Legend - O Mago Infernal (Liv...

Por Y_Silveira

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Órion Kilmato ao perceber uma grande evolução de seus poderes é sequestrado por estranhas criaturas demoníaca... Más

Sobre o livro
MAPA - GUIA
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
PARTE I
I- O ASSASSINATO DO REI
II- A VISITA
III - O JOVEM MAGO
IV - Cosmos
V - A PROFECIA
VI - GRIMT'S
VII - BORBOLETAS
VIII - O EGRESSO
XIX - A FUGA
PARTE II
X - UM ASSASSINO EM FRENTE
XI - DÚVIDAS
XII - SUNIRA
XIII - A FACE DE ISTH
XIV - A FLECHA
XV - A FLORESTA
XI - O BORDEL
XVII - BERILO
XVIII - A PRESENÇA
XIX - ARCABUZ
XX - CONVALESCENÇA
XXI - A ALMA INFERNAL
XXII - MAHIN
XXIII - A DESPEDIDA
XXIV - A REVELAÇÃO
XXV - O TREINAMENTO
XXVI - PIRATAS?
XXVII - ENCONTROS
PARTE III
XXVIII - UMA VIDA ESTRANHA
XXVIX - UM DESTINO INCERTO
XXX - SEM SURPRESAS
XXXI - A AFRONTA
XXXII - A RUÍNA
PARTE IV
XXXIII - ENTRE GRADES
Aviso - Mudanças
XXXV - A BUSCA

XXXIV - PESO MORTO

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Por Y_Silveira


 O gemido ecoou pelo salão. Ela caiu de bruços no chão gelado de pedras cinzentas. Um lapso de memória lhe tomou por um breve segundo como um flash: O abraço reconfortante do seu pai enquanto observavam a neve cair no túmulo recém-fechado de sua mãe.

Sônia despertou do seu devaneio sentindo um lado da face dolorido e avermelhado. Um olho lacrimejava. Ela estava inerte, sem voz, sem reação. Aa sombra do seu pai cobria todo o seu corpo. Ela sentia um certo terror em sua pele, lhe embrulhando o estômago.

Era impossível desafiá-lo. Era impossível convencê-lo mesmo com as melhores e mais sinceras palavras. Aquele homem não a ouvia e jamais a compreenderia. Ela agora não passava de uma escória, da vergonha do clã. Um ser impotente incapaz de impedir uma guerra e salvar um garoto mago.

— Eu... falhei, Náidius — ela sussurrou para si mesma, se desembrulhando em lágrimas. Mordeu os lábios e tentava abafar o choro.

— Levante-se! — A voz do soberano ordenou.

Sônia se levantou instantaneamente. Sabia que não poderia nem ao menos pestanejar diante de uma ordem do seu pai. Ela encarou o homem, mal o reconhecendo em comparação as suas lembranças. Aquele homem amoroso e gentil havia morrido depois que assumiu o trono. A maga não sabia se era o poder que o corrompera durante todos esses anos ou foi a angustia. Um dos motivos para ela não querer aquele destino para si.

A sala do trono estava vazia. Nevava lá fora, o vento frio entrava pelas janelas, açoitando as cortinas e as franjas dos estandartes nas paredes. Todo o ambiente estava cinza e mórbido, como era o costume de ser.

— Está tremendo. — O homem notou, decepcionado. — Não é de frio. Está com medo. Sempre foi covarde. A mais fraca nos treinos.

Sônia não queria deixar aquelas palavras lhe afetar. Ela sabia o quão era destemida. Ela já lutou bravamente com coragem, treinou desde criança para ser uma das melhores, embora nunca ter sido o destaque que todos esperavam.

— A filha de um imperador não deveria envergonhar todo um clã. Ela deveria ser ágil, esperta, inteligente, se destacar dentre todos. Mas... é apenas uma besta inútil. — Ele caminhava de um lado para o outro com as mãos nas costas. Parecia falar mais para si mesmo do que para maga. — Lúcio deveria ser o meu herdeiro. Ele sempre se mostrou merecedor. Infelizmente, precisamos seguir as regras.

— Eu abdico! — Sônia falou, mas arrependida. Segurou a respiração quando os olhos azuis arroxeados do homem lhe miraram.

Os passos dele se aproximaram lentamente, ela prendeu a respiração, quase como se o fato de não respirar poderia impedir os passos do homem.

— Acha mesmo que é simples assim? Acha?! — ele rosnou, fazendo Sônia tremer.

A maga negou com a cabeça.

— Mesmo se tomasse o seu lugar hoje, — ele afagava uma mecha do cabelo dela — jamais poderia abdicar. Não temos leis para isso e eu não posso reescrever nada.

Foi nesse momento que Sônia percebeu que o seu pai vivia uma angustia eterna, preso em leis arcaicas e inúteis que ela jamais compreendia o motivo de apenas desconsiderar o que foi escrito por um ancião primitivo.

— O nosso clã precisa de um soberano, as pessoas que vivem nessas terras precisam de um líder. O nosso povo precisa da gente. Tudo o que somos e tudo o que temos, o que construímos foi graças aos nossos ancestrais. Tenha ciência disso. É o seu destino.

Sônia engoliu em seco, mas sabia que não poderia ficar mais calada.

— Mas não é o meu sonho.

O imperador fechou o cenho, pronto para enraivecer novamente, mas Sônia continuou.

— Eu jamais abandonaria a nossa família e o meu povo. Eu jamais deixaria de ajudar caso necessitassem. Mas eu tenho sonhos e preciso vivê-los.

O homem ponderou por algum momento com o semblante fechado e carrancudo. Ele bufou, relaxando um pouco os ombros e suavizando as expressões duras que enrugavam a sua face.

— Se a sua mãe estivesse aqui ela certamente diria que você puxou a mim. Ela sempre disse que eu era teimoso e de fato... um tremendo sonhador. Mas sonhos morrem, Sônia. Sinto muito em lhe dizer isso. Você não pode mudar o mundo, você não pode mudar quem é.

O homem deu-lhe as costas e se encaminhou para o trono no altar.

— Agora dirija-se aos seus aposentos. Precisa se preparar para o seu casamento amanhã.

Sônia o olhou com sobressalto enquanto ele se sentava. Casamento? Realmente havia tomado aquela decisão sem o consentimento dela.

— Você não pode me obrigar a isso!

— Eu fui obrigado a me casar com a sua mãe, e veja só, eu tive você. Agora saia, ou chamarei a guarda! Talvez uma noite na masmorra fria faça bem a sua cútis.

Sônia grunhiu enraivada. Como o seu pai poderia estar pensando em casamento? Ele estava plantando uma discórdia contra a seita, e o pior, havia um demônio solto e todos corriam risco de vida. A jovem maga não conseguia elaborar direito as palavras, pois, ainda estava em choque diante daqueles fatos. A sua consciência não conseguia enxergar a verdade sobre Ako, mas de todo forma, ela tentava ser realista e precisava que o seu pai ao menos uma vez lhe ouvisse.

— Não temos tempo para pensar em casamento! Estamos correndo risco! Libere os bruxos, por favor! Evite um problema maior, tem um demônio...

— Cale-se! — Ele gritou, se pondo de pé — Retire-se imediatamente! Não ouse a me desobedecer!

Sônia cerrou os punhos. Olhou para aquele homem com desdém por alguns segundos. Ela lhe deu as costas e atravessou o salão vazio enquanto os seus passos ecoavam no ambiente, sentindo o vendo frio que adentrava pelas enormes janelas. Ela estava com raiva, sentia-se um tanto fracassada. Não conseguiu ajudar Náidius, muito menos Órion, aqueles bruxos iriam morrer, o seu pai iria desencadear uma guerra contra a seita e Ako... Ela caminhou até o seu quarto seguindo pela vastidão de corredores e escadas. Ela não poderia se casar e muito menos ficar presa naquele lugar gélido. Não sabia como, mas precisava fugir. Entretanto, não poderia sair e deixar aqueles bruxos definhado para a morte. Precisava escapar e levá-los consigo, mas ainda não sabe como faria isso.

...

Náidius apoiava as costas da amurada no final da popa do navio. Observava os rastros que a embarcação deixava na água enquanto seguia alguma direção que tampouco ele sabia se seria ao norte ou sul. A lua não estava cheia, embora apenas se apresentava metade crescente, ainda sim a sua luz iluminava as águas. Ele estava um pouco enjoado. Não se sentia bem com os pés fora da terra firme. O balançar não somente lhe causava náuseas como insegurança. Ele bem se lembra das histórias dos livros que contavam naufrágios violentos ao decorrer do tempo. A biblioteca de Sidelena era recheada de contos do tipo.

Do tombadilho ele conseguia visualizar bem a movimentação do navio. Estava uma calmaria com poucos marinheiros no convés. Estava muito frio, apesar do seu casaco ser um pouco suficiente para aquecer. Ele retirou do bolso o saquinho com tabaco. Preparava um cigarro e antes que pudesse acendê-lo com o seu isqueiro ouviu passos subir a escadaria do tombadilho. Júlia.

A filha do capitão carregava duas canecas de alumínio, ela sorriu ao vê-lo.

— Te achei tão solitário aqui em cima — ela falou, receptiva — Trouxe uma cerveja.

Náidius a fitou com desdém, ignorando a presença da moça ali. Ele mirou os olhos para o oceano, para os rastros que a embarcação desenhava na água. Júlia deu um longo gole em sua caneca e arriscou se aproximar.

— Acho que você não gosta muito de mim. Mas beba. Vai gostar. Essa vai ser a melhor cerveja que irá provar. Confia em mim!

Náidius a olhou com o canto do olho entregando a caneca. Ele assentiu e recebeu a bebida.

— Eu só queria ficar sozinho — ele falou, ríspido, apoiando os braços na amurada e olhando par ao horizonte escondido nas trevas.

Júlia se aconchegou ao lado dele e também acomodou os braços no mesmo lugar, olhando-o com um sorriso.

— Podemos ficar sozinhos juntos.

Náidius sorriu.

— Não mesmo, você praticamente me assaltou.

— Negócios, meu caro. — Ela tomou de Náidius o seu cigarro juntamente com o isqueiro. Acendeu com maestria e tragou fortemente, enchendo seus pulmões de fumaça. — Poderia ter viajado em algum desses navios em Gnowa — ela falou ao expelir toda a fumaça para cima, levantando a face e mirando o olhar para as estrelas.

Náidius a observa admirado, pegou a caneca de cerveja e deu um longo gole no líquido amargo.

— Não tive muita escolha — ele falou, tomando de volta o seu cigarro.

Júlia sentou-se no piso e bebeu a sua cerveja, novamente olhava para o seu céu, enquanto aconchegava a cabeça na amurada.

— Então, peso morto, o que pretende fazer em Ufazar?

Náidius olhou para ela, franzindo o cenho.

— "Peso morto"?

— É assim que os rapazes estão te chamando. Você não me disse o seu nome — ela disse, musical, erguendo uma sobrancelha.

Náidius sentou-se ao lado dela.

— Náidius e não te importa o que irei fazer em Ufazar.

— Humm... Ok — ela assentiu, sarcástica — Eu me chamo Júlia, e... talvez interesse em saber que Ufazar é um lugar estranho e muito perigoso. Quem não conhece, nunca volta vivo e quem conhece retorna com muitas histórias aterrorizantes.

Ela olhava para ele sorrindo como se estivesse tentando amedrontá-lo, mas Náidius sabia um pouco da fama de Ufazar, mas não esperava que o lugar fosse tão agourento assim, afinal, muita gente costuma viajar para aquelas bandas.

— E uma coisa eu digo — ela continuou. — Ir para além da costa é morte na certa. Poucos ousam desbravar aquelas terras. Ouvir dizer que tem muitos monstros.

— Você só está querendo me assustar. Eu não caio nessa.

Ele tomou outro gole de sua cerveja e posteriormente tragou seu cigarro. Júlia novamente tomou o cigarro das mãos do rapaz, levando aos seus lábios, dessa vez, aspirando a fumaça com um pouco mais de delicadeza. Ela dobrou um joelho e liberava a fumaça branca, sentindo um certo prazer ao alimentar o seu vício.

— Eu não costumo ver muitas garotas fumarem — Náidius falou, observando o gesto da pirata.

Júlia sorriu, tomou o seu último gole de cerveja para molhar a garganta seca e secou os lábios com as costas da mão.

— Eu gosto daqui — ela olhou para o céu novamente, sonhadora. — Eu gosto de olhar as estrelas, sentir o gosto da cerveja e pensar sobre a vida. Fumar alimenta a minha alma sensível.

Ela levou novamente o cigarro aos seus lábios, porém, Náidius o tomou subitamente.

— Então senhorita sensível, devolvia o meu cigarro — ele falou, tomando para si o que restaria, somente uma bituca.

Enquanto Náidius tentava reaproveitar o que restara do seu cigarro, Júlia notava a fita cor de rosa amarrada em seu pulso.

— E o que é dessa fita? Não combina com o seu visual obscuro.

Náidius estreitou os olhos, fitando-a de canto.

— Não é da sua conta!

— Ah, mas fale! Eu estou tentando ser amigável.

— Você é maluca. — Náidius bebericava o que sobrou de sua cerveja e suspirou pesadamente. — É um presente de uma amiga.

— A maga?

— Não. — Ele olhava para seu pulso, lembrando-se da promessa que fez a Kari. Ele não poderia jamais esquecer daquilo, por isso, era tão necessário retornar vivo de sua missão.

— Me parece que você tem muitas garotas em sua vida. — Ela pôs uma mão do queixo e o encarava com um brilho no olhar. — Você gosta de alguma delas?

Náidius se enrubesceu com a pergunta, quase se engasgando com a própria saliva. Que pergunta era aquela? Júlia e ele nem se conheciam e ela queria saber de tudo sobre a vida dele. Ele não se sabe se ela era somente uma curiosa ou uma fofoqueira de plantão.

— O que você quer de mim, hein? — Ele franziu o cenho.

— Conversar! Eu não costumo encontrar pessoas dos continentes. Só tenho curiosidade. Vamos peso morto, me fale mais sobre você! Prometo que falarei de mim também. Espere! — Ela pegou as duas canecas vazias. — Eu vou buscar mais cerveja para gente, me espere aqui!

Ela se levantou em um pulo e saiu correndo em busca das bebidas, desaparecendo entre o bando de marinheiros presentes no convés. Náidius elaborava mais outro cigarro, já que mal tinha fumado o anterior e ainda se sentia necessitado. Ele não havia percebido que Inarê subia a escada do tombadilho.

O elfo observava a imensidão do oceano que se perdia nas trevas. Deixava o vento avoaçar as suas madeixas douradas. Ele aparentava estar um tanto melancólico, perdido em seus pensamentos ou desatando um ar de inquietação.

— O que você tem? — Náidius indagou com a sua atenção voltada na elaboração do seu cigarro.

— Apenas preocupação — Inarê respondeu, ainda vidrado no abismo de águas que ficavam para trás

— Com Rose, não é? — Náidius adivinhou.

Humhum. — Inarê assentiu. — Não somente com ela, mas também com Sônia. — Ele olhou para Náidius. — Ela não veio conosco. Não se preocupa?

Náidius suspirou. A maga havia se deparado com o que parecia ser pessoas de sua terra natal, o que era estranho. O jovem não faz ideia do que possa ter acontecido, mas de toda forma, estava tranquilo quanto a isso. Certamente a maga havia de conseguir contornar aquela situação, afinal, era pessoas da sua família.

— Não há porque se preocupar. Eu expliquei mais cedo o que houve. Deveria pensar mais em Rose, ela ficou sozinha naquela floresta fria.

Náidius acendeu o seu cigarro e fechou os olhos enquanto sentia a fumaça ser expelida por suas narinas e boca.

— Eu entendo. Me admira ter desenvolvido carinho por minha irmã, e talvez esteja certo. Eu deveria me preocupar mais com ela, porém, eu sei que Rose sabe se cuidar e eu tenho plena confiança que ela ficará bem.

O rapaz estava com a bochechas coradas, ele desviava o olhar par as suas mãos sob o colo. Se lembrar de Rose lhe deixava sem jeito, mas também um tanto decepcionado, já que a elfa parecia ter mais interesse em Sônia, embora ele ter presenciado um simples abraço. Mas não deixava de sentir um certo ciúmes e ao mesmo ter que admitir que estava apaixonado pela irmã do seu amigo.

— Eu acho que já irei me deitar — Inarê deu a deixa, descendo a escada do tombadilho — Boa noite, Náidius!

Náidius permaneceu em silêncio, mas não por muito tempo. Júlia retornou com as duas canecas transbordando de cerveja, era perceptível a espuma branca escorrendo. Ela sentou-se ao seu lado ainda com a mesma empolgação.

— Vamos continuar a nossa conversa? — Ela perguntou, entregando a ele uma das canecas.

— Por favor, me deixe sozinho.

Náidius estava aborrecido, não queria mais pensar em Rose e muito menos falar do assunto com uma desconhecida. Ele só queria esquecer de vez toda aquela história, pois, já estava ridículo ele se ver lamentando para si mesmo por uma jovem elfa que nem ao menos nutria por algum sentimento por ele.

— Tudo bem se não quer falar sobre o assunto, mas, se ela partiu o seu coração, que se dane ela! Quer saber? Beba! — Ela ergueu a caneca. — Vai ajudar.

Náidius pegou a caneca das mãos dela e não ponderou em virá-la na boca e beber o conteúdo todo de uma vez. Júlia estava certa. Que se dane a Rose! Ele precisava focar em seu objetivo principal que era salvar Órion.

...

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TRADUÇÃO AUTORIZADA ✔ SÃO PARÓDIAS BL (GAY), NÃO SE TRATA DOS CONTOS ORIGINAIS ❌ NÃO É PERMITIDO REPOSTAR ESTA TRADUÇÃO.❌ TRADUÇÃO: Enny [WeiYaoi] A...