POV EVA DAVIS
Nova Iorque.
Essa cidade era meu sonho de consumo desde que eu era uma criança e agora que estou aqui parece que ainda estou sonhando. Depois de crescer em uma cidadezinha no interior do Colorado e encarar a cidade grande de Fort Collins aos 16 anos quando decidi cursar arquitetura parecia fácil, eu sentia que poderia fazer o que quisesse mas agora eu estava surtando por estar recomeçando a minha vida do zero.
Me encolhi no banco de trás daquele táxi ao pensar sobre isso mas eu não sabia dizer se era pelo frio ou pelo medo.
Fui chamada para uma entrevista de emprego na C.A.S, uma empresa de arquitetura renomada de Nova Iorque e tudo graças a minha melhor amiga Samantha Jones.
Nos conhecemos durante a faculdade quando eu tinha acabado me mudar para o campus e estava completamente sem dinheiro e sem saber onde ficar. Samantha por outro lado era bem resolvida e morava sozinha em um apartamento de frente ao campus e coincidentemente estava procurando alguém para dividir as despesas do lugar e por sorte nossos destinos se cruzaram.
Sam cursava jornalismo e eu arquitetura e nossa amizade veio no momento em que eu mais precisava.
Quando entrei na faculdade, eu estava em crise no meu relacionamento com o Travis que até então era o meu namorado e se não fosse pela Samantha sempre me apoiando e me dando conselhos -conselhos esses que eu não seguia-, eu não sei o que teria sido de mim, mas nem tudo que é perfeito dura pra sempre.
Depois de alguns anos Samantha se formou e se mudou para viver o grande sonho de ser uma jornalista de grande sucesso e por isso hoje ela é uma das repórteres mais renomadas da CNN e vive todo o glamour que só Nova Iorque pode proporcionar, já eu por outro lado, estou atrasada correndo atrás do meu sonho e indo morar com ela.
Minha entrevista de emprego na C.A.S estava marcada para segunda-feira a tarde mas recebi uma ligação informando que a entrevista havia sido antecipada e eu só tive tempo de pegar o primeiro voô para Nova Iorque deixando toda minha mudança para trás.
Quando o táxi parou em frente ao endereço que entreguei eu mal pude acreditar no que estava na minha frente.
Samantha havia me falado que estava morando em um pequeno condomínio no centro da cidade mas de pequeno aquilo ali não tinha nada. Era uma mansão de dois andares totalmente moderna e chique. Fiquei parada feito uma boba em frente ao hall de entrada antes de criar coragem para entrar e bater na porta.
Toquei a campanhia e esperei.
— Eu não estou interessada em nada... — Samantha disse abrindo a porta de supetão e ao me ver arregalou os olhos e automaticamente eu sorri largando minha mala no chão e pulando nos seus braços. — Eva? Meu deus, Eva!
Samantha me apertava forte contra o seu corpo e por um segundo eu senti falta de ar.
Deus, como eu sentia falta dela.
— O que está fazendo aqui? Eu ia te buscar no aeroporto no domingo. — Samantha disse finalmente se desfazendo do abraço para me olhar.
— Minha entrevista foi remarcada e eu resolvi fazer uma surpresa. — Falei dando de ombros. — Surpresa!
— Garota, você não existe! — Samantha disse puxando a minha mala para dentro e fechando a porta. — Se eu soubesse que viria tinha preparado um jantar ou pelo menos teria arrumado a casa.
— Se eles me contratarem você vai preparar jantar para mim todos os dias. — Falei e Samantha riu debochada.
— Você ainda tem duvidas que vai conseguir esse emprego? — Samantha disse com toda aquela auto confiança que eu tanto invejava. — Mas já que está aqui eu quero saber de tudo!
— Tudo o que? — Perguntei seguindo ela até a sala que era tão grande quanto meu antigo apartamento.
Meu deus, ela tinha uma lareira?
— Porque decidiu se mudar assim de repente? Você foi muito vaga no telefone. — Samantha disse se sentando no sofá e eu fiz o mesmo. — Quer dizer, eu sempre te chamava para morar comigo e você sempre dava a mesma desculpa de sempre... Que não podia deixar toda sua vida para trás e que recomeçar seria loucura.
Olhei feio para ela.
— São suas palavras, não minhas. — Samantha disse erguendo as duas mãos tentando se defender.
— Eu falei para você. Cansei de Denver e do meu emprego chato. — Falei enquanto Samantha me encarava desconfiada. — Estou cansada de morar de aluguel e de olhar para as mesmas pessoas todos os dias.
— Você acha que me engana, Evangeline? Desembucha, o que aconteceu? — Samantha perguntou e eu joguei a cabeça para trás.
Por mais que a gente só se visse apenas nos feriados comemorativos como ação de graças e no dia do trabalhador, a minha melhor amiga me conhecia como ninguém.
— Promete que não vai dizer "eu te avisei"? — Perguntei e Samantha levantou o dedinho mindinho mostrando que prometia. — Travis e eu terminamos.
— Eu sabia! — Samantha disse animada como se tivesse acabado de marcar um gol decisivo no final do jogo. — O que aquele babaca fez?
— Descobri que ele estava me traindo. — Falei e Samantha me interrompeu.
— E o que mais? — Samantha perguntou e eu olhei para ela confusa. — Para com isso, Eva. Você sabia que ele te traia desde a faculdade e nunca nem se quer chegou perto de terminar com ele. Alguma coisa séria aconteceu, pode me falar.
Séria a primeira vez que eu falaria sobre isso.
— Ele tinha outra família. Uma mulher e um filho. — Respondi sentindo um nó se formar na minha garganta.
— Mas que filha da puta!? — Samantha falou com tanto ódio em sua voz que eu sentia que ela poderia pegar o carro e dirigir 20 horas para chegar em Denver e socar a cara de Travis. — Como você descobriu?
— A escola do garoto ligou lá para casa, ele tinha passado mal e o Travis não atendia o telefone e nem a mãe do garoto. — Falei sentindo uma vergonha enorme me consumir.
— Escola? Quantos anos esse garoto tem? — Samantha perguntou e eu engoli seco antes de responder.
— Quatro. – Respondi abaixando a cabeça totalmente envergonhada.
— Eva! — Samantha levou a mão até a boca chocada.
— E o pior de tudo foi que eu tive que ir até lá socorrer o garoto e leva-lo para o hospital. — Falei mordendo o lábio inferior tentando segurar a vontade de chorar. — Fiquei com o garoto até que os dois apareceram juntos e a mulher sabia sobre mim.
— Eu sinto muito. — Samantha disse passando a mão pelo meu ombro tentando me reconfortar.
— Eu sei, eu sei. Talvez a culpa tenha sido minha por eu ter pressionado tanto ele com a historia de casamento e por isso ele preferiu encontrar outra que não se importasse com isso e que desse a família que ele sempre quis. — Falei com um sorriso fraco.
Um dos maiores sonhos de Travis era ser pai mas eu por outro lado nunca quis ter filhos e sempre tinha deixado isso claro desde o início do nosso relacionamento mas por alguma razão ele achou que eu mudaria de ideia mas eu nunca mudei.
— Você está ouvindo o que está dizendo? — Samantha perguntou e eu desviei o olhar, eu odiava falar sobre isso. — Vocês estavam juntos a quanto tempo? Doze anos?
— O que? Não! Dez. — Corrigi imediatamente.
— Desde a faculdade eu não ia com a cara daquele cretino. — Samantha disse pulando do sofá e indo até a cozinha fiquei sem saber se deveria segui-la mas ela logo apareceu com duas taças e uma garrafa de vinho.
— E eu deveria ter te escutado há anos atrás. — Falei enquanto Samantha servia a taça de vinho e me entregava. — Teria poupado muita dor de cabeça.
— Mas agora você terminou com aquele babaca e podemos comemorar. — Samantha disse erguendo a sua taça para um brinde.
— Comemorar o fim do meu relacionamento? — Perguntei rindo assim que ela brindou e levou a taça até os lábios dando um grande gole, eu permaneci imóvel achando graça.
— Comemorar que você está solteira em uma cidade nova! — Samantha disse animada. — Sabe como é solitário ficar nessa cidade sozinha?
— Sozinha? — Não me segurei e ri. Samantha era a pessoa mais sociável e carismática que eu conhecia, se você passasse cinco minutos com ela era capaz de você contar toda a sua vida e ainda receber os melhores conselhos. — Você se mudou faz quatro anos, vai me dizer que não fez amizades?
— Mas nenhuma delas é você. — Samantha disse me abraçando e beijando a minha bochecha.
— Que bom que não fui substituída. — Falei fazendo drama.
— Eu preciso te apresentar ao pessoal. — Samantha disse colocando a taça sobre a mesinha e pegando o celular. — Acho que estão todos na boate, você vai adorar lá. Se arrume.
— Opa, opa! — Falei colocando a taça de vinho intocada em cima da mesinha. — Amanhã de manhã eu tenho uma entrevista na C.A.S e eu estou exausta do vôo e ainda tem o fuso horário.
— Tá legal, por hoje você está liberada. — Samantha disse apontando o indicador para mim de forma ameaçadora, eu sabia que lá vinha bomba. — Mas amanhã vou vai para a festa do nosso vizinho.
— Eu posso pensar antes de aceitar esse convite? — Perguntei e Samantha balançou a cabeça.
— Não é um convite, é uma intimação. — Samantha disse e eu rolei os olhos. — Você está enferrujada. Há quanto tempo você não vai para uma festa? Vivendo com o crápula do Travis, você precisa de uma desintoxicação.
Ela tinha razão fazia muito tempo.
— Você precisa se libertar dessa Eva sem graça. — Samantha disse me segurando pelos ombros e me chacoalhando.
Empurrei suas mãos de mim antes que eu ficasse tonta.
— Tudo bem, você venceu. — Falei rolando os olhos. — Além do mais, eu preciso conhecer os vizinhos já que vou me mudar definitivamente para cá.
[...]
O sol batia diretamente no meu rosto.
Meu corpo estava tão cansado que nem se quer tive forças para levantar e fechar a cortina, por isso escolhi a opção mais fácil, puxei o travesseiro e cobri o rosto.
Mas foi então que minha ficha caiu e eu acordei em um pulo, meu celular marcava 05:48 da manhã mas o sol estava raiando.
Me virei e vi que no relógio digital em cima da cabeceira marcava 07:48.
— Merda. — Joguei o lençol para longe e corri para o banheiro.
Eu estava péssima e não podia aparecer daquele jeito na minha entrevista de emprego.
Lavei o rosto, escovei os dentes e fiz uma maquiagem básica apenas para esconder as olheiras.
A minha sorte foi que eu havia separado a roupa que eu iria usar ontem a noite. Quando sai do banheiro o relógio marcava 08:05.
Eu tinha apenas 25 minutos para chegar lá.
Vesti a cinta liga e em seguida minha saia azul e calcei os saltos. Minha pasta com os desenhos e os projetos estavam em cima da mesa de jantar, deixei tudo lá depois de mostrar desenho por desenho a Samantha e ela elogiar dizendo que aquele emprego era meu.
Bom, se eu me atrasar para a entrevista duvido que eles me contratem.
O relógio marcava 08:10.
Não daria tempo de eu chamar um táxi, eu só iria me atrasar ainda mais. Peguei a blusa de botões e vesti sem nem ao menos fecha-los e fui correndo ao quarto de Samantha.
— Sam, acorda! — Falei empurrando seu ombro, ela resmungou e abriu os olhos. — Eu preciso do seu carro, estou atrasada. Você se importa?
— A chave está na cozinha. Agora me deixe dormir. — Samantha disse se virando para o outro lado e eu só agradeci e desci as escadas fechando os botões da minha camisa o mais rápido possível.
Vi a chave pendurada e corri até lá pegando a pasta com os projetos e indo até a garagem.
Joguei tudo no banco do passageiro e dei a partida no carro, o portão automático se abriu e quando dei a marcha ré eu vi um conversível estacionado bem na saída da garagem.
Pelo retrovisor, dava para ver que o motorista estava dentro do carro conversando com uma mulher que passava pela rua. Buzinei para chamar sua atenção mas ele simplesmente me ignorou e fingiu que não ouviu e se eu buzinasse mais uma vez e acordasse a Samantha ela provavelmente desceria ali para me matar e matar o babaca que dirigia aquele porsche.
Sem paciência, desci e fui até o tal motorista do carro.
— Com licença. — Falei dando a volta parando ao lado da mulher que vestia apenas um top e um short de academia. — Você é surdo ou idiota? Está batendo papo na frente da saída da garagem.
— Eu vou nessa. — A mulher disse saindo de perto de mim. — Maluca.
Olhei para a mulher totalmente desacreditada no que tinha acabado de ouvir, eu estava sendo xingada quando na verdade ela quem deveria me pedir desculpas?
O motorista do carro abaixou os óculos escuros e me olhou de cima abaixo enquanto eu esperava que ele simplesmente fizesse o mínimo que era tirar aquele carro para eu poder passar.
— Com certeza deve ser surdo. — Falei sem paciência ao ver que ele não tinha entendido. — Você pode tirar a droga do seu carro da frente?
— Você pulou dois botões. — O homem disse apontando com o indicador para o meu decote e só agora eu percebi que o pedaço do meu sutiã estava aparecendo. — Tenha um bom dia.
— Idiota. — Falei alto o bastante para que ele ouvisse mas agora ele já estava longe e minha vontade era mostrar o dedo do meio.
Espero que as pessoas de Nova Iorque não sejam mal educadas como esse babaca e seu porsche idiota.
[...]
Cheguei no prédio da C.A.S faltando 2 minutos para a reunião e eu sinceramente espero que eu não tenha levado nenhuma multa por velocidade em todo o percurso até lá ou teria que vender algum órgão para pagar a Samantha.
Enquanto o chefe da empresa estava em reunião, a secretária dele, Maureen me apresentou todo o prédio e até mesmo a minha futura sala que eu dividiria com uma tal de Bárbara.
Aquele lugar era um sonho que eu precisava que se realizasse.
— Evangeline Davis. — Escutei o meu nome e imediatamente me levantei passando a mão pela minha saia e pegando minha pasta.
Um homem alto usando terno e de cabelos quase grisalhos estava parado em frente a porta, presumi que aquele seria o CEO da empresa mas apesar dele ter cabelos grisalhos, ele não aparentava ter mais do que 45 anos.
— Oi, eu me chamo Walter. Sou o chefe de design da C.A.S. — Walter disse e assim que entrei na sala eu senti um frio no estômago e tentei controlar meu nervosismo. — Espero que Maureen tenha te mostrado tudo.
— Sim e eu tenho que dizer esse prédio é incrível. — Falei e ele apontou para a cadeira em frente a sua mesa para que eu me sentasse.
— Eu vi seus projetos e todos são muito bons. Você já trabalhou em alguma empresa como a nossa antes? — Walter perguntou sério cruzando suas mãos em cima da mesa, mostrando seu rolex que custava mais do que poderia gastar na vida.
— Eu fiz alguns projetos para a Mobi. — Falei e sentindo minhas mãos começarem a soar. — É uma empresa de imóveis em Denver.
— Já ouvi falar. — Respondeu ele curioso. — Eles já realizaram alguns projetos para nós.
— Mas normalmente eu fazia trabalhos individuais através do meu portfólio. — Respondi tentando manter a calma mas parecia que aquela entrevista estava sendo pior do que eu imaginava.
— Aqui na nossa empresa nós temos nossa própria identidade. Todos os projetos passam pelas mãos dos supervisores e temos um padrão para seguir. — Walter disse sério me deixando mais nervosa ainda. — Acha que consegue se encaixar nesse padrão?
— Eu sou muito boa em aprender.
— Era só isso que eu queria ouvir. Está contratada, seu currículo é excelente e tivemos uma carta de recomendação do seu antigo chefe que praticamente implorou para eu não contrata-la. Isso significa que você é muito valiosa e eu quero você na minha empresa. — Walter disse e eu finalmente respirei aliviada. Eu não fazia ideia que meu antigo chefe havia escrito uma carta de recomendação, aquilo me pegou de surpresa mas eu estava tão nervosa que só conseguia balançar a cabeça mas aquela tensão parecia que tinha ido embora tão rápido quanto chegou depois de ouvir aquelas palavras. — Mas por enquanto que você não pega o jeito da empresa, você vai trabalhar como consultara nos projetos que vão saindo.
— Obrigada, eu nem sei como agradecer. — Falei com um sorriso largo no rosto.
— Você é muito talentosa, Eva. — Walter disse apontando para a pasta com meus projetos. — Você ainda vai muito longe e eu jamais desperdiçaria um talento nato como você.
Não consegui conter meu sorriso.
Eu havia conseguido o emprego dos sonhos na cidade dos sonhos, o que poderia dar errado?
POV SEBASTIAN STAN
Eu havia acabado de sair da aula de Muay Thai e estava exausto, precisava ir para casa tomar um banho quente e relaxar antes dos preparativos para a festa.
Meu dia tinha começado muito bem até surgir uma maluca mal humorada para gritar comigo no meio da rua mas eu não deixaria que a maluca pelada estragasse meu dia.
Quando estava indo até a saída notei que Vanessa estava parada ao lado da catraca e a ultima vez que nos vimos foi quando eu sai de fininho do seu apartamento depois que ela implorou para dormimos de conchinha.
Eu detestava dormir de conchinha.
Olhei ao redor procurando qualquer tipo de distração e encontrei uma perfeita na esteira com seus fones de ouvido rosa choque.
— Era exatamente você quem eu estava procurando. — Falei encostando ao lado da esteira de Samanatha arrancando seus fones de ouvido.
— Eu mandei mensagem para a gente tomar café juntos. — Samantha disse ofegante enquanto diminuia a velocidade da esteira. — Onde estava?
— Eu sei tomei café em outro lugar. — Falei coçando a nuca e Samantha riu.
— É a terceira essa semana. — Respondeu sem nem olhar para mim, é claro que ela sabia que eu havia passado a noite com uma mulher.
Voltar casa de manhã cedo depois de uma transa casual, era uma rotina.
— É sexta-feira, amor. — Falei olhando para a saída a procura de Vanessa mas nossos olhares se cruzaram e ela sorriu. Merda... — Você vai para a festa hoje a noite? Contratei o melhor mixologista da cidade.
— E desde quando eu perco suas festas, Sebastian? Além do mais você precisa conhecer a Eva. — Samantha disse e imediatamente eu franzi o senho.
— Sua amiga do Colorado? — Perguntei. — Pensei que ela ia fazer uma entrevista de emprego na semana que vem.
— Os planos mudaram. — Samantha disse pegando uma toalhinha e passando pela testa para enxugar o suor. — Ela chegou ontem a noite.
— Ótimo. — Falei e Samantha apertou o botão para finalizar a maquina e se virou para mim. — Vou adorar conhecer a famosa Eva.
— Se você der em cima dela, eu mato você! — Samantha disse seria em um tom de ameaça e eu posso falar a verdade? Eu morria de medo dela.
— O que? Eu jamais faria isso. — Falei me fazendo de inocente. — Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
— Do tipo que não consegue ver um rabo de saia que já quer enfiar a cara lá dentro. — Samantha disse e eu me segurei para não rir. — Se comporte.
— Qual o tamanho da saia que estamos falando? — Perguntei e recebi um tapa no ombro.
— Sebastian!
— Estou brincando! — Falei antes que ela me batesse de novo por uma simples piada.
— Eu vou pra yoga. — Samantha falou passando por mim mas eu agarrei seu braço a impedindo de sair. — O que foi agora?
— Eu preciso da sua ajuda para sair. — Falei com um sorriso torto nos lábios.
— A porta é bem ali. — Samantha disse e eu fiz uma careta enquanto pensava como diria aquilo para ela.
— Tá vendo a morena de top azul? — Falei de costas para a saída e Samantha que estava na minha frente olhou por cima do meu ombro e balançou a cabeça. — A gente dormiu junto semana passada.
— Idai? Você já dormiu com metade da academia. — Samantha tinha razão mas não era sobre o sexo.
— Eu meio que fugi na manhã seguinte.
— O sexo foi tão ruim? — Samantha perguntou analisando a mulher de cima para baixo.
— Não mas ela me pediu para dormir de conchinha. — Falei e Samantha não se aguentou caindo na gargalhada chamando a atenção de todo mundo que estava ao nosso redor. — Dá para você rir mais alto?
— Desculpe, isso é hilário. — Samantha disse tentando segurar a risada mas havia lagrimas em seus olhos. — Um cara como você com medo de dormir de conchinha com uma mulher.
— Ótimo, primeiro foi a maluca pelada que veio gritar comigo e agora você fazendo esse escândalo?— Falei sem paciência e Samantha segurou a risada por um segundo.
— Que maluca pelada? — Perguntou curiosa.
— Uma doida que saiu no meio da rua gritando comigo. Não importa! Você vai me ajudar ou não? — Perguntei sério, não queria entrar naquele tópico.
— Pobre coitado do Sebastian Stan... Claro que vou te ajudar. — Samantha disse pegando suas coisas e indo até a saída e eu fui logo atrás.
Vanessa que estava ao lado da catraca se virou de costas assim que me viu saindo ao lado de Samantha e eu agradeci mentalmente por isso.
— Você é incrível, Sam. — Falei assim que passei pela porta e respirei o ar puro.
— E você me deve uma carona. — Samantha falou indo em direção ao meu porsche que estava estacionado ali na frente.
— Por favor... — Falei abrindo a porta do passageiro para ela entrar.
— Você precisa parar de dormir com as mulher da academia, é exaustivo ir para a aula de spinning e o assunto central da aula ser você. — Samantha falou e eu ri debochado.
— Está me dando sermão sobre não dormir com colegas da academia? — Perguntei e percebi que havia tocado na ferida.
Dei partida no carro e saí dali.
— A professora de Yoga foi uma excessão. — Samantha disse tentando se justificar mas a verdade foi que a coitada da professora queria um relacionamento sério e a Samantha apenas queria curtir o momento.
— Você fez a pobre coitada se demitir. Partiu o coração de uma gostosa e ainda tirou o emprego dela! — Falei fazendo uma cara de reprovação.
— Você é um idiota, não foi bem assim e você sabe muito bem disso! — Samantha estava com o rosto vermelho de raiva.
— Sabe quem perguntou se você iria hoje a noite para a festa? — Perguntei tentando mudar de assunto. — A Carol.
— A bartender? — Samantha perguntou e então revirou os olhos. — Ela não desiste nunca?
— Bem que você poderia dar uma chance. Ela é gente boa e sabe fazer um drink como ninguém. — Falei e Samantha riu.
— Eu vejo ela todo sábado a noite na sua boate, não quero que fique um clima esquisito entre nós ou que no final acabe como a Faith. — Samantha disse e eu franzi o senho sem saber de quem ela estava falando. — A professora de Yoga.
— Você é muito controlada, sabia? Porque a Carol é uma tremenda gostosa e se ela desse mole para mim... — Nem consegui terminar a frase quando Samantha me interrompeu.
— A diferença é que você só pensa com a cabeça de baixo. — Samantha disse e eu tirei os olhos da rua por um segundo para olhar em sua direção já que estávamos perto de casa.
— Não é verdade. Você me deixa triste falando essas coisas sabia? — Falei passando pelo portão do nosso condomínio.
— Essa hora a Eva já deve estar em casa, vou apresentar vocês. — Samantha disse enquanto eu manobrava o carro para colocar na minha garagem. — E você...
Ergui as duas mãos em rendição antes mesmo que ela pudesse ameaçar arrancar minhas bolas se eu chegasse perto da saia dela.
— Eu já sei. Eva é o fruto proibido que eu não posso morder. — Falei abrindo a porta do carro para sair.
— Não diga a ela que contei a você sobre isso. — Samantha disse e eu ri. Desde que conhecia a Samantha ela sempre me contava historias sobre essa sua amiga Eva que morava em Denver. Pelo o que entendi, as duas eram parceiras no crime e Eva tinha uma belíssima reputação na faculdade já que a chamavam de o fruto proibido.
— Seu segredo morre comigo. — Falei enquanto a seguia até sua casa.
— Eva? — Samantha gritou assim que abriu a porta mas ninguém respondeu. — Eva!
Samantha subiu as escadas e logo em seguida desceu.
— Ela ainda não chegou. Deve ter conseguido o emprego com essa demora toda. — Samantha disse indo até a geladeira pegar a garrafa de água servindo em um copo.
— Então vejo vocês mais tarde na festa? — Perguntei pegando a maça em cima da mesa e dando uma mordida. — Eu realmente preciso ir andando.
— Tá legal e nada de contar a Eva que falei sobre o fruto proibido!