Capítulo 2

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{Nyx}

Eu mal pisei no meu quarto e meus sentidos já detectaram uma presença, ou melhor, quatro. Meu pai estava meio sentado, meio apoiado ao braço de uma das poltronas em meu quarto, enquanto minha mãe estava sentada nela como uma rainha. No canto direito, meu tio Azriel estava de pé nos observando em silêncio e Sky estava sentado na cadeira de minha escrivaninha, com um olhar meio culpado. Eu encarei ele e dei o meu melhor sorriso para minha mãe, que ao contrário do usual, não pareceu nada afetada. Isso rendeu uma troca de olhares divertidos entre meu pai e  Azriel. Ok, então eu não estava tão encrencado. 

— Se eu soubesse que teria sua ilustre presença aqui, teria até arrumado meu quarto. 

Falei em um tom aveludado, ainda com meu melhor sorriso para minha mãe. Mas ela apenas revirou os olhos de maneira exasperada e se levantou em uma tentativa falha de ficar mais alta. Eu era uns bons 20 centímetros mais alto do que ela. 

"O que aconteceu?!" - perguntei para Sky. 

— Você vai mesmo arrumar esse quarto, Nyx. Não sei de onde você tira tanta bagunça. 

Minha mãe resmungou e eu apenas dei outro sorriso para ela.

"Eu não sei, cara! Eu falei que você tava treinando, mas seu pai apenas me deu aquele sorriso estranho dele! E sua mãe apenas cruzou os braços! Eu não te dedurei, mas meu pai brotou do além falando que você não estava em Velaris e- "

— Se forem conversar através da mente, pelo menos se certifiquem que as paredes mentais estão elevadas. 

A voz de meu pai saiu quase em um ronronado divertido e minha mãe cruzou os braços me encarando com uma sobrancelha arqueada, esperando uma explicação.

— O que? Eu estava treinando. 

Meu pai apoiou o rosto na mão e me deu um sorriso preguiçoso. 

— É mesmo? 

— Nyx. Temos o combinado de não mentir entre nós… 

O semblante de minha mãe parecia quase magoado, e algo no rosto de meu pai mudou quando ele me encarou. Quase como se ele estivesse disposto a me dar uma boa bronca por ter feito minha mãe ficar com aquele olhar de cachorro abandonado e chateado. 

— Tecnicamente eu treinei, nunca tinha atravessado pra tão longe sozinho. - disse com um sorriso e o semblante do meu pai se fechou mais, antes de eu suspirar e confessar. - Ok, fui para a Primaveril. Satisfeitos? 

O cenho de meu pai se franziu, mas foi minha mãe quem falou. 

— Primaveril?! A Corte Primaveril?! O que foi fazer lá? 

— Ia ter a festa dos 30 anos de liberdade e eu queria ver como era lá. 

Teve essa comemoração em Velaris também, mas não como lá. Algumas sacerdotisas haviam cantado e houve preces em nome daquelas que foram mortos naquele tempo. Era um dia alegre, mas com aquela centelha de pesar. Para se refletir e respeitar os mortos e as pessoas que sofreram a dor da perda. Não era aquela coisa selvagem e hipnotizante, como na Corte Primaveril.

— Foi só isso? Por que não falou com a gente, então? 

A voz de meu pai me despertou e eu o encarei. Eu não estava mentindo, eu estava curioso… Mas não foi por isso que eu fui. Eu fui porque aquela coisa… aquele instinto me implorava para ir. E foi em completo vão, não tanto, mas ainda sim… não sei o que me esperava lá. Não consegui descobrir o que me esperava, não quando aquela garota de cabelos escuros e olhos de esmeralda me distraiu completamente de meu objetivo. 

A Court Of Flowers in the StarsOnde as histórias ganham vida. Descobre agora