando a mãe começou a listar para ele, totalmente séria e decepcionada, os motivos pelos quais não poderia ter feito pior.

Agora entende que sua intenção foi boa, mas Louis não é um adivinho, muito menos, alguém para deixar de dar toda a atenção devida como o amor de sua vida.

Louis.

— Merda.

Erguendo o pulso, olha a hora e agora seu coração bate exageradamente rápido. São dez horas da noite e Louis definitivamente estaria em casa agora.

— Lobinho, acorde, por favor. — Se levanta gentilmente com seu filhote nos braços e procura o celular que havia se perdido em consequência de seu sono repentino e prolongado.

Todo o seu corpo começa a suar horrivelmente quando lê as mensagens que seu ômega havia deixado para ele.

“Harry, onde você está? Eu já cheguei”

“Por favor, me responda”

“Alfa?”

“Estou ficando preocupado, Harry. Por favor, fale comigo. Você está com raiva?”

“Alfa, não faça isso comigo, não você. Não vá”

Essa última mensagem de uma hora atrás o afunda completamente e é o que o deixa com arrepios e dores excruciantes em cada célula do corpo.

Seu ômega pensa que ele o abandonou.

— Meu amor, p-pega, vamos…

Saindo de casa a toda velocidade com o celular no ouvido, decide sair quase correndo com Ethan no carrinho, que já está meio acordado, mas ainda não sabe ao certo onde está.

Louis não atende.

— N-não, não, não. — Sem deixar a pressão no peito atrasá-lo, corre mais rápido até chegar ao prédio onde moram e a dor é mais intensa do que nunca.

Ele está nos chamando. Meu ômega, por favor.

Seu lobo implora como ele faz para a lua quando chega em seu apartamento, inserindo rapidamente a chave antes de pensar que arrombar a porta é uma ideia melhor. Graças a Deus eles entram no apartamento instantaneamente e pelas luzes apagadas parece não haver ninguém.

Ele sabe que não é verdade.

— Ômega! — Grita enquanto agarra Ethan contra o peito e corre para seu quarto na esperança de vê-lo lá. Seu lobo lamenta quando não é o caso.

— Onde você está, querido? Por favor…

Andando pela casa, um grito baixo o alerta, percebendo como seu lobo acorda e ruge desesperadamente querendo alcançá-lo. Ele está na mesma posição enquanto vasculha todos os cômodos até que sua audição o guie até o quarto de seu filhote. 

Não tem tempo de se surpreender ao não ver ninguém, pois outro grito ressoa pelo espaço e todo o seu corpo começa a tremer enquanto se aproxima lentamente do armário do filho.

Prende a respiração quando abre as portas.

Sente que desmaiará ao ver Louis novamente, mas desta vez com lágrimas nos olhos, o rosto inchado de chorar por horas, o corpo encolhido completamente vulnerável.

Tudo isso, enquanto está aninhado em dezenas de roupas dispostas harmoniosamente ao seu redor.

Louis fez um ninho.

— O-ômega…

— M-meu b-bebê, por favor. — Harry não hesita um segundo em se ajoelhar, completamente indefeso e trêmulo na frente de Louis, segurando o filhotinho, que se aconchega em sua mãe e começa a cheirar seu peito.

Deus, cheira muito como eles. A canela doce e o limão que ele adora combinam tão bem com seu cheiro forte e pungente de chuva e menta. 

Louis estava se aninhando e pensar que o motivo era sua falta de presença em casa é uma das coisas mais difíceis que já passou.

Precisa estar com eles.

— M-meu amor, deixe-me entrar… — Seus punhos se cerram enquanto respira pesadamente, concentrando-se nos olhos doloridos de seu ômega, que nega com a cabeça.

Seu peito dói de novo e não consegue deixar de gemer, deixando a cabeça cair como se tivesse levado o pior dos golpes.

— Você me deixou, e-eu... — Harry morre ao ouvir como ele parece magoado, balançando a cabeça sem evitar as lágrimas de começarem a sair de seus olhos novamente.

Chorou mais hoje do que em toda a sua vida.

— Não, não, eu juro. Eu não deixei você, porra... eu nunca deixaria. Acredite em mim, p-por favor, meu ômega.

— Você não estava aqui. — Ele diz, voltando a chorar um pouco. — E-eu vim e pensei que você não voltaria.

— Sinto muito, me desculpe. Me perdoe, estou te implorando. — Suas mãos cravam no chão até que suas unhas estejam brancas de tanto apertar e sua voz sai preocupantemente quebrada. — Me perdoe, por tudo. Por não e-estar lá quando você precisava, e-eu posso explicar...

— Não quero explicações! — Louis grita em prantos, fazendo Ethan querer começar a chorar outra vez.

Seus dois ômegas estão chorando e não consegue acalmá-los. Sente que a qualquer momento vai morrer.

— E-eu, não é o que você pensa, v-você está certo...

— Eu só quero você alfa, não entende? — Diz Louis em um sussurro completamente desolador. — É tão difícil para você me segurar até não podermos mais? Aproveitar nosso bebê toda vez que ele aprende algo novo? Eu quero você comigo, em casa. — Um soluço o faz soltar um semelhante.

— E-eu entendo, eu realmente entendo, apenas me deixe... — Suas mãos coçam para alcançar seu ômega. Tem certeza de que pode enlouquecer se não o fizer logo, mas outro sussurro acaba atingindo-o de vez.

— Eu quero você com nossos filhotes, alfa.

Seus olhos param de chorar, seu coração para de bombear sangue, seus pulmões param de respirar, mas seu lobo jura que nunca amou tão intensamente quanto naquele momento.

— C-com os nossos...

— Alfa. — Louis o olha com um sorriso choroso que tem pouca alegria, embora saiba pelo vínculo que não há nada que o deixe mais feliz. — Vamos ser pais.

De repente, todo o seu corpo reage à bomba e ele não consegue evitar.

Começa a chorar sem parar.

Seu corpo cai para frente e sua testa descansa no chão frio na frente de seu ômega. Lágrimas molham a madeira e só percebe quando sua cabeça é tirada dali pelas doces mãos de seu ômega, que gentilmente junta seus narizes.

— Entre conosco, por favor.

Sem mais delongas, Harry se encontra em um espaço pequeno para seu corpo grande com seu ômega e filho no colo, e mesmo assim nunca esteve tão confortável em sua vida.

— Meu ômega, é v-verdade...? — Não pode evitar chorar novamente quando Louis acena para ele, sorrindo em lágrimas e beijando seu pescoço com amor.

Harry envolve todo o seu corpo e os cola impossivelmente mais perto de seu corpo.

— Harry, e-eu sinto muito.

— Como sente muito? — Harry pergunta, balançando a cabeça, furioso consigo mesmo além da medida. — Eu vou passar o resto da minha vida tentando fazer você me perdoar por tudo que eu te fiz passar. — Sua grande mão é colocada na bochecha de seu ômega para se juntar seus olhares embaçados. — Eu fui um alfa insensível, egoísta, o pior do mundo enquanto você lidava com tudo sem nem reclamar. — Harry morde o lábio, balançando a cabeça e acariciando a barriga de Louis com a mão trêmula. — Enquanto você carregava nosso filhotinho em seu ventre.

— Eu descobri hoje de manhã. — Louis fala, sem parar de esfregar seus narizes. — E-eu estava pensando em aproveitar o encontro que você me propôs para te contar, mas...

— Sinto muito, amor. — Implora, chorando novamente de angústia.

Se sente o maior merda do universo e não consegue acreditar que está recebendo os doces beijos de seu ômega em todo o rosto em troca.

— Aí está, meu alfa. Eu sei que você sente muito, você n-não sabia. Eu não deveria ter reagido assim também e...

— Comprei uma casa para você. — Louis para de beijá-lo e o encara com os olhos arregalados.

— O-o quê?

— É por isso que eu trabalhei tanto. — Seu ômega começa a falar, mas ele nega. — Não é desculpa, eu sei. E-eu não quero que pense que eu não sei o quão mal eu agi, pensei estar fazendo bem, mas agora sei que não. É só que... — Os olhos de Louis brilham tanto que não pode deixar de suspirar de amor. — Eu te amo tanto, meu amor. Tanto que eu sinto que estou morrendo se não te der o meu melhor. O que você merece.

— Harry...

— Eu nunca vou parar de me torturar p-por não ter feito isso.

Suas palavras terminam com um choque de lábios que nunca foi tão maravilhoso. Não há nada além do profundo amor que ambos têm um pelo outro e o desejo de apagar a dor horrível que tão tolamente causaram um ao outro.

— Obrigado, meu alfa. Todos os dias vejo como não há ninguém mais maravilhoso do que você e acabou de me confirmar isso. Você é o melhor alfa do mundo e, por favor, preciso que acredite nisso.

Harry engole em seco e acena com a cabeça, ainda grogue do beijo. Ama como seu ômega ri novamente como antes quando diz suas próximas palavras.

— É a casa com o telhado perfeito.

Louis não consegue parar de rir quando se beijam, seus lobos felizes novamente.

Ambos cientes de que sua pequena família está prestes a crescer.


—❀•❀—

a casinha deles:🤍

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