Oblíquo

By luanaSales97

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Caio sabia, estar apaixonado era uma maldição que em nada parecia com filmes ou séries de TV onde tudo acaba... More

Epígrafe e apresentações
Ele não está tão a fim de você
Alguém tem que ceder
Questão de tempo
Abaixo o amor
A barraca do beijo
Sim ou Não
Três homens em conflito
Guerra Fria
Feitiço da Lua
Trinta anos esta noite
O brilho eterno de uma mente sem lembranças
O Primeiro Amor
E se fosse verdade?
Por trás de seus olhos
Uma noite alucinante
Sempre ao seu lado
A doce vida
Dia do sim
A felicidade não se compra
O Date Perfeito

Um momento pode mudar tudo

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By luanaSales97

Damien

Como você escolhe um amante? Quando entrei para a faculdade um veterano chamado Vinicius disse que a melhor técnica é fazer essa escolha como se estivéssemos escolhendo um filme.

Os fãs de ação ficam com ação, terror com terror e romance com romance.

Escolhendo mais do que se gosta você permanece na sua zona de segurança, na sua zona de segurança não há risco. Vá pelo mais certo.

Ele não podia estar falando merda maior.

Os olhos de Caio são uma poça de lágrimas ao meu lado. Eu não tinha lenço, papel e parecia completamente imbecil me oferecer para secar algo que eu causei. Meu coração estava triturado, mas aquele era um ponto de virada. Eu estava sendo honesto. Eu realmente não podia oferecer o que ele queria.

Não tenho um passado ruim com relacionamento ou algum trauma. Eu apenas não me sinto como ele se sente. Quer dizer... eu não me sinto exatamente como ele.

O que eu podia dar ao Caio? Pedro sugeriu uma foda. E eu pensei nisso, eu penso nisso muitas vezes. Seria fácil dar um passo e apertar minha boca contra a dele, sentir o cheiro dele de perto e dizer: "ei, vamos de novo qualquer dia"

Mas e então? Todos os dias eram dias se me preocupar com Caio. Pensar no bem estar dele, se eu cedesse a um capricho, no que seria reduzida a nossa amizade?

A possibilidade dele me amar sem nunca ter me deixado saber me deixava puto, puto porque... porque...

Eu merecia saber.

Descobrir de repente me deixou com raiva, em negação e depois... destruído.

Eu queria que ele olhasse para mim, mas não havia nada de bom a oferecer em um olhar a não ser mais confusão, entretanto, a cada segundo passado ele parecia mais distante de mim, mesmo ali.

Um muro sendo construído diante dos meus olhos.

Eu falo, falo sem parar e digo que não posso perdê-lo. Caio não se mexe, como se cada palavra não significasse mais do que coisas vazias e sem sentidos.

Eu provavelmente mereço.

Caio se levanta e eu abro a boca mais um vez quando o elevador se abre. A última coisa que ouço é a porta de Lucas se fechando.

— Você falou com ele? — Letícia pergunta — Eu cheguei em uma hora horrível ele deve ter pensado que...

— Vamos para casa, pode ser? Parece que um trator passou em cima de mim.

— Damien... O que você disse?

— A verdade, o que você queria que eu dissesse?

Ela suspira diante do meu olhar, eu não tenho ideia do que ela viu. Apenas sinto dois tapas amigáveis em minhas costas.

— Vamos, eu dirijo.

A sigo até o carro mais devagar do que deveria e me jogo no banco do passageiro.

A sensação ia passar. As coisas voltariam ao normal. Eu só precisava de uma noite bem dormida e algum espaço de tempo.

***

— Damien? — Lola, de economia, fala. Olho em direção ao seu rosto e ela sorri angelical. — Esse lugar está ocupado?

O lugar estava, obviamente, vazio. Passo olho no lugar ao meu lado e penso em dizer que quero ficar sozinho no momento, analiso o refeitório cheio, eu me sentei num canto afastado, não estava de bom humor.

Faz, praticamente, uma semana que Caio não vem a faculdade. Pedro ligou chorando dois dias atrás, preocupado de não vermos mais a cara cheia de sardas do baixinho.

Eu o acalmei, disse que era preciso espaço, mas eu internamente me perguntava quanto espaço ele realmente precisava.

Um mês? Dois?

Caio acharia Lola bonita. Ela é alta e magra, o cabelo cheio é cacheado como o dele, a boca é rosada e ela sorri grande.

O pensamento me faz olhar para ela mais uma vez.

— Senta.

Lola prontamente se põe a falar sobre algum evento amanhã, uma festa, ela queria ir comigo.

— Claro, por que não? — assinto, exatamente como deveria. Lola era bonita, eu não era famoso por dizer não.

Tomo um gole da água a minha frente me perguntando quando exatamente era hora da aula de Estrutura de Roteiro. Olho para o relógio segurando minha garrafinha e me levanto.

— Você tem o meu número?

Jogo a mochila sobre o ombro e encaro o corredor. Essa seria minha última aula por dia, eu faltaria as outras duas.

— Eu acho que sim, nos vemos depois, ok?

Caminho pelo corredor lotado e entro na sala 101, vejo Lucas fazendo anotações em seu caderno e me sento ao seu lado.

— Ainda de mal humor? — ele pergunta sem desviar a atenção da folha a sua frente.

— O que você está escrevendo?

— Relatório para outra aula.

Assinto, em silêncio por um momento

— Pergunta logo, Damien.

— Como está o Caio?

Ele quase sorri.

— Bem.

— Você sempre diz isso.

— O que quer que eu diga?

— Ele não precisa de nada? Roupa? Alguma coisa?

— As que você mandou da última vez ainda servem. Mas olha, ele está mesmo bem, é sério.

Ele estava bem. Isso era ótimo, se ele estava bem, logo voltaria ao normal.

Os alunos iam entrando. Pedro, minutos depois, despencou numa cadeira qualquer a nosso redor, logo depois, a professora iniciou.

As horas se arrastam, mas, para meu alívio, a aula acaba e eu recolho minhas coisas. Queria dormir.

Vou caminhando para casa e uso o elevador para subir ao meu andar. O corredor iluminado pela luz do sol tem sua paz perturbada por um barulho muito característico de talheres sendo bagunçados.

Engulo em seco e coloco a mão em minha maçaneta, girando, descubro que a porta está destrancada. Abro rapidamente e me deparo com Caio segurando um garfo, comendo uma grande fatia de bolo.

— Voltou... você! — a frase sai desconexa enquanto meu coração se enche por um momento. Ele estava sentando no balcão da cozinha, pernas cruzadas, o cabelo cheio e cacheado arrumado, os lábios cheios entre apertos, os olhos grandes se arregalando de surpresa.

— Ei, não devia estar na faculdade?

Jogo a mochila no chão e dou um passo adiante. Lucas disse que ele estava bem e era assim que ele parecia: bem.

Isso era bom. Era ótimo.

— Eu falei a última aula eu não tô muito legal.

— Hm... bom, desculpa invadir e pegar sua comida.

Balanço a cabeça e coloco a mão no móvel em que ele está.

— Eu comprei pra você. eu...

— Só vim pegar minhas coisas.

Comprei para quando você voltasse.

Meus olhos vão de imediato para onde Caio aponta, o dedo fino me guia a um conjunto de três malas e uma mochila.

Não consigo evitar a decepção que chega em mim como uma onda.

— Bernardo vai me dar uma carona pra me ajudar com as coisas.

Bernardo?

Eles eram amigos agora?

— Você está, vai se mudar?

— Encontrei um quarto sala bem legal perto da faculdade.  — Ele pula da bancada e vai até a pia. O barulho da água sobre a louça me tira do transe.

Se mudar? Isso não era um tanto extremo? Quer dizer, as coisas não precisam ser assim. Se ele está bem, ele pode ficar.

— Não precisa se não quiser, quer dizer, esse apartamento é próprio, não custa nada.

— Ah, mas eu quero. — as palavras dele saem claras. — Acho que vai ser mais prático para o trabalho também.

Caio sorri, um sorriso breve quando seus olhos escuros encontram os meus.

Aperto os lábios e assinto.

— Agora terá a casa só pra você. — Ele sacode as mãos molhadas e olha em volta por um instante.

Eu sinto meus dedos dos pés de contorcendo, a respiração curta por um segundo.

Eu teria a casa para mim. Isso era ótimo.

Só não parecia.

— Você está esquecendo sua caneca. — Sorrio e o observo estender a mão.

— Está quebrada, Damien. Vaza quando uso. Tem coisas que não dá para consertar.

Ele anda até suas malas, passando por mim, os cachos balançando com o movimento.

— Vou indo. A gente se vê na faculdade, né?

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