A Court Of Flowers in the Sta...

By Warfalcone

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"Feyre Archeron, Quebradora da Maldição, Feyre Abençoada pelo Caldeirão, Feyre a Grã - Senhora da Corte Notur... More

Parte I
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capitulo 5
BÔNUS
Capítulo 6
AVISO
Capítulo 7
Capítulo 7.5
Capítulo 8
Capítulo 8.5
Capítulo 9
Capítulo 9.5
Capítulo 10
Capítulo 10.5
Capítulo 11
Capítulo 11.5
Capítulo 12
Capítulo 12.5
Capítulo 13
Capítulo 13.5
Capítulo 14
Capítulo 14.5
Capítulo 15
Capítulo 15.5
Capítulo 16
Capítulo 16.5
Capítulo 17
Capítulo 17.5
Bônus 2.0
Capítulo 18
Capítulo 18.5
Capítulo 19
Capítulo 19.5
Capítulo 20
Capítulo 20.5
Bônus 3.0
Capítulo 21
Capítulo 21.5
Capítulo 22
Capítulo 22.5
Capítulo 23
Capítulo 23.5
Capítulo 24
Capítulo 24.5
Capítulo 25
Capítulo 25.5
Bônus 4.0
Capítulo 26
Capítulo 26.5
Capítulo 27
Capítulo 27.5
Bônus 5.0
Capítulo 28
Capítulo 28.5
Parte II
A Herdeira
Capítulo 29
Capítulo 29.5
Capítulo 30
Capítulo 30.5
Bônus 6.0
Capítulo 31
Capítulo 31.5
Capítulo 32
Capítulo 32.5
ESPECIAL DE NATAL E ANO NOVO
Capítulo 33
Capítulo 33.5
Capítulo 34
Capítulo 34.5
Capítulo 35
Capítulo 35.5
Capítulo 36
Capítulo 36.5
Bônus 7.0
Capítulo 37
Capítulo 37.5
Capítulo 38
Capítulo 38.5
Capítulo 39
Capítulo 39.5
Capítulo 40
Capítulo 40.5
Capítulo 41
Capítulo 41.5
Capítulo 42
Capítulo 42.5
Bônus 8.0
Epílogo
EXTRA I

Capítulo 4

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By Warfalcone

{Alya}

Eu me olhava no espelho em completo choque e surpresa. Eu não parecia comigo e sim com alguém que possuía uma beleza assombrosa. Tive que ajustar meu vestido devido à perda de peso, mas nem isso afetou a beleza do vestido. Eu estava… bonita. Pela primeira vez me senti bonita. Eu parecia noite. A noite em uma floresta de ouro. Meus cabelos estavam soltos em cachos modelados e uma tiara dourada de flores e raízes enfeitava minha testa. 

As árvores entrelaçadas de dourado em meu vestido, tinham um formato de serpente se ficassem em uma posição certa, só havia notado isso quando o customizei e agora, me encarando no espelho, percebi que meu nome nunca havia tido tanto sentido como naquele momento. Alya significa céu. Por coincidência ou não, é assim que se chama uma estrela da constelação de Serpente. Também significa luz da lua. 

Eu parecia tudo aquilo. Noite, lua, estrelas, flores e vida. 

O som dos convidados chegando me despertou e em poucos minutos meu pai entrou em meu quarto. 

— Uau... você está belíssima, Alya. 

Eu sorri minimamente. Eu não estava imaginando minha beleza, então. Voltei a me olhar no espelho e meu pai se aproximou nos encarando pelo reflexo. Ele usava um casaco verde escuro com ffios de ouro que subiam como raízes e se entrelaçavam ao topo, como videiras douradas. Reconheci o trabalho assim que bati o rosto e sorri. Eu havia feito aquele casaco do zero e o dei como presente de solstício. 

— Vejo que reconheceu o trabalho de uma das melhores alfaiates que já conheci. - Meu pai brincou e meu sorriso cresceu. - Achei que seria uma oportunidade única, usar um casaco tão bem feito assim. 

Eu não respondi, estava realmente emocionada, então apenas me virei e o abracei com força. Ele sorriu me abraçando e acariciando de leve minhas bochechas, antes de me entregar uma caixa pequena e verde. 

— Sua mãe… antes de você nascer, quando descobrimos o risco da gravidez, decidiu que iria lhe dar isso como presente. - Minha garganta oscilou e eu olhei de forma automática para a pedra azulada ao lado de minha cama. A pedra que pertencia à ela quando ainda era sacerdotisa e que meu pai me deu quando eu nasci. Inspirei e o olhei engolindo em seco ainda emocionada. - Eu te aconselho a abrir antes de dormir. 

Acenei com a cabeça e coloquei a caixa sob minha penteadeira com o maior cuidado possível e quando me virei vi uma emoção nos olhos de meu pai que era rara. Pesar e saudade. 

Eu sempre soube que minha mãe não havia sido o amor da vida dele, ele não a amava daquela forma. Ninguém jamais substituiria Feyre. Mas ele a amou também… não de forma romântica, mas pelo pouco que eu ouvi, ela havia se provado uma grande amiga e havia o ajudado em várias coisas. Ele sofreu o luto da perda. E ali, eu percebi que ainda sofria. 

Meu pai se aproximou e deu um beijo terno em minha testa, antes de se afastar e me olhar novamente. E então ele retirou uma pequena caixa de veludo de seu bolso e me entregou. 

— Essa… essa era uma jóia de sua avó. - disse ele, quando eu abri a caixa e vislumbrei um colar com o símbolo da Corte Primaveril. Era feito com algo diferente, parecia quase como o lago de estrela líquida que vi com meu pai. Ele sorriu como se percebesse o que eu pensava e me virou de costas para ele, colocando o colar em meu pescoço, enquanto me encarava pelo espelho. - É a estrela líquida. A corte diurna conseguiu fazer um tipo de vidro que não se quebra facilmente. É raro de se achar e mais difícil ainda de se fazer. Meu pai pediu para que fizessem um nesse formato e encheu com a estrela líquida para minha mãe, já que era o lugar que ela mais amava na corte. Essa jóia é sua por direito, Alya. 

Engoli em seco novamente e senti as lágrimas encherem meus olhos. Eu não conseguiria falar nem se quisesse. Estava emocionada demais para isso. Meu pai sorriu como se entendesse e apertou meus ombros de forma carinhosa. 

— Vou ver se já podemos descer. E então virei lhe buscar. 

Acenei com a cabeça e voltei a me olhar no espelho. O pingente parecia brilhar como uma estrela contida em meu pescoço. Era lindo. Absurdamente lindo. 

— Você está linda. - A voz de Minthe soou e eu me virei sorrindo para minha amiga. - Tente não ficar nervosa. E lembre-se, vou estar lá com você. 

Sorri de forma agradecida e suspirei. Ela me deu um rápido abraço e me encarou mais uma vez com um sorriso leve. Minthe usava o vestido pálido de sempre, com o capuz levantado e aquela tiara de prata, a pedra azul no alto. Mas seus lábios estavam em um tom vermelho mais escuro, pareciam dar mais destaque ainda aos seus cabelos. Ela saiu do meu quarto e eu suspirei. Daria tudo certo. 

Poucos minutos depois, meu pai apareceu. Seu semblante não era mais aquele suave e carinhoso de antes. Não. Mostrava nítida irritação e raiva contida. A linha de sua boca estava fina e ele apenas estendeu a mão para mim, antes de caminharmos até a escada. 

— Rhysand está aqui. - Meu sangue gelou e medo, completo medo me atravessou. Rhysand havia ajudado Amarantha, havia roubado Feyre e depois, junto com ela havia destruído a nossa corte. E teve a ousadia de quando lhe conveio, agir como se tivesse sido o mocinho desde o início. Como se só tivesse feito aquilo para proteger seu povo. Um tremor passou pela minha espinha. Mesmo fazendo aquilo tudo, ele era o grão senhor mais poderoso que já havia existido. Meu pai percebeu meu medo e apertou minha mão em um carinho silencioso. - Não se preocupe. Não deixarei que ele lhe faça nenhum mal. 

Em poucos minutos uma música começou a tocar e eu desci as escadas ao lado de meu pai. Rezei para a Mãe, o Caldeirão e todos os deuses não me deixarem cair daquela escada. O peso de ter todos os olhos virados pra mim, todos me observando… eu já não desejava mais dar essa festa. Eu queria desesperadamente voltar para o aconchego de meu quarto e ficar deitada lá, onde ninguém me olharia. 

Meu pai se sentou em seu trono e eu em uma cadeira menor ao seu lado. Ambos estavam decorados e eu suspirei nervosa, quando vi a fila de pessoas para me cumprimentar. Eu esquecia o nome delas assim que saiam e fiz apenas o que Minthe me aconselhou a fazer. Sorrir e acenar como uma boa menina. 

A pressão estava se tornando maior, mas consegui me manter respirando pelo menos. Gravei os nomes apenas dos grãos senhores: Kallias, Thesan, Tarquin e Eris, o grão senhor da Outunal. 
E então um rapaz lindo, absolutamente lindo de cabelos castanhos e com uma coroa dourada na cabeça apareceu. Ao seu lado, um homem ruivo e com um olho de metal. O Grão Senhor da Corte Diurna e Lucien, seu filho. 

— Tamlin, escondendo uma preciosidade dessas? Não acha meio exagerado esperar dezoito anos para revelar ela ao mundo? 

Um rosnado baixo saiu da garganta de meu pai e eu engoli em seco. 

— É um prazer conhecer você…- Lucien falou e eu lhe encarei. Ele era muito mais… cortês do que eu imaginava. - Me chamo Lucien. 

— Hum… prazer. Alya. 

Ele sorriu minimamente e seguiu com o pai, antes de acenar com a cabeça para o meu pai em forma de cumprimento. Meu pai apenas acenou em reconhecimento e nada mais. 

E então ele apareceu… eu engoli em seco e senti todo o ar escapar de meus pulmões. O ar parecia mudar por onde ele passava, tanto poder… Eu não saberia como controlá-lo. Rhysand. O grão senhor da Corte Noturna. 

Uma vez, eu disse que havia visto o macho mais lindo de toda a minha vida na festa dos trinta anos. Mas esse macho à minha frente… Ele chegava bem perto do nível de beleza daquele estranho. Rhysand estava trajando uma roupa preta como a própria madrugada e uma coroa preta estava no topo de sua cabeça. Ele era a noite e não havia dúvidas disso. Ele não se curvou, apenas balançou a cabeça em reconhecimento e sorriu de forma preguiçosa. 

— É um prazer conhecer você, Alya. - Eu arregalei os olhos. Suas primeiras palavras foram para mim?! Isso… Ele deveria falar com meu pai primeiro, o grão senhor. Isso não era certo. - Eu acho errado falar com alguém que não seja a aniversariante primeiro. Não acha? Feliz aniversário, falando nisso. 

Um rosnado que prometia violência saiu de meu pai e eu engoli em seco. 

— Não faça isso. - A voz de meu pai carregava ódio cru e Rhysand se virou o encarando, antes de sorrir pra mim novamente. Um sorriso tão lindo que eu tenho certeza que poderia matar alguém do coração. 

— Tamlin. - Rhysand finalmente reconheceu sua presença. - A Grã Senhora da Corte Noturna não estava se sentindo muito bem, portanto não poderá comparecer. - Era uma mentira nítida. Meu pai também parecia saber disso, mas não mostrou nada, além daquele olhar frio. - Mas eu trouxe meu filho, para representa- lá. 

O ar escapou por completo de meus pulmões. Meu peito pareceu acelerar por completo. Como eu não notei a semelhança?! O estranho… O estranho que dançou comigo, ele era o herdeiro da Corte Noturna!

Meu sangue gelou. O estranho parecia se divertir com minha surpresa. Ele abriu a boca e eu implorei aos deuses para que ele não revelasse que me conhecia. Meu pai jamais me deixaria fazer nada se soubesse disso. Algo cintilou em seus olhos e ele apenas se curvou levemente. 

— É um prazer. Me chamo Nyx. - Nyx. O estranho se chamava Nyx. Engoli em seco. Era um nome digno, significava noite. E quando o olhei pela primeira vez, achei que seus olhos eram a própria noite. - Adoraria dançar com você. 

Sua voz era suave e absolutamente linda. Meu coração parecia bater ainda mais rápido e meus olhos se arregalaram com tamanha ousadia. Não era segredo o ódio de meu pai por eles. Uma das garras de meu pai começou a aparecer, e até mesmo Rhysand parecia surpreso com a atitude do filho. Eu me peguei respondendo de forma automática. 

— Será um prazer. - Minha voz saiu firme graças aos deuses. Mas eu não parecia comigo mesma, eu não tinha a mínima ideia do que estava fazendo. 

Após eles saírem meu pai me olhou furioso. 

— Por que fez isso? 

— Porque você estava quase declarando uma guerra aqui mesmo. - respondi suavemente e o encarei. - Não se preocupe. Seu que você não vai permitir que ele me faça nada. 

Aquilo pareceu aplacar sua raiva. Pelo menos parcialmente. 

Alguns minutos mais tarde me levantei recebendo um olhar de meu pai e sorri pra ele novamente. Eu estava entediada, as pessoas dançavam e conversavam e eu estava ali, sentada, como uma boneca de porcelana. 

— Vou pegar apenas algo para beber. Quer também? 

Ele negou com a cabeça e eu me virei seguindo para a mesa de bebidas. Mal cheguei e Minthe veio em minha direção com um macho e com uma fêmea. 

— Alya! Gente, está é Alya. Alya, esses são Travis e Sun. - Eu sorri de forma educada e ambos sorriram também. Minthe sorriu para mim e pegou um dos canapés ali. - Alya é incrível, não julguem ela pelo seu péssimo senso de moda. 

Seu tom era de brincadeira, mas mesmo assim, senti meu rosto corar levemente enquanto forçava uma risada, junto com os outros dois. 

— Se pra você isso é um péssimo senso de moda, não consigo imaginar o que seria o bom. 

Uma voz feminina soou atrás de mim e eu me virei vendo uma fêmea absolutamente estonteante. Sua pele era escura, sendo destacada ainda mais pelo belo vestido amarelo que ela usava. Seu cabelo estava armado em um estilo Black e uma coroa de flores amarelas completava o penteado. Ela era estonteante. 

Minthe sorriu friamente, a encarando. 

— Eu estava brincando. Alya sabe que está linda e também sabe que eu estou implicando com ela. Somos melhores amigas. 

— Não consigo imaginar o quão terrível você deve ser, se é assim que trata sua melhor amiga. 

— Cuidado com como fala com as sacerdotisas. O castigo divino pode vir pra você. 

A voz de Minthe era contida e fria. A garota então, sorriu friamente pra ela. 

— Estou morrendo de medo. - Minthe a encarou com raiva e pegou mais um canapé, antes de sair andando. Eu fiquei em silêncio e engoli em seco, antes de pegar um copo de vinho. Aquilo seria uma boa dose de coragem. - Por que deixou ela falar aquilo? 

A garota me perguntou cruzando os braços e eu quase engasguei com o vinho. Tinha alguém falando comigo… aquilo era estranho. 

— Hum… Ela estava brincando. 

— Você não gostou da brincadeira. Deveria ter mandado ela parar. - a garota respondeu com simplicidade. Suspirei e bebi mais um gole. Ela não entenderia...

— Minthe e eu somos amigas desde que eu era pequena. Ela… é complicada. Mas é uma boa amiga… é minha única amiga. 

A garota me avaliou como se me entendesse e sorriu estendendo a mão. 

— Acho que está na hora de você fazer novas amizades. Me chamo Kalina. 

Apertei sua mão com um pequeno sorriso.

— Alya. 

— Eu sei. A filha de Tamlin. - ela apontou com a cabeça e vi um macho feérico com um rosto severo conversando com meu pai. - Meu pai faz negócios com seu pai, ele é o comerciador da Primaveril e ambos são amigos. 

Eu sorri acenando com a cabeça para ela.

— Entendo. 

— Então… O que acha de almoçarmos juntas qualquer dia desses? 

Eu sorri animada com a possibilidade. Meu pai não deixaria, mas se fosse na mansão… Ele talvez permitisse. E eu iria adorar ter outra amiga. Ainda mais porque Minthe quase nunca podia ficar aqui. 

— Seria ótimo! Podemos marcar para você vir aqui e- 

— Com licença, senhoritas. - Uma voz como a noite soou atrás de mim e eu me virei dando de cara com Nyx. - Podemos ter nossa dança agora? 

Me virei para Kalina, mas a garota parecia estar corada e realmente surpresa. Encarei Nyx com irritação. Esses ogros da Corte Noturna achavam que podiam sair atrapalhando conversas alheias. 

— Eu estou conversando com minha amiga no momento. 

Eu disse irritada. Ele era tão arrogante quanto seu pai. Nyx sorriu pra mim e Kalina apenas disse que o pai a estava chamando, antes de sair e deixar nós dois. Traidora. 

— Agora está livre? - Sua voz era quase um ronronado divertido. Eu estreitei meus olhos com irritação, o encarando. - Não sei o motivo de tanta recusa. Já dançamos juntos, apesar de você não querer contar ao seu pai. 

Aquilo era uma ameaça? O encarei com frieza e peguei sua mão, o deixando me levar até o centro da pista.

E somente então percebi, que por azar do destino, estávamos combinando tão perfeitamente que até mesmo meu colar parecia feito para que combinassemos. Nyx era a noite sombria e eu era sua outra metade. A noite com vida. 

{Nyx}

Eu estava observando Alya da forma mais discreta que conseguia, enquanto tentava manter uma conversa com meu pai, Helion e Lucien. 

Lucien já havia amado Alya. Claro que sim. Apesar de tudo, ele ainda nutria algum carinho por Tamlin. 

— O que estou dizendo, Rhys, é que nós já sabemos que o adorável encantador de sombras está lá fora. E que você deveria falar com ele para vir me dar um olá, ou algo assim. 

Meu pai sorria divertido, enquanto Lucien negava com a cabeça de forma exasperada. Alya estava conversando com um grupo de pessoas, mas logo esse grupo se afastou e ela continuou conversando apenas com a fêmea de vestido amarelo. Eu mal dei um passo em sua direção e meu pai olhou em minha direção. 

— Aonde vai? 

Dei meu melhor sorriso. 

— Cobrar a minha dança. 

— Nyx. - Sua voz saiu exasperada.- Não queremos problemas. Deixe essa dança para outro momento. 

— Não vou dar problemas. Ela parece entediada, só vou levar ela para uma dança. 

"Por que?" - Sua voz soou em minha mente. 

"Eu disse. Ela parece entediada."

Ele me observou estreitando os olhos. 

— Deixe o garoto aproveitar a juventude, Rhysand. 

A voz de Helion soou e desviei meu olhar para ele. 

— Além do mais, seria bom para as pessoas verem as duas cortes dançando… E ela pareceu mesmo entediada. 

Lucien disse com um pequeno sorriso. Eu tinha a impressão de que não era apenas isso, que ele queria se aproximar de Alya, mas sentia que não podia. 

Meu pai suspirou e acenou com a cabeça voltando a encarar Helion, poucos segundos antes de Tarquin aparecer ao lado de Kallias e os quatro mergulharem em uma conversa. 

"Não faça besteira, Nyx."

A voz de meu pai soou em minha mente e eu não me dei ao trabalho de responder. 

Após alguns foras, Alya aceitou minha mão e iniciamos uma valsa. O semblante de Alya mudou com o passar da música, era nítido seu prazer pela dança. Agradeci aos deuses por minha tia Nestha me usar como acompanhante de Lyd para praticar a dança. Minha memória muscular basicamente fazia tudo e Alya era certamente uma parceira de dança espetacular.

Não era nada como na festa onde dançamos de forma veloz e selvagem. Não… aquela valsa era elegante, veloz e sedutora. Uma dança feita pelos próprios deuses, afim de fazê-los se destacar. Vários rostos nos encaravam, até mesmo meu pai havia parado de conversar e nos encarava admirado. Eu percebi a razão, quando a girei pela segunda vez. Parecíamos completar um ao outro. Se eu era a escuridão doce, aterrorizante, ela era a noite brilhante que se destacava ainda mais por minha escuridão. 

Minha mão segurou sua cintura, que definitivamente estava mais fina. Eu havia percebido que seu rosto estava mais abatido desde que cheguei, e não consegui segurar mais esse pensamento. 

— Você está mais magra. Não tem comida na Primaveril? 

Ela me deu um olhar de raiva e eu sorri de forma preguiçosa nos guiando pela pista. 

— Não é educado comentar o peso de uma dama. Não existe educação na Noturna? 

Eu sorri para ela.

— Ficaria surpresa com meus péssimos exemplos. - disse pensando em meus tios e irmãos. 

"Filho de monstros, não ficaria tão surpresa."

O pensamento de Alya chicoteou em minha mente e eu apertei minha mandíbula, tentando me conter. 

— Se vai xingar minha família em seus pensamentos, pelo menos faça isso de forma baixa. 

Minha voz saiu mais fria do que eu pretendia e ela me olhou surpresa, mas logo fechou mais ainda seu semblante. 

— Você é daemati. - Não respondi sua afirmação, estava irritado o suficiente por ela pensar aquilo de minha família. Não me importo que pensem que somos monstros, mas o fato de ser ela quem pensava me irritou. - Se não quer me ouvir xingando em meus pensamentos - ela disse dando ênfase no "meus".- então não os leia. 

— Eu não li porque quis. Você basicamente gritou e já que não tem nenhum escudo mental, eu nem mesmo precisei entrar em sua mente. Poderia ter gritado essas palavras para mim e teria o mesmo efeito. 

Respondi ainda com frieza, a encarando. Ela ainda me olhava como se pudesse arrancar minhas tripas com um movimento. "Tente." Eu queria dizer. "Tente sua mimadinha filhinha do papai. Vou adorar te ver tentar."

Ela pareceu entender isso em minha expressão e quando retornou aos meus braços devido ao giro, me encarou como se eu não passasse de um incômodo. Uma pedra em seu sapato. 

— Eu diria em voz alta se eu quisesse. Não é mentira de qualquer forma. Além do mais, você está invadindo minha privacidade. Peça desculpas. 

Como é?! "Desculpas?!" Dei meu sorriso mais debochado para ela. 

— Sim. Culpe os terríveis monstros da Corte Noturna. Com certeza você conhece a história por inteiro. 

Ela deu um giro e voltou para meus braços com mais força que o necessário me encarando com raiva. 

— Não interessa nenhum lado da história. Sua mãe pode odiar meu pai, mas ela descontou essa raiva em vários inocentes e pessoas que não tinham nada a ver com aquilo. Ela destruiu uma corte inteira por ser ingrata. 

Apertei minha mandíbula com raiva. Ingrata?! Que... urgh, garota insuportável! Eu acelerei o passo de dança no ritmo da música, com ela me seguindo na mesma velocidade. Éramos um furacão de graça e ódio. 

Se Alya pensava assim, não seria eu que iria tentar explicar o que aconteceu para ela. Ela estava ao lado do pai, era provavelmente tão doente obsessiva quanto ele. Provavelmente achava que era certo prender mulheres em casa, deixa-las sofrer seus traumas sozinhas. Vai ver por isso que ela ficou 18 anos escondida! Deve ter pedido desesperada para ficar presa.

"Babaca."

A encarei irritado novamente. 

— Se vai ficar me xingando, erga a porra de um escudo mental. 

Falei entre dentes e ela me encarou com mais raiva ainda.

— Não quero. Você que pare de ler minha mente, seu arrogantezinho.

Apesar de suas palavras terem sido ditas com veracidade, percebi a mentira com facilidade. Um sorriso divertido e debochado brotou em meus lábios.

— Você não sabe como. 

Ela me encarou com desprezo. 

— Óbvio que sei. 

Segurei o riso e a girei novamente. 

— Ótimo. Então faça. 

— Eu já disse que não quero. 

Meu sorriso se alargou e cruzamos a pista em giros, antes de eu a puxar pela cintura. 

— Admita. Você não sabe. - Quando ela ficou em silêncio, eu quase ri. Meu pai havia ensinado Tamlin à erguer escudos mentais quando eram amigos, apesar de conseguir destruí-lo facilmente. Estranhei o fato de sua filha não saber aquilo, mas não comentei nada. - Se pedir com jeitinho, posso te ensinar. 

— Vá para o inferno. 

Mordi o lábio segurando o riso. 

— Senhorita… isso são modos de se falar? Quanta falta de educação. - A música já estava chegando ao fim, então suspirei ficando mais sério. - Dance mais uma música comigo e lhe ensinarei. 

Ela me encarou por alguns segundos. A música subiu e subiu e subiu, aumentando cada vez mais a velocidade e enquanto suas últimas notas soaram, eu a soltei novamente. Alya rodou sozinha mais uma vez, mais três rotações precisas e perfeitas enquanto eu caía de joelhos diante dela e erguia uma mão. A nota final soou e eu a segurei, enquanto Alya parava de forma perfeita pegando minha mão e arqueando as costas, erguendo sua outra mão livre. 

E quando a enorme onda de aplausos soou e a próxima dança começou, Alya ainda estava comigo. 

A próxima música, era mais lenta. Perfeita para uma explicação resumidamente rápida. 

"Você dançou incrivelmente bem, para alguém da Primaveril."

Alya quase perdeu o equilíbrio, mas eu a segurava com firmeza. 

— Para com isso. 

Sua voz saiu assustada e eu sorri. Apertei mais meu aperto em sua mente, minhas garras deslizando e o cheiro de medo foi sentido por minhas narinas. Eu havia erguido um escudo entre nós, apenas para que não sentissem esse cheiro. 

"Isso é o que acontece quando você não ergue seus escudos mentais. Um daemati pode facilmente entrar, ver o que quiser e tomar sua mente. Ou pode destruí-la. Estou, no momento, no portal de sua mente. Mas, se fosse mais fundo, seria preciso apenas meio pensamento meu... e quem você é, sua personalidade, seria apagada."

Ela estava nervosa. Sua mão suavam contra a minha.

"Você está certa em ter medo. E deveria agradecer ao maldito Caldeirão que nos seus 18 anos ninguém com meu tipo de dons esbarrou em você. Agora, me empurre para fora."

Ela não conseguiu. A música soava e apenas eu a guiava enquanto ela desesperadamente tentava me expulsar de sua mente. Eu forcei um pouco mais.

"Me. Empurre. Para. Fora. Alya."

Ela não sabia nem por onde começar. Às cegas, empurrava e acabou se chocando contra mim, contra minhas garras que estavam por toda parte, como se ela fosse uma cabeça perdida em um círculo de espelhos.

De uma risada divertida em sua mente, e decidi ajudá-la, porque se não fizesse aquilo, a música iria acabar e ela não saberia nada. 

"Por ali, Alya."

Fiz um pequeno caminho aberto brilhar em sua mente. O caminho para fora.
De alguma forma sua mente ficou silenciosa, como se ela escondesse algo. Quase sorri com aquilo. Até que algo forte me golpeou. Afrouxei meu poder, a deixando ganhar daquela vez. 

— Bom trabalho. - Disse de forma séria e ela apenas expirou profundamente, antes de desabar em meus braços. A apoiei disfarçadamente. Quem olhasse, acharia apenas que estávamos dançando próximos demais. - Não acabou, Alya. Faça seu escudo. Me bloqueie para que eu não consiga voltar.

Fiz minhas garras acariciarem a parte externa de sua mente e então uma parede escura que deveria ter 15 centímetros, com espinhos como os de uma roseira enorme desabou em sua mente. Retrai minhas garras um segundo antes daquela parede espinhenta as perfurar e sorri para Alya. 

— Muito bom. Previsível, mas bom. Sinceramente, espinhos? - Ela revirou os olhos e girou. Nossa dança estava chegando ao fim. - Se continuar a treinar, talvez consiga dar trabalho até mesmo para meu pai invadir sua mente. Treine ergue-los e abaixar. E vá aumentando o tamanho aos poucos. 

Ela não sorriu, mas vi que seus olhos brilharam. Quando a música acabou, fizemos a reverência final e um pequeno sorriso brotou em seus lábios. 

— Obrigada pela a ajuda, príncipe arrogante. 

Apesar de me chamar assim, um sorriso suave e sincero brilhava em seus lábios e ela havia falado com sinceridade. Sorri para ela a observando. Observando seus cabelos escuros, seus olhos verdes como esmeralda, seu vestido e por fim sentindo seu cheiro. O cheiro de minha casa. O cheiro de Velaris com um toque de flores e…

Arregalei meus olhos e me afastei quase em um pulo. Alya me encarou confusa, mas eu apenas pigarreei nervoso. 

— E-eu… - Eu estava gaguejando?!- Preciso ir. Foi um prazer dançar com você. 

Mal me virei e vi Tamlin nos observando como se quisesse me matar. Ignorei seu olhar e passei reto por ele, vendo que ele caminhava até a filha. 
Meu pai observava Tamlin, apesar de ainda conversar com seus amigos e eu apenas cheguei perto dele completamente… inerte. 

— Nyx? 

A voz de meu pai soou. 

— Eu.. Não estou bem. Vou pra casa. 

Meu pai franziu a testa e me encarou, antes de olhar por cima do meu ombro. 

"O que houve?" 

Sua voz soou em minha mente. 

"Quero ir pra casa."

"Nyx…"

Não respondi, não conseguiria, apenas segui em direção a porta o ignorando. 

Ouvi meu pai se despedindo dos outros e acho que fiz aquilo, antes de finalmente sair e atravessar. 

Minha mãe nos aguardava na sala e sorriu quando me viu, mas seu sorriso logo foi substituído por um olhar preocupado. 

— O que houve?! 

Meu pai, meu tio Azriel e Catrin, que havia ido praticar o uso das sombras em campo com meu tio, chegaram segundos depois e eu acho que meu pai me chamou, mas não sei com certeza porque eu já estava fechando a porta do meu quarto, completamente nervoso e chocado. O mundo parecia ter parado e voltado e acelerado e então parado de novo. O tempo parecia tudo e nada, e o universo parecia tenso, como se esperasse a minha realização e contemplação. Como se aguardasse ansiosamente minha reação, que meu choque inicial passasse e quisesse saber o que eu iria fazer. O Caldeirão parecia ter se sentado com a Mãe em um sofá, apenas para nos observar e ver o que eu faria com aquela revelação. 

A porta do meu quarto se abriu silenciosamente e Catrin apareceu envolta pelas sombras. 

— Nyx…?

Sua voz era baixa e suave, e então eu a encarei de olhos arregalados e sentindo aquele tremor incessante pelo meu corpo. 

— Ela é minha parceira. - sussurrei, tão baixo que não achei que Catrin teria escutado. Ela ofegou e se aproximou de mim com um olhar levemente confuso. - Alya. Ela é minha parceira. 

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