CABARET

By JikookerTrouxa

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[E.L.E.N.C.O]
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By JikookerTrouxa




- Quer dizer que foi tudo encenação? - Tae ergueu as sobrancelhas descrente.

- É... basicamente. - Assenti.

- E por que não me contou vadio?

- Porque você tem boca de sacola.

- Hum... e fez combinadinho com Madelaine. Ela beijou o seu namorado, isso também foi combinado? - Ele debochou, mordendo um hambúrguer e eu revirei os olhos.

- Isso é outro assunto pelo qual eu vou esculachar ela outra hora. - Garanti.

Nós havíamos vindo para a casa do Tae, para fazer absolutamente nada até dar a hora de trabalhar, ideia dele. Já faziam uns dois dias que eu não via Jungkook, só nos falávamos por mensagem ou chamada, e entregávamos recados através dos meninos. Na sala, eu nem mesmo conseguia olhar para ele dentro da sala sem ter vontade de abraça-lo.

- Ô de casa? - Namjoon veio, estávamos sentados na cozinha enorme da mãe de Tae, os seus pais estavam no celeiro cuidando de Jackson e La Rosalía.

- Olha, demorou. - Tae comentou.

- O seu carro chegou até aqui? Não atolou no caminho? - Zombei, vendo o seu semblante sujo de ketchup se fechar.

- Não. - Nam respondeu, limpando os pés antes de entrar. - Eu parei o carro a umas três ruas, e peguei um cipó.

- Que legal, eu peguei carona com trator de colheita, porque o Uber não vinha em terras distantes.

- Querem parar? Ninguém faz colheita aqui... - Ele se defendeu carrancudo. - Só o vizinho...

Terminou, me forçando a ter uma crise de risos.

- Contou pra ele? Sobre o plano. - Nam perguntou, e Tae me fuzilou com os olhos.

- Você não me ajuda mesmo, não é Namajoon? - Fiz cara de tédio para ele, que tapou a boca, como quem disse demais. Ele de fato disse.

- Perdão meu sol. - Pediu, beijando a minha cabeça e se sentando na cadeira. - E aí? Cadê o resto deles?

- VOCÊ CONTOU PRA ELE ANTES DE MIM?! -Taehyung vociferou, cuspindo um pouco de hambúrguer no balcão.

- Agh... que nojo.

- Não muda de assunto! - Ele gritou e eu fiz uma careta, com a expressão mais surpresa possível.

- Claro que contei, você não deixa ninguém fal-

- É CLARO QUE EU TE DEIXO FALAR! - Gritou, me interrompendo.

- Viu só? Manézão.

Tae riu, e suas sobrancelhas se franziram.

- Ah tá. Verdade...

- Bom. - Namjoon começou e ambos olhamos para ele. - Voltando a perguntar. Onde estão todos?

- Eu quem te pergunto... cadê o Jackson? - Nam parou para pensar e deu de ombros.

- Ele me ligou, disse que tinha uma emergência com os pais, e não apareceu mais.

- Namoro estranho... - Tae desafiou Nam.

- Não começa o show Taehyung. - Namjoon cortou, roubando o refrigerante do outro como sinal de vingança.

- Mas não tem show nenhum, seu ladrão!

Nmajoon riu, e eu também. Tae revirou os olhos e cruzou os braços.

- Bom, se não tem show... - A voz mais alegre que eu já ouvi na vida se fez presente, e Hoseok veio, caminhando normalmente, lentamente, mas normalmente. - Eu não sei porque chamaram a estrela aqui. - Se gabou, fazendo pose.

Ele vestia a jaqueta de couro e todo o resto também, coturnos como de praxe, e um óculos de sol para completar. Lindo como sempre.

- Hobiii!!! - Eu gritei feliz da vida, me levantando da cadeira e indo direto o abraçar. - Tirou o gesso meu amor!

- Finalmente, ninguém merece aquela coceira.- Ele respondeu, me abraçando de volta e beijando o meu rosto.

- Ahh... eu fico tão feliz!

- Eu mais ainda, me devolveram a minha bebê. - Disse, fazendo com as mãos como se estivesse dirigindo uma moto. - Que saudade de dirigir.

- Ah, mas é bom ter cuidado dessa vez.

Ele assentiu freneticamente.

- Claro. O próximo passo agora é achar aquele cachorro maldito e atropelar, pra pelo menos valer o tombo e o pé fraturado.

- Não fala besteira. - Dei um tapa em sua jaqueta, rindo um pouco.

- Falar pra ele não falar besteira, é a mesma coisa de falar pra você chegar no horário no trabalho. - Seokjin disse, encostado no arco enorme, que dava passagem da sala para a cozinha da casa de Tae. - Inútil. Um desperdício de palavras.

Eu ri, vendo a sua cara de tacho.

- Também fico muito feliz em te ver, patrãozinho. - Brinquei e ele revirou os olhos, colocando as mãos do lado de dentro dos bolsos do paletó, e olhando para a ilha marmorizada no meio da cozinha, onde Tae e Nam estavam sentados.

Seus olhos por sua vez, pousaram em uma pessoa em específico.

Namjoon digitava qualquer coisa no telefone, tão distraído que nem percebeu os mirantes exacerbados sobre si.

- Tete, meu filho, esse moço bonito chegou e disse que era seu amigo, aí eu deixei entrar. - A mãe de Taehyung disse animada como sempre, batendo palminhas.

- Oh! Que ótimo, se fosse um serial killer, a gente estava feito.

- Pelo menos iria ser um seria killer bonito, eu ia morrer feliz. - A mulher deu de ombros, indo até a geladeira e pegando um suco na jarra de cristal. - Meu bem, sente-se fique à vontade, seja bem-vindo.

Todos nós observamos admirados, vendo toda a hospitalidade dela para com Seokjin, e mais ainda para o sorriso convencido no rosto daquele que jamais sorria.

- A senhora é muito gentil. - Jin disse, beijando a sua mão. - É um prazer, Seokjin.

Ele sorriu, praticamente chamando a atenção do mundo todo. Era fácil de ficar cego, admirando a beleza de Seokjin.

Todos nós rimos com desgosto.

- Ah... meu Deus, como você é galante e lindo. Fique à vontade, a casa é sua. - Ela disse com o rosto vermelho e ele sorriu.

- Nossa, Kim Seokjin faz mais uma vítima. - Hoseok debochou de trás de mim e eu ri.

- Tia. - E chamei, e todos me olharam. Várias tias eu tinha, né? - Caí nessa não, ele tem idade pra ser o seu avô. - Garanti, vendo ele me demitir com o olhar.

Os meninos riram e eu me preocupei seriamente com as minhas contas do próximo mês.

Seokjin se sentou e Hoseok começou a conversar com Namjoon, como já dito antes, eles pareciam ter muito em comum. Mas para a minha surpresa, Jin continuava discretamente hipnotizado por Namjoon.

Não acho um ato julgável, ou passível de culpa. Até porque meu pai era um homem maravilhoso, e isso precisava ser dito.

- Espero não ter tido que dirigir dois Estados e Município atoa. - Seokjin reclamou, sentado ao lado de Taehyung e eu ri.

- Vocês são tão exagerados, são só alguns minutinhos pela rodovia.

- Alguns minutinhos... - Seokjin disse.

- Noventa dólares de gasolina... - Eu completei.

- O cú de vocês. - Tae resmungou.

- Ui ele disse cú. - Hoseok retrucou irônico.

- Disse cú. - Namjoon repetiu.

- Cú. - Seokjin disse.

- Disse cú... - Eu constatei por mérito próprio.

- Quem disse cú? - Yoongi disse, chegando na cozinha com a cara amassada de sono, e blusa social mal abotoada e os cabelos meio bagunçados, totalmente diferente do normalmente milimetricamente arrumadinho aprendiz de Jeon Kwon.

- Taehyung disse cú. - Eu respondi.

- Bom dia flor do dia. - Hobi brincou, dando uma piscadinha para ele.

- Morre. - Yoongi respondeu, se sentando junto do namorado.

Todos rimos, inclusive Hoseok. Mas eu por minhas vez, só conseguia pensar no dia do beijo.

Será que Yoon não desconfiava?

Hoseok riu, balançou a cabeça e, em seguida, repousou o capacete no balcão, indo até Namjoon.

- Chamou o "Clube da Luluzinha" todo? - Yoon resmungou e eu franzi a testa.

- Tem razão. - Falei confuso, brincando com os rasgos no joelho de Namjoon. - Você não me disse que ia chamar todo mundo pra cá...

Seokjin me olhou, com a sobrancelha arqueada, como quem diz: "Demitido".

Pra mim, ele me demitia o tempo todo, simples assim.

- N-não que eu esteja reclamando...

Falei me levantando, meio rendido, indo até a parede de vidro, que dava vista para o jardim da casa de Taehyung.

- É uma tradição que o Hoseok tem. - Tae disse, mas e eu sorri, indo até o balcão e me sentando, ficando de costas para a entrada do jardim, de onde Namjoon havia vindo.

Eu estava sentado no balcão da cozinha, comendo um dos sanduíches de salada de frango que o pai de Taehyung havia feito, e se demorasse mais dois minutos, eu comeria todos os outros.

O pai dele era Chef. Era dono de um dos restaurantes mais luxuosos das redondezas.

Namjoon se levantou, e veio até mim, parando em minha frente, entre as minhas pernas, e depois mordendo o sanduíche em minhas mãos.

- Ladrãozinho... - Eu ri, vendo a sua expressão mudar de: "Ah, comi um sanduíche, normalidade." Para:

- Putz! - Exclamou, com os olhos bem abertos, e a expressão de surpresa no rosto. - É de longe a melhor salada de frango que eu já comi. - Disse e eu ri, vendo as suas bochechas cheinhas.

Fofo.

- Muito obrigado por isso, Namajoon. - O pai de Tae disse, entrando na cozinha, com uma blusa xadrez dobrada até os cotovelos.

- Por nada senhor Kim. - Nam sorriu. - "Namajoon." - Repetiu, maneando a cabeça, e mordendo o pão outra vez.

Eu ri, quando Sr. Kim passou, bagunçando os meus cabelos.

Aparentemente ele não era só Chef. Ele era Chef, mordomo, cuidava da casa, dos cavalos Jackson e Lá Rosália, e fazia tudo que a mãe de Tae e o mesmo precisassem. Sem falar no pai incrível que eu sabia que ele era.

- É o seu pai? - Hope perguntou com um tom ligeiramente duvidoso.

- Não vai dar em cima do meu pai, cabeça de vento. - Taehyung disse carrancudo e Hope olhou o Sr. Kim de cima para baixo, forçando o mesmo a dar uma risada.

Ele era um cara bem de boa, sabia que era brincadeira.

- E você é? - Sr. Kim perguntou risonho.

- Hoseok. Jung Hoseok, e o Sr? - Disse, com aquele tom que só ele tinha.

Seokjin riu, meio resoluto, em seu canto.

- Ele é o meu marido. - Eu brinquei, e o pai de Tae riu quando eu lhe dei uma piscadinha.

- Se eu não tivesse te visto crescer, ia achar que estava dando em cima de mim Park Jimin.

Eu ri.

- Mas eu estava. - Movi as sobrancelhas para cima e para baixo freneticamente. - Se for pra eu comer sanduíche assim todos os dias, eu até caso.

- Para isso você não precisa se casar, eu já te chamei pra morar com a gente. Mais de uma vez. - Isso era verdade.

Eu sorri, dando de ombros.

Eles foram incríveis durante a minha infância, não queria dar mais trabalho do que já dava.

- Olha Sr. Kim. - Hoseok começou, e eu ri antes mesmo de ele começar a falar. Sabia que aí tinha.

- Hum?

- Poucas vezes um homem roubou o meu coração nessa velocidade. - Hobi disse descaradamente e todos começamos a rir, inclusive o próprio pai de Tae. - O senhor é um pão.

- Com recheio de frango ainda. - Namjoon completou e eu ri.

- Vocês não devem encher muito a bola do meu pai. - Tae disse. - Ele acredita e depois fica todo metido.

- Quem fica todo metido? - A Sra. Kim perguntou, entrando na cozinha.

- Amor! - Sr. Kim começou, todo orgulhoso. - Eu descobri que ainda estou com tudo em cima. - Ele disse e nós gargalhamos. - Tô em forma... - Ele se gabou e ela riu, abraçando o seu corpo, com uma expressão confusa. - Eu descobri hoje que eu sou um pão.

- Ele também é fluente na arte da fofoca. Eu esqueci de dizer. - Tae acusou.

Os pais dele ficaram na cozinha durante algum tempo, nós rimos bastante, e depois eles saíram e Tae voltou no assunto do pão.

- Eu não chamei vocês aqui pra assediar o meu pai não, valeu? - Ele resmungou, Hoseok, Nam e eu rimos, mas eu estava de costas para eles, ao lado de Namjoon, que se sentou ao meu lado no balcão, para me mostrar as referências das faculdades que enviaram convites de bolsas para ele.

A gente estava praticamente formado. Eu podia ainda não saber o que fazer, mas, ele havia sido muito bem requisitado, só não queria sair da cidade.

- Então me chamou aqui pra quê? - Eu fiz careta, mesmo que ele não pudesse ver, mas continuei vendo as fotos do campus.

- Eu não chamei. - Tae negou e eu me virei para olhá-lo confuso. - Ele chamou.

Ele apontou com o queixo para o lado, e depois voltou a olhar para mim.

Abri a boca para dizer alguma coisa, mas, em vez disso, soltei um suspiro resoluto quando vi Jungkook parado com um sorriso no rosto.

Ele estava com uma calça preta com rasgos nas pernas dobrada nos tornozelos, cinto de couro apertado na cintura e uma blusa branca por dentro, além dos tênis All Stars preto de cano alto nos pés.

Ele estava incrivelmente lindo.

Talvez fosse pela saudade recorrente de vê-lo todos os dias durante essa semana, e por ser obrigado a ignorar a sua presença, mas o sentimento que eu tinha, era o de vê-lo pela primeira vez.

Ele caminhou devagar ao redor do balcão, vindo de frente para mim em silêncio. Ele colocou as duas mãos sobre a bancada, cada uma de um lado, me deixando no meio, e continuou me olhando, sorrindo de lábios fechados. Eu gostava muito dele. Em um nível descomunal.

- Oi... - Ele sussurrou baixinho, se aproximando e me selando os lábios de forma leve.

Sorri contra o seu beijo, passando os braços a redor do seu pescoço, e escondendo a cabeça em seu pescoço.

- Que saudade... - Eu disse, sentindo o seu perfume me aconchegar em si. Seu corpo tremeu um pouco enquanto ele riu, abraçando a minha cintura com firmeza.

- Eu também Tampinha. - Ele sorriu, eu não podia ver, mas podia sentir. - Então quer dizer que você não estava mesmo ficando louco. - Jungkook brincou.

Ele havia descoberto tudo então. A julgar pela maneira como falou sobre seu pai, além de parecer amigável feito um cachorrinho.

- Era isso que eu estava tentando te mostrar o tempo todo... só... espero que seu pai não cumpra, com nenhuma das ameaças.

- Não precisa se preocupar, eu resolvi tudo antes de sair. - Ele respondeu, se afastando o suficiente para me olhar e eu franzi a testa.

- Como assim? - Tombei a cabeça, brincando com os dedos, atrás da sua nuca. - O que quer dizer?

Ele levantou e abaixou os ombros um vez, e afastou uma mecha de cabelo da minha testa inutilmente.

- Eu disse que estava saindo. Não dei explicações, então tenho certeza de que ele iria colocar Kai atrás de mim.

Dei de ombros, como se fosse óbvio.

- Evidente que ia.

- E foi por isso que eu telefonei para Kai antes de sair, e marquei com ele no café. Assim ele não ia ter como me seguir. - Ele disse e eu ri soprado.

- Mas e quando ele te ver?

- Se ele for bem esperto, não vai pingar na minha frente tão cedo.

- Certo... só... não vai fazer nada do que vai se arrepender depois, isso é um assunto muito delicado, pra ser manejado com cuidado. Envolve mais gente do que você imagina. - Disse e suspirei.

Jungkook riu e expirou rapidamente, antes de segurar o meu quadril e me puxar de cima da bancada, passando o braço por cima do meu pescoço e cheirando o topo da minha cabeça, enquanto caminhávamos até os meninos.

- Legal ver vocês. - Jungkook disse sorrindo, para todos ali.

Seokjin o cumprimentou com um aceno de cabeça, Yoongi levantou um polegar, ele estava apoiando no balcão, provavelmente pelo sono recente, já Hoseok:

- Meu namorado! - Brincou, vindo até Jungkook e o abraçando.

- Meu namorado! - Jungkook respondeu, de braços abertos.

Eu gargalhei, me afastando para que eles se abraçassem, como se se conhecessem a anos.

E acreditem, quando eu digo que eles se amavam na mesma intensidade. A prova disso eram eles pulando abraçados no meio da cozinha.

Taehyung me olhou surpreso e eu ri, maneando a cabeça.

- Queria eu, que ele ficasse feliz assim quando me vê.

- Se eles se abraçarem com só um pouquinho mais de força, eles se fundem e viram um. - Tae debochou.

- Será que eles se lembram que brigaram no telefone uma vez? - Gargalhei. - Hobi chamou ele de idiota.

- É aquela história...

- Entre tapas e beijos. - Namjoon completou, com estranheza na voz, admirando a cena.

Eles pararam de brincar e pararam, abraçados de lado. Jungkook me olhou, extremamente feliz, me deu uma piscadinha.

- Você não me ama nessa intensidade. - Eu brinquei.

- É que você é o amante. - Hoseok debochou, e eu ri.

- Sinto muito amor, você foi substituído. - Jungkook debochou.

- Tudo bem, eu sobrevivo. - Dei de ombros, abraçando Namjoon. - Nam, namora comigo? - Ele tirou os olhos do celular, e me olhou de cima para baixo, passando o braço por cima dos meus ombros, e depois riu.

- Eu não posso porque seria incesto. - Eu fiz uma careta.

- Tem razão.

- Nós não íamos sair? - Yoon perguntou, sonolento.

- E vamos. - Hobi retrucou.

- Ainda não. Não estão todos aqui ainda. - Fiz uma careta e descansei os olhos na expressão de Namjoon, que fez um biquinho e negou com a cabeça, praticamente dizendo que estava tão por fora quanto eu.

- Se não estão todos... - Olhei para os lados confuso. - Então quem falta?

Taehyung sorriu um pouco, Jungkook também, para ser sincero, estavam todos sorrindo.

Olhei para Jeon meio perdido na situação, e ele apontou com a cabeça, sem largar o corpo de Hobi.

- Eu. - Ouvi a voz grossa do meu irmão vindo de trás de mim, e quase não acreditei.

- HOSEOK! - Gritei, me virando e dando de cara com o seu corpo forte. Ele começou a gargalhar, no instante que eu abracei o seu corpo.

Minhas narinas foram invadidas pelo seu perfume amadeirado, que não por acaso já era um dos meus cheiros preferidos em todo o mundo.

Nós começamos a falar em meio ao abraço, palavras enroladas, ao mesmo tempo que todos conversavam. O som parecia o das hienas que uivavam na jaula quando nós visitamos um zoológico em uma excursão da escola.

- Nossa, eu senti tanto a sua falta! - Eu choraminguei, antes de dar um beijo em seu rosto.

Como das outras vezes, ele apareceu de surpresa. E como toda e qualquer outra coisa em sua forma ou personalidade, eu simplesmente aceitava esse fato.

Era tudo o que importava. Ele estar ali.

Wonho me abraçou, seu porte me fazendo parecer pequeno, ainda que ele fosse mais velho, eu achava injusto ele deter os um e oitenta de altura.

Os olhos do meu irmão se encheram de lágrimas. Segurei o seu rosto com as mãos.

A cada vez que eu via ele na minha frente era um choque, era inacreditável que depois de toda a minha via, eu descobrisse ter alguém que partilhava do meu sangue.

Ele me abraçou de lado, e nós demos uns três passos até os garotos, que observavam tudo.

Jungkook sorriu.

- Queria eu que ele me recebesse dessa forma. - Kook ironizou as minhas palavras de mais cedo e eu mostrei língua para ele.

- Falou o cara que não larga do Hoseok. - Eu alfinetei e ele ergueu as sobrancelhas.

- E você por acaso larga do Hoseok? - Ele brincou, e nós rimos.

- De nenhum dos dois. - Hobi sorriu.

- Você é muito lindo mesmo. - Brincou o motoqueiro.

- A menino mais lindo desse mundo. - O meu irmão disse, e eu me derreti.

- Apesar de que... - Hobi começou. - O namorado dele é mais.

- Finalmente alguém que reconhece isso! - Jungkook ergueu as mãos.

- Olha Hoseok, se você não parar de encher a bola dele, eu não vou conseguir aguentar depois.

- Mas... eu até que concordo com você cunhado. - Jungkook disse, e eu fiz o maior gosto do mundo em vê-lo chamar Wonho dessa forma. - O tampinha é o mais lindo desse mundo.

- Você sempre diz isso. - Seus lábios se curvaram para cima e eu ganhei o sorriso que adorava mais do que o de qualquer outra pessoa.

- Porque é verdade. É ou não é cunhado?

- Sem sombra de dúvidas.

Taehyugn estourou uma bola de chiclete e enroscou o braço no pescoço do namorado, e depois disse:

- Olha já chega, qualquer cego que se prese sabe muito bem que a pessoa mais bonita dessa sala é o Jin. - Brincou e eu ri, mas Jin continuou sério. Isso era ele, sendo legal pra caralho.

- E eu acho que você está namorando com a pessoa errada...

- Não está não. - Yoongi resmungou, já acordado do sono recente. - Eu concordo.

Tae deu de ombros.

- É. Agora vamos picar o burro. - Yoongi disse.

Revirei os olhos.

-La vem a cena da Marvel e DC de novo. - Hoseok revirou os olhos.

- Cena da Marvel? - Meu irmão questionou confuso.

- Isso. - Suspirei.

- "Eu sou o Batman." "Eu sou o Superman." - Hoseok resmungou, com uma voz idiota, e nós rimos.

- Olha só, isso é Bullying ó. - Yoon reclamou.

- Um dia, teve um barraco na cafeteria onde eu trabalhava. E por motivo algum, eles entraram numa de cada um ser um super-herói. Todos da Marvel. Menos o lerdinho aí.

- Esse autor devia parar de me dar falas. Só serve pra me passar vergonha. - Yoongi tentou protestar. Mas o autor não ligava a mínima.

- É picas a mula, Yoon. - Ele parou com a boca aberta, antes de dizer o que ia dizer, e despois desistiu. Provavelmente uma defesa que seria inutilizada.

- Que seja, você entendeu. Engoliu o dicionário foi? Manézão. - Yoongi rebateu.

- Ixi. Saiu da casinha, tá convivendo muito com o Taehyung.

Ele me mostrou o dedo do meio, e eu dei uma gargalhada. Era muito bom estar com eles.

- Certo. Certo. Já se divertiram muito as custas do meu namorado. Agora chega, vamos saindo. - Taehyung pressionou.

- Pra onde vamos? - Wonho e Jungkook disseram juntos.

- É mesmo... pra onde?

- Pra minha antiga casa.

Hoseok olhou para nós todos e abriu seu sorriso perfeito. Nossa, Deus estava de bem com a vida quando fez Jung Hoseok, ele era um solzinho ambulante.

Estávamos no carro gigantesco de Seokjin. Respectivamente: Seokjin no volante, Namjoon ao seu lado; os adultos. Nos bancos traseiros estávamos respectivamente: Jungkook, atrás de Seokjin, eu no meio, Wonho ao meu lado.

Tudo certo pra dar errado.

No outro carro, os egoístas que não queriam a nossa companhia surreal.

Taehyung, Hoseok e Yoongi. Em livre ordem. Ou trisal, em livre interpretação. Fica a critério do público.

- Então, para o Abrigo? - Jin questionou, ajeitando os retrovisores. - Ou querem passar em algum lugar antes disso?

Neguei com a cabeça, e os outros fizeram o mesmo.

- Jin. - Eu chamei.

- Hum? - Ele murmurou.

- Com era lá?

Ele sorriu de um jeito suave, sorriso esse que era raro em seu rosto. Como o de alguém que aprendeu a não sorrir em momentos errados.

- O inferno. - Ele sorriu e eu arregalei os olhos.

- Sério?!

- Sim. - Ele confirmou com a cabeça, porém, ainda que se tratasse de um assunto mais do que delicado, ele sorriu. - Eu queria desaparecer. Todos os dias, eu queria sumir.

Permaneci em silêncio, confuso. Não era do feitio dele se abrir, na verdade ele sempre deixava isso para os outros fazerem por ele, para os que realmente sabiam a sua história. Jung Hoseok no caso. E mais ninguém.

Apesar de ele ser próximo de Tae, e do mesmo ser o seu secretário e braço direito, não se comparava com a relação que ele tinha com o motoqueiro.

Eu vi Jin com o coração na mão... literalmente.

A cena dele de pé ao lado da maca, segurando a mão de Hoseok após o seu fatídico acidente, parecia querer dizer algo mais. As lágrimas que enxiam os seus olhos pareciam as de alguém que se agarra desesperadamente a algo... ou nesse caso, alguém; implorando com a dor da angústia para que não o abandonassem.

Sei disso, porque de solidão, eu entendo. É uma dor incurável, superável. Mas jamais curável. Com a mínima brecha, o mínimo descuido, ela volta avassaladora para te assombrar.

Assoladora e desesperadora, é assim que eu descreveria.

Ele amava Hoseok, e se agarrava a ele da mesma forma como eu me agarrava ao meu irmão agora, com os dedos entrelaçados aos seus.

- Eu não aguentava um segundo se quer lá. Era jovem, egoísta, e revoltado com a vida. Eu culpava a tudo e a todos, quando só existia um único culpado pelo fim da minha família. - Jin suspirou, virando o volante. - Hoseok já estava lá, desde os seus primeiros dias de vida. Ele foi deixado por alguém que não poderia o criar, o cuidar. Mas por incrível que pareça, diferente de mim, ele sabia sorrir. Assim como ele faz, até hoje. Ainda que eu nunca houvesse entendido a razão de tanta alegria em um corpo só. Ele não tinha motivos para estar feliz, assim como eu.

Engoli em seco, absorvendo tudo o que ele tinha para dizer ali, agora. Não havia ressentimento em sua voz.

- Ele apanhava todos os dias dos valentões do abrigo. Eles roubavam a comida dele, se recusavam a falar com ele. Era como se ele não existisse. Ele era o único raio de sol, em meio àquele mar de desilusão. Os outros garotos... eram pobres coitados, tão revoltados quanto eu. Se não tivesse sentido algo nele, eu seria um deles. Digo... quem em são consciência seria feliz daquela forma?! Adotaram e devolveram ele, três vezes. - Jin maneou a cabeça. - Quem em sã consciência devolveria aquele garoto? Ele é perfeito. - Ele sorriu, e eu senti um nó ao pé da minha garganta, eu queria muito chorar.

Não fazia a mínima ideia de qual era a história daquele serzinho, tão carregado de luz, iluminando tamanha escuridão.

Hoseok era um guerreiro. Um sobrevivente.

Suspirei entrecortado, trocando um olhar momentâneo com Jungkook, ele estava da mesma forma que eu e meu irmão, inteiramente presos ao que Seokjin dizia.

Namjoon olhava seu rosto, admirado. Ainda que não houvessem trocado meia dúzia de palavras. Eu sabia, que com o instinto paternal que ele nutria, ele se sentia mexido.

- A felicidade dele incomodava muita gente, até os internos do Orfanato. Até mesmo a mim. Ele se prendeu ao meu calcanhar feito uma pedra no meu sapato, desesperado por atenção. Ele estava... silenciosamente, gritando por ajuda. E eu agradeço sempre por isso. Ele foi a única pessoa que me manteve são, lá dentro. E eu não sei o que ele viu em mim, para querer se aproximar...

Os olhos de Seokjin se iluminaram, como se tivessem acabado de ver um par de diamantes.

- Talvez, se eu tivesse uma personalidade como a dele. Aqueles olhos gentis... também conseguisse passar por tudo o que passei e permanecer cem por cento bom, igual a ele. Também conseguisse ficar longe daqueles que não são bons para mim... mas diferente dele, eu consigo enxergar um cretino a quilômetros de distância. - Seokjin apertou o maxilar com força. - Em pouco tempo internado... preso naquele lugar, eu pude perceber, o dono na época, mantinha os garotos como ele presos. Dificultava o processo adotivo.

- Como assim?- Respirei fundo e fechei as mãos trêmulas em punhos.

- Ele não merecia isso. - Seokjin negou, com a cabeça. - Jovens como ele... que vivem as custas do governo, geram impostos, geram dinheiro, dinheiro que era convertido ao orfanato. Aquele maldito se aproveitava disso. Eu fiz o impossível para protege-lo lá dentro, mas, em sou mas velho, então quando fiz dezoito, eu fui chutado, e Hoseok ficou para trás, sozinho, mais uma vez. Essa é uma das vezes em que eu posso dizer, que eu me machuquei de verdade.

A imaginação trabalhando dentro de mim me fazia sentir dor. Embora eu soubesse que estava tudo bem.

As lágrimas turvaram a minha visão, e eu mordi os lábios.

- Eu jurei, que voltaria para busca-lo, e assim eu fiz. Eu estava lá, no dia do seu aniversário de dezoito anos. Tinha acabado de começar o meu negócio, não era muito ainda, mas já era um começo, e já era o suficiente para salvá-lo daquele lugar horrível. Ele começou a dar aulas de reforço para crianças em uma creche, e eu foquei nos meus projetos. Daí, ele nunca mais saiu debaixo das minhas asas.

Quando vi o sorriso satisfeito no rosto de Seokjin eu tive certeza, ainda que ele não quisesse, ou adorasse admitir... tinha sim um coração ali dentro, e dos grandes. As minhas experiência com pessoas que sofreram vinha sendo a mesma, os seus corações eram enormes, o bastante para não caber no peito.

Eu via muito da personalidade de Namjoon no rosto dele. Eram homens parecidos, de formas diferentes. Um duro e frio por fora, o outro caloroso e grudento. Mas ambos idênticos por dentro... ainda que odiassem admitir.

- Eu... - Comecei. Embora, mal pudesse ouvir a minha própria voz. Pigarreando, tentei novamente. - Eu não sabia... que vocês tinham uma história assim...

Seokjin deu de ombros.

- Eu só compartilho esse tipo de coisa com as pessoas com quem eu me sinto confortável... - Ele disse, com aquele jeito durão dele de ser, chega a ser fofo até. - Com as pessoas de quem eu gosto. - Falou sem jeito e nós sorrimos.

Ele parecia um milhão de vezes melhor do que quando eu o encontrei. Com aquela expressão dura, e com os olhos escuros e profundos, denunciando um vazio.

Talvez ele se sentisse assim. Naquela casa gigante, sem ninguém. Nesse ponto, ele se parecia com Jungkook, proveniente de conclusões dadas por ele mesmo.

A carranca em seu rosto havia desaparecido, e uma expressão de liberdade dava espaço. Talvez ficassem lá para sempre, talvez desaparecessem. Só o tempo diria.

- Hoseok é uma pessoa muito especial... vocês mereciam saber disso. - Ele sorriu, eu sufoquei os soluços, mas as lágrimas caíram de qualquer jeito.

- E o que aconteceu depois? - Namjoon que perguntou, completamente envolto na história que Seokjin contava.

- Huh? - Jin franziu o cenho, parando em um sinal vermelho e olhando brevemente para trás, através do retrovisor e depois olhando para o lado de novo, Namjoon tinha a sua atenção completamente voltada para o motorista. - Como assim?

- Bom... você disse, que o orfanato tinha uma direção corrupta. - Nam suspirou. - Certo?

- Sim. - O outro confirmou com a cabeça, prosseguindo com o carro. - Namjoon... - Jin disse o seu nome com cuidado, mais cuidado do que o habitual, como se testasse a sonoridade. - Para ser sincero, eu não me lembrei de fazer algo a respeito durante um longo período de tempo. Muito mais longo do que eu desejava, mas eu tinha a cabeça cheia de coisas, e... isso nem me passou pela mente. - Ele deu de ombros. - Mas não é como se eu pudesse fazer algo antes disso.

Ainda não eram nem três da tarde, e já tinha escutado tanta coisa louca que a minha cabeça parecia um balão.

- Dois anos depois que eu saí, já tinha construído parte dos meus planos, fiz tudo previamente calculado, o suficiente para que eu pudesse buscá-lo, quando ele fosse maior de idade, e fosse chutado de lá, assim como eu fui.

- Chutado?

- Bem. Convidado a se retirar, se quer que eu seja mais brando.

Olhei para o seu rosto, tão sereno e calmo, ainda que estivesse sério, era como se dissesse qualquer besteira. Diferente de nós.

O Orfanato ficava no alto de uma colina com vista para um longo trecho da cidade. Era estranho. Como se tivesse sido construído para manter as crianças e adolescentes longe de todo o movimento das cidade, ainda que desse para ser visto. Visto, porém nunca alcançado.

Involuntariamente senti os meus batimentos acelerarem um pouco no percurso ao me aproximar. Como um instinto de sobrevivência. As paredes eram pintadas de azul claro. Mosaicos retratando o céu decoravam os muros.

- Eu retornei com advogados alguns anos depois, quando já havia construído o que tenho hoje. Pronto para colocar tudo a baixo, e por incrível que pareça, estava tudo igual, a mesma estrutura diabólica.

- Ninguém tinha denunciado o que acontece ali? - Nam questionou o que nós todos nos perguntávamos.

Seokjin riu soprado, maneando a cabeça enquanto dirigia, se aproximando do nosso destino, que já estava visível.

- Há uma razão para que o abrigo fique em uma colina. Os residentes ali praticamente não tem ideia do que acontece do lado de fora. A maioria não conhece nada do mundo de fora dos muros. Isso os faz perder a noção do tempo. O ambiente costuma ser preenchido por ruídos artificiais e música, além da comida e da bebida que eles não precisam pagar, desde que continuem ali. Quando tudo isso se junta, as pessoas entram em um looping de "gratidão" e de aprisionamento. Enquanto estão de dentro, não sabem se é seguro sair; quando saem, não querem mais voltar.

- E quando você voltou, qual foi a posição deles?

- Bom... - Jin disse. - Tentaram fazer com que eu parecesse louco. Não funcionou. Foi aberto um inquérito.

Ele respirou longa e lentamente, entrando com o carro através dos portões dourados.

- O Estado teve noção do estado em que se encontrava o Orfanato Santa Justina, e eles passaram por uma reforma... - Quando Seokjin estacionou, eu engoli em seco. O lugar estava desértico. - O diretor foi afastado do cargo, e processado por uma série de crimes, além dos que surgiram depois, das antigas crianças e internos. E uma nova direção foi inserida. - Disse descendo, com aquela expressão séria no rosto, e nós fizemos o mesmo, após nos entreolharmos, ponderando se essa seria ou não a decisão correta a se tomar.

Esperei até que ambos, meu irmão e meu namorado saíssem para que eu também pudesse o fazer.

- Hoje, esse lugar  é outro. E eu faço questão de garanir isso.

- Como? - Jungkook perguntou curioso, e Jin o olhou nos olhos.

- Assim. - Seokjin respondeu e por um segundo eu não entendi.

Por um segundo.

Todos nós arregalamos os olhos, mas, antes que pudesse responder, ele abriu o porta malas do carro. Eu olhei para dentro, vendo uma quantidade exorbitante de embrulhos empilhados, até quase cair.

O carro de Yoongi parou ao lado, e Hoseok desceu correndo, ao mesmo tempo que uma multidão de crianças e adolescentes se deslocava com gritos histéricos em nossa direção.

Eu olhei aquilo, e sorri. Não estava desértico. Não mais.

Jungkook passou a língua entre os lábios e sorriu, se inclinou, passando o braço por cima dos meus ombros, mas retirando logo, assim que Hoseok o abraçou pelo pescoço.

- Olha amor, não são lindos? E se a gente adotar todos? - Hope disse sorridente, e eu não tive coragem de xinga-lo por isso. Era uma cena de filme.

Jungkook riu soprado, olhando de soslaio para o rosto de seu novo carrapato pessoal.

- Eu iria ter que trabalhar em uns mil empregos durante os próximos cem anos. Mas não quero estragar as suas fantasias. Então sim, vamos adotar todos. - Respondeu, dando tapinhas no topo da cabeça do outro que fez cara de tédio.

- Deixa de ser mão de vaca seu sem vergonha do bordo. - J-Hope retrucou, empurrando a cabeça alheia. - Todo muno aqui sabe que você e o magnata milionário aqui são donos de Los Angeles inteirinha. - Jungkook permaneceu intacto, pela repentina represa moralista que desabou em cima de sua cabeça e de Seokjin, vinda de seu mais novo ex-amor.

- Uau. - Wonho disse, apoiando o queixo em cima da minha cabeça.

- Uau. - Eu repeti.

- Au au. - Jungkook resmungou.

- Nem vem com essa para o meu lado. - Seokjin suspirou, com algumas crianças abraçadas em suas pernas. - Eu estou a uma lata de refrigerante de declarar falência.

Ele revirou os olhos e se inclinou, entregando um pacote pra uma criança. Os adolescentes permaneciam mais distantes, por algum motivo.

- Tio Jinnie, gosta de retrigerante'? - Uma garotinha de cabelos de molinhas disse inocentemente e ele nos olhou instantaneamente, exatamente como uma pessoa que não faz ideia do que fazer.

- Responde tio Jinnie. - Hope remedou com um sorriso irônico, passando entre as crianças com uma caixa nas mãos.

- É tio Jinnie. Por que não responde? - Jungkook debochou, carregando uma caixa também.

- Huh... - Sua expressão se desfez com a audácia do meu namorado, e de Hoseok também, pelo visto éramos um trisal. - Não garotinha, o tio gosta mesmo é de fumar e beb-

Nós todos arregalamos os olhos incrédulos e para a nossa surpresa, quem tapou a boca da má influência ali havia sido o único adulto com pulso firme para tal.

Namjoon.

- Acho que você pode muito bem deixar os detalhes sórdidos para depois. - Nam disse, com a mão em seu rosto, sua boca para ser mais preciso, e os olhos grudados aos do outro. - Será que pode ser?

O tom duro de Namjoon batia diretamente com o olhar irônico de Serokjin, que parecia satisfeito por ter conseguido chamar a atenção do outro Kim para si. Levando em consideração que todas as vezes em que eu reparei o mais alto mirando sua figura, Namjoon estava alheio.

Nesse momento, vendo-os agachados um de frente para o outro, rodeados de crianças, e não, eu não estava me referindo às crianças pequenas, e sim dos meus amigos que observavam tudo com o sangue tão gélido quanto o meu, enquanto o sorriso de Seokjin refletia a fúria no rosto de Namjoon, esperando que um dos dois tomasse a iniciativa e quebrasse aquele tesão- Eu quiz dizer tensão.

Droga, me perdi no personagem.

- Seokjin! Como é bom te ver filho! - Uma mulher de uns quarenta e poucos anos caminhava até nós, vestindo um vestido discreto, com um coque nos cabelos e os braços abertos, interrompendo o encarar que me fazia sentir que poderia se tornar infinito entre o meu patrão e o meu pai, para a alegria de uns, e tristeza de outros.

Taehyung e eu nos entreolhamos e arregalamos os olhos, ele se virou sutilmente para o lado, e eu fiz o mesmo, colocando uma mecha imaginária de cabelo por trás da orelha ao mesmo tempo, e com os lábios crispados em o que poderia ser descrito como um beijinho.

Glossário, ou Cabaressário:

Isso significava: "O babado foi forte", ou"A treta ficou maligna", em livre tradução.

- Já fazem alguns dias, não? - A mulher tornou a se pronunciar, visto que Seokjin e Nam continuavam se encarando, pelo menos estávam, até Jin se erguer com uma expressão suspeita de satisfação, enquanto Namjoon apenas se conteve a um suspiro lento e doloroso, que pela primeira vez, não nos dizia absolutamente nada.

Olhei profundamente em seus olhos, como quem grita: - "MAS QUE PORRA É ESSA?!" ou"QUE PORRA FOI ESSA?", em livre tradução.

E Taehyung fez o mesmo.

Ele olhou para Tae e depois de volta para mim.

Entretanto, Namjoon por sua vez se levantou, e nos olhou tipo: - "FODA-SE" ou "NÃO TE INTERESSA A MÍNIMA!" ou até "AU, AU, MEU CÚ QUE TE DÁ TCHAU.", em mais uma vez, livre e espontânea tradução, e depois saiu andando, como se a via fosse bela.

- Você? - ...

- Você viu isso? - Eu semicerrei os olhos, e apontei para mesmo lugar que Taehyung apontava, as costas de Namjoon, que caminhava tranquilamente por entre as crianças. - Ele ignorou a gente.

- Ignorou a gente. - Ele repetiu.

- Não tem medo da morte, tem? - Perguntei e ele entortou os lábios.

- Pelo visto não tem.

- Vamos matar?

- Bora matar. - Taehyung concordou, estralando os dedos em sequência.

Tae chegou um pouco mais perto, e eu subi em suas costas, a gente estava tipo um Megazord super poderoso, prontos para atacar o inimigo.

- Matar quem tio? - Um menininho perguntou e eu abri a boca pra falar algo, antes que Taehyung usasse a sua língua materna: Bosta. Era a especialidade dele falar bosta, mas eu não precisei me preocupar, porque Yoongi interviu antes que ele dissesse algo nos fizesse acabar sendo expulsos do abrigo.

- Matar a vontade de... - Yoon se aproximou, com uma bola de plástico enorme em mãos. - Jogar... - Ele olhou para mim e depois para a bola, e depois para Taehyung, e depois para a bola, e depois para mim, e depois para Taehyung, e depois para a bola; e nesse meio tempo, acho que talvez o nosso olhar de desespero, ou de bolafobia, fez acender uma lâmpada na cabeça de Min Yoongi, trazendo a grande ideia de dizer: - Queimada.

Algo naquela mente maligna dizia que era uma boa ideia me desacatar hoje.

Ele sorriu, e eu engoli em seco.

Taehyung fechou o semblante, me segurando na garupa.

- Você nem se atreva a-

Ele infelizmente foi interrompido por uma bolada, vinda de seu namorado que foi a óbito alguns instantes depois, quando eu percebi que a bola era grande o suficiente para acertar a minha fuça e a do meu amigo ao mesmo tempo, sem ordem cronológica.

- FILHO DA-

- Opa, opa! Estamos em um orfanato baixinho, que tal se controlar? - Wonho perguntou sugestivamente, enquanto me tirava das costas de Taehyung-de-nariz-vermelho, dando espaço para que ele corresse atrás do namorado livremente, sendo assim, ovacionado pelas criancinhas do orfanato que não querem saber de quem, só querem ver o estrago.

E acreditem, você nunca é velho o bastante para ser ridicularizado por crianças. E exclusivamente por esse motivo, eu me deixei ser carregado feito um saco de batatas, pelo meu mais novo irmão alterofilista-aqui-constrói-fibra-birrl para dentro do antigo Orfanato Santa Justina, atual Lar das Crianças Hope.

Isso quem dizia não era eu, era o enorme letreiro no topo da construção, com um solzinho sorridente que por um motivo ou outro, me lembrava um certo motoqueiro, que eu conheci por aí.

Esse que estava sentado em uma roda, com uma venda nos olhos, rodeado de crianças.

- "Lar das Crianças Hope" ... Hã? - Eu sorri sugestivamente e trombei de leve no ombro ao meu lado, vendo Seokjin balançar minimamente de braços cruzados, olhando para as crianças se divertindo com os presentes que ele trouxe, com cara de paisagem.

- Qualquer semelhança com motoqueiros, é mera coincidência. - Respondeu convicto.

- Aham... seei... - Eu sorri. E ele também. - Você gosta muito dele, não é?

- Eu gosto de muitas pessoas... - Seokjin deu de ombros, sério outra vez, vendo tudo através dos óculos escuros, sem me olhar.

- Não foi o que eu perguntei. - Respondi como quem não quer nada, observando Jungkook e Wonho jogando futebol com os adolescentes, sendo forçado a sorrir então.

- Hum... - Ele murmurou e eu suspirei resoluto.

Alguns segundos se passaram, sentindo a brisa no topo da colina, e vendo a felicidade nos olhos de tantos ali.

- Você se intimida por crianças Jin?

Ele não esboçou reação.

- Como é?

A pergunta pairou no ar, até o mais alto quebrar o silêncio.

- Olha, eu posso lidar com várias delas. Só... não me lembro... de ter sido uma. - Ele deu de ombros, se atrapalhando um pouco entre expressões. - Érr... é estranho.

Nossos olhos se encontraram. Ele parecia estar meio envergonhado por falar sobre o assunto.

O homem com o olhar duro e sutilmente vago franziu os lábios e fez uma careta.

- Esquece isso. - Revirou os orbes e passou a olhar para as crianças outras vez, mas mesmo por trás das lentes escuras, era evidente a sua vulnerabilidade para com aquele tópico.

Talvez a razão para a sua reação seja que eu fiquei olhando para ele por segundos ininterruptos com os lábios entreabertos, sobrancelhas franzidas e expressão de quem iria invadir a sua privacidade.

É um talento que eu tenho.

- Não! - Me exasperei, quando voltei a mim, e ele me olhou assustado. - É que-... - Suspirei. - Eu meio que entendo o que você diz...

Silêncio.

Ele permaneceu de braços cruzados, olhando para o gramado, assistindo a cena por alguns minutos, era evidente que não queria tocar no assunto.

- "Meio que entende?" - Ele finalmente falou comigo.

- Huh... sim. Eu acho.

- Por que diz isso? - Ele me olhou pela primeira vez em minutos. - Ouvi dizer que não tinha família e depois que tinha família. O que quer dizer?

- Bom... não é bem por aí. - Eu dei de ombros, agora quem não o olhava era eu. - O meu pai me abandonou com oito anos. Por isso eu digo que não tenho família. Não considero isso como o que se diz de um pai... hoje ele é só... um conhecido.

A expressão de Seokjin se fechou.

- Mas você tem um irmão.

Eu assenti.

- É... e eu não sei disso nem a seis meses. - Dei de ombros, vendo ele correr com a bola nos pés, no time adversário de Jungkook.

- Entendi. E sua mãe?

- Ela morreu quando eu tinha sete anos... - Eu me encolhi um pouco, me atrapalhando quando ele me olhou por trás das lentes.

- Nossa. Eu não sabia disso.

- Foi a minha primeira lição. - Dei de ombros, dando um sorriso sem graça, de lábios fechados.

- Então... se a sua mãe faleceu quando você tinha sete, e o seu pai te abandonou aos oito... quem criou você?

Eu suspirei. Esse sim era um assunto daqueles.

- Bom... eu devo ter passado algum tempo sozinho, esperando ele... não é como se ele tivesse me dito "Estou indo embora". Ele só... se foi. E eu fiquei esperando ele voltar... alguns dias depois, os pais de Taehyung deram falta de mim na escola. A mãe dele e a minha eram muito amigas, eu conheço ele desde a barriga. - Sorri. - Quando eles apareceram, não entenderam tudo. Mas me ajudaram, como podiam. A gente se virou.

Ele tirou o óculos do rosto, piscou e olhou para o chão.

- Eu estava pensando... - Disse ele. - Nós estivemos perto de nos conhecer antes...

Eu assenti, vendo o lugar onde eu estava.

- Se o Estado houvesse descoberto sobre a minha situação, provavelmente, eu teria crescido aqui com vocês.

- Sim.

Vi braços passando por cima dos meus ombros, e alguém me abraçando por trás, pousando o queixo sobre a minha cabeça.

Não sei se pelo perfume dele, ou pelo olhar de Seokjin, que eu já vinha reparando a algum tempo, mas eu sabia exatamente quem era.

- Quem teria crescido aqui? - Nam disse entre dentes, de trás de mim.

Eu sorri.

- Eu.

- Nada disso. - Ele respondeu. - Eu não deixaria.

- E eu não sei? - Brinquei, enquanto sentia a vibração do seu gargalhar.

Eu me virei, olhando para Namjoon, mas ele não olhava para mim.

Seus olhos estavam muito ocupados, passeando pela gravata bonita, que amarrava o pescoço de Seokjin. E esse movimento eu posso afirmar, que o outro percebeu.

Seokjin olhou de volta, e sua boca se curvou num sorriso apetitoso, acompanhado de um olhar poderoso demais para se ignorar.

Honestamente, não havia por que não ser sincero: A tensão entre aqueles dois ali parecia ultrapassar qualquer limite que eu conhecia, e eu estava no meio.

Eu olhei para os meus pés, eu precisava sair dali.

Namjoon não moveu um músculo se quer, apenas lambeu o lábio inferior, encarando o encarar do outro, na mesma intensidade. Avaliando-o com o seu olhar de aço.

Eu dei um passo para trás, afim de forjar um desmaio e descer o gramado rolando igual a um pedaço de cocô, mas Seokjin percebeu, e me perguntou, sem tirar os olhos do meu amigo.

- Vai a algum lugar Jimin?

Eu me virei, me atrapalhando um pouco no movimento.

- E-eu... - Vou fugir de vocês dois, briga de gigantes isso. - Vou ali um minutinho... no Jungkook.

Ele riu e eu acho que nessa briga de encarar, infelizmente o meu amigo perdeu.

Namjoon me olhou, se desligando do outro, provavelmente quando ouviu o meu nome.

- V-você não vai ficar? - Perguntou, engolindo em seco antes de pigarrear. Seus olhos demandavam confusão.

Sorri, amando cada segundo de sua reação de surpresa. Eu podia ser um mané, mas sabia reconhecer uma situação embaraçosa.

Eu ergui as sobrancelhas, e dei uma dançadinha, andando de costas, vendo ambos me acompanharem com o olhar.

- Acho que vocês deveriam conversar um pouquinho. -

Eu me virei e caminhei para o gramado, vendo lá de cima, os dois finalmente parando de se olhar e falando um com o outro.

Namjoon me olhou meio envergonhado lá de cimaa e eu sorri, sugestivamente.

Ele riu, balançou a cabeça e, em seguida, fechou a cara.

Aquela ia ser uma história engraçada de ouvir mais tarde.


...

A casa ainda não estava aberta, mas esse era o dia em que estava tudo, literalmente a todo vapor.

Quando chegamos a boate, uma loira muito bonita e delicada nos recepcionou, o que me surpreendeu foi que eu já conhecia ela.

- Lily?! - Arregalei os olhos. - Porra é essa? Caiu em um barril de água oxigenada?

- Há! Meu Deus, eu nunca tinha visto um palhaço de perto! Muito engraçado, um verdadeiro piadista! - Disse irônica, passando o braço por cima do meu pescoço com força, forçando-me a me curvar para baixo, eu gargalhei, sentindo o mata leão da agressora. - Está atrasado!

Ela vociferou.

- E você está loira.

- Nossa, como você é observador. - Ela passou as mãos pela nuca, puxando os fios para frente de seu busto.

Lisa era uma mulher incrivelmente bonita, até difícil de descrever.

Era alta, talentosa, dedicada e muito estilosa.

Parecia uma Barbie executiva, com o cabelo loiro caindo super bem sobre o blazer que ela usava, acompanhado de uma calça larga e um tênis que eu não ousaria usar sem me parecer com uma nave espacial.

O visual ostentava sofisticação e profissionalismo, ideias totalmente contraditórias em relação ao local onde trabalhávamos.

- É lace amigo, é pra apresentação de hoje. - Deu de ombros, passando um pouco a minha frente.

- Adorei, tem pra mim?

- Hum... - Ela me olhou. - Ter até tem, mas você vai ficar parecendo a Paris Hilton.

- "Paris Hilton"... - Repeti ultrajado.

- Vamos descer? - Ela perguntou, mas eu tinha um cachorrinho ao meu encalço.

- Ué, descer? Lá embaixo? De novo?

Vi sua figura esguia se virar para mim, andando de costas por alguns passos.

- É que as meninas vão ensaiar o número delas de hoje. Palco reservado, sendo assim... - Ela apontou para o chão.

- É que-

Eu olhei para trás, procurando meu irmão.

- Ué... - Parei de andar, vendo que ele havia se sentado no bar, conversando com Hoseok e com Taehyung. - TAE! - Chamei, e ele se virou de prontidão, quando a minha voz ecoou pelo salão silencioso. Na realidade todos os três me olharam. - Eu estou descendo, se ele quiser, levem ele até lá. - Avisei e eles assentiram.

Os lábios de Wonho se transformaram em um beicinho no instante em que eu segui andando. Eu mandei um beijinho, e corri para alcançar a loira.

Eu me aproximei dela, Seokjin estava parado a sua frente, ambos sérios.

- Eu não sei o que eles vem fazer aqui, mas é bom ficar atenta. Pois eu vou estar. - Peguei o final da conversa, quando Jin já ia se virando, antes de Lalissa poder o responder, ele estava com aquela cara de poucos amigos que eu ainda não havia presenciado hoje.

- Mas Jin! - Ela chamou, mas ele se virou e ela o seguiu.

Quando Lily cansou de olhar para as costas largas do outro que não parecia querer parar de andar ela me dirigiu um olhar cansado. Eu sorri.

- Ei! Grosseirão, a loira bonita de terno está tentando chamar a sua atenção. - Falei para Seokjin e ele parou de andar. - E você esqueceu que deixar alguém falando sozinho é falta de educação. - Balancei a cabeça e murmurei um "bobão".

- Como é? - Lily arregalou os orbes surpresa. Ela quis se certificar de que havia ouvido direito.

Assenti e passei o braço sobre os seus ombros, Seokjin se virou, talvez as suas próximas palavras fossem a minha demissão.

- O que foi?

Lily olhou em seus olhos e suspirou.

- Que dia eles vem?

- No sábado. - Ele disse resoluto, e se virou, saindo dali, muito mais sério do que eu pensava.

Existia o Jin sério: esse era o normal, com o qual se pode lidar.

E existia o Jin muito sério, quase cometendo um homicídio: esse foi o de agora. Era a primeira vez que eu via ele, mas não seria a última.

- Quem vem no sábado? Qual o problema? Por que ele está tão sério?

A loira fechou os olhos e respirou fundo, parecendo se preparar para a situação.

- O meu tio vem, esse é o problema. Por isso ele está tão sério.

- O Kwon? - Eu quase engasguei quando disse o seu nome. - Mas que porra ele vem fazer aqui?!

Lalissa revirou os olhos.

- Exatamente. Sinta o que eu sinto amigo, é aqui que ele faz as reuniões de negócios dele. - Ela sorriu forçadamente. - Feliz? Pois eu não estou.

- T-tem medo de ele te reconhecer? - Eu disse com cautela, enquanto caminhávamos para o elevador.

Ela parou, olhou para mim, recuou, trombou na porta, que não havia se aberto completamente e depois me olhou de novo.

- Que mal lhe pergunte. Como foi que você descobriu tanto sobre mim? Foi o maldito do Taehyung ou o filho da mãe do Hoseok? Porque se for algum deles eu juro que vou-

Olhei fixamente para seu rosto quando elevei as mãos em sua direção, pedindo por uma pausa.

- E-eu posso te explicar... é só... complicado. Mas eu posso explicar tudo.

As bochechas da garota estavam avermelhadas, e seus olhos pediam socorro.

Quando o elevador se abriu, nós dois começamos a caminhar pelo corredor vazio, o chão de madeira acarpetado fazia o barulho dos nossos pés denunciar para quem estivesse ali que nós chegávamos.

Nós adentramos e nos sentamos a beira do palco, que era mais baixo do que o do andar acima. Como dito antes, era tudo vintage.

- Eu... - Comecei, vendo-a me olhar com atenção, sentindo que o que eu diria a seguir poderia mudar tudo entre nós. - Eu namoro o teu primo.

A loira franziu os lábios e fez uma careta confusa.

- Meu primo? Dylan?

Eu maneei a cabeça.

- Eu... eu namoro o Jungkook. Lalissa. - Eu respondi, com o corpo voltado completamente em sua direção, mesmo sem precisar, já que estávamos lado a lado, precisava olhar em seus olhos, mesmo que por um único instante. - O seu primo...

Ela assentiu em silêncio, com os olhos paralisados no chão.

- Você é genro do Kwon... - Colocou a mão na testa. - É claro, como eu fui burra. É óbvio que eles iriam dar um jeito de me achar. - Os seus olhos se encheram.

Falhando em segurar as minhas emoções, eu alterei o tom de voz, parecendo mais inflamado do que eu deveria.

- Não! - Gritei, ouvindo os meus ecos pelo salão. - N-não é isso que você está pensando! Eu não... não estou do lado dele. Eu estou, exatamente do outro lado. - Suspirei.

- Do outro lado? - Ela questionou e eu assenti.

- Ele me odeia. Eu não estava te vigiando nem nada. Eu só te procurei justamente porque preciso de informações, contra ele. Uma pessoa me disse o teu nome, mas por acaso, nós já nos conhecíamos, eu só não sabia quem você era.

Novamente, os olhos de Lily se fixaram em mim, ela limpou a garganta e fez uma careta, como se estivesse sentindo dor.

- Então você não disse para ninguém que eu estou aqui?

- Só pra Madelaine... - Ela franziu o cenho. - Ela foi quem me disse sobre você. Eu não sabia mais a quem buscar, não posso confiar em ninguém daquela família... ela esteve em contato com eles a muito mais tempo do que eu e sabia disso tão bem quanto eu. - Eu a encarei com sinceridade. - Agora que o Jungkook está abrindo os olhos para as pessoas que eles são, eu não posso despejar tudo sobre ele, não sem provas... não sem... você.

Ela pigarreou mais uma vez, e colocou uma longa mecha de cabelo por detrás da orelha. A mecha não parou no lugar, deslizando delicadamente até o seu queixo.

- Impossível. - Ela respondeu.

- Como assim?

- Eu não me meto com eles, e o Kwon só não me reconhece por causa disso. - Disse ela, erguendo a máscara de raposa.

- O que aconteceu contigo? De verdade...

Lily suspirou.

- Eu não acredito que vou falar isso, mas... Jimin eu vou te dizer tudo. Toda a verdade sobre a minha família... a começar pelo vovô Jeon.

Obrigado por tudo amores! O próximo capítulo já está escrito, e eu pretendo adiantar mais, espero que tenham gostado e que tenham conhecido melhor a história dos JinHope!

Votem, comentem e compartilhem por favor! Qualquer erro, me avisem! ❤️

Preparem-se.

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