Fernanda
Assim que o avião aterrissou em terras mineiras senti a felicidade tomar conta de mim. Passaríamos o fim de semana de aniversário da Clara na fazenda. Seria um dos seus presentes, já que ela amava quando viajávamos para lá. Eu estava muito ansiosa, seria o seu primeiro aniversário comigo e trouxe uma mala cheia de presentes.
A curiosa estava me corroendo para saber o que seria a surpresa de Raul, ele era ótimo com presentes e sempre nos surpreendia, mas dessa vez eu sentia que era algo muito especial. Ele não deu nenhuma pista e vivia de cochicho com meu irmão.
Clara ficaria louca quando soubesse que teria um cavalo seu e ainda mais quando visse o presente dos meus pais. A verdade é que todos nós estávamos nos desdobrando para fazer com que saísse tudo perfeito. Após o sufoco que passamos queríamos que Clara aproveitasse e se divertisse muito.
Na fazenda tinha muitas crianças, filhas de funcionários, e Clara já era amiga de todos. A distância, contratei uma empresa para montar um verdadeiro parque de diversões nas nossas terras. Todas elas iriam amar e se divertirem muito. No Rio Clara não tinha muitos amigos, convivia apenas com as crianças da escola e após a cirurgia ficou isolada por conta do pós-operatório. Elas não eram muito próximas, o que era completamente o oposto da fazenda. As crianças viviam grudadas e aprontando todas. Isso fazia um bem enorme para nossa menina.
De longe vi o meu irmão encostado na sua camionete nos esperando, mãos nos bolsos, chapéu na cabeça, era um legítimo cowboy, lindo demais.
Sorri e acenei quando ele nos notou. Clara saiu correndo e pulou no seu colo. Após nos abraçamos e matar um pouquinho da saudade, fomos para casa. Raul estava sentado no banco da frente ao lado do meu irmão que dirigia, calado, pensativo e distante.
— Aconteceu alguma coisa? — Perguntei procurando por sua mão.
— Não. — Ele segurou a minha e deu um beijo. — Só estou ansioso.
Sorri e voltei para o meu lugar, enquanto curtia a paisagem pela janela, mentalizei tudo que precisaria fazer assim que chegasse em casa.
A festa da Clara seria na hora do almoço no sábado, passaríamos a tarde toda comemorando. Tinha que confirmar estar tudo pronto, queria que tudo fosse perfeito, que ela adorasse e aproveitasse muito a sua festa.
A noite de sexta-feira já estava caindo quando chegamos até a nossa casa. Fomos recebidos pelos meus pais com todo o amor e carinho de sempre, por alguns funcionários que ainda estavam por ali e Clara como sempre roubou a atenção da minha família. Organizamos as nossas coisas no quarto e enquanto ela e Raul foram para cozinha, que estava cheia de gente e comida gostosa, fui falar com as pessoas que montavam a estrutura da festa.
Escolhi um lugar mais distante da casa para que Clara não visse nada e fosse possível fazermos uma surpresa.
Várias tendas foram montadas, onde muitas mesas estavam organizadas. Todos da fazenda foram convidados e no sábado pela manhã, a minha sogra viria com Bruno que traria a sua irmã Marina e o cunhado Caio para enfim nos conhecermos.
Após confirmar que tudo estava perfeitamente encaminhado, voltei para casa para curtir a noite com a minha família e amigos.
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O sábado amanheceu lindo, um dia ensolarado e perfeito. Eu e Raul nos levantamos mais cedo para levar o café da manhã especial na cama para Clara e dessa vez teríamos companhia. Raul carregou a bandeja com várias coisas gostosas, os meus pais um pequeno bolo com velas acesas e eu e Fernando balões.
Assim que abrimos a porta Clara já estava acordada, porém, permaneceu deitada e sorriu sem tímida quando nos viu. Ela era muito esperta.
Entramos cantando parabéns e ela assoprou a vela depois de fazer um pedido.
Comemos todos juntos com ela no quarto e nos preparamos para as primeiras surpresas do dia. Ajudei Clara se vestir e saímos para que o meu traidor entregasse o seu presente primeiro. Nossa menina estava radiante de tão feliz.
Eu e Raul caminhamos em direção às baias, com Clara de mãos dadas conosco, e os meus pais ao nosso lado. Meu irmão tinha ido na frente para fazer com que tudo fosse perfeito. Assim que entramos no lugar, caminhamos até a baia que o meu irmão estava e Clara ficou toda animada olhando para a égua.
— Lembra quando você veio pela primeira vez aqui na fazenda, essa égua não tinha uma mamãe, e o tio Nando cuidava dela? — o meu explicou e ficamos calados, prestando atenção na cena nossa frente.
— Sim, ela era um bebê. A Nanda disse que a mamãe dela foi embora porque não estava preparada.
— Isso mesmo, meu amor! — Comentei orgulhosa.
— O tio Nando cuidou dela com muito carinho e agora ela já está uma mocinha. E eu preciso de ajuda, por isso ela será sua. — Clara ficou em silêncio, e era possível perceber que a sua cabecinha trabalhava nas palavras do meu irmão.
— Ela é minha? — Perguntou chocada e todos nós rimos.
— Sim, princesa. Esse é o meu presente de aniversário para você.
Clara jogou as mãozinhas para cima e deu um grito que todos nós, inclusive a égua assustamos.
— Obaaaa!!! Eu já posso andar?
— Por enquanto não, ela precisa ser domada. E você vai acompanhar tudo de perto. Quando ela for ensinada a deixar você montar aí sim... Vamos cavalgar juntos.
Ela pulou nas pernas do meu irmão o abraçando e todos ficamos emocionados.
— Obrigada, tio Nando. Esse é o melhor presente da minha vida.
Cutuquei Raul e fiz uma gracinha. — Eu disse que nada superaria o cavalo. — Debochei e ele sorrio convencido.
— Vamos ver, quem rir por último, ri melhor. Eu acho prudente você já ir escolhendo o modelo do seu vestido.
Clara ainda ficou um tempo admirando a sua égua e falando todas as possibilidades de nomes. Era um mais engraçado que o outro. Caminhamos de volta para casa, pois era a hora do presente dos meus pais. Ela nos surpreendeu com mais um grito e gargalhamos com a sua reação.
Pelo jeito esse seria um dia inesquecível!