- 𝘼𝙉𝙏𝘼𝙍𝙀𝙎; (𝘮𝘪𝘯𝘴𝘶...

De godhannie

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AVISOS
Prólogo | I can't forgive and I can't forget
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LIVRO FÍSICO CONFIRMADO
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AGRADECIMENTOS + LIVRO FÍSICO
PRÉ-VENDA ABERTA!!!!!!!

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De godhannie

Quando abro meus olhos, o céu que antes era estrelado agora está nublado, alguns corvos cruzam as nuvens, e a brisa continua fria como na noite anterior. Já amanheceu, o sol provavelmente está escondido atrás de alguma nuvem de chuva e faz o dia cinzento, eu dormi tão profundamente que não aproveitei aquela noite perfeita até o último segundo.

Me apoiei nos cotovelos e esfreguei os olhos, os cobertores que usamos pra nos aquecermos do frio na noite passada estão enrolados em mim junto a algumas embalagens de doces na grama. Passou mais rápido do que eu imaginei e outro dia já começou, o relógio do tempo corre três vezes mais rápido quando estou com Jisung, parece até uma forma de me torturar por conseguir passar um tempo tranquilo e feliz depois de tudo que já fiz no passado.

Fecho os olhos e respiro fundo, seu cheiro ainda está nas minhas roupas e cada detalhe do nosso encontro faz meu coração bater mais forte. Nós só conversamos, nos beijamos e trocamos carinhos, e cada toque, palavra, e olhar dele foram tão valiosos que preencheram cada parte vazia de mim com uma dose pura de vida. Eu sei que não deveria me sentir tão feliz e apaixonado, mas não consigo controlar as batidas do meu coração e nem meus suspiros. Já faz tanto tempo que amei alguém que havia me esquecido da sensação gostosa de ter borboletas no estômago, e o coração eufórico. Me faz sentir feliz e me faz sentir bom, é como se lavasse todo rastro de sangue que deixei pelo meu caminho e me fizesse voltar a acreditar em mim mesmo. O amor de Jisung me faz querer ser bom, pois quero desesperadamente ser alguém que ele queira amar sem sentir medo, mas eu não sei se posso ser bom, se naquele beco fui tão ruim. O que estou fazendo com ele é imperdoável, e não importa se meu coração carrega maldade ou bondade agora. Está feito, eu já o amo, e é esse mesmo amor que vai o destruir.

Quando olho ao redor e o procuro, Jisung não está em lugar nenhum. A noite passou rápido demais depois que ele parou de conversar e me abraçou pra dormir, mas me lembro de ter lhe
segurado muito mais forte com medo que ele escapasse em algum momento, ou que algo lhe acontecesse e eu não visse. Meu carro está parado no mesmo espaço, e até onde eu me lembre, tudo está normalmente no devido lugar, exceto ele.

- Jisung? - chamei me levantando do chão.

Não há resposta, o único som que escuto ainda é o dos pássaros rodeando as árvores. Sinto um frio na barriga, o desespero vai crescendo em meu peito e se ramificando por todo o meu corpo. Se algo acontecer com Jisung, eu perco a linha, eu simplesmente desisto.

- Jisung? - chamo mais alto e minha voz falha - Onde você está?

Meu coração bate mais forte, e dessa vez não é pela arritmia gostosa da sua presença, mas pelo desespero da sua falta. Tudo está exatamente como deixamos, então por que não há nenhum vestígio dele? Por que quando acordei, ele não estava mais ali?

Respirar se torna uma tarefa difícil, e meus olhos percorrem todas as árvores ao meu redor procurando por ele. Me sinto desesperado, não consigo impedir minha mente de criar paranoias do que pode ter acontecido, e pensar no pior me faz sentir ainda mais sufocado.

Um barulho me chama a atenção, as folhas de uma árvore se mexem muito rápido e sinto uma corrente elétrica percorrer meu corpo. Meus olhos assustados se abrem, meus pés ficam estagnados no chão tentando reprimir o medo que sinto pra correr até lá. Não estou sozinho, tem alguém aqui, e meu desespero pra encontrar Jisung me faz correr na mesma velocidade em que esqueci que meu medo existia.

Minhas mãos afastam os galhos das árvores, e respiro descontroladamente enquanto me movo pela floresta e chego até aquela árvore que vi os galhos mexerem. Movido pelo impulso, minha mão afasta as folhas com força sem pensar em nada, sem imaginar o que me espera ou o que houve com ele.

- Bom dia - Jisung sorriu - Olha o que eu achei, uma macieira.

Apoiei minhas mãos nos joelhos e respirei tão fundo que senti estar prestes a desmaiar. O suor escorreu pela minha testa e meu coração acelerou ainda mais, a descarga de sentimentos em tão pouco tempo tinha me feito tão mal que a ansiedade voltou com mais força. Meu cérebro não conseguia processar tamanha sensação de alívio, e ao mesmo tempo não conseguia entender que já estava tudo bem, e que ele realmente estava em carne e osso na minha frente.

- O que foi? - Jisung se agachou na minha frente com os olhos preocupados enquanto mordia uma maçã.

- Eu... - tentei puxar ar o suficiente pra conseguir falar - Eu achei que você tivesse se... tivesse se perdido.

- Eu só vim pegar maçã pra você - me estendeu a fruta vermelha - Está tudo bem, Hyung.

Aceitei o presente e fiquei em pé outra vez, não sentia a menor vontade de comer depois daquele susto, mas resolvi morder pois não queria deixa-lo triste e muito menos desconfiado. Jisung não tem noção do que nos cerca, e talvez ele ache minha reação exagerada demais, pois ele não faz ideia da dor imensurável que me sufoca quando penso em perde-lo. É bom que ele ache que foi só um susto, pelo menos assim posso protege-lo da verdade.

- Me desculpa por ter te assustado - seus braços envolveram minha cintura e ele deitou sua cabeça em meu peito - Eu só queria... Eu não sei, só queria te fazer feliz com alguma coisa, mas não sou bom nisso.

Eu o afastei pra olhar em seus olhos, sua boca tinha um pedacinho pequeno de casca de maçã e eu limpei com meu polegar.

Não consigo entender o que ele quer dizer sobre me fazer feliz com alguma coisa, e acho que a visão que Jisung tem sobre felicidade é distorcida devido as circunstâncias em que ele viveu. Ele se sente feliz com coisas simples, qualquer mínima conexão humana ou uma balinha de banana de menos de vinte centavos é motivo pra lhe fazer sorrir. Entretanto, quando ele quer fazer alguém feliz, pensa que deve entregar coisas materiais e físicas, pois foi isso que lhe faltou durante metade da sua vida. Se Jisung soubesse que sua simples existência já me faz feliz, ele saberia que não é necessário tentar.

- Como assim não é bom nisso? - pergunto enquanto acaricio seu cabelo.

- Eu não sei - ele suspira e se afasta - Eu moro na sua casa, você me ajuda, se preocupa comigo, parece que não faço nada pra retribuir.

Jisung se apoiou no tronco da árvore com os olhos triste e a cabeça baixa, a noite que tentei preparar pra nós lhe fez sentir insuficiente e ele se sentiu na obrigação de me retribuir. Eu sei o quanto ele gostou de tudo, porque além de Jisung dar tanto valor a coisas tão pequenas, elas se tornam ainda mais significantes pra ele quando sou eu que as faço. Consigo ver como seus olhos brilham e o sorriso aparece em seu rosto fazendo meu coração derreter, é assim que ele mostra que está feliz, é assim que ele mostra que também me ama.

- Ei - eu me aproximo e toco seu braço mas ele vira o rosto.

- Não fale do livro de novo - pediu - Eu não quero que você me pague pra ler.

- Isso não faz mais sentido agora - digo - Você nunca precisou me retribuir com nada, Jisung. Eu só não queria que você se sentisse mal com a minha ajuda.

- É, eu sei - ele respirou fundo olhando pro chão - Mas tudo é diferente agora.

Eu segurei seu queixo e o fiz olhar pra mim, seus braços se apoiaram em meus ombros e nossas testas encostaram uma na outra.

- Diferente como?

Suas pálpebras tremeram e ele mal conseguia sustentar seu olhar no meu, fazendo meu coração disparar outra vez, e meu peito encendiar.

- Você sabe - seu polegar percorreu meu lábio inferior - Você sente.

Meu corpo tremeu com seu toque e o som da sua voz, minha mente não conseguia pensar em nada quando seu rosto estava tão perto do meu, sua boca tão perto da minha, e seus olhos brilhando enquanto estavam grudados nos meus.

- Então me faça sentir agora.

Seus lábios tremem e ele pisca nervoso, sua respiração se mescla com a minha e sua boca entreaberta fica mais perto. Ele fica na ponta dos pés, seus braços me seguram e eu aperto sua cintura o ajudando a manter o equilíbrio, e me mantenho no mesmo lugar quando ele se aproxima tímido e une seus lábios nos meus.

Não importa quanto tempo eu passe com ele, tudo ainda parece novo. Cada olhar, cada palavra, e cada toque, por mais que se repitam diversas vezes nunca faz a sensação ser mais fraca. Meu coração ainda acelera, meu corpo treme e o tempo para, e então, é como se fosse a primeira vez de novo.

Ele me beija com calma, seus dedos pequenos e gelados repousam na minha bochecha, e sua língua se move tímida e segue o ritmo da minha quando o beijo com mais intensidade.

O sentimento é tão bom que faz meu peito doer, a sensação transborda pelo meu corpo e alma e faz cada célula pegar fogo. Minhas mãos o trazem pra mais perto, nosso beijo se torna mais rápido e as mãos dele puxam meu cabelo. Nos beijamos durante toda a noite passada, desde beijos como esse que interrompemos antes que nossos corpos ficassem mais quentes, até selinhos que distribuí pela sua bochecha e pescoço até que ele sentisse cócegas. Mesmo assim, toda vez que o beijo e o toco não é o suficiente, nossos corpos querem ficar mais perto um do outro e nosso beijo não me satisfaz por completo, mas não é como se o desejo carnal pudesse suprir isso. Não acho que seja a distância de nossos corpos, mas a distância de nossas almas. Não importa o quanto nossos corações estejam juntos, ou o quanto seu corpo esteja perto do meu, nossas almas são a única parte transparente de nós que sabem sobre tudo que somos e fizemos. A alma de Jisung está longe, e quanto mais eu tento me aproximar, mais eu a afasto.

- Isso... - tento dizer ainda ofegante quando paro o beijo - Isso é a única coisa que eu quero em troca.

Volto a beija-lo, e dessa vez não há nenhuma timidez na forma como ele se move e me beija com paixão, deixando a maçã cair de sua mão pra ficar mais perto de mim. Eu o retribuo, nossas respirações se misturam e suas mãos percorrem meu corpo. Eu o afasto aos poucos, selo seus lábios com os meus e nossos olhares se encontram. Ele segura um sorriso, mas seus lábios ainda tremem de nervoso e sua mão segura a minha.

Ele respira mais calmo assim como eu, e nossos olhares não se abandonam. Jisung leva minha mão até seu peito e a pressiona contra sua pele, consigo sentir na minha palma os batimentos acelerados do seu coração e meu peito dói.

- Por que você faz meu coração bater desse jeito?

O brilho em seus olhos transmite a inocência da sua pergunta, e sinto meu próprio coração derreter feito gelo quando seus olhos continuam esperando por uma resposta, e eu não sei se é uma boa ideia dizer a ele que o nome disso é amor.

Talvez Jisung nunca tenha amado antes, e por mais que todos os amores nos faça sentir de uma forma diferente, eu acredito que essa é a primeira vez que ele sente isso. É muito novo pra ele, seus olhos mostram que ele realmente quer entender, mas talvez não há nenhuma explicação que possa ser transferida em palavras. É melhor que ele só sinta em silêncio, sem desconfiar do quão poderoso é o sentimento que ele guarda dentro do peito.

Em resposta, me inclino pra deixar um beijo em seu coração, bem onde ele posicionou minha mão em seu peito. Vejo sua pele arrepiar, e distribuo mais beijos pelo seu ombro e pescoço, e por fim coloco sua mão em meu peito pra que ele também sinta as batidas.

Nossos olhos se encontram e ele sorri, meu coração bate ainda mais forte ao ver seus olhinhos ficarem pequenos e desestabilizarem meus batimentos. Ele sabe da resposta, mas ainda anseia pra que eu verbalize algo que o faça ter a completa certeza, e eu digo sem perceber.

- Talvez seu coração goste de mim.

Ele sorri outra vez, e eu deixo um beijo em sua testa antes que acabe o beijando de novo. Entrelaço meus dedos nos dele e beijo sua bochecha lhe fazendo rir, e o puxo pra fora da mata onde nossas coisas estão.

Jisung suspira apaixonado e solta minha mão pra começar a juntar nossos pertences, mas quando ele começa a dobrar um dos cobertores, eu me dou conta de que o mesmo havia ficado dentro do carro.

- Espera - franzi o cenho - Esse cobertor estava dentro do carro, não estava?

- Eu não me lembro - ele deu de ombros dobrando o tecido - Por que?

Eu consigo me lembrar da noite anterior quando usamos somente dois cobertores, e até quando acordei hoje de manhã ainda haviam dois. Eu me certifiquei de ter trancado o carro, então como foi parar lá fora? Será que estou ficando louco, ou minhas suspeitas fazem sentido?

- Nada - balancei a cabeça em negação tentando fazer Jisung não se preocupar com isso - Acho que me confundi.

Depois de juntarmos nossas coisas, colocamos tudo no banco de trás do carro e eu não encontrei nenhuma pista ou vestígio, pois não havia nada fora do lugar. Talvez eu esteja ficando um pouco paranoico, e tenho medo que essas paranoias me levem a loucura, é por isso que decido esquecer o que aconteceu e aproveitar os momentos que nos restam até chegar em casa.

Jisung liga o rádio de novo, e eu tiro do bolso uma última balinha de banana que eu tinha escondido ontem a noite. Eu sabia que Jisung comeria todas e no outro dia ia desejar mais, é por isso que esperei que ele se distraísse pra roubar uma. Ele abriu um sorriso enorme e bateu palminhas antes de pega-la da minha mão, por isso não me arrependi por ter escondido dele na noite passada.

Quando virei a esquina da rua de casa, meu corpo tremeu pela vigésima vez no mesmo dia. O carro da polícia estava parado em frente a porta, e Changbin fardado estava recostado no carro enquanto fumava um cigarro. Eu desejei pisar no acelerador e fugir pra bem longe dali, mas não podia fazer isso quando Jisung ansiava pra descer do carro rapidamente.

Estacionei de qualquer jeito e desci seguindo Jisung, o olhar de Changbin me fuzilou antes mesmo que eu pensasse em cumprimenta-lo, e então decidi que era melhor não fazê-lo.

- Bom dia, Jisung - se curvou formalmente.

- Bom dia - respondeu - Alguma novidade?

- Sim.

Changbin me olhou de cima embaixo, tentando fazer Jisung perceber que não queria minha presença ali, mas ele obviamente ignorou a atitude de Changbin e continuou esperando que ele dissesse algo. O homem bufou irritado e cruzou os braços na frente do peito, voltando a olhar pra Jisung com um pouco mais de respeito do que ele tem comigo.

- Alguns moradores e câmeras de segurança flagraram um carro suspeito dirigir em direção a cabana onde Bang Chan foi encontrado, e a data condiz com seu desaparecimento.

Jisung arregalou os olhos, mas dessa vez eu não me sentia surpreso, apenas curioso. Sei que alguém tirou o corpo do beco, e pelo visto esperaram pelo tempo certo para armar a cena perfeita.

- A placa era de um carro roubado.

- O que? - Jisung ficou mais confuso - O que isso quer dizer? Changbin, o que você acha que aconteceu?

- Não posso afirmar nada ainda - deu de ombros - Mas ao que tudo indica, foi um crime planejado.

Algumas peças parecem se encaixar dentro da minha mente, mas ao mesmo tempo, nada faz sentido. Um carro me perseguiu e um carro levou Bang Chan até a falsa cena do suicídio, poderia ter sido a mesma pessoa? Se tudo tiver sido planejado desde o começo, então era parte do plano que Gahyeon estivesse no beco e eu, consequentemente, matasse Bang Chan?

- Você... - minha voz sai no impulso quando minha mente quase explode com tantos pensamentos - Você sabe qual carro era?

Changbiu sorriu de lado, e mais uma vez seu comportamento consegue me intimidar tanto que me faz temê-lo. Eu não confio nele, na verdade, nessas circunstâncias não me sinto seguro nem confiando em minha própria sombra.

- Um SUV preto - ele sorri cínico - Por que?

- Nada - desvio o olhar rapidamente e tento não parecer nervoso - É só pra saber.

- Ah, claro - ele ri - Está interessado em comprar um, Lee Minho? Acredito que não seja uma boa ideia agora, você tem que pagar sua multa de trânsito.

Senti meu sangue ferver e finquei minhas unhas nas palmas das mãos, tentando controlar minha vontade de partir pra cima de Changbin e acabar com seu cinismo usando meu punho. Jisung franziu o cenho e me olhou confuso, fazendo minha raiva aumentar ainda mais e ser mais difícil controlar minha vontade de perder a linha com Changbin.

- Multa? - ele fica em dúvida - Achei que você estivesse certo no acidente.

- Ah, ele não te contou? - Changbin riu - Minho estava dirigindo em alta velocidade, provavelmente apostando um racha, meio infantil pra idade dele, não?

- Eu já disse que perdi o controle do carro - disse entre os dentes - O freio não estava funcionando, não teve racha nenhum.

- Me contaram que o freio funcionou perfeitamente quando você estava prestes a bater contra um muro - sorriu irônico.

Meu corpo ferveu de raiva, e podia jurar que meu rosto estava vermelho e meu olhar pegava fogo. Ele não tinha o direito, todas as ações dele pareciam premeditadas pra me afetar ou provocar, como se no fundo ele soubesse ou desconfiasse que estou escondendo alguma coisa. Estou cercado de inimigos, e por mais que Changbin só esteja tentando fazer justiça, ele é o pior deles.

- Seo Changbin? - escuto sua voz vindo do outro lado da rua, e não sei como tudo pode ficar pior quando ele para do meu lado com o mesmo sorriso irônico - Achei que não fosse te ver mais.

- É um desprazer enorme - Changbin responde.

Felix não se sente ofendido, pelo contrário, isso o motiva a continuar provocando o investigador até que ele consiga o tirar do sério. Ele ri, sem se importar com o que Changbin disse, e arruma outra maneira de lhe alfinetar.

- Não posso dizer o mesmo - sorriu - Ainda estou esperando você me chamar pra sair.

Changbin riu e eu revirei os olhos, estava completamente sem paciência pra presenciar aquilo pois ainda sentia raiva de Changbin, e Jisung não parecia se importar tanto quando ainda estava processando as novas informações que ele trouxe.

- É uma pena - deu de ombros - Não tenho tempo pra isso.

- Eu posso esperar - sorriu.

- Jisung, quando eu tiver novas informações volto aqui pra te dizer - disse ignorando Felix e voltou a olhar pra mim com soberba - E tome cuidado com quem você anda.

Jisung franziu o cenho confuso, e eu me segurei pra não dizer nada que me fizesse parecer ainda mais suspeito, mas minha raiva de Changbin estava estampada nos olhos e ele claramente percebeu.

- Novas informações? É sobre seu irmão que morreu? - Felix perguntou - Acho que não está se importando muito com isso, visto que passou a noite com o Minho.

- Como sabe sobre o irmão dele? Quer dizer, como sabe sobre nós, Felix? Você nos seguiu? - falei desesperado ao perceber que ele sabia demais.

Não consegui evitar me sentir mais irritado, e minha indignação era incontrolável quando percebi que Felix estava realmente seguindo nossos passos. Eu não achei que ele soubesse tanto, na verdade, resumi sua obsessão e desejo de vingança em muito menos do que ele realmente é capaz de fazer, e agora não sei mais o que pensar.

- Eu ouvi a conversa aquele dia - deu de ombros - E não, eu não te segui, não estou afim de ver você me substituir com esse estúpido que não sabe que você vai abandona-lo no final.

De repente, Jisung passou na minha frente tão rápido que eu não pude notar, e seu corpo ficou de frente pra Felix com seus olhos cheios de raiva. Meu corpo gelou, e então percebi que Changbin não tinha ido embora, e observava tudo a alguns passos como se soubesse que não ia terminar bem.

- Não é minha culpa que ele terminou com você - disse entre os dentes - Então cale a sua boca antes de falar de mim ou do meu irmão.

Felix gargalhou com deboche, sua única maneira de se defender era fingindo não se importar com nada e se divertir com a situação. Me sinto confuso quando percebo o quanto ele é perigoso e suspeito, mas também tenho a mesma sensação com Changbin e com todos que me cercam. Não consigo mais confiar em ninguém, nem em mim mesmo, e sinto vontade de desaparecer quando penso que meu cerco está fechando.

- Como você pode ser tão burro? - ele revida - Estou apenas avisando você, a mesma história vai se repetir e daqui uns anos é você quem vai estar no meu lugar.

Jisung respirava ofegante e seu corpo tremia, eu consigo perceber que ele realmente esperou chegar no seu limite pra dizer alguma coisa a ele, e agora está a ponto de explodir e gritar com alguém como provavelmente nunca gritou com outra pessoa antes.

- Eu dispenso seu aviso, Felix - disse com raiva - Pra mim você parece mais um revoltado por ter sido abandonado, do que alguém que se importa com o futuro da minha vida amorosa.

- Foda-se o que você pensa - ele aumentou o tom de voz e Jisung estremeceu - Eu estou falando sério, seu idiota. Você precisa se afastar dele, ou eu...

- Ou você o que? - Jisung gritou mais alto e deu um passo a frente, empurrando o corpo de Felix com suas mãos trêmulas - Vai me ameaçar? Nos perseguir? É só isso que você sabe fazer?

- Fica longe dele! - gritou de volta e fez Jisung se afastar - É a última vez que vou te dizer isso.

Estava paralisado e sem reação, meu corpo ficou congelado vendo o caos se instalar, e por um momento esqueci que poderia interferir. Jisung estava pronto pra avançar no garoto e agredi-lo, mas eu fui rápido quando passei meu braço pelo seu tronco e o puxei pra mim, impedindo seus braços de se soltarem do meu aperto e fazer algo que ele se arrependeria mais tarde.

Jisung não é assim, eu sei disso. O motivo que provavelmente o levou a gritar e partir pra cima de alguém talvez não seja só a perseguição de Felix, mas a soma de tudo que ele guarda dentro de si e não põe pra fora. Eu também estou irritado, preocupado e sinto meu coração bater forte devido a raiva, e não quero que ele exploda da forma que eu quero explodir. Seu peito sobe e desce com rapidez, seus músculos tremem e ele sua frio, e mesmo quando eu tento imobilizar seus braços ele ainda me empurra e tenta se soltar, vendo em Felix uma maneira de descarregar o que sente.

- Ei, Jisung - minha voz é firme e séria - Esqueça isso e se acalme, está bem? Não dê ouvidos a ele.

- Você é um idiota, Minho - Felix disse com tanto desprezo que seus olhos pareciam me amaldiçoar. Changbin segurou seu braço com força quando ele tentou se aproximar de nós, e seu olhar de raiva atingiu o investigador.

- Então esse é o seu tipo? Um stalker obcecado? - Changbin debochou - Achei que estava sendo sincero quando flertou comigo.

Felix o olhou, sua expressão de raiva se dissipou e ele abriu outro sorriso safado, aproveitando pra se recostar em Changbin enquanto ele o segurava e o puxava pra trás.

- Com você é diferente, eu só quero me divertir um pouco e te deixo em paz.

- Eu aceito - Changbin piscou e sorriu - Que tal nosso primeiro encontro ser na delegacia?

Felix cerrou os olhos e vi como ele se conteu pra não piorar sua situação, mas até Changbin percebeu como ele segurou seu nervosismo.

- Parece que você me derrotou - sorriu irônico.

- Entra no carro - ordenou com grosseria.

Changbin o soltou com brusquidão, e deu a volta pra sentar no banco do motorista, enquanto Felix o obedeceu e entrou no banco de trás sem olhar pra nós e sem dizer nada.

Assim que o carro saiu, Jisung se livrou do meu aperto e correu pra dentro da casa, me deixando estagnado sem processar nada do que aconteceu em tão pouco tempo. Sem pensar duas vezes, corri e abri a porta da sala procurando por ele o mais rápido possível.

- Jisung? - chamei e o vejo entrando em meu quarto, mas me assusto com Gahyeon do meu lado.

Ela está diferente, tem olheiras arroxeadas embaixo dos seus olhos e seu olhar parece morto. Sinto meu coração doer, desde que ela nasceu nunca a vi de tal forma, tão distante de si mesma e tão exausta.

- Gahyeon? - minha voz falha - Você está bem?

Ela apenas balança a cabeça positivamente, e ajeita a mochila no ombro antes de sair pela porta. Eu engulo em seco, meu peito dói e não sei pra qual lado devo correr, mas quando escuto um barulho no quarto acabo no impulso indo até Jisung.

Quando chego na porta do cômodo ele respira com dificuldade, e suas mãos rápidas tiram todas as suas coisas de cima do guarda-roupa. Foi lá que ele guardou em uma mochila o pouco que sobrou da sua antiga casa, mas acabou derrubando tudo no chão quando puxou.

- O que está fazendo?

Ele começa a mexer freneticamente nos objetos e nas roupas, e não olha pra mim quando responde sem me dar muita atenção.

- Vou anotar todos os lugares que Channie esteve e todas as pessoas que ele conhecia.

Com suas mãos tremendo ele rasgou a folha de um caderno, e com uma caneta começou a escrever freneticamente e com rapidez.

Quando tento andar em sua direção, acabo pisando em algo no chão, e vejo uma fita de vídeo cassete antigo com um papel colado e algumas palavras escritas com caneta preta.

"Abra quando fizer vinte e um anos"

- O que é isso? - perguntei segurando a fita. Jisung nem se quer me olhou direito e continuou concentrado escrevendo.

- Channie me deu, eu ainda não abri - respondeu desinteressado.

Eu coloquei a fita em cima da cama, e decidi deixar Jisung sozinho se concentrando no seu plano, pois sei que fazer isso vai lhe fazer sentir útil em poder ajudar.

Eu sei que ele precisa disso, desde que Chan se foi ele vem buscando fazer algo pelo irmão enquanto tenta redescobrir o sentido da própria vida. Jisung ama tocar seu teclado, comer balinhas de banana e passar um tempo comigo, mas isso não é o suficiente pra lhe fazer sentir bem consigo mesmo. Acredito que ele só sentirá um pouco de paz em seu coração quando fizer justiça por Bang Chan, mas a mágoa que ele vai sentir de mim quando isso acontecer vai afastar a paz dele de novo.

Assim como ele, estou tentando viver um dia de cada vez, enquanto também tento encontrar meu caminho certo depois que me perdi. Jisung está tentando o máximo que pode, e eu sei que por trás de tudo que ele está conquistando aos poucos, isso ainda o dilacera por dentro e o atormenta. Eu tento ajuda-lo mesmo sabendo que o caminho que ele trilhar vai o levar até mim, mas sinto que as vezes ele precisa fazer isso sozinho, afinal de contas, essa história não é sobre mim. Bang Chan era seu irmão, e o mínimo que devo a Jisung depois de não respeitar sua dor, é o espaço que ele precisa pra fazer o que achar necessário.

Quando chego na cozinha e me lembro de Gahyeon, mando uma mensagem perguntando novamente se ela está bem. Não consigo cuidar de tudo ao mesmo tempo, e a preocupação que sinto faz minha ansiedade ficar mais forte e me obrigar a recorrer pro que ultimamente vem sendo minha fuga. Enquanto cozinho algo pra Jisung comer, pego o pote laranja de comprimidos e engulo em seco rezando pra que me fizesse dormir o mais rápido possível.

Quando me certifico que Jisung está se alimentando enquanto trabalha pensativo, eu me deito no sofá da sala e deixo o sono relaxar meus músculos e adormeço em menos de dez minutos.

A noite está caindo quando abro os olhos, o sol já se pôs e o céu começa a escurecer. Estico meus braços e esfrego os olhos antes de me levantar, e agradeço mentalmente por ainda conseguir fugir da realidade por uma tarde toda e acordar temporariamente anestesiado.

Meu coração dói quando vejo Jisung no quarto, ele acabou dormindo em cima dos papéis e encostado na cabeceira da cama. Eu tiro as folhas do seu colo sem olhar o que ele escreveu, coloco sobre a cômoda e o cubro com um cobertor. Quando me viro pra sair do quarto, a fita ainda está sobre a cama e não consigo evitar pensar na ideia.

O que está escrito é estranho, e me faz pensar no que Chan pode ter gravado que Jisung só poderia assistir com vinte e um anos. Não vai demorar muito pra que ele veja, mas cogito a ideia de saber primeiro e manter isso em segredo. Eu não sei nada sobre Jisung, e nunca cheguei a perguntar de onde veio seu medo das pessoas ou como foi sua vida antes de me conhecer, pois suspeito que nem ele mesmo saiba sobre a resposta dessas perguntas.

Eu não deveria, mas ele não vai saber. Talvez não seja nada tão importante e eu não descubra nada sobre ele ou Bang Chan, é por isso que preciso arriscar pra saber. Sinto um frio na barriga e a consciência pesada, mas prometo pra mim mesmo que ele jamais saberá o que fiz, e o que quer que esteja dentro dessa fita, ninguém além de nós dois saberá.

Eu o olho uma última vez e me certifico que ele está dormindo profundamente, pra só então pegar a fita cassete nas mãos e ir pro quarto de Gahyeon.

Abro as portas do seu armário até encontrar o VHS antigo que ela comprou pra um trabalho do ensino médio, colocou no armário e nunca mais usou. Tentei pegar sem fazer barulho, assoprei a poeira em cima do aparelho e liguei na tomada mais próxima e conectei na TV, vendo a luz piscar e indicar que estava ligado.

Corri pra trancar a porta e me sentei no chão do quarto, sinto um aperto no coração pelo nervosismo de estar fazendo isso, mas não penso em desistir. Eu sei que não é uma boa ideia, mas esse é o único vestígio de Bang Chan que carrega um pedaço de Jisung, e talvez seja minha única chance de saber um pouco mais dele, e também procurar quem está por trás da morte de seu irmão.

Não é certo, mas é a oportunidade perfeita. Isso pode me ajudar a descobrir quem está me perseguindo, como também pode me permitir saber mais sobre Jisung e ajuda-lo, ou talvez nenhuna das duas coisas. Antes de criar mais teorias sobre o que é, eu coloco a fita no aparelho e prendo a respiração sem perceber quando coloco o dedo no botão do play.

- Tudo bem - digo pra mim mesmo como forma de consolo, e juro por Jisung que qualquer informação que eu encontre e que me favoreça, eu jamais vou usar contra ele, pois prefiro mil vezes ser condenado do que travar uma guerra contra alguém que amo.

Aperto o botão e meu coração acelera automaticamente. A tela fica escura, e a imagem em baixa qualidade aparece e mostra Bang Chan completamente diferente.

Ele vestia uma camisa xadrez e velha, seu rosto era mais magro do que eu me lembro, seus olhos são pequenos e seu olhar triste. Ele era apenas um adolescente nessa época, a data no canto da tela marca dois mil e treze. Seu corpo era magro e a lente do seu óculos estava trincada, parecia uma criança indefesa, e por mais que eu não quisesse, meus olhos começam a chorar.

É a primeira vez que o vejo vivo e jovem, o aperto em meu coração parece mais uma facada profunda. Ele não se parece com o homem que vi no beco e nem aquele que vi no IML, era apenas um jovem garoto com uma vida inteira pela frente e que foi interrompida ainda tão cedo. Eu não consigo, meus olhos lacrimejam e embaçam a visão dele na tela da TV, e a única coisa que consigo pensar é que sinto muito.

- Sung, aqui é seu Hyung, Channie - ele ajeita o óculos no rosto e sorri triste.

Meu coração dói e eu tento aguentar firme, talvez eu tenha falhado em pensar que eu poderia guardar isso pra sempre, pois até meu coração está pondo tudo pra fora em lágrimas, me fazendo querer chorar mais ainda quando me sinto fraco e exposto.

- Hoje você fez dezesseis anos, e eu te fiz prometer que só abriria esse presente quando tivesse vinte e um. Acho que agora você já tem, e eu sinto muito por ter te feito acreditar que isso era um presente de aniversário, porque não é. Isso é algo que fiz por você, mas esperei você crescer pra não doer tanto. O que eu vou te dizer agora não é o que você espera ouvir, mas é o que você precisa saber.

Meu coração acelera e minhas lágrimas escorrem pelo meu rosto, eu me aproximo da tela e tento engolir os soluços pra que Jisung não escute, mas a cada segundo que olho o rosto e escuto a voz do homem que matei, a culpa devora mais um pedaço de mim.

- Você se lembra dos nossos pais, não é? Você sabe quem eles são, mas em um certo momento sua memória desaparece. Quando você era criança, eu te disse que nossos pais morreram e você chorou e agiu como se não soubesse, mas você sabe, Jisung. Você estava lá também.

Sinto que não consigo respirar, minhas mãos agarram a televisão pequena e meus olhos quase saltam pra fora. Meu coração dói tanto que não consigo sentir ele bater, e em segundos volto a chorar em silêncio outra vez e meu peito queima como se isso estivesse me matando.

- Em novembro de dois mil e oito você teve uma febre, e o papai ficou tão preocupado que saiu durante a madrugada pra comprar um remédio pra você, e nessa mesma noite algo aconteceu.

Bang Chan respirou fundo, seus olhos cansados pareciam tão tristes que fez os meus chorarem. Eu queria tê-lo conhecido nessa época, eu queria ter cuidado dele e de Jisung como cuidei de Gahyeon, eu queria ter pedido perdão pra Bang Chan pelo menos uma única vez, mesmo que ele não soubesse do que eu estava falando, pelo menos eu teria lhe pedido perdão no passado pelo que fiz com ele nesse maldito presente.

- Você se lembra de Choi Daeshim? Ele foi um dos maiores candidatos a presidência da Coréia do Sul. O país amava ele, era um dos homens mais admirados pelos coreanos, e todos acreditavam que ele seria o vencedor das eleições naquela época. Também havia Kwan Youngsoo, ele era do partido rival ao de Daeshim, e o único entre os candidatos a presidência que não tinha chances de vencê-lo. Daeshim foi encontrado morto um dia, o mundo todo se chocou com a notícia, mais de cem policiais investigaram o caso pra tentar encontrar seu assassino, mas nunca houve resposta.

Me lembro de ver os noticiários na TV quando era criança, a notícia correu o mundo todo e o país se mobilizou pra fazer justiça a Daeshim. Houve protestos, investigações e algumas pistas encontradas, mas a verdade nunca foi descoberta, e com o tempo a mídia se esqueceu de Daeshim, assim como toda a população desistiu de procurar um culpado.

- O papai sabia da verdade - pigarreou nervoso - Naquela noite, Youngsoo atirou em Daeshim e ele viu tudo, mas jamais acreditariam nele se dissesse a verdade. Papai era a única pessoa que sabia o segredo de uma nação inteira, mas não dariam ouvidos a ele, aqueles que vem de Gangnam não gostam de pessoas como nós.

Fico boquiaberto, meu choro cessa quando meus olhos se arregalam na frente da televisão, e minha mente fica confusa. Não posso acreditar que o pai de Jisung se envolveu sem querer em algo tão grandioso, e me preparo pro pior quando Chan respira fundo e volta a falar.

- Nossos pais tentaram nos proteger, mas o papai sabia demais, nós todos sabíamos demais, é por isso que eles vieram atrás da gente naquela noite. Atearam fogo em tudo, não tínhamos por onde fugir, eu quebrei um buraco no telhado o mais rápido que pude, mas quando voltei era tarde demais - sua voz se quebrou - A única coisa que consegui salvar foi você.

Meu coração se partiu em milhares de pedaços, minha mão tapou minha boca quando eu solucei mais alto sentindo uma parte de mim morrer. Não consigo entender porque dói tanto, pensar no que Jisung sofreu faz meu peito dilacerar, e meu coração dói ainda mais por saber que ele nem sequer se lembra disso. Minha culpa se torna ainda mais dolorosa quando penso que a única coisa que ele merece é ser feliz e viver em paz, mas quando eu cedi ao meu amor por ele, eu apenas garanti que ele perdesse tudo outra vez.

- Você ficou em silêncio, se esqueceu de quase toda a sua vida, quase nunca dizia uma palavra. Eu precisava cuidar de você, mas ninguém podia saber meu nome, ninguém podia descobrir que estávamos vivos ou viriam atrás de nós também. É por isso que vivemos assim, escondidos e com medo, é por isso que te protejo mais do que deveria, porque você é tudo que me restou.

Meu corpo perde a força e eu soluço enquanto choro, tentando desesperadamente respirar e voltar a me sentir consciente de novo. Não consigo entender o que fiz pra merecer carregar tanta culpa, e não consigo entender porque uma familia toda teve que sofrer tanto, e porque Jisung tem que carregar sozinho a dor de todos que já se foram. A tristeza se mistura com a raiva e incendeia meu corpo, a dúvida provoca minha ira quando penso que ninguém é merecedor de uma vida tão dolorosa, mas parece que não resta nem mais uma gota de bondade em um mundo infestado de dores tão ruins.

- Eu estou te dizendo isso agora porque não sei se vou poder te proteger pra sempre, e você merece saber a verdade pra se defender. Eu estou tentando meu melhor, mas eu não sei se um dia eles vão voltar e descobrir sobre mim, é por isso que você precisa se esconder e não confiar em ninguém. Eu não queria que fosse assim, eu juro, eu sinto muito por tudo, Jisung.

As palavras de Chan são dolorosas pra mim, pois além dessa ser a primeira vez que o vejo vivo, também é a primeira vez que me dou conta de que Bang Chan era bom. Ele dedicou sua vida a cuidar de Jisung, e carregou consigo a dor de ter perdido uma família inteira. Ele não merecia o fim que teve, e quando meus olhos se encharcam de lágrimas consigo ver com clareza a memória de seu corpo morto em meus braços.

Só agora me dou conta que não devia tê-lo matado, eu devia tê-lo salvado. Bang Chan precisava de ajuda, precisava que alguém tivesse o escutado e impedido que aquele fosse seu final. Eu era sua última chance, eu era sua última esperança, e mesmo assim, eu o decepcionei.

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