LAÇOS MORTAIS | Bonkai |

By Dark_Siren4

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Logo após o desastroso casamento de Josette e Rick, Bonnie pensa ter se livrado de seu pior pesadelo: Kai Par... More

Antes de começarmos...
1. Que os Jogos Comecem
2. Armadilha
3. Nosso Pequeno Quiz
4. Lacey, minha amiga zumbi
5. Fogo Líquido
6. Minha Droga
7. Minha Bela Adormecida
8. Dentro do Labirinto
9. A Árvore Morta
10: Rosalie
11. Um Passeio com A Morte
12. Bato um Papo com a Minha Consciência Gostosa
13. Zelador, Garoto de Recados e Assassino
14. Estou de Mudança
15. O Rouxinol
16. A Bailarina, o Sociopata e a Tigresa
17. Cúmplice da Morte
18. Silêncio
19. Lição
20. Fogo e Pólvora
21. Meu Novo Ursinho de Pelúcia
22. Jantar Nada Romântico
23. Encontro com o Exterminador do Futuro
24. A Chamada
25. Controle
26. Tentação
27. A Visita
28. Acordo Desfeito
29. Brincando com Facas
30. Ataque de Fúria
31. Le Courtaud Rouge
32. A Caçada
33. Pedaços de Uma Outra Vida
34: Uma Brecha do Passado
35. Onde os Lobos Habitam
36. Desejo e Segredos
37. A Alcatéia de Paris
38. Dentro de Mim
39. Conversas Ocultas
40. Quase Amigos
41. Pratos Limpos
42. O Jantar Sangrento
43. Entre Deus e o Diabo
44. Bandeira Branca
45. Vamos Passear
46. Palavras Secretas
47. O Duelo
48. Despedida
49. Regresso
50. Genesis
51. Pesadelos e Decisões
52. Reencontro
53. Sobre Um Homem Cruel
54. Minha Existência
55. O Lírio
56. Perseguida
57. Sob Sete Palmos
58. Suspeita
59. Feridas
60. Ameaça
61. Descoberta
62. Trégua
63. Pertencer
64. Vozes
65. Fantasmas
66. Renascida
67. Encruzilhada
69. Convidados
70. Disputa
71. Café da Manhã
72. Jardim Noturno
73. Mortos
74. Intervenção
75. Fuga
76. Esperança
77. Profundezas
78. Limbo
79. Decisão
80. A Porta
81. O Monstro em Mim
82. Expostos
83. Limites
84. Lobo Mau

68. Água e Vinho

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By Dark_Siren4

Amy continuava parada do lado de fora da sala encarando à mim e seu pai. Seus olhos cinzentos estavam cheios de dúvidas e questionamentos.
Engoli em seco, procurando uma resposta adequada para aquela situação. Uma resposta que não a levasse à beira de um colapso novamente.
— Princesa — disse Kai, calmamente. Ou pelo menos tentando aparentar calma — Vem aqui.
Ainda exitante, Amy adentrou o recinto e doeu no meu coração vê-la arrastar aquele suporte de oxigênio consigo. Era uma das coisas que a estavam mantendo viva durante todos aqueles anos. Ela mirou meu rosto com a mesma curiosidade de antes, mas não dirigiu a palavra à mim, apenas atravessou a sala e subiu na perna de Kai com certa dificuldade. Este que não a ajudou, deixando-a se esforçar por sua conta.
Eu estava prestes a ajudar, quando ela simplesmente subiu sozinha e um traço da satisfação cruzou seu rosto pálido e pequeno. Ela estava orgulhosa.
Kai ajeitou seus cabelos na altura do queixo e arrumou o arco prateado cuidadosamente, em seguida, sorriu para ela.
— Você sabe que eu não minto para você, não é? — disse de uma maneira quase gentil, embora não fosse forçado como os adultos fazem quando estão falando com crianças. Ele a tratava como uma igual.
— Você não me falou sobre a mamãe — murmurou, com seus olhos magoados vindo na minha direção  e voltando ao seu pai.
Meu coração estúpido e semi morto se acelerou com aquela simples atenção.
— Eu fui um idiota — ele prosseguiu — Achei que iria embora com a mamãe se contasse. Sabe que eu não vivo sem você, não é?
Ela assentiu sorrindo levemente, mas ainda dava para ver a mágoa em seu olhar.
— Eu posso ficar com os dois, não posso? — pediu, olhando sucessivamente de um para o outro.
Kai ergueu seus olhos azuis cinzentos para mim, esperando que eu desse uma resposta. Mas, como eu diria à ela que não conseguia conviver com seu pai depois de tudo o que ele me fez?
Ele pigarreou.
— Nós... — ele começou, voltando a fitá-la nos olhos —... sua mãe e eu somos como você e a vovó Soledad quando estão brigadas.
— Eu não gosto de brigar com a abuelita — sacudiu a cabeça com veemência.
— Eu também não gosto de brigar com a mamãe — esclareceu, ainda calmo — Mas nós dois somos assim um com o outro.
— Que bobagem — ela revirou os olhos. E ficou igualzinha à ele fazendo aquilo. Foi estranhamente adorável.
— Eu sei, somos bobos por isso — continuou — Nós brigamos por coisas grandes e pequenas e também brigamos por você e sua irmã. Eu quero ficar com você e sua mãe também. Porém, eu também quero poder visitar sua irmã de vez em quando. Mas, nós somos tão bobos que não conseguimos dividir vocês duas entre nós.
Ela ponderou aquilo por um segundo, pensando.
— Dividir é importante — ela disse à ele, e não duvidava  que aquilo fosse uma das pérolas de sabedoria da Sol.
— Dividir é importante — ele concordou — Eu estou disposto a dividir você com a sua mãe. Mas ela também tem que estar disposta a dividir sua irmã conosco.
Ele falava tão suavemente com ela que mal dava para perceber que estava manipulando a situação ao seu favor como sempre fez. Eu não sabia se socava a cara dele naquele momento ou esperava um momento propício quando Amy não estivesse por perto para destruir aquele rostinho bonito.
Amy lançou seus olhos na minha direção e ficou encarando à mim da mesma forma que Eve fazia quando queria algo de mim. Não era justo.
— Bonnie... — ela experimentou dizer meu nome, mas pela careta que fez soou estranho. Porém, na falta de coisa melhor prosseguiu —... Eu posso ver a Eve? Eu quero conhecê-la — e acrescentou rapidamente, de forma educada — Se você deixar.
Eu estava sem palavras, presa naquele olhar doce e ingênuo. Como eu poderia dizer não ao meu bebê? O meu anjinho que voltou dos mortos para alegrar minha vida?
Com lágrimas nos olhos e prometendo à mim mesma que faria de tudo para proteger minhas filhas de Kai, eu apenas disse:
— Claro, meu amor — sussurrei — Vou arranjar para que vocês se vejam amanhã.
— Eu posso... — ela começou, ainda tímida — posso conhecer sua casa? É que eu não saio muito, o papai não deixa, diz que não faz bem para mim ficar em lugares estranhos, mas... eu quero conhecer o mundo lá fora.
— Amy... — Kai acariciou seus cabelos contrariado com aquele pedido.
Ficar com ela na minha casa me daria mais vantagem e um pouco mais de segurança em relação àquele herege. Era melhor estar em terreno conhecido do que no do inimigo.
— Sim — aceitei seu pedido, temerosa, porém, satisfeita — Você vai adorar a nossa casa.
— Nossa casa? — ela arqueou as sobrancelhas, surpresa — É minha casa também?
— Claro que é — dei um sorriso genuíno, satisfeita com sua surpresa — Minha casa, sua e da Eve.
Ela pareceu radiante com a possibilidade.
— Lá tem um balanço como naqueles parques de diversões que passam na TV? — perguntou, ainda mais empolgada — E um escorrega?
Quando Eve era mais nova, eu havia mandado instalar um pequeno playground para passar seu tempo. Hoje em dia ela não tinha mais interesse em brincar com aquelas coisas, à menos, é claro, quando suas primas iam à nossa casa. Felizmente, todo ano eu pagava alguém para fazer uma revisão completa ou trocar algum equipamento avariado.
Nunca me senti tão feliz por ser tão prática e controladora com a minha filha como agora.
— Sim, tem sim — eu sorri para ela, mais feliz ainda por ver seu sorriso — Você pode brincar o dia todo com a sua irmã e...
— Ela não pode fazer esforço — Kai cortou a conversa, austero — Os pulmões dela não aguentam esse tipo de atividade.
O fuzilei com os olhos, irritada por ele estar roubando a atenção dela para si mais uma vez.
— Ela não precisa brincar neles, podemos fazer outras coisas que exigem menos esforço — eu disse, tentando soar menos ríspida na frente de Amy — Eve adora companhia, não importa que sejam em brincadeiras ou apenas para conversar.
Kai estava visivelmente contrariado, mas não disse nada. Afinal, eu tinha certeza de que ele não queria perder aquela pequena vitória.
Semicerrei os olhos, o encarando. Se ele achava que podia roubar a Eve de mim como havia feito com Amy estava muito enganado.
Ele perderia as duas para mim.
— Amélia? — ouvimos Sol chamar da cozinha.
— É melhor você ir antes que a sua abuelita brigue com você — Kai avisou, sorrindo travessamente para ela.
Amy trocou um olhar cúmplice com seu pai e apenas desceu de suas pernas.
— Aula de desenho mais tarde? — perguntou, ainda sorrindo.
— Claro que sim — ele sorriu para ela.
Ela olhou para mim e seu sorriso foi mais contido e tímido, mas ainda assim, gentil e doce.
– Vejo você amanhã... Bonnie — ela fez a mesma careta engraçada, mas eu não disse nada.
— Claro, meu amor — assenti, contendo aquele fulgor materno que me mandava abraçá-la tão apertado que a fundiria dentro de mim.
Amy seguiu pelo corredor vez ou outra lançando olhares na minha direção. Ela parecia muito feliz.
— Não deveria enchê-la de esperança assim — Kai disse, logo atrás de mim – Ela pode se decepcionar com muita facilidade.
Girei nos calcanhares, encarando-o em todo seu 1, 83 de altura.
— Esperança é uma arma poderosa e você sabe disso, não é, Kai? — lancei.
Ele apenas me encarou de volta e ergueu uma das mãos e ajeitou uma mecha comprida de meu cabelo atrás da orelha. Aquilo fez meu coração saltar como uma britadeira. Ele ainda me intimidava, mesmo após aqueles anos.
— Aulas de desenho? — desconversei, olhando em volta de sua sala e para minha surpresa, havia um cavalete encostado em um canto da sala que não havia notado quando entrei.
Nele havia o esboço de uma mulher de cabelos longos, usando um vestido negro, ajoelhada sobre um túmulo. Lágrimas desciam de seus olhos e seus dedos percorriam a lápide como em uma carícia.
Não havia dúvidas, aquela era eu. No túmulo de minha filha.
— Não sabia que você era fã das artes — comentei, ácida.
Pela primeira vez desde que nos encontramos, Kai ficou visivelmente encabulado, seu rosto ficando vermelho como um tomate. Ele apenas atravessou a sala e puxou outra folha por cima daquela, cobrindo-a de imediato.
— Isso é... é apenas... — ele se embaralhou com as palavras.
— Sadismo? — alfinetei — Porque me desenhar chorando sobre o túmulo da minha filha deve ser algo muito divertido para você.
— Bonnie... — tentou dizer, mas antes que pudesse continuar, acertei um soco em seu nariz ouvindo a cartilagem se partir mais uma vez.
— Que merda, Bonnie! — resmungou, com a mão no rosto, sangue pingando em sua camisa — Para de quebrar a porra do meu nariz, droga!
— Você já quebrou coisas piores em mim — dei de ombros — Pense nisso como um equilíbrio do seu karma.
Ele revirou os olhos, irritado e colocou a cartilagem no lugar com um som audível. Kai soltou um gemido de dor.
— Se você tentar manipular as minhas filhas mais uma vez assim, eu juro que não vou quebrar apenas o seu nariz — prometi, fuzilando-o com os olhos — E não deixe a Amy ver isso, porque se eu sonhar que ela está brava comigo porque bati na sua cara desprezível, eu juro que mato você e dou para os porcos comerem.
E nem mesmo deixei que ele abrisse a boca para proferir uma palavra sequer, pois, saí de seu escritório, ajeitando meus cabelos e limpando as marcas de sangue que estavam meu punho no vestido preto.
Me despedi de Sol ao passar pela cozinha e troquei algumas palavras rápidas com Amy que estava sentada na sala. Ela parecia muito mais aberta à conversas agora, apesar de ainda estar acanhada com minha atenção.
Kai a manteve tanto tempo naquela bolha de superprotecão que ela não conseguia nem mesmo falar com estranhos sem ficar envergonhada. Peguei minha bolsa e lancei um olhar amoroso para ela e segui para fora da fábrica abandonada.
Eu tinha tanta coisa para colocar em ordem antes de sua visita.
E precisaria, acima de tudo, conversar com Eve. Eu esperava que ela entendesse minhas motivações.

***

Para a minha sorte, nosso escritório estava com pouca carga de trabalho naquela temporada, o que me permitia dar aquelas escapadas para visitar Amy pela manhã. Porém, ao final do expediente eu voltava para casa, para ver minha Eve.
A busquei na escola, escutando seu tagarelar fofo e descontraído de sempre. Ela contava sobre seu dia fantástico e divertido e tudo no que eu conseguia pensar naquele momento era no quanto  Amy era tão quieta em relação à ela. As duas eram fisicamente idênticas, mas as personalidades tão diferentes quanto água e vinho.
Com a minha breve impressão, percebi que Amy era mais silenciosa, pensativa e avaliativa, enquanto, Eve, era mais extrovertida, engraçada e tagarela. Apesar de isso me causar uma certa aversão, pois eu amava minhas filhas, mas foi como se Kai tivesse ficado com uma versão minha e eu com a dele.
O mais estranho era que nós dois conseguíamos amar versões diferentes de nós mesmos, mas não a original. Era o que a paternidade fazia, criava sentimentos que antes eram coisas impossíveis de acontecer naquela realidade, tornando-os bons e melhores.
Quando adentramos a casa branca das Bennett's, Eve deixou sua mochila na entrada e Raizo veio correndo em nossa direção sacudindo a cauda para sua dona e rosnando para mim como sempre. Eve o abraçou e deu alguns petiscos que trazia no bolso para ele. Desconfiava que boa parte daquela relação se baseava em comida e agrados, mas não disse nada.
— Eve, querida — a chamei, séria. Ela girou nos calcanhares e olhou para mim com aquele olhos iguais aos dele.
— Sim, mamãe?
— Podemos conversar? — peguei sua mãozinha e a guiei até a sala de estar.
— Eu estou encrencada? — seu rosto culpado estava vermelho.
Ela sentou-se no sofá com as mãos no colo.
— Por que? — sorri para ela, tentando aliviar a tensão — Você aprontou alguma coisa?
Ela olhou para os lados, se remexendo no sofá e disfarçando.
— Nãaaaoo — sua voz soou mais aguda que o normal — Claro que não, mamãe.
Sacudi a mão no ar.
— Depois eu falo com o tio Damon — murmurei, com as mãos nos quadris — Ele sempre me conta tudo depois de uns copos de suco de uísque.
Ela bufou com as bochechas vermelhas.
— Aquele traidor.
— Você já o entregou por muito menos — dei risada daquela relação sobrinha/tio cúmplices.
— Você... não vai brigar comigo? – perguntou, ainda temerosa.
Sentei-me ao seu lado e peguei suas mãozinhas delicadas. Desci meus olhos para nossas mãos unidas. Não éramos fisicamente parecidas, por causa dos malditos genes dominantes de seu pai, mas eu sentia que tínhamos tanto em comum. Eu esperava que compreensão fosse uma dessas características.
— Não, meu bem — falei, apertando suas mãos nas minhas gentilmente — Eu espero que você não brigue comigo.
Ela franziu as sobrancelhas grossas e escuras como as dele. Antes eu até conseguia esquecer de quem ela era filha, mas após nosso reencontro eu via Kai em todas as suas pequenas características. Embora, visse apenas as boas e nunca as ruins.
— Eu nunca ficaria brava com você, mamãe...
— Dessa vez pode ser diferente, filha — a cortei, tentando contar logo o que estava entalado em minha garganta — Você... sente falta do seu pai?
Ela continuou confusa com o rumo da conversa, mas não demonstrou mais do que isso.
— O papai morreu antes de eu nascer. Você não fala nele porque isso a deixa triste. Eu sou muito parecida com ele, mas não quer dizer que eu não seja sua filha também.
Ela apenas repetia o que a ensinei a pensar sobre seu pai todos aqueles anos. Isso me deixou aliviada durante anos, pois Eve não questionava nada que pudesse me entristecer, mas ao mesmo tempo, eu sentia que estava apagando uma parte importante de sua vida.
— Não, meu amor — sacudi a cabeça em negativa — Eu quero saber se você sente falta do seu pai.
Ela parecia exitante.
— Eu tenho o tio Stefan e o tio Damon — disse com simplicidade — Não preciso de um papai.
Era difícil para ela comparar viver sem um pai, já que ela não teve um.
— Mas você não fica triste em saber que suas amigas têm os pais delas e você não? — insisti, sem saber ao menos porque a estava pressionando daquela forma.
Seus olhos azuis se encheram de lágrimas, que ela conteve.
— Sim — assentiu.
Aquilo fez meu coração ficar tão apertado que pensei que iria chorar junto com ela. Eve guardava tanta dor para si. Será que Kai fora assim em sua infância? Eles eram tão parecidos?
— Eu não gosto de falar no seu pai porque... — iniciei aquele assunto difícil, sem saber exatamente o que fazer —...porque ele me machucou muito. Ele me fazia... chorar o tempo todo...
Uma lágrima correu por meu rosto. Eve apressou-se em enxugá-la com a manga da blusa, assustada com minha expressão. Eu nunca chorava na frente dela, isso deve tê-la apavorado.
— Ele foi uma pessoa ruim para mim — prossegui — Porque os pais dele foram ruins com ele também. Ele não sabia o que era amar alguém, ficou preso em um lugar que era sempre o mesmo dia para sempre por causa disso, e então, eu o conheci lá. Eu... vivi um tempo com ele e depois descobri que estava grávida de você e sua irmã. Quando ele morreu, eu voltei para casa e cuidei de vocês quando estavam dentro de mim, mas a Amy, que nasceu tão pequenininha foi viver com a vovó Sheila e nossas ancestrais.
À essa altura, tudo o que eu conseguia fazer era chorar e apertar suas mãos nas minhas. Ela era meu porto seguro, minha Eve.
– Eu pensei que eles tinham ido embora para sempre — funguei, enxugando algumas lágrimas — Mas, recentemente, descobri que ele e sua irmã estão vivos.
Esperei alguns segundos enquanto ela processava aquela informação.
— Meu pai e minha irmã estão... vivos? — ela mal conseguia falar.
Assenti com a cabeça, ansiosa com sua reação.
— O que você acha disso, querida? — perguntei.
— Eu... Eu não sei, mamãe... — ela estava confusa e chocada — Eles estão vivos?
Balancei a cabeça mais uma vez.
— Eu sei que é muito cedo, que você talvez não esteja preparada para isso — continuei — Mas, eu os vi hoje cedo. Eles querem conhecer você. Amanhã — ela se precipitou para responder, mas a interrompi — Não tem que responder agora. Nós vamos falar sobre isso depois, ok?
Ela assentiu, ainda chocada com a notícia.
— Vem cá — a peguei no colo e a envolvi em meus braços como um bebê. Ele agarrou-se ao meu pescoço e apenas chorou. Ela soluçava com o sofrimento de um adulto e não o de uma menina de oito anos.
— Me desculpe por causar tanta dor em você, meu amor — sussurrei, apertando-a contra mim e chorando com ela.
Eve chorou tanto que como em todas as vezes que isso acontecia, ela pegou no sono pelo cansaço. Não tive coragem de acordá-la para levar a menina até sua cama, então, apenas a abracei e deitei com ela no sofá.
Já estava escuro quando acordei assustada com os sussurros de Eve.
— Mamãe... — ela me sacudia levemente, na sala escura — Mamãe, acorda.
— Sim, meu amor — sussurrei para ela, agora desperta.
Acariciei seu rosto, que eu conseguia ver claramente com minha visão de vampira. Seus cabelos longos e escuros estavam desagrenhados e seus olhos levemente inchados pelo choro e a soneca longa no meio da tarde.
— Eu posso?
— Pode o quê, meu amor?
—  Vê-los, amanhã?
— Você não precisa fazer isso se não quiser, querida...
Ela agitou os cabelos escuros com a sacudida de cabeça.
— Eu quero, mamãe. Quero muito. Posso?
— Claro que sim — sorri para ela, mas por dentro eu estava tão temerosa que gostaria de fugir e esconder meu pequeno tesouro na primeira ilha deserta que encontrasse  — Claro que pode.
— Obrigada! — ela me abraçou mais uma vez e fixou seus olhos azuis em mim com seriedade — E não se preocupe, mamãe. Se o papai tentar machucar você de novo, eu mato ele.

💀💀💀💀💀

Nota da Autora:

Oi amorzinhos!

Que saudade de vocês

Sobre o Kai ir se encontrar com a Eve... quem mais preocupado? Pq eu um pouquinho 🤭

E sobre essa foto, é mais ou menos com esse cabelo que imagino a BonBon mamãe e executiva de 8 anos no futuro. Um arraso de mulher, não é?

Espero que tenham gostado desse capítulo. Comenta o que acharam? Eu vou amar saber a opinião de vocês!

Beijos  xxx. Até o próximo 💋

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