𝟗𝟎'𝐬 𝐋𝐎𝐕𝐄 | markhyuck

By urmoonbear

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Hyuck se muda para Seul no início dos anos 90, para uma escola melhor, e também para encontrar um time de hóq... More

Avisos Iniciais!
Push (The Cure)
Burning Down The House (Talking Heads)
Underground (David Bowie)
Demon Fire (AC/DC)
In The City (The Jam)
Wind Of Change (Scorpions)
The Kiss (The Cure)
Fever (The Jam)
Hot Hot Hot! (The Cure)
Carnation (The Jam)
This Charming Man (The Smiths)
Bubble Pop Electric (Gwen Stefani)
Cherry Bomb (The Runaways)
Private Eyes (Daryl Hall & John Oates)
Just Like Heaven (The Cure)
Please, Please, Please, Let Me Get What I Want (The Smiths)
Apart (The Cure)
A Night To Remember (Cyndi Lauper)
Pity Poor Alfie (The Jam)
Since You Been Gone (Rainbow)
Time After Time (Cyndi Lauper)
Asleep (The Smiths)
Lovesong (The Cure)
Monday (The Jam)
I Surrender (Rainbow)
What Difference Does It Make? (The Smiths)
Heroes (David Bowie)

Start! (The Jam)

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By urmoonbear

[⛸]

— Vamos, Hyuck, se apresse, sua aula já vai começar e eu preciso ir pro trabalho também, filho. — seu pai gritava da sala, calçando os sapatos e com um cigarro entre os lábios.

— Já vou! — o garoto gritou em resposta, tentava enfiar seus patins de gelo na bolsa. — Merda! Entra logo! — bufou, empurrando aquilo lá dentro e forçando a fechar o zíper.

Nem se tocava da dificuldade que seria para tirar seus livros lá de dentro quando estivesse na escola.

O pai chegou na porta de seu quarto, se encostou na lateral e ficou olhando a luta do filho.

— Por acaso tem um lago congelado do lado da sua escola ou uma quadra de patinação? — perguntou, com aquela voz rouca e o sotaque do interior.

Hyuck se virou para ele, com um sorriso.

— Eu não faço a menor ideia, mas eu tenho certeza que aqui em Seul tem um ringue de patinação em algum lugar. — finalmente conseguiu fechar o zíper e suspirou aliviado. — E, eu vou descobrir onde fica, depois da escola vou procurar.

— E se você se perder, hein, tampinha? A cidade é grande. — o olhou, os olhos semicerrados.

— Quem tem boca vai à Roma. Não é isso que você sempre diz, papai? — colocou a mochila nas costas.

O pai soltou um riso, e fez um aceno de cabeça para ele.

Touché.

Os dois acabaram rindo.

— Bem, você sabe nosso endereço, só te peço que esteja em casa antes das oito, senão eu vou acionar a polícia.

— Pai!

Senhor Lee Jihoon bagunçou os cabelos castanhos do filho, o deu um beijo na testa e piscou para ele.

— Vem, você tem que estar no colégio em vinte minutos.

Donghyuck correu pela casa, o pai foi atrás, pegou dois saquinhos com seus almoços e sua bolsa preta. Eles saíram de casa, entraram na picape azul, e seguiram caminho pela cidade.

— Ah, tem algo que quero te mostrar. — o pai falou, com um sorriso. — Eu comprei algo que você adora.

— Pai, sabe que não podemos estar gastando demais com coisas fúteis. — Hyuck o olhou em repreensão.

— Desde quando você fala palavras tão chiques como "fúteis"? — senhor Lee riu, e o filho lhe deu um soquinho no ombro. — De qualquer forma, não foi tão caro, e como você gosta, papai moveu uns pauzinhos.

— Hum, e o que é?

O pai tirou o cigarro dos lábios, apontou pro porta luvas.

Hyuck logo abriu o compartimento, e quase não pôde crer no que seus olhos viram.

— Não brinca! — arregalou os olhos. — É sério? — o olhou com descrença.

— Sim. — o homem sorriu.

Hyuck tinha em mãos uma fita da banda The Cure, ele amava aquela banda, tanto que colecionava CDs e fitas cassetes e sempre pedia como presente de aniversário. Se tinha uma coisa que Donghyuck amava na vida, era The Cure.

E definitivamente aquela era a cura para todos os seus problemas.

"Kiss Me, Kiss Me, Kiss Me", a fita daquele álbum que até hoje nunca tinha escutado. Um álbum de 87, este que iria pra sua coleção.

— Pai, onde você...? — ainda permanecia perplexo.

— Eu conheço uns caras. — deu de ombros. — O que acha? É um bom modelo, não é?

— Tá' brincando?! É incrível! Posso colocar agora? — ficou sorridente, os olhos brilhantes de excitação.

— Claro, todo seu. — sorriu.

O adolescente tirou o CD do Ramones do aparelho de música do carro, o guardou dentro do porta luvas, e com cuidado colocou a fita.

— Todas as músicas? — olhou o pai.

— Todas elas. Mandei gravar pra você, tampinha.

— Pai, você é o melhor! — sorriu ainda mais alegre.

— Eu sei. — riu. — Vai, coloca pra tocar, quero ver se esse é tão bom quanto Desintegration.

— Pai, nada ganha daquele álbum.

— Tem razão.

Seu dedo apertou no botão do aparelho, e logo a primeira faixa começou a tocar. The Kiss.

Houve uma introdução de uns três minutos de instrumental, e Hyuck sentiu seu corpo arrepiar quando a voz de Robert Smith invadiu seus ouvidos, cantando de uma forma tão feroz.

Se tinha uma coisa que ele amava, era aquele homem.

Me beije, me beije, me beije!
Sua língua é como veneno
Tão inchada que enche minha boca

Olhou pela janela, aproveitando da melodia e observando aquela cidade tão grande, e tão diferente de onde morava.

De certa forma, sair de Ulsan depois de tanto tempo não era lá tão ruim. Sempre viveu por lá, e vir para um lugar tão grande como Seul era desafiador.

Sentia saudade do lugar em que sempre morou, mas tinha que admitir que estava animado e ansioso para viver em Seul.

Me ame, me ame, me ame
Você me prega no chão
E empurra minhas tripas todas para fora

Batucou seus dedos na janela do carro, no ritmo da música, que mesmo tendo apenas começado a ouvir, era como chiclete, e ele era bom em decorar toques e letras de músicas.

Tire isso, tire isso, tire isso!
Tire sua voz fodida
Pra fora da minha cabeça!

Suspirou, aquele lugar era imenso, ele se sentia pequeno, um tampinha, como seu pai sempre lhe chamara.

Era 1994, e ele tinha acabado de se mudar. Seu pai encontrou um emprego melhor, e queria uma escola melhor para o filho. Mas Hyuck estava mesmo ansioso era pra conhecer os estádios de patinação no gelo da cidade, ou mais lagos congelados.

— Filho.

— Sim? — virou seu rosto para o mais velho.

— Sei que você ama patinar, sei que faz isso desde que aprendeu a andar, ou até antes.

Hyuck soltou um risinho.

— Mas, eu quero que se esforce, você está começando o segundo ano do ensino médio, e depois quero que faça uma faculdade boa, e que tenha um bom futuro, sendo o que você quiser ser.

— Quero ser patinador, pai. Ou melhor, quero ser jogador de hóquei.

O homem suspirou. Ele sabia daquilo, e não queria desencorajar o filho, mesmo sabendo que ele era bom. Ser atleta não era algo tão simples.

— Eu sei. Mas se isso não der certo, você terá um plano B. Então se esforce nos estudos também. — sorriu caloroso. — Só quero o melhor pra você.

— Você sempre fica no meu pé quanto aos estudos, mas nem fez faculdade. — resmungou.

— É exatamente por isso. Não quero que você tenha o mesmo futuro que eu. Quero que seja melhor. Pois eu sei que você é melhor, garotão. — repousou a mão em seu ombro. — Faça o que eu digo...

— Mas não faça o que eu faço. — completou. — Eu sei, pai.

— Muito bem. — estalou a língua. — Basta administrar o tempo, você pode estudar e patinar, é possível, só te peço que não deixe seu amor pelo gelo te afastar dos estudos.

— Sim, papai. Farei isso. — sorriu tranquilizador.

— Ótimo, sabia que entenderia.

Os dois voltaram ao silêncio, a música continuou a tocar.

Passaram por outras ruas, muitos carros, muitas pessoas, até que finalmente seu pai estacionou na frente da escola.

— Quer que eu te acompanhe até lá, tampinha? — o pai perguntou, depois de entregar o saco com seu almoço. Dois sanduíches de peito de peru e um bombom de chocolate pra sobremesa.

— Não, pai, não mesmo. — negou várias vezes e o abraçou.

— Vai se sair bem, tenho certeza, afinal, você é Lee Donghyuck. — os dois riram.

— Claro que sim. — se separou do abraçou e abriu a porta.

— Lembre, obedeça os professores, esteja em casa antes das oito, não aceite nada de estranhos, muito menos cigarros.

— Okay, pai. — revirou os olhos, dando uma leve olhada no cigarro que o senhor Lee tinha entre seus dedos. — Até mais tarde!

Se despediu com um sorriso, saiu da picape e acenou, colocando a mochila nas costas e se virando.

O pai foi embora. Ele suspirou, olhando aquele amontoado de pessoas conversando e andando pela frente do colégio.

Se sentiu pequeno outra vez, mas não se deixou abalar, mesmo que sempre sentisse um frio na barriga no primeiro dia.

Você consegue.

E com essas palavras, o sinal tocou, e ele começou a caminhar pra dentro daquela fábrica de delinquentes.

Ops, desculpa. Quis dizer, escola adolescente.

[⛸]

Seu dia não foi lá tão legal, mas poderia ter sido pior. E estava grato por nada de desastroso ter acontecido.

Naquele dia ele não fez tantos amigos assim, só uns caras que sentavam no fundo da sala e ficavam arremessando bolinhas de papel nos nerds da frente, mas eram só conversas sem fundamento algum. Aqueles caras pareciam mais drogados que sóbrios, e não estavam nem um pouco interessados no que a senhora Kim falava sobre arte contemporânea.

Bem, era melhor não levar aquelas pessoas como influência.

De resto, tudo estava normal, o almoço foi comum, sentado embaixo de uma árvore no gramado.

Presenciou uma briga feia entre um cara com camisa de time e um outro de seu tamanho, eles se batiam e foram pra secretaria quando uma professora os barrou. Quase tremeu quando o olhar do cara do seu tamanho se cruzou no dele.

Coisas normais, certo?

Depois da aula começou a caminhar pela cidade, gravando na memória o nome das ruas e bairros pelo qual passava.

Era por volta das quatro e meia, tinha um bom tempo pra procurar por algum lugar que pudesse servir de ringue de patinação.

Bem, naquela cidade, não foi preciso um lago congelado pra patinar, pois depois de quase uma hora de caminhada, ele achou um estádio de patinação no centro da cidade, ao lado de um café.

Era um lugar grande, pintado de azul, dentro e fora. Havia poucas pessoas quando entrou, e quando se aprofundou mais no local, achou um ringue de patinação, com duas traves de hóquei em cada lado.

Seus olhos brilharam ao perceber o quão grande era aquele lugar, seu coração acelerou, só ele sabia o quanto amava aquilo tudo.

Em Ulsan não existia nada parecido, e ver algo tão grandioso era novo e impressionante.

— Licença, você faz parte dos Dinosaurs? — um cara de boné perguntou pra ele, tocando seu ombro algumas vezes.

Ele era alto, tinha um bigode mal feito, e os olhos azulados, o que era raro ver na Coreia. Vestia uma roupa desajeitada, com uma mancha de ketchup abaixo do peitoral, ao lado esquerdo.

— Ahn, não. — Hyuck o respondeu, com um sorriso tímido.

— Merda. Aqueles sacos de bosta estão atrasados, e eu não tenho o dia todo pra deixar a chave com eles. — bufou. — De qualquer forma, se ver algum cara com camisa azul e vermelha, diz que o Victor estava o procurando.

— Oh, okay? — ficou confuso.

— Obrigado. — o cara sorriu, os dentes amarelados, então saiu.

Hyuck começou a caminhar ao redor do ringue, admirando o quão bonito era o gelo, era melhor que a água congelada de Ulsan.

Seus pés começaram a ferver, a vontade de patinar só aumentou.

Havia uma moça sentada na arquibancada, com um caderno em mãos. O garoto foi até ela, parando um pouco perto.

— Er, oi, moça, sabe se qualquer pessoa pode patinar aí? — perguntou, ansioso.

Ela ergueu a cabeça, pareceu o estudar por uns quatro segundos, depois voltou a olhar o caderno.

— Claro que pode. Mas vou logo avisando, quando Winko e sua turma chegarem fazendo baderna, melhor sair, eles são uns folgados que querem tudo pra eles de seis às nove. — alertou.

— Certo, eu não ficarei muito. — sorriu. — Obrigado.

— Disponha. — disse, sem o olhar.

Hyuck sentou na arquibancada, tirou seus tênis vermelhos surrados, e pegou os patins que estavam na bolsa. Ele os calçou, e suspirou aliviado ao olhar seus pés cobertos por eles.

Não patinava desde que se mudou, era tão gratificante poder os usar novamente.

Ficou de pé, e andou alguns passos até a entrada do ringue. Entrou lá e deu mais alguns passos, verificando se ainda sabia andar com aquilo, e por sorte, ele conseguia.

Claro, anos e anos sobre patins o tornava quase um profissional.

Começou patinando calmamente por lá, apenas aproveitando do ruído agradável do patins em toque com o gelo.

Rodopiou algumas vezes, se sentia tão livre naquele momento, era como uma forma de aliviar toda a dor que pudesse surgir.

Seu olhar parou nas traves do hóquei, e por um momento ele suspirou, sentindo uma grande vontade de jogar. Naquele momento, ele queria se mover rapidamente por aquele ringue, segurando o taco, levando o puck para o gol.

Sentia saudade de jogar hóquei, esporte esse que ele praticava desde muito pequeno, com seu pai. O senhor Lee sempre ensinou hóquei para o filho, jogavam no inverno, no lago congelado um pouco perto da casa dos dois.

Acabou soltando um sorriso quando lembrou dos jogos com seu pai, cheios de risadas e sorrisos, também algumas quedas na camada grossa de gelo. Riu baixinho quando lembrou da vez que o pai caiu no gelo, e pelo seu peso o gelo se partiu. Nada grave aconteceu, mas foi engraçado.

Observou alguns equipamentos no canto direito da quadra, fora do ringue, e seu coração bateu mais forte. Só queria jogar um pouco, nem que fosse sozinho...

Seus pés se moveram mais rápido que seus pensamentos, ele foi até lá, se abaixou, observando os  capacetes e as joelheiras, bem como o resto das proteções. Ele nem sabia como colocar aquilo, claro, tinha muitas diferenças entre jogar por diversão em sua cidade pequena, e em um lugar tão grande e personalizado para esse esporte.

Decidiu apenas pegar um taco, e o puck que estava ali também. Era um objeto de borracha preto, em formato redondo, com uma boa espessura.

Segurou o taco, deixou o puck no chão, e respirou fundo, se posicionando para o ataque.

Era engraçado ver de longe, um garoto sem proteção alguma jogando hóquei sozinho, mas o que ele poderia fazer? Só queria jogar outra vez.

Começou a atacar, imaginando como seria jogar em um torneio profissional, imaginou seus adversários, e materializou eles em sua frente. Se imaginou como Mark Messier — um jogador que ele tanto admirava — em um jogo, ou até mesmo Brett Hull, outro jogador que ele acompanhava.

Imaginou os obstáculos para chegar até o outro lado, imaginou um guarda de rede o esperando para arruinar seu gol, e dessa forma, ele se imaginou em uma partida.

Começou a imaginar as pessoas por perto, e foi guiando o puck até o outro lado, esquivando e mudando de lado, como se estivesse desviando de pessoas invisíveis.

Quando se aproximou do outro lado, fixou seu olhar na trave, imaginou um cara alto ali, o impedindo de marcar um ponto. E com essa visão, ele correu mais rápido, moveu seu taco ainda mais rápido, e arremessou o puck lá dentro.

Respirou fundo, sorrindo de forma feliz, era a primeira vez que se sentia tão bem em um tempo.

Se aproximou de lá, pegou o puck novamente, e começou a repetir tudo o que havia feito, indo até a trave contrária, para marcar outro ponto.

Enquanto isso, uma turma de garotos entrava na quadra, eles conversavam e riam, fazendo o barulho ecoar pelo espaço.

— Ei gente, quem é aquele? — um deles perguntou, olhando para o ringue.

As risadas pararam, as palavras também, e todos olharam naquela direção.

Quem era aquele cara que patinava tão bem? Que jogava sozinho mas se movia como em um jogo oficial? Quem era ele?

— Não é dos Gorillaz não, né? — um cara de cabelos azuis olhou os outros, que negaram.

— Não, é baixo demais pra fazer parte dos Gorillaz. — o líder disse, observando atentamente os movimentos do menino com cabelos castanhos.

— "Baixo demais"? Mas no Gorillaz tem o Taeil. — um outro, usando óculos de lentes amarelas, falou, soltando um risinho debochado.

— Só o Moon é baixinho lá. — um de bandana respondeu. — Mas aquela praga joga muito bem.

— Vai sonhando. Eu tiro ele de letra. — um canadense de cabelos cinzentos disse, orgulhoso. — Que seja, quem é aquele intruso no nosso espaço?

— Bem, não faço a menor ideia de quem seja, mas ele é bom pra caralho. — o mais alto deles falou, ainda entretido em olhar o garoto que patinava.

— Concordo. É bom e não caiu uma só vez. Deve ser experiente. E nem usa o equipamento. — o líder voltou a falar, colocando a mão no queixo. — Interessante... Caras, vamos olhar de perto.

Os outros assentiram, e logo todos começaram a caminhar até lá. Indo pra perto do ringue, parando nas laterais, apenas observando as jogadas solitárias do desconhecido.

Hyuck limpou um suor em sua testa, quando fez exatos sete pontos. Respirou ofegante, sentindo seus pés ainda afoitos, querendo jogar mais, se mover mais por lá.

— Mais uma vez. Só mais uma. — disse para si mesmo, posicionando o taco, e começando a se mover outra vez.

O líder do time ficava o olhando, e por um momento aquela pareceu a chance de ouro que ele precisava para que as perturbações em sua mente acabassem.

Aquele moleque era bom, e ele queria outra pessoa boa para o time.

Quando Hyuck fez outro ponto, soltou o ar muitas vezes, ainda estava ofegante. Pareceu sair de seu transe de jogo quando escutou palmas, piscou algumas vezes, se virou na direção pela qual elas vinham.

Viu um grupo de garotos fora do ringue, eles o olhavam atentamente, alguns sorridentes, outros de braços cruzados, e o líder deles batendo palmas.

— Ei, garoto. Vem aqui. — o líder gritou.

Hyuck apontou para si mesmo, perguntando.

— Sim! Você mesmo!

Segurou o taco, e patinou até lá, com uma expressão pra lá de confusa.

Ao parar perto deles, apenas afastados pelas grades ao redor do ringue, pôde observar melhor todos eles.

Eles tinham alturas medianas, menos um cara, que era bem alto, cabelos ondulados castanhos e era magro. Tinha os lábios bonitos, vale ressaltar.

— Quem é você, moleque? — o líder voltou a perguntar.

— Eu... — ficou um pouco envergonhado. — Bem, sou Donghyuck. Vocês devem ser o time que um cara falou. Eu já estava saindo da quadra, se é isso que quer saber. — sorriu, se curvando um pouco.

— Do que você chama aquilo que estava fazendo no gelo? — o cara apontou, com a expressão séria.

Hóquei, quis responder, mas ficou inseguro quanto a resposta que ele desejava.

— Porque eu chamo de talento. — o cara abriu um sorriso em formato de coração, e estendeu a mão para ele. — Sou Sicheng, líder dos Dinosaurs.

— Donghyuck. — apertou sua mão, sorridente.

— Você já disse isso. — um outro falou, sorrindo simpático; seu sorriso era bonito, Hyuck prestou atenção nisso.

— De qualquer forma. Você é jogador? Parece experiente. — o líder, Sicheng, continuou, soltando sua mão.

— Não, na verdade, eu só pratico com meu pai desde pequeno, mas nunca estive em um time. — sorriu.

— Uau, esses patins são seus? — o cara de óculos amarelados perguntou, observando seus pés.

— Sim.

— Que irado! Parecem gastos. Você joga muito, hein. — piscou, levantando os óculos e os colocando sobre os cabelos.

— Em qual posição cê' joga, moleque? — Sicheng o estudava com cuidado.

— Bem, eu... — pensou um pouco. — Avançador central. Eu acho. Nunca joguei, então...

Por um segundo, eles olharam para o cara de cabelos cinzentos, uns começaram a rir, e outros o deram tapinhas nas costas.

— Se fodeu, Mark Lee. — o gigante, como Hyuck denominou, disse, rindo.

— Vão se ferrar. — ele bufou.

E quando Hyuck prestou atenção naquele cara de cabelos cinzentos, se assustou um pouco, era o mesmo que estava na briga em sua escola mais cedo. Engoliu em seco.

— Espera, você não é... — começou, mas quando aquele cara o olhou nos olhos, ele teve a certeza.

— Sou o que? — perguntou de forma rude.

— Nada, eu acho que me confundi. — sorriu. — Bem, eu estou indo embora, desculpe ter usado o equipamento de vocês, foi só por um tempo. — se curvou um pouco.

— Sem problemas, todos podem usar, menos os Gorillaz. — o de cabelos azulados revirou os olhos.

— Quem? — Hyuck ficou confuso.

— Espera! Não vai agora. — Sicheng o olhou atentamente.

— Sim?

Sicheng mordeu o lábio, pensou por alguns segundos e depois sorriu.

— Tá' afim de fazer parte de um time de hóquei?

Alguns dos caras atrás do líder arregalaram os olhos, incrédulos com a proposta, outros sorriram para o garoto de forma acolhedora, e o menino o olhou em choque.

— Perdão, eu não entendi. — continuou perplexo.

— Sabe, a formação de um jogo precisa ter seis jogadores, e claro que são necessário também reservas. Bem, nós somos seis, mas muitas vezes necessitamos de alguém pra fazer a troca durante o período do jogo, seja por machucados ou falta de resistência. Enfim, o que eu estou tentando dizer, é que eu gostaria que você entrasse pro time, você parece bom.

— Não precisamos de outra pessoa, Winko. — o de cabelos cinzentos trocou seu ombro.

— Quem é o líder, Mark? — o olhou sério.

O canadense bufou.

— Você.

— Ótimo. — voltou a olhar o garoto. — E então, topa?

Seu coração bateu mais rápido, ele continuou em um choque, nunca em sua vida houve essa proposta.

— Eu...

— Aceita! Eu gostei da sua cara, vai, aceita, aposto que você é uma pessoa incrível! — aquele de sorriso bonito disse.

O canadense bufou outra vez, se afastou mais deles e colocou as mãos nos bolsos.

— É uma boa oportunidade. Não deveria desperdiçar, cara. — o grandão falou.

Hyuck mordeu seu lábio, pensando um pouco.

— Como vão me aceitar sem nem me conhecer? — olhou o líder.

— É uma boa pergunta, Winko. — Mark resmungou.

— Não seja por isso, vamos conhecer suas habilidades então. — sorriu. — Yang, Sungchan, Ten, Mark e Jeno, vão colocar os patins, vocês vão jogar como aniversários dele. Yang vai guardar a rede, e os outros vão tentar o impedir de fazer um ponto. Se for bom mesmo, a gente te aceita.

Um sorriso bonito surgiu na face de Hyuck, que concordou várias vezes com a cabeça e se afastou.

Logo todos entraram no ringue, menos Sicheng, que ficou apenas observando por fora.

Todos colocaram apenas os patins e pegaram os tacos. Yang ficou como guarda-redes, colocou o capacete e se posicionou ali.

Os outros fizeram uma barreira no lado esquerdo, guardando também a rede. Hyuck ficou do outro lado, com o puck e o seu taco.

— Pode começar! — Sicheng gritou, fazendo sinais positivos com as mãos.

O coreano respirou fundo. Uma oportunidade, pensou, não posso desperdiçar.

Seus olhos se fixaram nos demais na barreira. Eu consigo, disse para si mesmo em pensamento.

Então avançou, levando o puck. Logo os outros fizeram o mesmo, e caso fosse oficial, aquilo seria um jogo injusto, quatro contra um.

Mas bem, Hyuck não se importou com isso.

Apenas continuou avançando, concentrado. Era bom de reflexos, e conseguiu desviar de dois deles, o de cabelos azulados e o de óculos.

Driblou o grandão, que o olhou incrédulo. E por fim, teve que encarar o canadense, que parecia ter fogo nos olhos. Por um segundo quase tremeu quando ele apareceu em sua frente, mas respirou fundo rapidamente e deu meia volta, indo pro outro lado.

Sicheng franziu o cenho, o que ele estava tentando fazer?

E quando Mark avançou em disparada atrás dele, o coreano voltou a se virar, e moveu seus patins ainda mais rapidamente até a rede.

Yang se posicionou melhor, o que não adiantou muito, pois Hyuck apenas deu uma tacada e o puck entrou na trave, marcando um ponto para ele.

Ele levantou as mãos, animado, sorriu vitorioso e feliz.

Os outros jogadores foram até ele. O de cabelos azulados parecia impressionado, os outros perplexos, o guarda-rede o parabenizou, e o de cabelos cinzentos o encarou com uma feição nada agradável.

Sicheng bateu palmas, gritou animado e os chamou pra perto dele.

Hyuck foi até lá patinando, e só em ver o sorriso em formato de coração tão sincero, ele acabou por sorrir mais.

— Você foi incrível. Precisamos de você. — Sicheng sorriu. — E então, você quer entrar pro time?

— Sicheng, não acha que está indo rápido demais? — Mark cruzou os braços.

— Cara, você tá' mais chato que o normal hoje. — o líder revirou os olhos. — Hyuck, responda minha pergunta.

— Eu quero! Quero muito! — quase deu um pulo de animação.

— Ótimo! Está dentro! Temos treinos todos os dias de seis às nove, aqui na quadra. Ah, você vai ser nosso reserva, mas é tão importante quanto os outros. Sua posição é avançador central, pois acho que você tem muito potencial fazendo isso.

Estendeu sua mão.

— Nós somos os Dinosaurs.

— É um prazer! — sorriu animado, apertou sua mão outra vez.

— Pessoal, apresentações! — gritou para os outros.

E quando o de óculos iria começar a se apresentar, Mark entrou em sua frente, com a feição irritada e fogo em seus olhos.

— Escuta aqui, eu não sei quem você é, nem me importo, seu merdinha. Mas se você acha que é só chegar assim, fazer uns pontinhos de merda e roubar o meu lugar como avançador central, está muito enganado. — apontou o dedo em seu rosto. — Você declarou guerra hoje, pirralho.

— Mark, deixa de birra. — o grandão o repreendeu.

— Cala a boca, Sungchan. — bufou. — Só quero que tenha em mente que eu não vou aliviar a barra só porque Sicheng gostou de você. Eu te odeio, e você deveria ter pensado bem antes de aceitar a proposta, seu merda. — gritou. — Esse é o meu lugar, entendeu?

O outro engoliu em seco, sem entender nada, e até com um pouco de medo.

— Você declarou guerra com Mark Lee quando chegou aqui se achando o tal. — arremessou o taco no chão de gelo. — E Mark Lee não pega leve com adversários fodidos como você. — o olhou com ódio. — Lembre disso, bastardo insignificante.

E saiu patinando, com o maxilar travado de raiva.

Os outros continuaram sem entender nada, principalmente Hyuck, que não fazia ideia do porquê de tanto ódio sendo que nem o conhecia.

Mark tirou os patins, e saiu, indo embora pra casa.

— Mark! Ei! Lee! Espera! — gritou Yang, indo correndo até ele.

— Não liga não, ele é temperamental assim mesmo. — o de cabelos azulados disse. — Prazer, sou Jeno.

Hyuck assentiu, mesmo que ainda confuso.

Bem, teria muitas coisas para contar ao seu pai quando chegasse em casa.

Só não iria falar que em seu primeiro dia ganhou um inimigo mortal.

Mark Lee, seu nome, nome este que ficou grudado em sua cabeça.

[⛸]

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