Depois de lhe falar tudo isso, imagino que esteja pensando: Mas e quanto a você Fernanda? Eu sou feliz aqui, muito feliz. Amo todas as pessoas que vivem comigo na fazenda, tenho amigos verdadeiros, uma família que faria tudo por mim, e eu por eles. Eu amo esse lugar, a paz que tenho aqui, a segurança. Quero criar meus filhos, correndo soltos por essas terras, como aconteceu comigo e Nando.
Porém, eu também tenho um desejo, uma vontade tão forte dentro de mim. Eu sempre sonhei em conhecer o Rio de Janeiro. Honestamente, eu não sei de onde surgiu essa vontade, ela simplesmente existe, como se algo me cutucasse a todo o momento e sussurrasse baixinho no meu ouvido que eu preciso ir para o Rio de Janeiro. Com certeza você está se perguntando: E por que você não vai? Você não tem dinheiro? É tão simples, compre uma passagem e passe uns dias por lá.
Não, não é isso! Eu não quero viajar para o Rio, eu quero morar lá. Um apartamento, num prédio bem alto, uma janela panorâmica toda de vidro da minha sala. Idiota? Talvez, mas é o meu sonho. E sabe por que é um sonho? Porque meu irmão enlouquece toda vez que eu toco nesse assunto e meus pais para não dar corda, fingem que não é com eles.
A questão é que eles pensam que isso é bobagem, alguma fantasia que eu criei lendo algum livro. Fernando pensa que fazendo cara feia e me proibindo de ir, vai passar. Mas não vai. Eu sinto que preciso ir, é como se algo estivesse me esperando. Como já disse, eu amo a minha vida e sei que aqui é o meu lar, porém eu quero saber o que tem lá me aguardando. E de alguma forma, eu sei que esse algo mais está na cidade maravilhosa.
Minha mãe diz que como moramos no interior de Minas Gerais, eu tenho essa vontade só porque é uma cidade grande, pois é uma realidade muito diferente da nossa. No entanto eu sei que não é só isso.
Meu irmão não pode nem me ouvir tocar nesse assunto que já vira uma fera e deixou claro que estou proibida de até mesmo pensar na possibilidade de ir embora de casa, mas enfim, eu completei dezoito anos há alguns meses e poderei ir e vir sem a autorização de ninguém.
Pelo menos é o que eu acho!
Não sei se teria coragem de enfrentá-lo caso meus pais concordem com minha decisão. É certo que nós sempre fomos como carne e unha, e só de pensar em ficar longe dele meu coração já fica apertado. Estou entre a cruz e a espada. Ao mesmo tempo em que penso ser capaz de qualquer coisa para me mudar com mala e cuia para o Rio, já fico apreensiva com tantas complicações. Complicações que tem nome e sobrenome: Fernando Mendonça.
Há algum tempo venho amadurecendo a ideia com minha mãe, na realidade desde que completei meus dezoitos anos de idade. Infelizmente minhas intenções andam a passos de tartaruga, pois meu aniversário já se aproxima novamente e cá estou, empacada no lugar.
Entretanto, decidi que chegou à hora. Ou vai ou racha!
Esperei que todos terminassem o almoço e enquanto alguns se retiram da cozinha inicio o temido assunto com minha mãe. Ela vem me ajudando a convencer o meu pai. Dona Bia sem dúvida alguma é minha amiga e também cúmplice.
- Você já esperou até agora minha filha, não acha melhor aguardar as festas de fim de ano, logo em seguida vem seu aniversário. - É claro que ela me enrola também, é minha cúmplice, mas não é tola, sei que no fundo nenhum deles me quer longe de casa.
- Mas mãe, eu já esperei quase um ano desde que fiz dezoito, vou ficar enrolando até quando? - Ela segura minhas mãos e com toda paciência do mundo tenta me convencer com seus argumentos.
- Você vai passar seu aniversário longe de nós? Isso nunca aconteceu Nanda! - Ela dá até uma fungada. Chantagista! É isso que ela é, penso.
- Se eu for na onda de vocês eu nunca irei para o Rio. Já tive que esperar a maioridade e agora mais essa!
- De novo você com essa história Fernanda? Eu já falei que você não vai.
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Será que a Nanda vai conseguir convencer seu irmão cabeça dura? 🤭🤭🤭
Se você chegou até aqui, muito obrigada. É um prazer ter você com a gente! ❤