Nossa Emergência

By laresppereira

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Laura, filha única e herdeira de um império de empresas, optou por estudar medicina e se formar no que sempre... More

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By laresppereira

Laura:

- Então, eu moro sozinha, será que rola um jantar lá em casa sábado? - Perguntei a Marcos enquanto íamos almoçar.

- Topo, mas estou pensando em ir à praia de tarde, vamos? Podemos ir à praia, passamos na minha casa, eu tomo um banho e au vamos para a sua casa. Pode ser?

- Por mim ótimo! Vou conhecer a sua irmã?

- Menor de idade, por favor, sem agarrar a menina.

- Qual é, Marcos! Sou nem doida! E outra, família de amigo não se toca nem deseja. - Ergui os braços.

- Muito bem.

Quando chegamos no refeitório, avistei a Dra. Furacão almoçando junto com outros médicos mais velhos. Nossos olhares, por algum motivo, se cruzaram e nos encaramos por alguns segundos.

Seu cabelo loiro, a pele clara de quem não parecia ver uma praia há anos e os olhos escuros me chamaram atenção. Eu já tinha ficado com mulheres mais velhas, não tinha curtido muito, eram mandonas demais, e então coloquei na cabeça que não iria mais ficar com gente tão mais velha que eu.

- Estão me chamando na ped. - Marcos levantou e saiu correndo.

Almocei sozinha, observando a Dra. Furacão rir com os outros médicos. Nossos olhares cruzaram de novo e dessa vez abaixei a cabeça, terminei de comer e saí do lugar.

Fiquei o restante do dia consultando e marcando cirurgias. No final do expediente, enquanto eu caminhava para o meu carro, senti alguém atrás de mim.

- Vai me assustar, Marcos? - Perguntei sem olhar.

- É a Dra. Manoela. - Escutei a voz feminina e firme atrás de mim e me virei, já encostada no meu carro. - Quero lhe parabenizar pelo trabalho de hoje, marcou 3 cirurgias cardio e ainda auxiliou em 2, muito bem.

- Fiz a minha obrigação como médica. - Respondi abrindo a porta de trás e jogando minha mochila. - Preciso ir.

- Eu não sei como você é médica, lhe acho um pouco bruta. Tem cara de muito nova para ser médica, imagina residente.

- Me formei cedo, pois entrei cedo para medicina. Posso ir? - Suspirei, abri a porta do motorista e entrei no carro.

- Mal educada. - Escutei a mulher falar baixo e saiu andando para o outro lado.

- Agora deu, minha chefe querendo saber da minha idade. - Dei partida no carro e saí do estacionamento.

Aproveitei para ligar para o meu pai, já fazia alguns dias que não nos falávamos.

- Oi, pai! - Escutei um barulho mais alto e estranhei. - Está no escritório?

- Oi, querida. Não, estou no aeroporto, preciso ir até São Paulo, houve um problema com as contas bancárias da empresa, vou direto na sede geral do banco.

- Algo que eu deva me preocupar e lhe ajudar?

- Não se preocupe, estou indo com o meu advogado, o Luís, lembra? - Revirei os olhos, eu tinha nojo desse cara. - Meu voo vai sair daqui dez minutos. Como está o trabalho?

- Estou amando, mas ainda primeira semana. Tenho algumas provas da residência na próxima semana... Ah, fiz uma cirurgia sozinha! Depois eu conto.

- Certo, filha. Preciso embarcar.

- Boa viagem. Qualquer coisa me ligue.

Cheguei em casa, coloquei uma lasanha pra esquentar no microondas e tomei um banho. Jantei enquanto estudava um pouco para as provas da semana seguinte.

Na sexta-feira, Marcos estava muito ocupado, então fiquei o dia atendendo pacientes e fiz uma cirurgia junto com Dr. Fábio. À tarde, quando eu já estava mais a toa, sem nada pra fazer, me acomodei em uma sala para descansar.

Acordei um tempo depois com alguém conversando no celular. Cerrei os olhos e vi a Dra. Manoela no canto da sala, parecia brava. Quando ela desligou, respirou fundo.

- Tá tudo bem? - Perguntei tentando ser simpática.

- Vai ficar, é apenas a minha filha sendo adolescente rebelde. - Ela levantou e andou pela sala. - Eu não sei mais o que fazer, ela desobedece no colégio e ainda quer fazer faculdade de Engenharia Ambiental.

- Se é o sonho dela, qual o problema? - A mulher me olhou com cara de ódio. - Você prefere que ela seja infeliz e siga seus passos na medicina?

- Ser médica é a melhor coisa, principalmente neurocirurgião, a minha área, então por favor, não venha dizer que tem que seguir os sonhos.

- Realmente, é melhor ela seguir os passos da mãe, por que aí serão duas coisas: ou ela é infeliz pra sempre na carreira por causa da sua imposição ou então ela acaba com a própria carreira na primeira semana, matando alguém por negligência médica.

A Dra. Furacão parecia que iria me matar. Ela se aproximou e eu levantei, ficando de frente a ela.

- Você parece com ela, jovem e respondona.

- Qual é, eu já tenho 23 anos, estou na residência médica e não tenho ninguém impondo na minha vida. - Me afastei e segui para a porta. - Se quiser ajuda em como lidar com uma adolescente, procura um psicólogo, ele vai te ajudar.

Saí da sala e fui procurar pela paciente que estava esperando para a cirurgia.

No sábado, encontrei Marcos na praia. Enquanto ele surfava, fiquei pegando Sol e tomando água de coco na areia. Ficamos duas horas pela praia e depois fomos para seu apartamento, que era na própria orla.

- Gente rica é assim, hein? - Falei dando um tapa em seu ombro.

- É a minha mãe, eu não sou rico não. O que seus pais são?

- Meu pai é dono de uma rede de alimentos nacionais, enquanto minha mãe faleceu quando eu era criança, de cancer.

- Sinto muito. Por isso que você fez medicina? - Ele apertou o botão da cobertura e subimos.

- Não, eu sempre gostei da área, mas eu não consigo ser neuro, pois é uma área que me faz lembrar minha mãe, então eu evito. - Sorri de lado. - O que sua mãe faz?

- Ela é médica.

Ele abriu a porta do apartamento e era enorme, bem decorado e cheio de fotos.

- Eu vou tomar um banho, vem para o meu quarto. - Ele seguiu andando pelo corredor.

- Ei, quem é essa? - Escutei uma voz jovem e me virei. - Uau, ela é bonitona.

- Essa é Laura, trabalha como. Essa daí é minha irmã, Mariah. - Ele apontou e entrou para o quarto.

- Oi, prazer. - Sorri e estendi a mão.

- Você é a mais bonita que ele trouxe até agora. - Acabei rindo e ela também. - Marcos não me disse que estava namorando.

- Somos amigos, eu não gosto do seu irmão desse jeito. - Respondi e ela assentiu. - Você estava estudando?

- Sim! Enquanto ele toma banho, vou te mostrar minhas coisas. - Estranhei o quanto a menina era animada, mas entrei em seu quarto.

Era grande, branco e de móveis escuros. Sua mesa parecia uma bagunça, mas haviam desenhos de roupas.

- Você desenha muito bem. - Falei sorrindo.

- Obrigada, mas minha mãe quer que eu faça medicina, mas na real eu quero moda ou engenharia, sabe? Ela não entende. - Suspirou e me mostrou um caderno pequeno. - Olha, isso aqui são os cargos que eu posso ter sendo engenheira, mas minha mãe nem sonha com isso.

- Lute pelos seus sonhos, Mariah! Não deixe que ninguém tire isso de você! Faça a faculdade que se sentir bem.

- Mamãe é mandona e autoritária, tenho receio. Ela quer me mandar para fora do país, mas para medicina, se for outra coisa ela diz para eu me virar por aqui mesmo.

- Faça assim, estude por esse ano e quando fizer vestibular, converse com ela.

- Mariah! Você está conversando com quem?! - Escutei uma voz mais velha vinda da porta.

Quando me virei, a Dra. Furacão estava na porta, me encarando de olhos arregalados. Usando um vestido longo, laranja e de cabelo solto, me encarava de forma surpresa, mas também parecia nervosa.

- O que está fazendo na minha casa? - Ela perguntou diretamente pra mim.

- Essa é a Laura, amiga do Marcos! - Mariah disse levantando. - Estava mostrando meu quarto.

Marcos apareceu atrás de Manoela, usando apenas uma toalha branca na cintura.

- Desculpa, esqueci de avisar que a chefe é minha mãe. - Ele disse sem jeito.

- Marcos, vá colocar uma roupa. - Ela disse apontando para ele, que logo saiu. - Você, na sala. - Apontou para mim.

- Aqui você não é minha chefe, sou a amiga da Mariah e do Marcos. Aliás, era dela que você falou? - Manoela ficou vermelha.

- Você falou de mim para a Laura, mãe? - A menina perguntou sorridente.

- Falei que você quer fazer um curso inútil. - Respondeu ríspida. A menina ficou acanhada. - Preciso falar com você, Laura.

- Estou pronto. - Marcos apareceu novamente, vestido e com uma mochila. - Vou dormir no apartamento da Laura.

- Agora todo mundo virou amiga dela?

- Eu também posso ir? - Mariah perguntou me encarando.

- Não, você é menor e eu ainda mando em você. Somente o Marcos que virou caso perdido. - Ela disse revirando os olhos.

- Já que preciso ir, não esqueça do que eu falei para você, querida. - Falei olhando para Mariah. - Lute pelo seu sonho. Faça o curso que quiser.

Senti o olhar de Manoela queimar sobre mim. E gostei. Me deixava tensa e eu gostava de irritá-la. Por mim, passaria o dia inteiro a vendo me olhar daquele jeito.

Saí do quarto sob o olhar da mãe de Marcos e saímos do apartamento o mais rápido.

- Pronto, agora já conheceu a minha mãe. Por favor, não mencione sobre isso no hospital, não quero ter prioridades por conta disso.

- Tá tudo certo. Eu adorei a sua irmã.

- Ela é gente boa, sabia que ela ia te arrastar para ver as coisas dela. Só a mamãe que não vê esses cadernos dela, mas estão sempre visíveis.

- Porque sua mãe é tão mandona e chata? - Perguntei e ele riu. - Desculpa.

- Eu também acho mandona e chata, mas é minha mãe. Depois ela melhora, principalmente por que você também é médica, ela simpatiza.

- É requisito para ela se envolver. Até hoje, ela só ficou com médicas neuro e ortopedista, acho que nunca ficou com cardio. Mas... você é minha amiga, e a gente sabe que não existe possibilidade alguma de ficar com familiares do amigo, certo? - Ele perguntou enquanto entrávamos em seu carro.

- Co-com certeza... - Falei sem jeito.

Mesmo que eu quem tenha falado aquilo, saber que a Dra. Manoela era lésbica, bonitona e ficava com médicas, me fez criar um pouco de esperança de sentir aquele olhar de fogo sobre meu corpo, mas pela amizade com Marcos, eu não poderia fazer aquilo.

Pelo menos não com ele sabendo.

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