O Retorno do Anel #2

By Lua_9731

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A sociedade está separada. Aerin carrega um grande segredo, que além de cultivar seu medo, carrega seu destin... More

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O Início da Batalha
A Batalha do Abismo de Helm
A última Investida
Epílogo

O Mago Branco

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By Lua_9731

Nós cavalgamos acelerados em direção a pira. O cheiro fétido dos corpos queimados me dava náuseas, e eu sentia que a qualquer momento cairia do cavalo. Me virei para Legolas, cavalgando ao meu lado, com Gimli na garupa. O olhar dele era inexpressivo, mas eu o conhecia bem demais. Podia reconhecer quando estava preocupado.

Continuamos, até chegarmos na fumaça. Havia uma grande pilha de corpos negros de orcs, além de uma lança fincada no chão, com uma cabeça de orc espetada nela. Desviei o olhar, procurando freneticamente entre os corpos, a procura de algo conhecido.

Gimli se aproximou prontamente, remexendo entre os corpos. Eu não consegui me aproximar mais. Sentia que a qualquer momento poderia desabar. Legolas se manteve firme ao meu lado, sua mão em minha cintura, como se esperasse que eu caísse a qualquer segundo.

Nem dois minutos depois, Gimli se virou para nós, algo enegrecido em suas mãos. Seu olhar era de pura tristeza.

- É um dos cintos deles... - Ele disse.

Senti a náusea me atingir novamente, enquanto eu olhava para o cinto, completamente carbonizado. Nessa hora, a verdade do que eu via me atingiu. Me senti vacilar, e a única coisa que me impediu de cair foi Legolas, ainda me segurando firmemente. Ele pronunciou algumas palavras em Sindarin, as quais eu mal ouvi. Sentia a raiva tomar conta de mim.

Aragorn chutou um elmo abandonado, e seu grito ecoou por toda a planície. Ele caiu de joelhos ao lado da pira.

Eu fui até Gimli, e peguei o cinto. Ainda era possível ver o desenho, completamente enegrecido pelo fogo. Mas estava destruída. Apertei-o em minhas mãos. Eu me sentia completamente derrotada, sentia que falhara com Merry e Pippin.

- Nós falhamos. - Gimli disse.

Eu respirei fundo, tentando controlar minha respiração. Era difícil sequer pensar em meio aquele lugar, mas de uma coisa eu tinha completa certeza.

- Eu vou matá-lo. - Eu disse, o ódio transparecendo por cada palavra minha. - Vou matar Saruman por isso.

Todos ficamos em silêncio por alguns segundos. Eu me virei para Aragorn, e percebi que ele encarava o chão de forma pensativa.

- Um hobbit está aqui. - Ele disse mais para si mesmo. Eu fui até ele, e percebi que havia uma alteração no chão. Provavelmente onde Merry e Pippin estiveram sentados. - E o outro. - Ele apontou para uma marca semelhante ao lado da primeira.

- Eles se arrastaram. - Eu disse, seguindo um caminho grande demarcado no chão, que não poderia ter sido feito se estivessem a pé - Suas mãos estavam amarradas.

Então, as marcas pararam abruptamente. Procurei entre a grama freneticamente, e logo encontrei o que procurava. 

- As amarras foram cortadas. - Eu disse, segurando um pedaço de corda entre minhas mãos.

- Correram para cá. - Disse Aragorn, apontando para um grupo de pegadas. Então ele se virou para outro par de pegadas, e completou - Eles foram seguidos.

Eu podia imaginar a cena. Merry e Pippin correndo pelo acampamento enquanto este era atacado, se libertando em meio à confusão. Então, um dos orcs percebera sua tentativa de escapar, e fora atrás deles. Pois ele não ousaria voltar para Saruman de mãos vazias.

- Correram para longe da batalha. - Aragorn disse, seguindo as pegadas. Fomos atrás dele. - Para a floresta de Fangorn.

Paramos em frente ao muro de árvores, onde começava a terrível floresta.

- Fangorn? Mas que loucura terem ido para lá! - Gimli exclamou.

- Estavam desesperados. Não havia mais para onde irem. - Eu disse - Era o melhor lugar para despistarem os orcs. - Eu fiz uma pausa, me virando para os outros. - Não vou desistir deles.

Legolas assentiu, seu rosto determinado. 

- Vamos continuar.

...

Gimli se aproximou de um arbusto, onde algo brilhava em negro.

- Sangue de orc. - Ele disse, voltando até nós.

Nó continuamos avançando, seguindo as marcas de passos, que apesar de fracos, ainda eram visíveis entre as folhas.

- Que rastros estranhos. - Aragorn disse. 

- O ar está tão denso aqui. - Gimli completou.

- Esta floresta é velha. - Legolas disse - Muito velha. Cheia de lembranças. - Ele pareceu alarmado por um momento, antes de completar. - E raiva.

Eu sabia do que ele falava. Eu podia ouvir o som, como a movimentação de algo pesado, que ficara muito tempo sem se mexer. Eu podia sentir a aura pesada, como se o que quer que vivesse aqui a muito tempo não se revelasse.

Um som alto repentino fez com que Gimli levantasse seu machado, alarmado. Aragorn olhou em volta, atento.

- As árvores estão falando umas com as outras. - Eu disse, e então percebi o que acontecia - Gimli, abaixe o machado!

Assim que o anão o fez, o som diminuiu.

- Elas têm sentimentos, meu amigo. - Legolas disse. - Foi obra dos elfos. Acordaram as árvores, ensinaram-nas a falar. 

- Árvores falantes. - Gimli repetiu, rindo - Sobre o que elas falariam, hã? Talvez sobre a consistência das fezes dos esquilos.

Eu ignorei a piada, sentindo uma nova presença. Algo que me assustou, e me fez correr a frente.

- Aragorn! - Eu chamei. 

Legolas veio até mim, seu olhar expressando compreensão. Ele também sentia.

- O mago branco se aproxima. - Eu disse.

Senti meu coração acelerar ao pensar em Saruman, e em quais seriam seus objetivos para adentrar Fangorn tão profundamente. 

- Não deixe que ele fale, colocará um feitiço em nós. - Aragorn sussurrou. Ele desembainhou sua espada, e vi Legolas preparando uma flecha ao meu lado. Sem olhar para trás, tirei uma flecha de minha aljava, preparada para me virar ao menor sinal de ameaça. Minha respiração estava acelerada.

- Temos de ser rápidos. - Aragorn completou, e foi quando eu ouvi o barulho as nossas costas crescer. Instintivamente senti um alerta se acender no meu cérebro. 

Me virei justamente quando uma luz branca surgiu, um vulto se aproximando junto com ela. Eu e Legolas soltamos nossas flechas, e Gimli arremessou seu machado. O vulto cortou o ar, partindo as flechas e o machado ao meio, como se não passassem de brinquedos. A espada de Aragorn começou a brilhar em vermelho, e ele a soltou ao ser queimado.

- Estão seguindo os passos de dois jovens hobbits. - O vulto disse, e foi então que percebi que eu conhecia aquela voz.

- Onde estão? - Eu perguntei em voz alta.

- Eles passaram por aqui antes de ontem. Ele tiveram um encontro inesperado. Isso os conforta?

- Quem é você? Mostre seu rosto! - Disse Aragorn. Eu tinha perdido minha voz, ao perceber a quem aquela voz pertencia. Mas aquilo não seria possível... 

Então a luz diminuiu, e finalmente pude ver o rosto que esperava. O rosto que pensei que nunca mais veria, que tinha me acompanhado em tantos bons e maus momentos.

- Não pode ser. - Aragorn sussurrou.

Legolas caiu de joelhos ao meu lado.

- Perdoe-me. Pensei que fosse Saruman. - Ele disse, abaixando sua cabeça. Eu continuei estática, sem reação.

- Eu sou Saruman. - Gandalf disse - Saruman como deveria ter sido. 

- Você caiu. - Aragorn disse, sua voz trêmula. 

- Pelo fogo, e pela água. Da mais profunda masmorra até o mais alto pico, lutei com o balrog de Morgoth. Finalmente derrotei meu inimigo, e o destruí na encosta da montanha. A escuridão me pegou, e vaguei fora do pensamento e do tempo. As estrelas giravam acima, e cada dia era tão longo quanto a idade da terra. Mas não era o fim. Senti vida em mim novamente. Havia sido enviado de volta até cumprir minha tarefa. 

- Gandalf. - Eu finalmente encontrei minhas palavras, e dando alguns passos me aproximei e o abracei. Sabia que isso não era o mais apropriado naquele momento, mas tudo que me importava era que ele estava lá, estava vivo. Eu sentia que agora tudo poderia ficar bem, desde que tivéssemos ele ao nosso lado.

O mago sorriu, e quando me afastei disse.

- Gandalf? Sim, era como costumavam me chamar. Gandalf o Cinzento. Esse era o meu nome. - Ele sorriu, e completou - Sou Gandalf o Branco. E volto para vocês agora, em um momento decisivo.

Legolas sorriu, e não pude evitar fazer o mesmo. 

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