Entre o Dever e o Amor

By Franciane_Souza

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Como pode parecer o Pecado fluir de um Anjo? Essa é a pergunta que Christian Grey se faz desde que tinha 17 a... More

Notas da Autora
Prólogo
Capítulo - 01
Capítulo - 02
Capítulo - 03
Capítulo - 04
Capítulo - 05
Capítulo - 06
Capítulo - 07
Capítulo - 08
Capítulo - 09
Capítulo - 10
Capítulo - 11
Capítulo - 12
Capítulo - 13
Capítulo - 14
Capítulo - 15
Capítulo - 16
Capítulo - 17
Capítulo - 18
Capítulo - 19
Capítulo - Aviso
Capítulo - 20
Capítulo - 21
Capítulo - 22
Capítulo - 23
Capítulo - Aviso 2
Capítulo - 24
Capítulo - Aviso 3
Capítulo - 25
Capítulo - 26
Capítulo - 27
Capítulo - 28
Capítulo - 29
Capítulo - 30
Capítulo - 31
Capítulo - 32
Capítulo - 33
Capítulo - 34
Capítulo - 35
Capítulo - 36

Capítulo - 37

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By Franciane_Souza

Desde o jantar oferecido por minha irmã e o meu cunhado, que eu não pude deixar de pensar em tudo que ela me disse a respeito da nossa avó. E por mais que isso seja algo desagradável a se pensar, tenho que concordar que Dona Laura sempre procurou uma forma de tentar me controlar, mas não posso me eximir da culpa de ter permitido que isso acontecesse.

Quando era adolescente e até pouco tempo atrás, antes de abrir os meus olhos para o erro que eu poderia estar cometendo se a Ana não tivesse voltado, eu não via de fato o que a minha avó fazia como um problema, mas hoje, analisando as ações dela desde aquela época, não consigo classificar as suas atitudes diferentes de manipulação e obsessão quanto a querer que eu fosse um Sacerdote.

E isso me faz perceber que ela nunca se importou com o que eu penso, com o que desejo e muito menos com o que poderia me fazer feliz. Porque se assim fosse, ela estaria feliz por mim da mesma forma que deveria ter ficado pelo próprio filho que também sofreu essa pressão por parte dela, mas que diferente de mim, soube o momento certo de retomar as rédeas da própria vida não desistindo por tanto tempo do amor da minha mãe e consequentemente da família que somos hoje.

Não quero forçá-la a aceitar as minhas escolhas, quero apenas que as respeite. Só que não saber se ela realmente conseguiu entender depois da conversa que tivemos, que a minha felicidade é estar ao lado da mulher que eu amo e não sendo um Sacerdote como tanto queria que eu fosse, deixa-me muito preocupado por apenas imaginar que ela possa ser capaz de fazer algo para prejudicar o meu relacionamento com a Ana.

Mas eu quero acreditar que a minha avó tenha entendido e que a partir de agora começará a compartilhar comigo a minha felicidade, compreendendo que esse sentimento tão avassalador que me domina, parece nunca ser o suficiente, justamente por eu sempre querer mais da única mulher que foi capaz de ter o meu coração em suas mãos. E isso não é uma questão de dependência emocional, mas de saber que posso sim ser feliz sozinho, porém decidi fazer isso ao lado da mulher que eu escolhi amar, entregando-me completamente para ela da mesma forma que ela fez o mesmo escolhendo me amar.

Eu até posso estar sendo exagerado quanto a isso, mas a verdade é que desde que me conheço por gente, ninguém conseguiu chamar a minha atenção a ponto de fazer com que o meu coração acelerasse mais rápido, ou que me fizesse desejar ou até mesmo conhecer outras pessoas. E hoje acredito que cada um tenha mesmo o seu destinado, onde uns dão sorte de conhecer a pessoa correta para se tornar completo e outras, infelizmente não.

O que me leva a crer que Deus sempre esteve me apontando à direção certa de onde o meu coração deveria estar, e agora eu tenho certeza que nunca foi usando uma batina e muito menos ser chamado de Padre, mas sim me permitindo amar e ser amado, não como um Pastor de um rebanho e sim um homem casado para futuramente poder ser chamado de Pai.

Talvez eu esteja pensando tanto nisso, justamente por estar embarcando no início da tarde para New York tendo que ficar três dias longe da minha noiva. Ainda mais por ver o quanto ela esteve preocupada quanto a essa viagem a ponto de passar mal devido a ansiedade. Fato que me deixou muito preocupado em saber que precisarei deixá-la sozinha, mesmo que eu tivesse tentado convencê-la a ficar na casa de seus pais durante este fim de semana até que eu voltasse.

Mas a verdade é que o meu coração está me dizendo para não ir a esta viagem, que eu já tomei a minha decisão em não me consagrar e que não será passando três dias, isolado sem comunicação externa, ao lado dos meus colegas de Seminário ou ser entrevistado pelo Arcebispo que me fará mudar de ideia. Pois a única coisa que eu quero é que este mês passe o mais rápido possível para que eu possa me casar com o amor da minha vida e fazê-la para sempre minha.

Balanço a cabeça tentando afastar todos os pensamentos estranhos que a rondam e respiro fundo, conferindo mais uma vez o que irei levar na viagem e decido pegar a caixinha de presente que Ana me entregou e a guardo no closet, para não correr o risco de perdê-la ou ter a infelicidade da minha bagagem ser extraviada de alguma forma. Acabo sorrindo imaginando o que possa ser, mas eu prometi que não abriria até que eu voltasse e por mais que eu queira muito saber o que há dentro, ainda mais por ser tão leve, não quebrarei a promessa que fiz ao meu Anjo.

- Christian?! Onde você está? - Sorrio ouvindo a sua voz doce e melodiosa ressoar pelo quarto.

- Estou no closet, Amor! - Viro-me para recebê-la em meus braços, vendo o seu sorriso que sempre me tira o fôlego.

- Acabei de falar com a sua mãe, e ela pediu para irmos um pouco mais cedo para não correr o risco de nos atrasarmos e você perder o voo.

- Eu não me importaria em perder o voo.

- Eu também não queria que fosse para essa viagem, Amor, mas você tem que encerrar esse ciclo da sua vida para podermos começar um novo sem nenhuma pendência.

- Certo.

Fico absorto por um momento, apenas admirando o seu rosto, os seus olhos azuis cristalinos e os seus lábios perfeitos, como se fosse necessário reforçar e gravar cada detalhe em minha memória.

- Christian, você está me ouvindo?

Sua voz risonha faz com que eu volte a focar em seus olhos por poucos segundos e sem conseguir controlar, tomo os seus lábios nos meus, fazendo-a arfar pelo meu movimento súbito, mas sou correspondido com a mesma vontade que sempre tenho dela, até que seja necessário nos afastar para podermos respirar.

- Desculpe-me, meu Anjo... - Deixo a minha barba arranhá-la delicadamente, enquanto distribuo beijos em sua pele alva, fazendo-a se arrepiar e segurar firme nos cabelos da minha nuca assim que sente o deslizar da minha mão pela lateral do seu corpo, até alcançar a sua coxa desnuda. -... Mas a única coisa que quero ouvir agora serão os seus gemidos, chamando o meu nome enquanto goza no meu pau.

- O que foi... Christian... - Ela morde em seu lábio e volta a fechar os olhos, interrompendo o que iria dizer no momento que a minha mão invade a sua calcinha e começo a estimulá-la. - Quando foi que você ficou... Ah... Tão safado assim? - Sua voz manhosa me deixa completamente duro e incomodado por estarmos vestidos demais.

- Talvez eu sempre fosse... - Mordo em seu pescoço, não me preocupando se ficará marcado e continuo a acariciá-la, sentindo-a completamente molhada e ouvindo os seus arfares em meu ouvido, deixando-me ainda mais sedento por ela. - Só que isso ficou tanto tempo adormecido dentro de mim que agora, o que tenho de você nunca é o suficiente, meu Anjo Endiabrado.

Sussurro as duas últimas palavras e mordo no lóbulo de sua orelha, fazendo-a estremecer e me afasto, ouvindo o seu protesto por ter parado com os estímulos e a pego em meus braços, levando-a para o nosso quarto, assustando-a.

- Christian!

- Preciso de você agora, meu Amor!

Deito-a na cama e chuto os meus sapatos para longe, vendo a sua face ruborizada, o que nada tem haver com timidez ou vergonha, enquanto morde o lábio inferior e os seus olhos ávidos me observam tirar a jaqueta, mas rapidamente ela se levanta, parando a minha frente e interrompendo os meus movimentos quando começo a abrir os botões da minha camisa.

- Deixe-me fazer isso!

Vagarosamente, como se fosse para me torturar e demonstrando não ter a mesma pressa que eu no momento, ela começa a abrir a minha camisa, beijando rapidamente os meus lábios, desviando para o meu pescoço e deixando mordidas por onde os seus dentes passam. Sinto o arranhar de suas unhas em meu abdômen, fazendo-me contraí-lo e meu pau latejar, doendo e carente de atenção.

Tenho a peça retirada do meu corpo e jogada em qualquer lugar, que não faço questão de saber onde, estando ocupado demais sentindo os seus lábios por meu peito e abdômen, enquanto as suas mãos delicadas, abrem o meu cinto e a minha calça, descendo-a junto com minha boxer, e sem demora as chuto para o lado, tendo o mesmo destino que a minha camisa poucos segundos antes.

Um sorriso perverso toma conta de seus lábios, carregado de promessas e luxúria, e logo sinto os seus dedos delicados contornando minha extensão que está quente como brasa, com movimentos firmes e cadenciados, fazendo-me estremecer e chiar entredentes pelo tesão abrasador que me deixa sem controle. Mantenho os olhos fixos nos seus, e num misto de inocência e perversão, assisto-a se abaixar lentamente a minha frente me deixando ciente da sua intenção clara em me levar a loucura.

- Ana!

Um gemido estrangulado me escapa no momento que a sua língua circula a minha glande, saboreando-me, provocando-me como se sentisse prazer em me torturar sempre um pouco mais. Jogo a cabeça para trás e minhas mãos se emaranharam em seus cabelos e sinto o calor de sua boca me chupando, deixando-me ainda mais insano do que eu estava.

Ouvir os seus gemidos vibrar em meu pau, enquanto me tem em sua boca e sua mão masturbando o que não consegue me levar, faz com que eu abra os meus olhos e encontre os seus fixos em mim, absorvendo cada reação que tenho, sendo uma visão deliciosamente pecaminosa da qual não tenho a mínima intenção de me confessar.

A minha respiração pesada e o contrair involuntário do meu abdômen faz com que os seus olhos brilhem de uma forma selvagem, satisfeita por saber o que é capaz de fazer comigo, ciente que me tem total e irrevogavelmente rendido as suas vontades, mesmo que no momento seja ela a estar ajoelhada aos meus pés.

Gemidos cada vez mais descontrolados me escapam à medida que a sua língua desliza por toda a minha extensão e os seus dentes arranham a minha pele, deixando-me ainda mais sensível, antes de ser novamente sugado avidamente para o interior quente de sua boca voraz, fazendo-me entrar em desespero para gozar.

- Ana! Se você não... Porra!

Ela intensifica os seus movimentos não permitindo que eu me afaste, mas não quero gozar agora e acabar com a brincadeira mais rápido do que estou disposto a encerrar no momento, e buscando o mínimo de lucidez que ainda me resta, afasto-me do calor gostoso de sua boca e a ajudo a se levantar, observando-a totalmente vestida com o rosto corado, os seus lábios vermelhos e levemente inchados, obrigando-me a respirar fundo antes de sucumbir ao desejo que vejo em seus olhos.

Vendo que conseguiu com maestria me deixar a beira do precipício, dá um passo atrás e morde no lábio sem desviar o olhar dos meus, levando a mão as suas costas para abrir o seu vestido, que não demora a se juntar as minhas roupas que estão espalhadas pelo chão. Devoro os seus seios, que parecem maiores e mais apetitosos, fazendo a minha boca salivar para sentir o gosto doce de sua pele clara em minha língua.

- Você gosta de fazer com que eu chegue ao meu limite, não é?

- Você não imagina o quanto, Amor!

Quem sorri de forma perversa agora sou eu, e com um movimento rápido acabo com a curta distância que ela impôs para se despir e a agarro com força e avidez, fazendo-a arfar em meus lábios que tomam os seus com um fogo e euforia desmedida. É sempre assim! Desde a primeira vez que a tive em meus braços depois que ela voltou de Milão, que voltou para a minha vida e que me fez entender que aqui é o meu lugar. Mergulhando em seus lábios, sentindo a sua língua na minha, o calor do seu corpo se esfregando no meu, elevando ainda mais o desejo, a paixão avassaladora que nos consome e o amor que nos domina.

- Christian! - Seu choramingo ofegante quando a empurro na cama me deixa ainda mais selvagem, mas preciso me conter para o que pretendo e irei fazer.

- Eu sei Amor!

Sem demora, subo na cama e pairo sobre o seu corpo pecaminoso e volto a beijá-la, mas logo me afasto apenas para fazer isso em seu pescoço, que não hesito em mordiscar o suficiente para ouvir os seus gemidos, arqueando o corpo quando tomo um dos seus seios em minha boca e saboreio com a língua o seu mamilo rosado.

Faminto! É assim que me sinto estando tão imerso na nevoa libidinosa que nos cerca, o que faz com que a simples lembrança que um dia eu fui um Seminarista pareça algo tão distante, como se não fosse eu que estivesse naquela posição por tanto tempo. Ignoro o amargo que essa época me traz e continuo brincando com os seus seios, alternando entre um e outro, mordendo-os, chupando-os, lambendo-os e constatando que sim! Eles estão maiores e ainda mais lindos, se isso é possível.

- Oh... Christian...

Seu lamento sôfrego me mostra o quanto ela está mais sensível e um gemido me escapa, deliciado com a doçura e a maciez de sua pele, mas preciso de mais. Preciso sentir ainda mais o seu sabor.

- Calma, meu Anjo!

Continuo descendo os lábios por seu corpo febril e sinto uma imensa necessidade de beijar o seu ventre, para que ela sinta toda a devoção e amor que exala por cada poro do meu corpo, que pertence totalmente a ela.

- Christian!

Ela abre os olhos e os fixam em mim, assim que rasgo a renda delicada de sua calcinha com minhas mãos. Não falo nada, apenas sorrio de lado e acaricio a sua intimidade, admirando-a e massageando com o polegar o seu clitóris que está entumecido e meus ouvidos são presenteados com seus gemidos manhosos.

Seguro em suas coxas grossas e engulo em seco com tamanha perfeição, e me sinto sedento, vendo o quanto ela está encharcada e muito quente, e não me faço de rogado, devorando-a com os meus lábios e língua como se eu estivesse beijando a sua boca, chupando-a e gemendo como um selvagem por sentir o seu sabor tão doce e que me deixa ainda mais viciado.

- Ohh... Céus! Christian!

Um rosnando reverbera por minha garganta, vibrando em seu clitóris e tenho meus cabelos puxados com força no momento que ela começa a rebolar em minha boca, gemendo mais alto, numa luta em me afastar e me puxar ainda mais de encontro ao seu centro. Sua entrega apenas me faz ainda mais ávido e sem piedade a devoro, sentindo o seu corpo tremer e arquear entrando em combustão, explodindo num orgasmo intenso e gritando o meu nome, o que me deixa insano e tão rápido quanto possível, seguro os seus quadris e a penetro numa única estocada firme e dura, podendo sentir ainda os seus espasmos de prazer estrangulando o meu pau em sua boceta apertada e encharcada.

- Porra, Ana! Tão apertada! Tão gostosa!

Tomo os seus lábios tão libidinoso e com a mesma impetuosidade que devorava a sua boceta que agora me aperta, sugando-me a ponto de me fazer gemer em sua boca. Começo a me movimentar de forma lenta e profunda e suas unhas cravam em minhas costas de forma deliciosamente dolorosa.

Ela envolve os meus quadris com suas lindas e longas pernas e isso facilita para que eu vá ainda mais profundo, sentindo ainda mais do seu interior quente e escorregadio. A pressão é intensa demais, levando-me próximo ao precipício mais uma vez. Afasto-me de seus lábios e os seus olhos se encontram com os meus.

Não precisamos de palavras, pois a intensidade que nos envolve, o suor de nossas peles e o brilho dos seus olhos que estão com as pupilas dilatadas pelo desejo - que não devem estar diferentes dos meus -, pelo prazer e pelo arrebatamento que se aproxima é o suficiente, como se disséssemos "Eu te amo" sem necessidade de ser verbalizado.

Ana volta a me puxar de encontro aos seus lábios e meus movimentos se tornam mais frenéticos, desesperados e necessitados. É demais para suportar, para conter, e o aperto em volta do meu pau se intensifica ainda mais e somos obrigados a nos afastar sentindo a respiração pesada demais, sufocante demais e o momento se torna mais selvagem e abrasador quando mais um orgasmo a arrebata, arrastando o meu prazer e mesclando com o seu, assim como os nossos corações e as nossas almas que também estão entrelaçadas.

[...]

- Pelo visto o senso de responsabilidade e compromisso também foi esquecido por você, não é Christian? - Ignoro o tom amargo da minha avó e apenas a cumprimento, depois de tanto tempo sem vir à casa dos meus pais, justamente para evitar esses comentários ácidos de sua parte.

- Como tem passado Vó? - Afastamo-nos do abraço e vejo como ela olha para Ana, que está cumprimentando a minha mãe, mas logo tenho novamente a sua atenção, que sorri e acaricia o meu rosto.

- Não muito bem, mas sei que em breve tudo estará em seu devido lugar. - Assinto mesmo não entendendo o que ela está dizendo, mas opto por não questionar e a acompanho até a sala de jantar.

- Meu pai disse que a Senhora precisou ir a New York, aconteceu alguma coisa? - Ela dá um tapinha na minha mão e nega com a cabeça, sentando-se na cadeira que afastei para ela.

- Não aconteceu nada, meu Neto, eu só queria passar alguns dias na minha casa, ainda mais depois que você resolveu abandonar a sua família por causa daquela menina. - Respiro fundo e Ana me olha, pois nesse momento ela acaba de entrar na sala de jantar com a Melissa, e nega com a cabeça para que eu não entre nas provocações da minha avó.

- É justamente por causa desses comentários desnecessários que o meu filho resolveu se afastar, Laura. - Minha mãe, que também ouviu o que ela disse é quem a responde, fazendo com que minha avó faça uma cara desgostosa.

- Não comece com isso, mãe! Espero que consigamos ter um almoço em família tranquilo, como há muito tempo não fazemos. - Meu pai a repreende ocupando o seu lugar à mesa, e ela decide permanecer calada.

- E como está o andamento da sua negociação com aquela rede de Academias, Christian? - Sorrio agradecido por Andrew mudar de assunto, interrompendo a tensão que começou a pairar antes mesmo de começarmos a nos servir.

- Terei uma nova reunião com o irmão e sócio do antigo proprietário na próxima semana, assim que eu retornar de New York, mas agora será apenas questão de ajustes no contrato e poderei me considerar o novo proprietário da Extreme Sport Fitness.

- Apesar das circunstâncias para que esteja à venda, é muito interessante você adquirir um negócio do qual já começará a ter retorno do seu investimento. - Meu pai, que avaliou as cláusulas do contrato de compra e venda junto com Andrew, chama a nossa atenção e assinto.

Realmente é uma situação complicada, afinal, a rede de Academias Extreme Sport Fitness, que têm quatro unidades, sendo a matriz aqui em Washington e as filiais em Seattle, Portland e Vancouver, só está à venda porque o proprietário sofreu um grave acidente de motocicleta há 3 meses e faleceu 15 dias depois do ocorrido. O seu irmão mais velho e também sócio decidiu que seria melhor vender, uma vez que as Academias eram o sonho do seu falecido irmão e não dele que entrou na sociedade apenas para ajudar e incentivá-lo.

Sendo um negócio ativo com um faturamento mensal considerável e viável, pois a carteira de alunos também será repassada para o novo proprietário que a adquirisse - uma vez que a nova administração em nada impactará para os usuários -, foi muito satisfatória e depois de analisar os números com o meu pai e o Andrew cheguei à conclusão que esse é um excelente negócio do qual pretendo me dedicar, pois viver trancado em um escritório de terno e gravata, definitivamente não é para mim que fiquei muitos anos me sentindo sufocado com o uso da clérgima.

- Foi exatamente isso que pensei Pai, porque sinceramente eu estava ficando irritado por não encontrar nada para investir o meu dinheiro e o meu tempo. Ainda mais estando ciente que as minhas formações acadêmicas em nada agregariam para que eu pudesse ingressar no mercado de trabalho.

- A Academia do nosso condomínio é muito boa, não posso negar, mas sempre gostei de frequentar a Extreme, o que continuarei fazendo, ainda mais agora que não precisarei pagar as mensalidades, não é verdade, Maninho? - Sorrio e nego com a cabeça, pois nem oficializei a compra e Melissa está querendo se aproveitar das vantagens que ainda não tenho.

- Não sei por que você está perdendo tempo com isso, será um investimento inútil. - Minha avó resmunga, mas não baixo o suficiente, pois todos ouviram e Ana franze o cenho, encarando-a.

- Inútil por que, Dona Laura? - Minha avó não direciona o olhar para a minha noiva, fingindo que não escutou a sua pergunta, mas Ana continua. - Acredito que independente de qual ramo de atividade que o Christian escolher para investir, será válido pela tentativa que ele está fazendo em conquistar de vez a sua independência, não apenas pelo retorno financeiro que com certeza terá, mas como uma forma de se libertar de vez de amarras físicas e emocionais de uma profissão que nunca foi à opção sincera dele, a Senhora não acha?

- Não, eu não acho! - Minha avó é rude, mas antes que eu a interrompa, ela continua. - Mas não entrarei nesse mérito com você, Menina, porque logo todos perceberão quem tinha razão sobre as escolhas do meu neto.

- O que a Senhora está querendo dizer com isso? - Ana questiona igualmente rude, e quem franze o cenho sou eu, pois ela é sempre comedida, inclusive com as provocações da minha avó. - Fale diretamente, Dona Laura! Não vejo a necessidade de falarmos em enigmas ou códigos sem qualquer nexo, ainda mais estando todos em família.

- Não seja ingênua, Menina! O meu neto estará embarcando em algumas horas para um retiro espiritual para se libertar da tentação que o apossou desde que você retornou de Milão, local de onde nunca deveria ter saído! - Minha avó altera o tom de voz e um silêncio incômodo preenche brevemente a sala, que começou a ficar sufocante de repente.

- A Senhora está enganada, Vó. - Mantenho o tom de voz baixo, mesmo estando irritado por ser sempre a mesma coisa, mas firme para que ela possa entender. - Estarei indo para este retiro justamente para me desligar de qualquer vínculo que ainda me mantenha preso ao Seminário, o que acho desnecessário uma vez que a minha decisão não mudará quanto ao meu casamento com a Ana. - Minha noiva respira fundo algumas vezes e seguro a sua mão, que está gelada, tentando acalmá-la, mas ela se levanta bruscamente da mesa e sai correndo da sala. - Ana! - Levanto-me para ir atrás dela, mas a voz da minha irmã interrompe os meus passos.

- Deixe que eu converse com ela, Christian! - Não consigo contestar, pois Melissa não espera que eu o faça, porém não há razões para este almoço continuar.

- Obrigado, Mãe e Pai, pelo almoço, mas voltarei para o meu apartamento com a minha noiva até o horário que precisarei seguir para o aeroporto.

- Tudo bem, meu Filho. - Minha mãe me dá um sorriso triste e constrangido, mas nada disso é culpa dela.

- Não seja dramático como aquela menina, Christian! Sente-se e vamos terminar o nosso almoço, pois faz quase dois meses que você não se senta a mesa conosco. - Fecho os olhos e massageio as minhas têmporas para não ser desrespeitoso com a minha avó.

- E enquanto a Senhora não aprender a respeitar a Ana e entender que em alguns dias ela será a minha esposa, isso não voltará a acontecer, Vó. - Ela faz uma carranca e me avalia minuciosamente.

- Você realmente mudou Christian, pois enquanto era um cordeiro de Deus jamais foi desrespeitoso dessa forma.

- Realmente eu mudei... Não! Na verdade eu acordei e agradeço por isso, pois cansei de ser tratado como um incapaz que não tem vontade própria. Agora eu sou dono das minhas próprias decisões e ninguém, Vó, absolutamente ninguém vai me fazer a voltar a ser como eu era antes. E pela enésima vez, não quero mais ouvir falar em Seminário, Ordenação ou Sacerdócio, pois isso não irá acontecer, estamos entendidos?

- Se você quer acreditar nisso, tudo bem. - Respiro fundo mais uma vez e me viro assim que ouço Ana, que está muito pálida, e minha irmã retornarem para a sala.

- Está tudo bem, Amor? - Ela me dá um sorriso contido e assente ao me abraçar, mas direciona a sua atenção para os meus pais.

- Grace, Carrick, desculpem-me, mas irei esperar o Christian na casa dos meus pais, até o... - Nego com a cabeça a interrompendo.

- Irei com você. - Ela assente, e o meu pai que estava em silêncio e muito decepcionado com as atitudes da minha avó, levanta-se também da mesa e se aproxima com a minha mãe.

- Faça uma boa viagem, Filho. - Apenas assinto, e ele direciona um olhar duro para a minha avó. - Acompanhe-me até o escritório, por favor, Mãe! - Ele não a espera, mas minha avó se levanta o seguindo, sem olhar para ninguém que está na sala.

- Desculpem-me, por isso, meus filhos, eu pensei que esse almoço poderia ser agradável, mas como sempre, quando se trata da Laura não podemos prever o que ela irá aprontar.

- Não se preocupe Grace. Sinceramente, as atitudes dela não nos surpreendem mais, mas confesso que me assustam de uma forma que não consigo explicar.

- Tenho que concordar com a Ana, Mãe. - Melissa abraça o marido, que também se levantou da mesa, sendo que o almoço acabou da forma que não deveria ter acabado. - A vovó está totalmente fora de controle, e antes eu apenas achava que era uma fixação religiosa degenerada, mas vejo que isso vai muito além, pois estou começando a acreditar que a única solução para o caso dela, é internação em um manicômio.

- Não fale assim, Melissa! Por mais que o seu pai não concorde com as atitudes da sua avó, ela ainda é mãe dele, e isso pode deixá-lo magoado. - Melissa revira os olhos e nega com a cabeça.

- Tenho certeza que a paciência do papai está acabando, assim como a do ex-Santo Imaculado, vulgo meu irmão, acabou faz tempo, e não duvido que ele seja a primeira pessoa a querer interná-la, porque a vovó realmente está passando de todos os limites. - Ignorando a provocação da minha irmã em me chamar de "ex-Santo Imaculado", tenho que concordar com ela, infelizmente.

- Mais uma vez, desculpem-me por ter acabado com o almoço de vocês, mas eu realmente não estou me sentindo bem e quero ir para casa. Esperarei no carro, Amor! - Ana pega a chave do carro no meu bolso e não espera que eu fale nada, deixando-me preocupado e me sentindo culpado por ter que viajar e deixá-la passando mal.

- Filho, a Ana está...

- Estressada com toda essa insistência absurda da vovó, Mãe. E sinceramente, a Ana é muito controlada e educada, mesmo que ela não deixe de responder a altura, porque se fosse eu, já teria explodido com a minha avó há muito tempo. - Melissa interrompe a nossa mãe e responde por mim, fazendo-me soltar um suspiro resignado, mas não quero mais prolongar esse assunto, que também me deixa muito magoado e irritado.

- Irei levá-la para casa para que possa descansar um pouco, Mãe. E... Melissa será que você poderia passar no apartamento nesses dias que ficarei fora? A Ana não tem se sentido bem e se recusou a ficar na casa dos meus sogros. - Minha irmã sorri e assente vindo me abraçar.

- Não se preocupe irmãozinho, cuidarei dela. Então apenas faça o que tiver que fazer e volte logo, livre de qualquer compromisso que ainda possa ter com o Seminário. - Sorrio ao receber um beijo no rosto, e minha mãe também vem me abraçar.

- Eu sei que você ficará incomunicável, mas não precisa se preocupar. Ainda temos alguns detalhes para resolver sobre o casamento de vocês, então faremos o possível para mantê-la ocupada nesses três dias.

- Obrigado, Mãe!

Minha mãe sorri e assente, despeço-me do meu amigo e saio da sala rapidamente, assim que ouço os passos da minha avó se aproximando, mas não quero mais discutir ou perder mais tempo aqui. Quero apenas voltar para casa e ficar com a minha futura esposa até a hora do embarque.

E sinceramente, se não fosse o senso de dever que eu ainda tenho em querer fazer tudo de forma correta, com toda certeza eu não faria essa viagem. Porém a Ana tem razão em dizer que preciso encerrar esse ciclo da minha vida, para iniciarmos um novo sem qualquer amarras ou pendência que me faça lembrar que quase cometi o erro em me entregar ao Sacerdócio.

E dessa forma poderei ser verdadeiramente feliz e não precisarei mais ficar preocupado em estar Entre o Dever e o Amor da minha vida, porque sempre foi e sempre será ela!

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