Camila Cabello | Point of View
Os três me encaravam tão atentos que era difícil até encontrar as palavras certas para o momento, acho que eles esperam por isso há treze anos e Lauren quer livrar a consciência pacífica dela.
— Eu não sou diretamente responsável pela tentativa de homicídio dos meus pais.
— Diretamente? – Robbie perguntou e eu assenti.
— Eu vou contar tudo que aconteceu.
~Flashback On~
Cheguei na minha casa e assim que coloquei o pé no primeiro degrau, meus pais brotaram do chão para me infernizar.
— Quem trouxe você?
— O senhor Amell.
— Quando você vai parar de ser um estorvo para todos? Ninguém suporta você, garanto que ele te trouxe por não suportar você por lá.
— Olha, Papa, só voltei porque hoje tem macarronada, se dependesse do Christopher eu dormiria por lá.
— É tudo falsidade, ninguém pode gostar de alguém como você.
— Eles gostam, os Boe’s também me adoram, só vocês dois não gostam, mas eu me acostumei com isso.
— Viu! Eu estou dizendo, Juan tem mais preparo.
— Eu não vou deixar a nossa herança na mão do seu filho com aquela vagabunda e pare de pensar no amanhã, temos a Sofia.
— É vagabunda, mas pelo menos me deu um filho perfeito. Não isso aí.
— Eu não fiz isso sozinha, meus genes são perfeitos, você que fraquejou. – Escutar aquilo como se eu nem estivesse ali me doía o peito, meus irmãos acompanhavam tudo da porta e Juan entendendo tudo estava com uma expressão de pena.
— Eu acho melhor ir embora desta casa.
— Não podemos fazer isso, acha que não queremos? Mas ninguém quer você, e ficaria mal para família te deixar largada.
— Eu nunca fiz nada para vocês me odiarem tanto. – Falei me escorando na escada, eles negaram. — Eu vou me virar, não precisam se preocupar comigo.
— Nem pense em ir morar com um dos seus amigos, eles são muito importantes e viraríamos assunto nas rodas dos clubes.
— QUE INFERNO TAMBÉM, NÃO POSSO SAIR, NÃO POSSO FICAR O QUE VOCÊS QUEREM DE MIM?
— NÃO GRITE COMIGO, RENEGADA. EU JÁ FALEI QUE VOCÊ NÃO DEVIA TER NASCIDO.
— EU PREFERIA MESMO NÃO TER NASCIDO A TER DOIS MONSTROS COMO PAIS. EU QUERIA QUE VOCÊS MORRESSEM, E ME DEIXASSEM EM PAZ OU QUALQUER COISA ASSIM. EU ODEIO VOCÊS DOIS COM TODA FORÇA DO MEU CORAÇÃO.
— Calma, Kaki. Não fica assim está tudo bem. – Senti os braços de Sofi me envolvendo e a abracei apertado, me
permitindo chorar um pouco. Senti uma caricia em minhas costas e olhei para cima, era Juan e nessa altura, meus pais não estavam mais ali.
Quando a governanta nos chamou ao jantar, demorei muito a ir a mesa, todos na verdade, não queria ficar naquele climão, mas eu estava morrendo de fome.
— Tem algo estranho nessa comida. – Alejandro falou e afastou a cadeira. — Não comam isso.
Ele saiu da mesa e nós olhamos nossos pratos, eu não vi nada estranho, achei ser um plano para eu não jantar com eles, então levantei da mesa e fui sair da sala de jantar, mas ele voltou com um saco de veneno.
— Foi você! – Ele disse apontando para mim.
— Fui eu o que?
— Queria nos matar? Matar seus irmãos?
— O que? Você está louco?
— Eu vou chamar a polícia.
Foi então que a sala de jantar virou uma cena de crime, eles detectaram veneno nos pratos, só o meu e o de Sofia estava livre. Só que eu não estava preocupada, não tinha feito nada, fiquei caminhando pela casa, esperando para comer.
— Que merda é essa? – Falei quando meu corpo foi puxado para a biblioteca.
— Foi a Sofia. – Juan disse e eu neguei.
— Pare de tolices.
— Foi ela, Camila. Ela ouviu você falando e foi lá fazer o que você queria.
— Sofia é um anjo, nunca faria isso.
— Ela é doente por você, Camila. Não podemos deixar ela ir presa.
— Ela nunca faria isso.
— Ela idolatra você, Camila. Ela vai se encrencar, a culpa é sua por ter gritado aquilo, ela vai se encrencar. Você não podia ter falado aquilo. – Entrei em desespero, ela não podia pagar por tentar me proteger.
— Ela não faria isso. – Falei começando a caminhar de um lado a outro.
— Ela fez, cara. Você não podia ter falado, ela vai se encrencar, eu não sei o que acontece quando uma criança vai presa, eu iria por ela, mas eu sou o mais promissor, sou bem aceito aqui, eu vou para faculdade, mas você... ela não pode se encrencar.
— Tem certeza que foi ela, cara?
— Não foi você?
— Claro que não!
— Não fui eu também. E ela não é minha fã, no meu prato tinha também. Que merda, ela se fodeu, cara. Ela está morta.
— Ela não está. A culpa é minha, você tem razão, ela me ouviu falando merda. Fica tranquilo. – Desci as escadas e abracei Sofia. — Não fala nada, está bem? Eu vou dar um jeito nisso.
Caminhei até o bolo de gente em torno do meu pai, ele já devia estar me culpando de qualquer forma, estendi minhas mãos para os policiais, Sofia me olhou confusa e eu falei que amava ela, ela disse que também e eles me levaram dali.
~Flashback Off~
Quando voltei a realidade, os três estavam chorando, Lauren parecia uma bebê agarrada no meu pescoço, chorando compulsivamente.
— Você fez isso tudo para proteger Sofia? Camila... – Alisha levou as mãos a testa.
— Ela era uma criança, não sabia o que estava fazendo e eu falei aquilo, me senti tão na culpa quanto dela.
— E porque decidiu nos contar agora?
— Acho que a história não foi bem assim, no hospital Sofia disse que nunca ia me perdoar pelo que fiz. Eu achava que ela não queria me ver por lembrar da própria culpa, mas não foi assim, ela estava com raiva de mim. Ela disse que nunca me perdoaria pelo que eu fiz, mas eu não fiz nada.
— Juan...
— Achei essa frase muito estranha, confrontei Juan e ele disse que ela deve ter apagado da memória, pois deve ser algo bem traumático.
— Não... algo me cheira mal nessa história.
— Precisamos nos aproximar de Juan. Precisamos que ele se sinta bem para falar o que aconteceu de fato naquela casa na noite do crime.
— Obrigado aos três por confiarem em mim. Vocês dois nunca me questionaram sobre nada, me sinto extremamente satisfeita por poder contar isso a vocês. Posso ter me equivocado, mas todas as minhas decisões até hoje foram feitas com meu coração.
— Eu me sinto péssima por não ter confiado antes. Você é um ser humano iluminado, Camz.
— Eu entendo você, no seu lugar faria o mesmo. Eu sei que parece burrice, mas eu não podia deixar a minha princesinha sofrer por algo que foi responsabilidade indireta minha.
— Precisamos falar com ela também.
— Precisamos conversar com um advogado.
— O advogado do meu pai é o Idris Elba.
— Caralho! Seria ótimo que ele nos aconselhasse nessa situação, ele é o melhor.
— Camila... se a justiça estiver errada no seu caso, se prepare para dormir em uma cama de dinheiro, pois eu vou fazer eles pagarem pelo erro. – Ela selou nossos lábios.
Depois disso os três começaram a falar sobre o que fariam e eu fiquei meio de fora da situação, só tentando lembrar de mais algum detalhe daquela noite desastrosa de vinte e dois de Dezembro.
NÃO ESQUEÇAM!
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