πŸ—πŸŽ'𝐬 π‹πŽπ•π„ | markhyuck

By urmoonbear

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Hyuck se muda para Seul no inΓ­cio dos anos 90, para uma escola melhor, e tambΓ©m para encontrar um time de hΓ³q... More

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By urmoonbear

    ~Boa noite, esse não será um capítulo leve, na real, eu o acho o mais pesado que já postei até agora. Leia com cuidado e responsabilidade, não o recomendo se você sentir que os assuntos abaixo são gatilhos.

TW: homofobia, agressão física e verbal, daddy issues, menção à suicídio, ansiedade

Sei que vão sair daqui me odiando, mas faz parte kkkkk é isso

Leiam com bastante cuidado
Não se esqueça de votar, comentar e indicar essa história pra alguém que você acha que pode gostar :)
Bjs e eu amo vcs<3

[⛸]

    Mark entrou em casa de cabeça baixa, o rosto sério e carrancudo de sempre, mas dessa vez os olhos denunciavam a dor que sentia. Estava tão magoado e cansado, era difícil ser sempre julgado pelo seu jeito mais bruto. Claro, ele deveria mudar, mas... Para quê? Se ele ninguém acreditava que ele era bom, para quê mudar?

    Ele suspirou, tirando os sapatos e os deixando no canto do tapete. Tirou a jaqueta também, jogou de qualquer jeito no cabide e seguiu para as escadas. Olhou para a sala ao passar por ela, viu o pai de cabeça baixa com um copo de conhaque em mãos. Não encarou, apenas continuou seu caminho.

    — Mark Lee. Venha até aqui.

    Paralisou no primeiro degrau. Apertou o corrimão e respirou fundo. Porra, seu dia já estava fodidamente péssimo, ainda tinha aquele homem para terminar de foder com tudo? Apenas contou até dez em sua cabeça e deu meia volta, caminhando calmamente até a sala. O pai ficou de pé com sua chegada, se aproximou coçando a barba bem feita e o encarou com aquele semblante frio e maldoso. Aquele homem era genuinamente perverso, qualquer um que visse poderia sentir o medo que ele queria passar.

    — Senta. — disse ríspido.

    Mark sentou no sofá e deixou as mãos sobre o joelho. Iria receber uma bronca, era certo, mas qual o motivo? Ele não lembrava de fazer nada ultimamente.

    — Eu ouvi algo patético circulando por aí... Chegou aos meus ouvidos de você e um... Moleque. — desdenhou. — Me disseram que você anda sempre de carro com esse garoto, que eu não faço ideia de quem seja. E eu queria saber... É verdade que você anda saindo e beijando um dos garotos do seu time?

    Caralho. Merda, merda, merda. Mark travou. Como ele sabia daquilo? Quem havia contado? Quem havia os visto?!

    As mãos apertaram a calça jeans que usava. Ele engoliu em seco e encarou os olhos duros do pai. Não tinha para onde correr. Ele não queria fugir. Ele era um homem de verdade. Ele não iria fugir.

    — Sim, pai. É verdade. Não sei quem o contou, mas é verdade.

    Senhor Lee rangeu os dentes e olhou ao redor, ele respirou fundo e quando voltou a encarar Mark seus olhos pareciam em chamas de ódio.

    — Então você, meu filho, é uma bichinha?

    — Sim, eu sou. — falou firme.

    O velho jogou o conhaque que sobrava em seu copo no rosto do filho. Mark abriu a boca, sentindo o rosto molhado e o cheiro do álcool tampando suas narinas. Ele ergueu o olhar, chocado, e Senhor Lee arremessou o copo ao chão, o quebrando em pedaços pequenos. Mark piscou com o susto, mas sustentou aquele olhar. O homem o segurou pelos cabelos e o puxou para levantar.

    — Me escute bem... Filho meu não vai me dar essa decepção. Eu não aceito que você seja uma aberração. Você não vai manchar o nome de nossa família. Você é um Lee! — gritou. — Então, se você tem um pingo de vergonha nessa sua cara, você vai ajoelhar agora e pedir perdão por ser tão sujo e defeituoso assim!

    Mark se afastou, perdendo alguns poucos fios de cabelo no processo. Ele cambaleou para trás, pisou em alguns cacos de vidro e negou com a cabeça.

    — Não estou fazendo nada de errado. Não vou pedir desculpas. — disse, convicto. — Eu gosto de homens. Nunca gostei de mulheres. Não vou mentir ou me esconder por isso. Também não pedirei perdão por algo que não me arrependo.

    — Seu merdinha miserável. — entre dentes ele disse. — Eu deveria saber que você nunca seria um homem de verdade. É um viadinho, um ser grotesco e horrendo. — começou a desafivelar o cinto. — Você veio errado ao mundo. Se seria assim, você nunca deveria ter nascido.

    Senhor Lee o acertou um golpe no rosto que o fez cair no chão.

    — Tire as suas roupas. — falou com o cinto pronto em mãos. — Agora!

    Mark demorou para receber o comando. Tudo parecia lento. Começou a tirar a camisa e suas calças, não iria fugir. Se fosse para apanhar, ele iria. Não acreditava ter feito algo para receber tal punição, mas a receberia com todo o gosto só para o provocar.

    — Vire de costas.

    Infelizmente, ele ainda tinha respeito pelo pai, não iria tentar revidar, mas não iria fugir ou pedir ajuda.

    Mark virou de costas. Assim veio o primeiro golpe em suas costas, e doeu, uma dor aguda que deixou a pele fervendo. Veio outro, mais outro, e mais.

    — Como eu pude ter errado tanto ao permitir que você viesse ao mundo? — murmurou, cheio de amargura. — Mas você vai aprender, de um jeito ou de outro você irá aprender a ser um homem de verdade.

    Suas costas arderam tanto. Sua pele, antes pálida, agora tornava-se vermelha em toda parte. Um vermelho vivo, listras do formato do cinto. Mark abaixou a cabeça, mordeu o lábio com força e recusou-se a chorar, prendeu todas as suas lágrimas. Ele não seria um covarde. Não iria chorar ou implorar para que parasse.

    Os xingamentos saíam rudemente da boca do pai, ele cuspia aquelas palavras cruéis sem hesitar. Estava furioso, a cada segundo que batia nele só sentia mais vontade de continuar, o menino não pedia perdão e isso o irritava tanto.

    Minutos se passaram, e, com o braço já cansado, Senhor Lee decidiu parar. Ele jogou o cinto no chão e respirou ofegante.

    — Você é minha maior decepção.

    Mark sustentou o corpo ainda sentado sobre os próprios pés, tudo doía, tudo e cada parte dele era apenas dor. Os ombros tremiam, espasmos vez ou outra o atingiam e ele não conseguia controlar isso. Estava cansado mas permaneceu ali. Os olhos pesavam.

    Em um fio de voz ele conseguiu murmurar uma pergunta ao homem.

    — Você... Algum dia... Por pouco que seja... Você já me amou? — questionou totalmente quebrado. Já sabia a resposta, mas precisava ouvir da boca dele para enfim terminar de quebrar.

    Senhor Lee riu baixo, negando com a cabeça, encarando a arte que fez nas costas alheias.

    — Se houve, eu não lembro. E mesmo que tenha havido algum momento, você acabou com qualquer chance de eu conseguir sentir algo bom por você.

    Mark não se moveu. Recebeu a resposta e deixou que ela ficasse rodando sua cabeça e cortando seu coração.

    O pai se abaixou um pouco, segurou em seus cabelos e os puxou, fazendo a cabeça de Mark tombar para trás. Deixou seu rosto rente ao ouvido dele e sussurrou.

    — Eu ficaria mais feliz se você estivesse morto. Eu prefiro um filho morto do que um filho bicha.

    O soltou e saiu andando até a porta de casa, foi embora e deixou Mark ali. Ao estar sozinho, Mark deixou o corpo cair um pouco, enfim conseguiu respirar. Ele levantou e recolheu os cacos de vidro. Estava feliz por sua mãe não estar em casa, ela sempre ficava triste quando seu pai era assim agressivo. Não queria a decepcionar, nem a deixar triste. No fundo, ela era a única que não iria embora.

    Possivelmente era a única pessoa que o amava.

    Mark pegou suas roupas, jogou os cacos de vidro no lixo da cozinha e foi para o segundo andar. A casa estava tão silenciosa que era incômodo, Mark só ouvia a voz do pai ecoando em sua cabeça. Entrou no banheiro e ligou a torneira da banheira, deixou as roupas no cesto e olhou-se no espelho.

    Uau. Quem era aquela pessoa? Que olhos tão mortos eram aqueles? Que rosto triste... Quem era ele? Mark sentiu-se triste ao perceber que aquele era ele mesmo. Aquela pessoa tão quebrada e melancólica.

    Ele aproximou as mãos da boca e puxou os cantos dos lábios, forçando um sorriso falso. Depois soltou e sua boca retornou ao estado normal de apatia. Foi para a banheira.

    A água estava gelada, ela fez doer ainda mais. Mark deitou um pouco e encarou os joelhos molhados. Aquele poderia ser um cenário perfeito de um suicídio. "Um garoto se tranca no banheiro, corta os pulsos e se afoga na própria banheira". Era fácil demais. Mark suspirou com o pensamento tão ruim e negou com a cabeça.

    — Já sou uma decepção naturalmente... Não vou decepcionar mais minha mãe. — no fundo, não tinha coragem também.

    Ele abraçou os joelhos e acariciou as pernas com cuidado. Ainda podia sentir resquícios de vidro em seus pés, mas decidiu não mexer.

    — Está tudo bem. Eu estou bem. — sussurrou para si mesmo, tentando se convencer. — Não é errado. Eu não sou um erro. Eu mereço viver. Eu mereço ser feliz.

    A última frase fez seus ombros tremerem, sentiu vontade de chorar, por Deus, como queria chorar até ficar sem força alguma.

    Pensou em Hyuck. Ele não confiava em si, mas gostava dele, disso Mark tinha certeza. Pensou em Sungchan. Ele mentiu. Pensou no time. Eles tinham sete jogadores agora, se Mark saísse ainda estariam completos. Pensou na mãe. Ela não estava lá, mas ele queria tanto a abraçar naquele momento. Pensou no pai. Ele o queria morto.

    Riu baixo, o tom foi aumentando, a risada se tornou uma gargalhada estrondosa. No fim ele gritou bem alto até ficar sem ar. Sentiu a cabeça doer, estava tonto. E por fim fechou os olhos, encolhendo-se, estava com frio.

    — Garotos não choram. Eu não choro.

    Ele disse em um fio de voz, mas já estava chorando. As lágrimas só caíram, uma atrás da outra, se misturando com a água da banheira.

    Garotos não choram. Mark chorou.

    [⛸]

    Uma semana se passou. Ninguém tinha notícias de Mark. Tentaram contato, foram até a casa dele, mas ele não estava. Sua mãe parecia esconder algo, mas apenas respondeu aos garotos que ele estava passeando em algum lugar. Jeno sabia de algo, mas também não contou aos amigos.

    Era sábado, umas oito horas. Hyuck estava ouvindo música e vendo algumas revistas em seu quarto. O pai bateu na porta e a abriu, vendo o filho na cama usando apenas um pijama.

    — Oh, achei que você gostaria de ir comigo e Jihyo no cinema, mas... Vejo que já está de pijama. — ele sorriu, se aproximando de Hyuck.

    — Ah, não. Prefiro ficar em casa. — disse. — Não quero segurar vela.

    — Seu bobinho. Agora que estamos nos conhecendo.

    — É, mas, com certeza, vão flertar. Não quero estar lá para aguentar.

    Jihoon revirou os olhos e beijou o topo de sua cabeça. Bagunçou os cabelos castanhos e voltou para a porta, acenando.

    — Volto em duas ou três horas.

    — Tudo bem. Divirta-se, pai.

    Hyuck acenou. O pai fechou a porta e foi embora.

    Demorou dez minutos ali, até ouvir batidas na porta da frente. Arqueou uma sobrancelha, confuso, deveria ser seu pai, mas ele estava com a chave, não? Levantou e foi abrir. Ao passar pela sala sentiu um cheiro bom de kimbap, até ficou feliz pelo pai ter feito o jantar. Destrancou a porta e abriu. Esperava qualquer um, menos Mark, e ele estava ali.

    — Mark? Minha nossa, onde você esteve? — logo expressou sua curiosidade, o puxando para entrar em sua casa. — Te procurei essa semana toda... Você está bem? Sumiu pela nossa briga daquele dia? Se for, eu realmente sinto muito, eu juro que não acreditei no que Sungchan disse, eu só...

    Mark o interrompeu com um beijo. Hyuck se assustou, mas logo o beijou também. Provavelmente aquilo queria dizer que estava tudo bem. Foi um beijo tão bom, tão apaixonado e gentil. Os lábios de Mark sempre foram os melhores, ele nem precisava provar o de ninguém mais para saber disso. Hyuck empurrou a porta e abraçou os ombros de Mark, fazendo carinho nos cabelos de sua nuca.

    Ao que o beijo acabou, eles se olharam. Hyuck notou como Mark parecia diferente. Seu rosto estava mais magro, parecia abatido, como quando alguém está doente. Logo se preocupou.

    — O que houve? — segurou nas bochechas dele. — Você está bem? Está doente?

    Mark afastou suas mãos e encarou um pouco seus lábios. Os olhos correram pelas bochechas, aquele nariz, o queixo, o pescoço, e depois retornaram para o olhar quente dele. Mark sentiria falta daquilo. Ele sentiria falta de poder o olhar de pertinho, de beijar aquela boca, e olhar em seus olhos e sentir a felicidade que eles transmitiam. Ele sentiria falta de Hyuck.

    — Precisamos conversar.

    Hyuck notou o tom sério, concordou com a cabeça e Mark se afastou. O último colocou as mãos nos bolsos, evitou seu olhar e coçou a garganta.

    — Eu tenho que te dizer algo. — falou. — Sinto que fiz você perder tempo demais.

    — Como assim? — tombou a cabeça para o lado e se aproximou.

    — Não somos namorados, não temos nada sério, mas... Temos que terminar.

    Aquilo deixou o mais novo em choque. Ele abriu e fechou a boca várias vezes, se perguntando como e por que. Não. Mark não podia fazer isso.

    — O que? Não... Isso... Não temos que terminar. — tocou seu braço. — Se foi pela briga, me desculpe. Eu posso mudar isso. Nós podemos. Não precisamos acabar com tudo.

    Mark o encarou. Depois olhou o chão. Respirou fundo. Negou com a cabeça.

    — Não é por isso. Eu...

    Ele não sabia como dizer isso. Não queria. Sabia que iria se quebrar se falasse. Mas tinha que falar. Foram vários segundos até ele conseguir falar alguma coisa.

    — Nossos corpos são compatíveis, eu sei, mas... Nossas personalidades não são. Isso é desgastante.

    Hyuck negou com a cabeça, estava começando a ficar inquieto, até mesmo desesperado. O que Mark estava falando? Não, ele não queria, não podia!

    — Desculpa fazer você perder muito tempo, mas estou cansado e não quero mais isso.

    — É por Sungchan, não é? — ele suspirou, ficou de frente para Mark e segurou seus ombros. — Olha, eu não gosto dele, eu juro, nós...

    — Eu sei. Não se preocupe. Não é por isso. — Mark olhou em seus olhos. Sentia que iria desmoronar a qualquer segundo, assim, decidiu falar logo. — Eu só... Não quero mais ficar com você. Eu não gosto mais de você.

    Tais palavras quase fizeram os ouvidos de Hyuck sangrarem. Suas sobrancelhas se juntaram, o olhar se tornou apreensivo e triste.

    — Por que?

    — Não é um problema com você. Eu só não gosto mais de você.

    — Não perguntei por que você não gosta de mim. Perguntei por que você está mentindo.

    Eles trocaram um olhar magoado, Mark sentiu a voz faltar, o ar se tornar mais pesado. Era claro, Hyuck o tinha na palma da mão. Hyuck o conhecia. Hyuck sabia que era mentira.

    — Por que, Mark? — os olhos vacilaram. — Eu sei que está mentindo, então... Por que? Sei que você gosta de mim. Me desculpa. Eu sei que está magoado, mas não precisamos terminar. Podemos mudar isso. Me diga o que eu posso fazer.

    Mark sabia que se Hyuck continuasse falando, ele iria titubear, iria ceder e o beijar loucamente, pedir desculpas e dizer que o amava. Não podia fazer isso. Não iria o iludir mais para depois machucar pior ainda. Mark não iria ser cruel a esse ponto.

    — Você não entendeu? Eu não gosto de você. Eu acho que nunca gostei. Eu só queria alguém pra foder. Você não me conhece, não sabe como eu me sinto.

    Aquilo machucou demais. Hyuck soltou seus ombros e abaixou a cabeça.

    — Por que continua mentindo...? — murmurou, sentindo os olhos cheios de água. — Ah, Mark... Por que tem que ser tão mau falando algo assim?

    Mark se arrependeu, mas não voltaria atrás. Estava feito. Ele virou de costas para Hyuck e engoliu em seco. Também queria chorar.

    — Eu não estou mentindo.

    — Ah, é? E aquela fita?

    O mais velho o encarou. Hyuck sustentou seu olhar, tão magoado e triste naquele momento.

    — Eu vi sua carta dentro da fita. Você disse que percebeu que me ama. "Kiss me, e tire sua voz fodida da minha cabeça. Por mais idiota que seja, eu descobri que amo você, gracinha. Você é meu amor dos anos 90." Eu li tantas vezes que decorei cada palavra... Eu fiquei tão feliz e arrependido... Vai dizer que é mentira o que escreveu? Eu não acredito em você. Sei que está mentindo.

    Droga. Mark deveria ter pego a fita de volta. Idiota, idiota.

    — Só queria te agradar. Era mentira também.

    — Para de mentir pra mim! — gritou, batendo o pé no chão, já chorando. — Porra, Mark... Eu gosto tanto de você... Me desculpa...

    Mark sentiu o coração partir ao meio, ele se aproximou e segurou no rosto de Hyuck.

    — Me escuta. A culpa não é sua. Eu que não presto. O que Sungchan disse era verdade. Eu traí Minseok. Eu só queria alguém pra foder comigo. Me desculpa por ser tão ruim assim, mas eu sou assim, não tem jeito. Era tudo mentira. Eu só queria ficar com você, mas... Eu não quero mais.

    Hyuck fungou e olhou no fundo de seus olhos. Ele sabia que era mentira. Por que Mark continuava mentindo? Ele queria tanto o machucar assim...?

    Mark o soltou.

    — Você acreditando ou não no que eu digo, estou sendo sincero. Não quero mais. Estou terminando com você. Me desculpa, mas nós dois... Era só um lance. Não era pra ter durado tanto. Desculpa fazer você perder tempo.

    Ele caminhou de volta até a porta, Hyuck o alcançou e o puxou.

    — Olha nos meus olhos e me diz que não me ama. Me diz que tudo foi um passatempo pra você. Se fizer isso eu paro de insistir.

    Mark respirou fundo, fechou os olhos, os abriu e olhou os de Hyuck.

    — Eu não gosto de você. Tudo foi só um passatempo, eu só queria me divertir e beijar alguém. Você e eu não somos nada, Hyuck. Nada.

    Não gaguejou. Não hesitou. Não desviou o olhar. Ele só disse, firme e forte. Hyuck ainda o encarou por alguns segundos, quebrado. Ele não queria acreditar, mas Mark falou aquilo com tanta convicção que ele duvidou da certeza que tinha antes. O soltou e abaixou a cabeça.

    — Você é um escroto de merda, Mark... Quando vai parar de ser tão cruel com todo mundo? Quando vai parar de tratar as pessoas como objetos que você pode usar e jogar fora quando bem entender? Você é um babaca. — o empurrou, cheio de raiva. — Eu odeio você, eu odeio você! Seu estúpido! Mentiroso!

    Gritou aquilo em plenos pulmões, socando sem força o mais velho. Mark recebeu cada golpe sem revidar, viu toda a raiva de Hyuck e sentiu-se mal por ter causado aquilo, mesmo que, no fundo, fosse sua intenção.

    Hyuck apoiou os punhos no peitoral de Mark, chorando, soluçando. Foi quase três minutos até ele se acalmar um pouco. Ele soltou Mark e se afastou, dando as costas para ele.

    — Vai embora daqui agora.

    Mark não demorou a acatar a ordem, não queria mais o fazer sofrer, estava sofrendo tanto quanto. Ele abriu a porta, saiu e fechou.

    Hyuck girou a chave, correu para o seu quarto e tirou a fita da gaveta. Ele arrancou aquele bilhete e rasgou em pedacinhos.

    — Estúpido... Filho da puta... Idiota, idiota!

    Arremessou a fita na parede, vendo ela se quebrar e cair em pedaços no chão. Ele se agachou e colocou as mãos no rosto, voltando a chorar compulsivamente.

    Lembrou de cada momento, cada provocação, cada sorriso, cada beijo, cada olhar, cada sexo, tudo. Lembrou de tudo o que já passou com Mark. Não era possível que tudo aquilo tivesse sido uma mentira. Ele não podia acreditar naquilo. Ele não queria.

    Seu coração chorava junto com ele, e tudo pareceu muito frio, muito vazio, muito triste. Hyuck enxugou seu rosto e olhou a fita quebrada.

    — Eu odeio amar você, Mark Lee...

    No carro, dirigindo, Mark ainda viu a casa de Hyuck pelo retrovisor. Ele suspirou triste e soltou uma lágrima solitária. Se arrependeu e rapidamente a secou. Garotos não choram.

    — Vai ser mais fácil pra você se me odiar.

    Estacionou na garagem de casa. Saiu do carro, viu sua mãe junto com o pai na porta. As malas estavam no chão, aos pés deles. Mark olhou para dentro da casa uma última vez, viu os móveis cobertos por panos brancos, tudo parecia muito mórbido.

    — O táxi chegou. — Senhor Lee indicou, caminhando até o carro que parou ali na frente.

    Mark viu a mãe fechar a porta e trancar. Ela forçou um sorriso para o filho, mas ele percebeu toda a tristeza nele. A mãe o abraçou e beijou seu rosto com doçura.

    — Vai ficar tudo bem. Vamos ficar juntos. Vai ser legal sentir um pouco mais de frio, não é? Você gostava tanto da neve quando criança. — ela riu um pouco. — Era muito fofo.

    — É. — concordou com a cabeça. Ele não sorriu.

    — Eu amo você. Sabe disso, não é?

    — Sim, mãe. Eu sei. Eu também te amo.

    Ela ficou na ponta dos pés, segurou no rosto dele, beijou sua testa e fez carinho nas bochechas. O sorriso, mesmo que fraco, era bonito e avermelhado. Ah, Mark tinha a mãe mais linda de todas.

    — Você é o menino mais forte do mundo. Eu tenho muito orgulho de você. Não se preocupe. A mãe vai fazer de tudo pra que sejamos mais felizes no Canadá. Vamos viver dias bonitos e alegres como quando era criança. Eu prometo.

    Mark forçou um sorriso e assentiu. Queria acreditar naquilo, mas não podia. Ele sabia que nunca seria feliz. A vida não parecia nunca pegar leve com ele, sempre o fazendo ter mais motivos para desistir dela. Mas ele faria um esforço por ela. Ele faria o que fosse preciso para a deixar feliz. Ela era a única que importava para ele.

    — Vamos, Mina! — gritou Senhor Lee.

    — Já estou indo, querido. — ela respondeu, sorriu para o filho e foi até o marido.

    Mark suspirou, entrou no táxi e colocou o cinto. Olhou a janela, viu um casal andando de mãos dadas do outro lado da rua, uma criança ia na frente deles, os dois riam dela. Suspirou. Sabia que nunca poderia sentir a felicidade que eles sentiam.

    Naquele momento ele contou tudo o que perderia daquele dia em diante. Seul, seu carro, o cemitério de automóveis, o ringue, seus amigos, Donghyuck... Definitivamente perder Donghyuck era o que mais estava doendo. Necessário, porém doloroso.

    Sua mãe sentou ao seu lado no carro, deixando Senhor Lee ir na frente. Ela segurou a mão do filho e acariciou. Mark a olhou, vendo ela sibilar um "eu te amo". Ele forçou um sorriso voltando a olhar a janela.

    E aquele era só o começo de seus dias mais infelizes.

    [⛸]

~ não desistam de mim pls

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