A Garota do Lenço Amarelo - S...

Por TabithaLuizi

3.7K 309 52

Obra protegida por lei /Todos os direitos reservados. Seu povo vivia em guerra á milênios. Sua família era di... Más

O lenço - Julio 2
Nada é o que parece - Hadassa 3
São Paulo - Julio 4
Eu quero ele? - Hadassa 5
O primeiro encontro - Julio 6
Aviso!!!
"O Dia" - Hadassa 7
"Indescritível Felicidade" - Julio 8
Irresistível Felicidade - Hadassa 9
Kahalesi 10
"Lua de Mel" - Julio 11
Recadinhoooo!
Eu quero eu vou atrás - Hadassa 12
Completamente Minha - Julio 13
Vida de casada - Hadassa 14

Flash back- Hadassa 1

1.3K 51 8
Por TabithaLuizi

Dia de sol em Istambul era mágico. Tudo a nossa volta ficava mais vivo e bonito. As águas do mar negro eram de raro esplendor. Um azul mais escuro, mas muito bonito. No meu horário de almoço costumava ir ao mesmo restaurante a beira das águas. Eu precisava pensar, meu noivo ainda precisava de mim. E eu sabia que o advogado da ONU conseguiria uma força tarefa ocidental para tira-lo das mãos de Ahmed Kahalesi. Eu deveria ter esperança não é mesmo? Se não por mim, pelo menos por ele. Um dia ficaríamos juntos num lugar onde guerra não seria o nosso café da manhã. Casaríamos por amor, viveríamos talvez no Brasil, onde metade da família dele estava concentrada, refugiados da eterna guerra na faixa de gaza. Teríamos os nossos filhos, os educaríamos e envelheceríamos juntos. Ah... como esse plano era perfeito para mim. Do mesmo jeito em que meus pais foram felizes juntos e firmes no amor como até hoje.

Minha mente foi transportada ao meu passado, o amor épico de meus pais. Minha mãe israelense e meu pai muçulmano de uma cidade na faixa de gaza chamada Beit Hanoun, se conheceram na universidade na Turquia e desde a volta para seus países, tiveram que esconder por anos o romance. Até que minha mãe se converteu ao islamismo por amor ao meu pai. Conseguiram viver em paz até o seu primo da família Kahalesi descobrir sobre a árvore genealógica da minha mãe. Então, meus pais conseguiram fugir para o Brasil, e vieram morar na comunidade islâmica no sul do país. Foram tempos de paz, pois fomos muito bem recebidos por nossa comunidade, e também os Brasileiros eram muito hospitaleiros, um povo tão alegre. Meus irmãos nasceram na faixa de Gaza, eu a caçula nasci no Brasil e moramos lá até eu completar dez anos de idade. Depois fomos para Turquia, para ficar com meus avós que, quando completaram cinquenta anos de casados resolveram morar longe dos conflitos entre Israel e a Palestina na faixa de gaza. Em 2009 soubemos de parentes que perderam suas casas e suas famílias no ataque de Israel em Beit Hanoun. Eu estava terminando o ensino fundamental. Naquela época conheci Hálim, ficamos muito amigos, e estudamos juntos até eu me formar no ensino médio. Começamos a namorar no segundo ano. Meu pai e minha mãe nos apoiavam totalmente. Ele foi meu primeiro amor, meu amigo e companheiro, e eu desejava passar o resto da vida ao lado dele. Tínhamos muitos planos, atéseu primo Ahmed Kalahesi capturar Hálim  só porque eu não honrei com o acordo feito há um ano atrás, quando aceitamos voltar a nossa cidade para cuidar de meus avós muçulmanos, pais do meu pai. Ahmed prometeu que o crime cometido pela nossa família ao abrigar israelenses na nossa casa, iria ser perdoado se eu me casasse com ele.

Hálim e eu o conhecíamos desde o ensino médio na Turquia. Nunca dei um pretexto ou chance para ele, eu sempre fui educada, boa amiga quando ele precisou de um lugar para ficar ao ser novo na cidade, e ter seus pertences e dinheiro roubados no centro de Istambul. Eramos um trio bem bacana. Mas ele confundiu por muito tempo, amizade com romance. Ele sabia que o meu coração era de Hálim, seu primo. Mas agora com todo o poder que exercia na nossa cidade natal, em Gaza, ele viu uma oportunidade, para que eu fosse finalmente dele. Não conseguia compreender qual era essa obsessão idiota por mim, eu era uma menina normal, comum, não o faria feliz. Então voltamos a Beit Hanoun, meu avô se recuperou, e cuidamos de toda a papelada para tirarmos meus avós de lá. Meu pai não permitiria que eu me casasse sem amor. Eu sei, estivemos brincando com o perigo. Mas sempre havia um jeito, só não havia para a morte. Fomos para uma cidade do interior na Turquia onde ninguém nos conhecia, meu pai e minha mãe montaram uma marcenaria. E Hálim, veio ficar conosco. Hálim insistiu que eu ficasse seis meses fora até a poeira baixar e meus rastros fossem apagados. Fui á França fazer um curso preparatório de línguas estrangeiras, eu sempre tive facilidade para aprender idiomas novos. E aqui estou eu, após conseguir um ótimo emprego de assistente/intérprete de um dos secretários da ONU. Na semana passada eu recebi a notícia que Hálim foi ao enterro de seu tio mais querido. E que mesmo o local sendo preservado por causa dos Kahalesi, eles o encontraram e Ahmed sequestrou o meu noivo. Eu fiquei dias mexendo os "pausinhos" aqui na sede. Mas mexer com os Kahalesi não era uma coisa simples. Eles tinham muito poder naquela região. E eu não queria que Ahmed soubesse que eu havia voltado para Istambul, para trabalhar e ficar perto dos meus pais. Meu plano era resgatar Hálim, e voltar para o Brasil o mais rápido possível.

-Ei, você. Está tão compenetrada na paisagem que estou aqui olhando para você á minutos, e nem percebeu minha presença. Pensando novamente em Hálim, não é?

-Pâmela. Por que não me chamou, sua boba? - Eu disse e sorri para ela.

Ela era minha amiga de infância no Brasil, nos encontramos aqui á dez semanas atrás. Ela tinha voltado de uma zona de conflito onde tinha prestado seus serviços de enfermagem para cruz vermelha. Foi muito especial reencontra-la após todos aqueles anos. Eu a convidei para ficar no meu pequeno apartamento, e nós duas tínhamos nos divertido tanto naquelas semanas. Ela era leve, divertida. Eu estava precisando ficar perto de pessoas assim ultimamente, senão eu iria enlouquecer.

-Acabei de falar com Lindy, de novo. Ela mandou um beijo para você, e um abraço bem forte. - Ela me disse sorrindo e chamou o garçom. Ele se aproximou e ela pediu um chá de damasco.

- E aí, ela decidiu finalmente ir na turnê com Johnny pela Ásia?

-Sim, ele venceu. - Ela riu e piscou para mim.

- É o amor sempre vence amiga, de um jeito ou de outro. - Eu também sorri e bebi o meu suco de amora.

- Tudo bem, o amor é lindo e blah, blah... blah - Ela desdenhou quase vomitando em cima do seu chá. Ela era irritante mas, hilária. - Amiga, Hálim terminou com você quando ainda estava no sul da França. Você não sabe o que realmente aconteceu em Beit Hanoun. Seu pai garantiu a você que ele disse que estava cansado de fugir, e andava estranho. Tem certeza que você ainda deve ter esperanças?

-Eu devo ter esperanças, amiga. O nosso amor é mais importante do que tudo. Hálim, foi sequestrado, ele não se aliou ao Ahmed. Nem que ele oferecesse um milhão de dólares. Pare de pensar assim. Eu o conheço. - Eu assegurei firme. Hálim, nunca me abandonaria, nem por dinheiro, religião e cultura.

-Ok. Não está mais aqui quem falou. Mas... que isso tudo é estranho. Isso você não pode negar.

-Eu sei. - Concordei e terminei de tomar o meu suco. - No entanto, sua amiga aqui é otimista. Sei que em breve tudo será resolvido.

-Ei, olha só. O seu par de hoje á noite está vindo para cá.

- Não! Julio?!

-Claro, quem mais poderia ser Hadassa? Seja gentil, afinal semana passada vocês tiveram um episódio bem interessante, digamos assim... bem quente. - Pâmela fez o favor de me lembrar, e riu.

-Foi apenas um beijo. Nada importante.

-Uhum... um beijo, sei. Vocês se agarraram na pós festa parlamentar. Aquilo nem de longe foi um beijo qualquer, Hadassa. Admita.

-Olá garotas? O mar está lindo hoje não é? - Disse Julio ao meu lado e me deu um beijo na bochecha.

Não pude evitar, fiquei realmente corada. ESSES BRASILEIROS TÃO CHEIOS DE DEMONSTRAÇÕES EM PÚBLICO. Tudo bem, a quem eu estou enganando, nasci lá e sei como funcionam as coisas.

-Olá, Julio. Estou bem e você?

-Estou realmente atrasado para uma reunião do conselho. Só passei aqui para te dar um beijo e ver se ainda você irá comigo ao baile da sede. Você vai?

-Sim eu, vou.

-Passo ás vinte horas em ponto. - Ele piscou para mim, e deu um sorriso super charmoso.

-Tudo bem.

-Até, mais garotas.

-Até. -Eu e Pâmela respondemos e rimos uma para a outra.

- De uma coisa, você não pode se esquecer. Existe um cara lindo, charmoso, com os olhos da cor do mel mais perfeito de todos os tempos, arrastando um bonde por você. - Comentou Pâmela. Ainda hipnotizada pela beleza de Julio.

-Eu sei.

-Além de, lindo é super profissional, um dos advogados mais respeitados e conceituados de São Paulo. Rico, de família super estruturada. Totalmente sarado, e... eu já disse lindo?

Eu mordi o lábio para não gargalhar, porque a cara de mulher derretida da Pâmela era impagável. Se eu não estivesse tão ocupada e esperançosa por reencontrar meu Hálim, e fazer com que fiquemos juntos novamente, eu estaria morrendo de ciúme agora, por causa do bendito Júlio. Realmente Pâmela tinha razão. Ele era aquilo tudo e muito mais. Mas meu coração ainda pertencia á Hálim.

-Ah... AMIGA, EU SEI. Sim, Julio é perfeito mesmo. Mas é só um amigo.

-Para você, não é?! - Provocou ela, e eu ri. Como era divertido estar ao seu lado. Linda é quem teve a sorte de crescer ao lado dela.

-Ora, ora, ora, não foi você quem disse, que não era para eu me animar, não ter esperanças?! E você e Rick, como andam as coisas, ele já se conformou com a sua estadia por mais quatro meses aqui?

-Ainda não. Ele pede para eu voltar á Londres, todas ás vezes que eu ligo. E hoje discutimos.

-Ah... por isso você tá assim meio bipolar. Nada de esperanças... todas as esperanças. Você é maluca, mas eu te adoro viu?! - Eu disse sorrindo e apertei a bochecha dela. Ela tinha um rosto redondo mas simétrico, era uma loira mesclada com traços sul americanos, lindos.

-Eu sei, o que seria de você sem mim, hã. Não deixe aquele deus Tupiniquim, lindo escapar. Não faça isso. Se eu fosse você não faria. - Como sempre ela exagerava em tudo. Mas eu me divertia como nunca.

-Ele nem tem raízes indígenas senhorita, senão me engano, é metade, português e outra metade espanhol. - Provoquei.

-Não importa, é brasileiro e é quente! É tudo de bom.

-Se você diz. - Me fiz de indiferente só pra provocar um pouco mais.

-Uau! Faltam quinze minutos para a retirada. Tenho que voltar para a sede, pegar minhas coisas, e ir para o treinamento de campo. Até mais amiga. Ore por mim. Eu sei que suas preces, "meio a meio" são fortes.

-Ok. Essa eu nunca tinha ouvido. Engraçadinha. Eu sei que sou uma aberração cultural e religiosa, não precisa me lembrar. - Brinquei fingindo estar magoada.

E ela riu, sabia que eu estava segurando o riso. "Preces meio a meio" só Pâmela mesmo. Eu peguei meu celular, e chequei as horas. Eu também estaria muito ocupada até as cinco da tarde. Voltei para a sede, e passei a tarde traduzindo recomendações de pautas do francês para o turco. Eu agradecia todos os dias á Deus, pelo dom que ele tinha me dado, em ter o privilégio e facilidade de aprender línguas com muita fluência. Isso vinha muito fácil para mim. E quando eu gostava de verdade de alguma coisa eu ia até o fim. Eu poderia dar aulas particulares em qualquer lugar do mundo, e isso era um trunfo em minhas mãos, pois eu falava, árabe, hebraico, inglês, português, francês e turco, eu arranhava um pouco. Eu só sei que aquilo era fascinante para mim. A linguagem, escrita, a história das línguas, a gramática de cada local, me encantava demais.

Ás cinco da tarde peguei minhas coisas. Chamei um táxi e fui para casa me arrumar para o baile. Eu ainda não sabia qual roupa usar. Cheguei em casa em quinze minutos. Tomei um banho, lavei os cabelos, os sequei, tomei um suco e comi duas torradas para aguentar até o jantar. Eu segui o conselho da minha mãe e fui com o vestido branco de cetim, tamanho médio, com flores amarelas suaves. Eu fiz uma maquiagem leve, calcei meus sapatos de cor clara. E também peguei a minha echarpe amarela. Eu sabia que nesse horário o vento aqui em Istambul seria mais frio e forte. Assim eu protegeria, meu cabelo e minhas costas. Tudo o que eu não precisava era pegar um resfriado de outono, e ficar em casa por três dias até me recuperar. Eu tinha que ir todos os dias ao trabalho, porque assim ficaria muito perto de saber o que se passava na minha cidade natal com o "Clã dos Kahalesi". Peguei minha bolsa, meu celular e fui para a portaria do meu prédio. Quando eu estava fechando a porta do meu apartamento, Julio me mandou uma mensagem, dizendo que tinha acabado de estacionar o carro. Eu desci as escadas. E fui ao seu encontro. No fundo eu estava nervosa. Tudo o que era novo para mim, me excitava, mas ao mesmo tempo me intimidava. E no fundo eu sentia que os sentimentos de Júlio  eram verdadeiros. E isso meio que me deixava um tanto mexida. Ele era um cara incrível eu não podia negar. Respirei fundo, e fui.

Seguir leyendo

También te gustarán

159K 19.7K 95
A famosa cantora, Dua Lipa, é uma das convidadas mais esperadas para o Met Gala. Em meio a flashes e tapete vermelho, seu olhar é atraído por uma da...
696K 70.8K 100
[+18] | Romance sáfico | Hot | Livro 1 E se um dia chuvoso e uma garota tatuada pudesse mudar tudo? Chloe Wood é a famosa capitã de líder de torcida...
71.2K 12.8K 117
Rebecca Armstrong, é apaixonada por Hanna Marín, mas não sabe se a mesma tem os mesmos sentimentos, então Rebecca ver com a volta de sua melhor amiga...
1.1M 123K 164
Paola. Personalidade forte, instinto feroz e um olhar devastador. Dona de um belo sorriso e uma boa lábia. Forte, intocável e verdadeiramente sensata...