Aviso de Conteúdo (levemente) sexual
31 de Outubro de 1976
— Padfoot? Moony? — A voz ecoou pelas árvores.
Remus foi o primeiro a ouvir, e já estava em pé quando Sirius finalmente assimilou. O mais velho se levantou logo em seguida, limpando suas roupas e passando a mão por seus cachos escuros, arrumando a bagunça que eles haviam se tornado. Remus engoliu em seco.
— Às vezes vocês dois simplesmente somem! — James exclamou entrando na visão dos dois. O Potter franziu o cenho. — E estão bebendo sem mim? Me sinto traído, Pads.
— Ah, cale a boca — Sirius disse com um sorriso crescendo em seu rosto. — Eu e o Moony também podemos nos divertir. — Ele se perdeu em seu equilíbrio e teve de se apoiar no garoto ao seu lado.
James riu da situação do amigo.
— Aparentemente você bebeu um pouco além da conta, Six, eu já te disse que o álcool trouxa é diferente do nosso, você tem que aprender seus limites. — Ele deu um tapinha no ombro do melhor amigo. — Agora vamos, vocês estão perdendo a melhor parte da festa.
James e Sirius andaram na frente, rindo e se provocando. Remus sorriu fraco ao ver os dois e enfiou as mãos no bolso de sua capa. Ele deu um passo para trás, deixando os dois caminharem na frente como de costume. Ele franziu levemente o cenho. Sirius havia o beijado. Sirius fucking Black havia o beijado. Ele não sabia se Sirius iria lembrar daquilo pela manhã, e ele não sabia qual das probabilidades era sua favorita. E se ele surtasse com o Remus? Gritasse com ele? Contasse para escola toda? Ele sentiu uma pontada em sua cabeça e decidiu mudar o rumo de seus pensamentos, revirar isso naquela hora não ajudaria em nada.
***
3 de Novembro de 1976
James assoviou e gritou para chamar atenção do Salão Comunal, ele havia subido numa mesa, seu cabelo estava um caos, sua gravata vermelha solta, pendurada em torno de seu pescoço e seus olhos tinham um brilho que Remus raramente via.
— Estamos aqui para celebrar a maior idade do aluno mais gostoso que Hogwarts já viu! — As pessoas riram. Todos tinham os olhos em James. — Depois de mim, evidentemente. — As risadas ecoaram novamente e Sirius subiu na mesa, se apoiando no melhor amigo. Seus olhos tinham o mesmo brilho de James, e seu sorriso era de fazer o coração saltar no peito. Pelo menos o de Remus saltou. Sua gravata estava amarrada em sua cabeça e tinham marcas vermelhas em seu pescoço, descendo até a parte visível de seu peito. Ele ergueu a garrafa de firewhisky que carregava na mão direita.
Os alunos começaram a vibrar com isso e Sirius levou o bico da garrafa a boca, sua cabeça tombou levemente para trás, seus cachos escorregaram de seus ombros e seu pomo de adão ficou proeminente. Remus ficou encarando a curva no pescoço do garoto se mexendo, e aquilo era extremamente sexy, ele queria beijar ali, e cobrir as marcas na pele de Sirius com suas próprias marcas. Quando Sirius terminou a garrafa numa virada só, os pensamentos de Remus voltaram ao normal e seu peito apertou, e a dor que ele tentara ignorar durante os últimos três dias o atingiu com força.
Eles não haviam tocado no assunto, Remus não sabia se o mais velho tinha noção do que havia acontecido, ele não havia agido diferente com o Remus recentemente, não havia demonstrado nenhum sinal que memórias do beijo passaram por sua mente. Lupin estava começando a se conformar com o fato de que ele fez aquilo porque havia bebido e de que ele não lembrava pelo mesmo motivo. Ele enganava a si mesmo ao tentar se convencer de que aquilo era bom, que aquilo o pouparia da dor de cabeça, que era melhor se Sirius não recordasse. Mas no fundo ele sabia o quanto aquilo doía, sabia que respirar o mesmo ar que Sirius Black era difícil, que aquele maldito sorriso era a razão de seu corpo queimar. Que aquelas malditas mãos-
— Remus! Terra para Remus. — A voz risonha de Dorcas ecoou e o acordou de seus devaneios.
— Oh! Perdão. — Suas bochechas esquentaram e ele focou seu olhar no grupo de garotas a sua frente.
— Estava olhando alguma garota?— Lily perguntou, animada.
— Claro, Lily, eu estava checando os seios de uma garota do sétimo ano.— Ele disse sarcástico e girou sua varinha em sua mão. Dorcas corou com as palavras do garoto.
As garotas já estavam acostumadas com esse lado dele. Remus não parecia o tipo de pessoa que falaria esse tipo de coisa, todos consideravam ele era o tipo de garoto que se apresenta à família, e bem, ele realmente era, mas quem o conhecia melhor não era estranho às piadas sarcásticas e o humor incomum. Era instigante saber que ele agia assim, essa dualidade, Marlene se questionava se ele teria um comportamento similar na cama. Quem será a maldita sortuda a conquistar o coração desse menino?, ela se questionava
As meninas riram baixinho, porque esse era Remus. Marlene tombou sua cabeça pro lado.
— Você já beijou alguém, Remus?
Ele desviou o olhar, de repente achando o tapete muito interessante. A resposta era sim, ele já fora beijado. Mas ele não podia contar sobre o garoto trouxa de olhos verdes com quem esteve no último verão. E muito menos poderia contar sobre Sirius Black. Então ele simplesmente respondeu:
— Não.
— Oh, isso é uma pena, Rem! Isso não pode continuar assim.
— Há! Não me diga que você vai se oferecer pra beijar o Moony, Lene. — Lily provocou, cruzando suas pernas e arqueando a sobrancelha pra amiga.
— Eu até me ofereceria, se eu já não tivesse alguém. — Ela piscou. — Porque o nosso Moony é um pedaço de mal caminho.
Remus não achava que conseguiria ficar mais vermelho. Ele se levantou.
— Vou buscar uma bebida. — Ele murmurou e seguiu pelo salão, ouvindo as gargalhadas das meninas às suas costas.
O gramofone tocava alguns hits dos últimos anos, ele viu de canto do olho que Longbottom estava responsável por trocar os discos e mudar o disco para o lado B. Remus reconhecia a música que estava tocando e sorriu consigo mesmo, era uma das favoritas de Sirius, e Remus adorava como essa música gritava Sirius Black em cada verso. O refrão de Rebel Rebel chegou e ele pode ouvir a voz de Sirius em algum lugar na sala, cantando em plenos pulmões. Sirius gostava de David Bowie. Então Remus gostava de David Bowie
Remus parou diante da mesa com as bebidas, ele pensou por alguns breves segundos e encheu seu copo com firewhisky. A bebida desceu queimando em sua garganta. Seus olhos percorreram o perímetro, não havia apenas grifinórios ali. As festas da grifinória sempre foram as melhores, as festas da grifinória sediadas pelos marotos eram ainda melhores, mas agora, a festa de comemoração da maioridade de Sirius Black, organizada pelos marotos e pela grifinória num esforço coletivo... Aquela era a melhor festa que Hogwarts já havia presenciado, Remus já conseguia ver o café da manhã no dia seguinte, todos de ressaca e com cara de zumbi.
Meia hora depois na mesa de bebidas, ele decidiu que isso era o suficiente, ele tinha boa tolerância para álcool, e gostaria de poder prestar atenção em suas aulas da manhã. Ele precisava de uma água no rosto. Seus pés o guiaram escada acima até seu dormitório. Ele foi até o banheiro, jogou água gelada em seu rosto e um pouco na sua nuca. Ele respirou fundo e secou o rosto, virando o rosto rapidamente para o dormitório quando ouviu passos no cômodo.
— Moooooooonyyyyyyyyyyyyy. — Ele riu quando ouviu a voz de Sirius e voltou para o dormitório, vendo o amigo apoiado no batente da porta.
— O que você está fazendo aqui? É a sua festa, Six, aproveite.
— Eu iria perguntar a mesma coisa. — Sirius fechou a porta e deu passos decididos na direção de Remus.
— Não é minha festa.
Sirius não respondeu, seu olhar não desviava do de Remus, e Remus também não ousou mudar o foco. O ar do quarto estava pesado, Remus sentiu. Mas era bom, então ele não ousou mexer um músculo ou abrir sua boca. Os olhos de Sirius atravessaram com algo similar a desejo, mas Remus acreditou ter sido sua imaginação o pregando peças.
— Você estava me provocando de propósito, não estava?
Remus não sabia o que responder, então ele apenas encarou Sirius, perplexo.
— Oh, não me olhe assim, você sabe do que eu estou falando. — Ele segurou o colarinho branco da camiseta de Remus. Por um momento, o mais alto considerou que ele o iria socar, ele estava irritado por causa do beijo? — Desde aquele beijo na floresta... Eu tenho esperado você vir falar comigo sobre, me beijar, pedir por mim, você sabe que ignorar é a melhor tática pra fazer um homem correr atrás de você. Olhe para James e Lily.
Remus engoliu em seco. Ele queria que Remus tivesse o beijado novamente? A mão de Sirius em seu colarinho estava deixando a mente de Remus enevoada, seus pensamentos embaralhados.
— O que? Eu... A bebida está falando por você, Six.
— Foi isso que as garotas te aconselharam? Porque pode ter certeza de que está funcionando maravilhosamente bem, você está me deixando louco, Remus Lupin. E eu não entendo, eu não consigo entender todos esses sentimentos me inundando, eu não consigo entender porquê aquele beijo não sai da minha mente nem em meus sonhos, porquê eu quero beijar um garoto até meus lábios doerem, mas eu quero, eu quero demais.
As últimas frases soaram como uma súplica. Remus sabia que ele não podia fazer aquilo, ambos haviam bebido (novamente), e o filtro de Sirius desaparecia quando ele bebia, e ele falava coisas sem pensar. Mas Remus ainda era um adolescente, ele ainda sentia desejo, ele ainda sentia vontade de tocar cada centímetro da pele do mais velho, ele gostaria de realizar seus sonhos mais impuros. E os dedos de Sirius estavam roçando seu pescoço, quentes e confortáveis, fazendo a névoa ficar mais densa.
Então Remus não negou.
Sua boca não negou, suas mãos não negaram, seu corpo não o negou.
— Então me beije. — As palavras escaparam de seus lábios, e então os lábios de Sirius estavam nos seus, em um beijo desesperado e cheio de significado, mesmo que, naquele momento, ambos não tivessem noção disso. Uma das mãos de Sirius desceu para a cintura de Remus, enquanto a outra agarrou a nuca. Remus deixou um som escapar de seus lábios e levou sua mão aos cabelos da nuca de Sirius, os puxando. E aquilo simplesmente levou Sirius Black às alturas. O aperto na cintura de Remus se firmou e logo os dois se separaram por ar.
E é agora que ele sai correndo por essa porta e acontece o mesmo da última vez, Remus suspirou consigo mesmo.
Mas então Sirius beijou a mandíbula dele e desceu os beijos para seu pescoço, Remus tombou sua cabeça instintivamente, fechando seus olhos e deixando um murmúrio escapar por sua garganta. Ele já havia se tocado e sido tocado antes, Remus sabia o que era sentir uma fisgada e uma explosão de branco em sua visão. Mas nunca assim, nunca como se mil borboletas dançassem em seu estômago, como se seu corpo tivesse entrando em combustão, como se os toques de Sirius fossem o próprio sol queimando sua pele por onde passassem.
— Porra... — Ele murmurou, a respiração pesada de Sirius em seu pescoço e os beijos faziam com o psicológico de Remus coisas que ele nunca conseguiria externalizar em forma de palavras, coisas que deixavam sua própria respiração descompassada. Puta que pariu, ele pensou, como ele é tão bom nisso?
Sirius parou com o que estava fazendo e suas mãos acariciaram o peito de Remus, o encarando nos olhos.
— Eu... Eu normalmente continuaria a partir daqui, mas eu não sei o que eu estou fazendo.
— Porque eu sou um garoto? — Remus perguntou, sorrindo de lado.
Sirius encolheu seus ombros, um pouco envergonhado, Remus achou adorável, Sirius Black envergonhado.
— N-não que você saiba o que fazer também, então... — Sirius disse desconsertado, tentando se deixar melhor na situação, porque ele não era o único inexperiente naquele momento. Pelo menos era o que ele achava.
Então, para a surpresa de Sirius, Remus se ajoelhou.
Eu queria agradecer a todos vocês que lêem, comentam e gostam de Constelações, porque a fanfic bateu 10k de leitura! Vocês são incríveis, eu vejo cada comentário de vocês e eu agradeço todo mundo que me incentivou a continuar escrevendo. Outra coisa, todos os capítulos até "Dorcas e a Torre de Astronomia" têm 1k de views!
Eu gostaria de comemorar isso com vocês, eu pensei em fazer um Q&A (Perguntas e Respostas) com os personagens, mas eu não sei se ainda fazem desses hoje em dia em fanfics. Então, se vocês tiverem alguma ideia, eu adoraria saber.
Obrigado, queridos, com amor, Apolo.