Linhas Cruzadas *EM HIATO*

By LuaLuanatica

12K 1.2K 1.6K

*EM HIATO* Devido a diversos problemas pessoas, não estou conseguindo traduzir e, pra completar, meu notebook... More

Capítulo 1.1
Capítulo 1.2
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6: Diretamente do local, LeviaDeku!
Capítulo 8 - Dreamweaver
Cap. 9 - O Encantador
Capítulo 10 - Me beije pelo telefone
Cap. 11 - Alívio de estresse
Capítulo 12 - Prepare-se
Capítulo 13.1 - ... Oi
Capítulo 13.2 - A distância faz bem para corações afetuosos
Capítulo 14.1 - Ser Herói
Capítulo 14.2 - Linhas Cruzadas
Capítulo 15 - O bom filho a casa torna

Capítulo 7 - Bons sonhos

550 72 101
By LuaLuanatica

No capítulo anterior: A turma assiste a luta de Deku e Leviathan contra o Monstro de Lava da sala do dormitório e o novo perceiro de Izuku deixa Katsuki sentindo coisas. Por isso, ele vai tirar satisfação com o nerd. Para encerrar a conversa Deku manda uma foto interessante antes de entrar no banho.

Capítulo atrasou por que meu notebook travou </3

AVISO para os leitores mais sensíveis (SPOILER DO CAPÍTULO): o cap. aborta uma tentativa suicídio por conta de um ataque de vilão. Nada acontece, mas achei melhor avisar para não ser gatilho pra ninguém. Caso queira pular pare de ler em "gritos" e volte a ler em "Algum civil se machucou?"





A primeira coisa que Izuku faz pela manhã é checar o celular.

Tá bom, sendo sincero. Ele olha o celular algumas vezes durante a noite também. Foi uma mensagem arriscada. Ele nunca mandou algo assim para Kacchan – para ninguém – antes.

Kacchan ainda não respondeu.

Que que eu tava pensando? Izuku reflete, apertando o aparelho contra o peito. Ele tenta voltar pelo Snapchat, para analisar a foto de novo. Talvez houvesse algo estrago nela. Talvez seu pau estava aparecendo um pouco. Infelizmente, pelo milagre/maldição do Snapchat – não tem como voltar atrás. Izuku vira o corpo e aperta o rosto no travesseiro, uma leve esperança de ser aspirado e morrer.

Ele deve ter assustado Kacchan. Não tinha porque mandar a foto... ainda mais uma assim. Mas a adrenalina estava por seu corpo e algo na sensação da fumaça em seus pulmões e a dor depois da luta deixou ele quase nostálgico por Kacchan. Como se voltasse para U.A., imaginando se Kacchan estava olhando para ele, sabendo que não, e se esforçando ao máximo para não olhar para onde ele estava. Só havia uma maneira de saber se Kacchan estava olhando para ele. Vendo ele.

Além disso... Izuku não sabe se está pensando demais, ou projetando, mas parece que toda esse ar vingativo de Kacchan com Morgan é meio... fofo. É quase como se ele estivesse... com ciúmes? Izuku chacoalha a cabeça, mas a ideia ainda coloca um sorriso em seu rosto. Até parece. Até parece que Kacchan poderia ter ciúmes de algo ou alguém. Principalmente em relação a ele.

De pé no chuveiro, Izuku deixa a água atingi-lo no rosto. Ele fecha os olhos. Isso não ia... não ia arruinar as coisas com Kacchan, né? Kacchan não ia parar de falar com ele por uma coisa assim, né?

***

"Ai meu Deus, olha, é o Leviathan!"

Leviathan mantém o passo firme. Sua máscara presa frouxo ao redor do pescoço, e ele lança às mulheres um sorriso com presas, olhos focados na rua à frente, nem de perto distraído pelo bando de mulheres corando e acenando para ele da calçada, da janela dos prédios, dos carros passando. Izuku nunca viu algo assim. Ele olha para seu parceiro, a curiosidade levando a melhor sobre ele. Óbvio, ele é aquele bonitão clássico. É esguio, e alto, e sua pele parece caramelo, e seu cabelo parece que foi pintado.

Mas existem muitos heróis bonitos. Tem algo a mais. Algo nessa arrogância, na indiferença de Morgan, que faz as pessoas reagirem, pensa Izuku. Perdido em pensamentos, Izuku tem de dar uma corridinha para alcançar o outro herói.

"Ah olha, o Deku também! Oi Deku!" Um outro grupo chama, e assustado, Izuku acena, se esquecendo de sorrir. Leviathan olha para baixo e coloca uma mão em seu cabelo, bagunçando.

"Você tá tão nervoso. Por que? Você tá comigo."

"O-obrigado, Leviathan." Izuku encara o concreto, um rubor cobrindo suas bochechas. Morgan não é muito mais velho, e está tratando ele como criança. Ficaria chateado se não soasse tão... bom.

"Me chame de Morgan." Morgan determina, piscando um olho reptiliano para Izuku.

"Ah... Tá bom." Izuku morde o lábio, lançando olhares para seu parceiro. Sendo honesto, tem algo o incomodando. E Morgan parece ser a única pessoa que pode realmente responder a ele.

"Na verdade... tem um negócio em que venho pensando. E não sei se você é a pessoa certa pra perguntar..." Izuku começa.

"Manda."

"InterStella. Ela hesitou, quando aquele vilão estava perto da gente."

Izuku observa o homem a seu lado e o redemoinho de emoções contorcendo seu rosto antes dele suspirar e lançar a Izuku um sorriso triste.

"Depois que saímos, aquela criatura... a de lava..." A voz de Morgan diminui, e Izuku se inclina para perto, a multidão por perto dificulta entender a voz de seu parceiro.

"Sim?" Izuku continua. Algo no modo como Morgan fala forma um nó em seu peito, e Izuku engole em seco. Não pensou muito naquela criatura desde que conseguiram apreendê-la.

"Era... só uma criança. Um menininho, provavelmente tinha acabado de descobrir a individualidade. Algo... o fez perder o controle."

Izuku para na hora. Será que... machucou...?

"Ele está bem, antes que pire. Está se recuperando no hospital agora mesmo. Você fez o que tinha que fazer, para impedir ele de matar pessoas. Nós tínhamos que parar ele, por que... por que não é a primeira vez que isso aconteceu."

"... Que? O que isso significa?"

Leviathan continua a andar, e Izuku corre atrás dele, uma sensação de pavor o dominando.

"Há alguns casos de Individualidades que fugiram do controle."

"... Ah... Você acha que tem algo a ver com... a evolução? De que Individualidades estão ficando mais fortes a cada geração? Quer dizer, você disse que era só uma criança..."

"Esse é o problema, Deku. Não são só crianças. Adultos também. E heróis. E está sempre nos limites da área de Los Angeles."

"E isso quer dizer?"

"... Não sei. Existem rumores. Sussurros. De que talvez tenha um vilão que faça as Individualidades enlouquecerem. Tiraram pessoas com Individualidades não-físicas das patrulhas, para o caso de machucarem civis. Mas não temos nenhuma pista. Só por precaução, eu acho. Mas as pessoas estão tensas."

"... Individualidades não-físicas?"

"Sim, individualidades que não são heteromórficas, tipo eu. E você. Você não pode fazer 'corpo parecido com uma cobra' fugir de controle. Assim como sua super força. É parte do seu corpo, certo? Somos imunes. Mas heróis que controlam o ambiente ou elementos... Stella controla o oxigênio; se sua individualidade enlouquecer, ela pode acidentalmente sufocar civis. Ou a Redshift... ela controla o comprimento das ondas de luz; se perder o controle, pode jogar radiação em civis e lhes dar câncer. Entende?"

Izuku assente lentamente, com cautela, forçando o rosto a ficar completamente parado.

Ele nem mesmo sabe tudo que One for All pode fazer.

E se ele... sem querer...

Gritos.

A cabeça de Morgan levanta, e ele aperta um botão no pescoço do uniforme, fazendo a máscara encaixar no rosto. Ele lança um olhar para Izuku e os dois começam a correr antes de qualquer palavra ser dita.

Os dois estão no centro da cidade quando percebem a multidão se formar; bem em frente a um grande prédio de escritórios, com o tráfego parado perto dali. Izuku e Morgan abrem caminho, e vêem uma abertura criada por um homem.

O homem está usando um terno, com as mãos no cabelo. Ele é magro, com as roupas frouxas no corpo, e olhos fundos. A expressão de angústia em seu rosto faz Izuku recuar, e, olhando em volta rapidamente, ele aperta o filtro da própria máscara no rosto. Nenhuma das pessoas ao redor do homem parecem afetadas, então não é uma individualidade que se espalha pelo ar. O estômago de Izuku revira; estão observando esse homem como se fosse uma atração de zoológico. Com celulares em mãos, gravando tudo. Como se quisessem que as coisas dessem errado, apenas pela emoção.

"SÓ ME DEIXEM DORMIR! ME DEIXEM DORMIR!" O homem abatido grita para o ar, olhos parecendo prestes a sair do crânio pulando de pessoa em pessoa na multidão como se alguma delas pudesse realizar seu desejo.

"QUAL DE VOCÊS FEZ ISSO? QUEM FOI? QUEM FOI!" Ele uiva, e a multidão recua um pouco, deixando Morgan e Izuku sozinhos com o homem no círculo.

Sem avisos, o homem derruba tudo de suas mãos e começa a gargalhar loucamente, alto, olhando para o céu, mão em garras.

"EU NÃO AGUENTO ESSA PORRA. TÁ ME OUVINDO, BABACA?! TE VEJO NO INFERNO!" De repente, as mãos contorcidas do homem entram dentro do terno e ele puxa algo escuro, metálico. Em choque, Izuku percebe – é uma arma. A porra de uma arma. O homem começa a agitar a arma de fogo na frente dele, apontando para as pessoas da multidão, e isso é finalmente o suficiente para fazê-los se mexer, gritar e chorar.

O coração de Izuku para. Como se o olhar de todas as pessoas refletissem no homem, ele vira a arma para si mesmo enquanto ri.

Izuku não consegue evitar de fechar os olhos.

Seu corpo se move sem pensar. Em milisegundos, está ao lado do homem, 5% de One for All fazendo uma corrente de ar para pelo menos forçar o homem a apontar a arma para longe da própria cabeça... O barulho do tiro soa, e lágrimas começam surgir em seus olhos imediatamente, prontas para sair.

Onde? Onde? Onde atingiu?

Será que acabou de cometer um erro terrível?

Algum civil se machucou?

Os olhos chocados de Izuku encontram Morgan – Morgan para ali, com o traje cortado, mostrando apenas as escamas duras em seu abdômen onde a bala deveria tê-lo atingido. Ele está há menos de um metro do homem, aparentemente tendo se movido ao mesmo tempo de Izuku, mãos ao redor do pulso do homem.

"Filha da puta, isso dói," Morgan chia, e contorce o braço do homem para trás de suas costas. O homem, aparentemente delirando, continua rindo, deixando o herói serpente manipular seu corpo como um roquinha sem a menor resistência. Izuku corre até Morgan, dedos alcançando o rasgo na armadura dele enquanto ele segura as mãos do homem doido atrás das costas.

"Alguém chama a polícia!" Izuku grita para o restante da multidão, antes de voltar sua atenção para seu parceiro. "Morgan – Morgan, você se machucou?"

Os dedos de Izuku passam pelo abdômen dele onde seu traje está rasgado, e não há sangue. A textura é áspera, dura e Morgan ergue as sobrancelhas, rosto formando um sorriso carinhoso.

"Sou uma cobra, lembra? Tenho escamas."

Izuku suspira aliviado. "Certo. Desculpa. Eu não..."

"Você me chamou de Morgan." Morgan aponta e Izuku enrubesce veementemente.

Os meninos brincalhões não percebem a sombra de moletom deixar a multidão e andar na direção oposta das sirenes dos carros de polícia. A sombra boceja e leva o celular ao ouvido.

"Viu isso?" o homem pergunta, uma sinceridade divertida na voz.

"Quanto tempo?" A voz soa superproduzida, mecânica. Ele é tão dramático, pensa o homem de moletom sorrindo sozinho.

"Seis dias de sono pra ele. Você tava certo. A recarga caiu de 48 horas para 36 horas há quinze metros de distância."

"Vamos tentar dez metros no próximo."

"Por que eu não posso só ficar do seu lado? Se eu recarregar em poucos minutos nós podemos pegar todo mundo, só a gente –" o homem de moletom choraminga.

"Não sei como sua individualidade vai reagir com esse tipo de proximidade. Só faça o que eu digo."

A linha desliga. O homem fecha o punho, encarando o próprio corpo com admiração. A energia correndo por seu corpo é surreal. Se isso é o que quinze metros fazem...

Atrás dele, ele ainda consegue ouvir o homem, rindo loucamente, virando sem controle debaixo das garras daqueles heróis, ainda gritando.

"Vem TENTAR ME TOCAR NA CADEIA, SEU BABACA. TENTA!!!"

O homem de moletom solta uma risada seca e não consegue conter os lábios de formar um sorriso satisfeito.

Pra que? Você é só um degrau. Vocês todos são degraus para nós.

***

Izuku se joga na cama de pijamas, encarando o teto.

Cabeça acelerada.

Individualidades que não são heteromórficas, como eu. E você.

Não é como se alguém da Cosmix soubesse do One for All, não é? Claro, essa foi a primeira agência do All Might, mas ele não deixaria que eles soubessem... Izuku sabe das suas oito Individualidades, apenas quatro das quais ele sabe, dentro dele, em algum lugar. All Might não conseguiu usá-las, então não é como se eles tivessem um manual de instruções para nada disso. Se havia heróis perdendo o controle das Individualidades, quem sabe se algumas das quatro restantes dentro dele não iam endoidar e machucar as pessoas?

Ele fecha a cara.

É por isso que Cosmix o contatou? Por que ele é poderoso e não tem uma individualidade que não dá pra ser aumentada?

Ele não é nem de perto o único que se encaixa no perfil. Mesmo na sala 3-A, Asui, Iida, Ojiro, Kirishima, Sato, Shoji, Sero, caramba, até mesmo Mineta, todos têm individualidades físicas que provavelmente não acabariam perdendo o controle.

A mente de Izuku vai para Bakugou, e ele se vê fazendo uma careta.

Kacchan estava fazendo tanto drama sobre não ter conseguido a oportunidade de ir para Cosmix. Lá vai ele, como sempre, tendo crise de um complexo de inferioridade estúpido quando o único motivo de não ter vindo era por que a individualidade dele não era compatível com a missão.

Izuku deveria mandar uma mensagem sobre isso pra ele. Foto meio-sexy pós-chuveiro que se foda.

É pelo bem de Kacchan. Para que ele não se sinta mal. Definitivamente não é porque Izuku está esperando ansiosamente para o outro mandar mensagem de volta.

HeroDeku: ei

HeroDeku: tá fazendo oq?

GroundZer0: você não postou vídeo hoje

HeroDeku: ah! eu esqueci

HeroDeku: fiquei distraído

GroundZer0: seu parceiro botou uns ovos?

GroundZer0: faz sentido

HeroDeku: se ferrou pq todas essas suas piadas maldosas estão me ensinando um tantão sobre cobras

HeroDeku: tem uma coisa estranha acontecendo em L.A.

HeroDeku: e não sei por que sinto que tenho que te contar isso

HeroDeku: mas só pra você saber

HeroDeku: colocaram todos as individualidades não-físicas no banco

HeroDeku: quer dizer que essa é a única razão de All Might ter me escolhido

HeroDeku: e não você

HeroDeku: pq sua individualidade é do tipo elemental

GroundZer0: porque fariam isso?

GroundZer0: individualidades físicas são uma merda

HeroDeku: pq as pessoas estão perdendo o controle das individualidades elementais

HeroDeku: e machucando civis

HeroDeku: Morgan acha que é algum tipo de vilão

GroundZer0: e além disso, você não sabe o que caralhos as outras individualidades do One for All são

GroundZer0: Morgan. Quem caralhos é Morgan?

GroundZer0: pq acham que é algum tipo de vilão

GroundZer0: mais que idiota

GroundZer0: posso dar porrada em alguém sem minha individualidade

GroundZer0: tá me falando que eu sou mais fracote que aquele teu palito de parceiro

HeroDeku: eu não falei desse jeito!!

HeroDeku: Kacchan!

HeroDeku: porque está agindo assim...?

Izuku espera um segundo, mas nenhuma mensagem vem. Seu coração afunda. Por que Kacchan não consegue conversar com ele como uma pessoa normal...?

Ping!

Não é uma mensagem. É uma foto. Izuku arregala os olhos, e puxa o celular para perto do rosto, a respiração presa na garganta.

Uma foto.

Na academia do dormitório.

Kacchan está sentado na frente de um espelho. Inclinado para frente, olhos direcionados para o celular, com os fones de ouvido. Seu cabelo está colado na testa, gotas de suor escorrendo pelas bochechas até a regata. A regata em si está folgada, pesada com suor, revelando suas clavículas, a protuberância de seus peitorais aparecendo nas laterais da camiseta. As veias de seu braço estão saltadas, aparentes e irritadas. Suas pernas estão abertas na cadeira de levantamento de peso, bermuda subindo, revelando as coxas musculosas. Com um estalo, Izuku percebe que consegue ver o Kacchan do Kacchan marcado nos shorts e...

Meu Deus.

Izuku encara a foto de boca aberta – mas os segundos começam a acabar, 3 depois 2 depois 1 – não, não, não é o suficiente, e –

Katsuki toma um gole de água, respirando forte no intervalo das repetições.

HeroDeku tirou um print!

Katsuki arregala os olhos.

Ele sorri malicioso antes mesmo de perceber.

GroundZer0: salvando fotos minhas Deku?

HeroDeku: que!

HeroDeku: Não!

HeroDeku: Kacchan!

HeroDeku: ....

HeroDeku: Foi um acidente. Desculpa.

A palma de Izuku bate em seu rosto. 99% dele quer jogar o telefone na parede e desaparecer para todo o sempre. Como ele deveria saber que o aplicativo ia falar pra outra pessoas que ele tirou um print?

Izuku engole em seco, e ao invés disso vai à galeria de fotos. Deus. Seus dedos tremem, trazendo o celular pra perto do rosto. Ele não vê Kacchan há semanas. E... isso? Kacchan parece não ter vergonha na cara, sentado com um corpo como aquele, deixando qualquer um ver. O jeito como sua camiseta gruda em seu abdômen duro, a saliência dos músculos do pescoço, Kacchan nem usa chutes, ele não tem o direito de ter coxas tão grossas... Ele consegue praticamente cheirar o caramelo queimado, o fogo e a madeira e a doçura; deus

Ele provavelmente vai pro chiveiro agora, usar aquele shampoo de limão, aquele que ele acha que ninguém percebe, que ele nunca admitiria usar por ser tão feminino e meio cítrico mas Izuku percebe, ele definitivamente percebe, consegue até imaginar aquele corpo rígido sendo esfregado pra fora daquele suor e sujeira...

Izuku rola na cama, de barriga pra baixo, colocando uma leve pressão em sua virilha interessada que se revira dentro dos shorts. Por que seu corpo o trai?

Izuku chacoalha a cabeça.

"Nem pense nisso," diz em voz alta, para si mesmo.

"Kacchan é seu amigo. Não pode... pensar nele desse jeito. Imbecil."

Isso nunca te impediu antes, sua cabeça lhe dá como resposta, inútilmente, e Izuku tenta fingir estar indignado com sua mente traíra. De algum jeito, quando Kacchan era um escroto com ele no fundamental, era... mais fácil fazer isso. De algum jeito parecia menos... obceno. Não que existisse um jeito "normal" de se bater uma punheta pro seu melhor amigo de infância e bullier do fundamental e atualmente rival número 1. Izuku é um homem complicado.

Izuku bate na própria cara, forte o bastante pra doer. O formigamento afasta sua cabeça disso, e ele fecha a foto.

HeroDeku: é, vc tá certo. Vc consegue dar porrada em qualquer um

GroundZer0: não esquece

GroundZer0: até você voltar vou estar tão forte que você vai ter que usar o One for All no 100% até mesmo pra treinar

GroundZer0: ...

GroundZer0: mas toma cuidado hein, cuzão

GroundZer0: a gnt ainda não sabe de tudo que o OFA é capaz

***

"... Senh–... Senhora Midnight!"

Ela está andando pela agência, aparentemente conversando com Stella, e as duas mulheres param brevemente na frente de Izuku. Midnight não está com seu traje justo – ao invés disso ela usa um roupão branco grande, com mangas compridas, quase como se estivesse a caminho de um spa e não andando por uma renomada agência de heróis.

"É um efeito direto do tanto de pele que exponho e do quão pequena é a sala..." ela termina de contar a InterStella, antes de dar um sorriso para Izuku.

"Midoriya! All Might me disse que eu talvez cruzasse com você por aqui! Você e seu parceiro capturaram um jovem que não consegue dormir, não é mesmo?"

"... Não consegue dormir? Eu não sabia..."

InterStella assente pensativa.

"Tentamos de tudo... Ele parece estar à beira da morte, coitadinho, murmurando sobre alguém estar tirando o sono dele. Trouxemos Midnight de avião depois que nossos métodos falharam..."

"Nunca tive que expor tanta pele para fazer alguém dormir..." Midnight suspira dramaticamente e pisca para Izuku, assustando ele.

"Mas meus métodos nunca falham" Seu rosto fica sério, preocupado. "Embora eu... nunca tenha visto uma individualidade como essa. Algo desse jeito, que impede as pessoas de dormirem. Não me surpreende ele ter tentado se matar. Seis dias sem dormir... até o fato de estar vivo é um milagre. Bom trabalho, Midoriya"

"O-Obrigado. Mas Leviathan fez quase tudo, na verdade... ele foi bem legal e pensou rápido..."

"Bem... meu trabalho aqui está feito. Vou visitar alguns amigos e voltar para a aula na segunda. Te vejo depois, Midoriya!" Midnight está prestes a andar para longe, levantando o passo; mas Izuku tem que perguntar, tem que saber, agora que, metaforicamente, um bote salva vidas pousou em seu colo, mesmo que ele não esperasse.

"Como... tá o pessoal..." A foto de Kacchan pisca na cabeça de Izuku e suas bochechas coram, "Lá em casa?"

"Bem, como sempre, Todoroki e Bakugou estão fazendo o nome deles... uns bons passos à frente dos outros estudantes, na verdade. O único com quem daria pra comparar é você, mas claro... você está aqui..."

Izuku dá um sorriso sem jeito. Ele não sabe se ela está tentando lhe elogiar; e se está, porque parece mais como um tapa na cara.

"E aquele Katsuki Bakugou... está uma delícia ultimamente. Não sei o que deu mas ele tem passado todo o tempo na academia... Ele já tem 18, então não é como se fosse ilegal..."

Ela lambe os lábios e seus olhos parecem distantes. Izuku sorri para ela, mas dentro, ele sente como se pudesse socá-la na cara. Não que ele já tivesse socado uma mulher sem uma individualidade física na cara. Não sem motivo. Definitivamente não por devorar com os olhos seu amigo de infância, sendo sua PROFESSORA...

"HAHAHAHAHA. QUE ENGRAÇADO SENHORA MIDNIGHT. EU TENHO QUE IR TCHAU." Izuku corre antes de dizer ou fazer algo idiota.

***

Não é como se ela estivesse errada.

O ácido sobe pelo fundo da sua garganta enquanto Izuku olha por suas últimas fotos salvas. Prints de artigos, o vídeo do vilão do portal, aquela foto de Kacchan tomando café da manhã que aquele fotógrafo estranho tirou dois anos atrás, a foto que Kacchan enviou – mais maduro, tirada de um melhor ângulo, de algum jeito mais radiante, como se fosse possível. Kacchan odeia aparecer em fotos – e Izuku procura, todo dia ele procura, checa as redes sociais de Kirishima e Kaminari e Sero e Mina, assistindo seus status de novo e de novo, só pelo relance do campo de cabelos loiros.

Midnight pode ver ele todo dia. Todos podem ver Kacchan todo dia. Izuku nunca sentiu um único sentimento ruim por Todoroki, mas hoje, sabendo que os dois estavam provavelmente a poucos passos um do outro agora, que Todoroki provavelmente consegue sentir o cheiro de caramelo de Kacchan e não apreciar...

Seus olhos, na noite em que lavaram a louça, vermelhos como vinho e curiosos e intensos. A curva dos lábios, como o arco do Cúpido, tão delicados, lindos, tão lindos, maliciosamente rosa. Seus dedos, suas mãos, seus olhos, seus olhos, seus olhos. O tom grave de sua voz. Seu peso em cima de Izuku, suas coxas, seus braços, seus ombros, seus olhos –

Como sobreviveu perto dele todos aqueles dias? Como vivia, como respirava, perto de uma pessoa tão bonita?

As mãos de Izuku estão debaixo dos shorts antes mesmo dele perceber o que está fazendo, e ele joga as cobertas para fora da cama, completamente acordado, encarando o telhado preto, respiração rasgada e pesada. Mais que porra tá acontendo?

"Minha nossa, o que tem de errado comigo!" Izuku grunhe, mais para si mesmo. Seu quarto, o andar inteiro, num silêncio mortal. Meros meses atrás, Izuku poderia subir dois lances de escadas, ir até o terceiro andar do lado esquerdo e estar na frente do quarto de Kacchan.

Mas ele nunca fez isso, não é?

Quando estava tão perto. Quando poderia só... esticar o braço, e tocar ele.

Ele só... não fez.

Mas e se fizesse?

E se um dia, ele andasse aqueles dois lances de escada, e batesse na porta dele?

E se um dia, Kacchan abrisse a porta, como se o quisesse ali, e o convidasse para dentro?

E se um dia, Kacchan o tocasse, colocasse a mão em seu rosto, e beijasse seus lábios?

E se um dia, Kacchan desse a ele o que ele sempre quis – por inteiro, desse a Izuku a oportunidade de sentir seu gosto, de lamber cada centímetro de pele, de deixar chupões em seu pescoço, de colocar a boca no pau daquele homem, de levá-lo ao êxtase...

Merda.

Merda merda merda.

Com a cabeça confusa, ele afrouxa a mão apertando seu membro pulsando, deixando porra escorrer abruptamente até a base. Ele pula para fora da cama, mancando até o banheiro.

Tinha prometido a si mesmo que não ia mais fazer isso.

Não.

Não mesmo.

Ele não pode...

Izuku abre a torneira e joga a mão debaixo da água quente, respirando fundo, evitando olhar os próprios olhos no espelho.

Está perdendo a cabeça.



Notas da autora:  Se você acha que Kacchan não manda fotos na acadêmia, você acha errado.

No próximo capítulo: Nascha, a tecelã de sonhos, tem um motivo para fazer o que faz. (e outros vilões mais) e ainda: os meninos trocam mais fotos bem.... interessantes.

DIA 11/03

Continue Reading

You'll Also Like

684K 76.1K 47
Com ela eu caso, construo família, dispenso todas e morro casadão.
115K 11.1K 75
Onde em meio ao caos que é Gabriel Barbosa, Dandara foi a calmaria
1.1M 68.3K 75
De um lado temos Gabriella, filha do renomado técnico do São Paulo, Dorival Júnior. A especialidade da garota com toda certeza é chamar atenção por o...
1.2M 68.1K 88
Uma história sobre o amor, ou dor! Iníciciada: 28/08/22 Finalizada: 10/12/22