Legend - O Mago Infernal (Liv...

By Y_Silveira

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Órion Kilmato ao perceber uma grande evolução de seus poderes é sequestrado por estranhas criaturas demoníaca... More

Sobre o livro
MAPA - GUIA
EPÍGRAFE
PRÓLOGO
PARTE I
I- O ASSASSINATO DO REI
II- A VISITA
III - O JOVEM MAGO
IV - Cosmos
V - A PROFECIA
VI - GRIMT'S
VII - BORBOLETAS
VIII - O EGRESSO
XIX - A FUGA
PARTE II
X - UM ASSASSINO EM FRENTE
XI - DÚVIDAS
XII - SUNIRA
XIII - A FACE DE ISTH
XIV - A FLECHA
XV - A FLORESTA
XVII - BERILO
XVIII - A PRESENÇA
XIX - ARCABUZ
XX - CONVALESCENÇA
XXI - A ALMA INFERNAL
XXII - MAHIN
XXIII - A DESPEDIDA
XXIV - A REVELAÇÃO
XXV - O TREINAMENTO
XXVI - PIRATAS?
XXVII - ENCONTROS
PARTE III
XXVIII - UMA VIDA ESTRANHA
XXVIX - UM DESTINO INCERTO
XXX - SEM SURPRESAS
XXXI - A AFRONTA
XXXII - A RUÍNA
PARTE IV
XXXIII - ENTRE GRADES
XXXIV - PESO MORTO
Aviso - Mudanças
XXXV - A BUSCA

XI - O BORDEL

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By Y_Silveira


Nádius olhava para o alto, para uma nuvem que finalmente encobriria o sol. Ele suspirava enquanto sentia uma gota de suor escorrendo por sua têmpora. O grupo seguia uma estrada, tanto a esquerda como a direita era comporta por paredes de arenito imensas. As rochas apresentavam camadas de cores intercalando entre o amarelo ao vermelho, ritmicamente, com alguns cactos de diferentes tipos no alto. Parecia até um deserto se não fosse a presença de gramas e de algumas palmeiras, entretanto, o caminho era arenoso.

Ao menos, os próprios paredões poderiam fornecer um pouco de sombra. Do alto de alguns, notava-se matas verdes e o canto alegóricos dos pássaros. Alguns arbustos espinhentos também cresciam sob o rochedo com raízes retorcidas que pendiam para fora da parte da rocha mais friável. Parecia a mistura de dois tipos de natureza, ou melhor, um ambiente de transição entre dois biomas.

Inarê parou com sua égua subitamente. Apeou-se e direcionou-se até um arbusto de folhas, mas com redondos frutos que lembravam tomates, porém, azuis. Náidius observou, parando ao lado dele.

— Meu padrasto sempre me disse para não confiar em frutos com cores tão vibrantes — ele indagou.

Inarê colheu cerca de quatro frutos maduros, com um sorriso, entregou um deles a Náidius.

— Não se preocupe, nem todos os frutos bonitos são venenosos. — ele falou.

Eles continuaram a caminhar. Kari observava que Inarê levava alguns sacos de linhos presos à sela de sua égua. Ela ficou curiosa.

— Me diga Inarê, o que exatamente você faz? Digo, em suas viagens?

Inarê caminhava puxando as rédeas de sua égua, tentava alcançar Kari que caminhava puxando as rédeas de seu cavalo. Lado a lado, ele pôde responder a pergunta dela.

— Sou o que vocês chamam de "curandeiro". Saio em busca de ervas, fungos, frutos e algumas outras plantas que posso preparar meus insumos, que naturalmente não existem onde eu moro.

— Humm... — Kari assentiu. — E onde exatamente você mora?

— Gnowa.

— Não sabia que Gnowa abrigava elfos — Diego falou, caminhando ao lado de Kari.

— Eu moro na floresta com a minha irmã. Já faz muitos anos que nos mudamos para lá, nunca nos apresentou nenhum perigo — Inarê se explicou.

— Eu sinto muito por isso — Kari falou, tristemente. — Mesmo depois de tantos e tantos anos, vocês ainda precisam se esconder. Já se passou tempo demais para não serem aceitos pelo resto da humanidade.

— Nos tornamos apenas sobreviventes. Digo, os que nasceram como eu, com as orelhas. Deve estar ciente da miscigenação. Não existe mais nenhum elfo puro. A maioria dos mestiços estão... bem.

— Sorte a deles.

Inarê ficou pensativo. Ele se preocupava com a sua irmã de todas as formas. Orelhas pontudas não eram somente uma característica dos elfos. O rosto fino era algo comum, até mesmo para os mestiços. Isso lhe atormentava, na questão dessa última característica ser mais atraentes para as mulheres, e Gnowa era um lugar repleto de pessoas de má índole. Possuindo orelhas, os elfos eram perseguidos, garotas então, como a sua irmã, era presa fácil para abusadores e comerciantes de escravos.

Apesar disso, como ele havia afirmado, em todos os anos que morou por lá, nunca sequer lhe surgiu algum perigo a não ser que saísse da floresta. Porém, uma adolescente como Irma, exigindo uma vida na sociedade era algo inconfiável.

— Já estamos chegando! — Diego falou, despertando Inarê de seus devaneios.

Chegando? Inarê estranhou, mas observou sobre o que se tratava. Era um tipo de sobrado, ou melhor, um casarão antigo na beira da estrada, era rodeado por muitas árvores até o fundo onde erguia um outro paredão rochoso. Pela estrutura do lugar e cor, poderia ser um tipo de pousada.

— Bem-vindos ao bordel! — Kari falou, sarcástica, revirando os olhos.

— Bordel? — Náidius estranhou, mas conseguindo entender a repulsa de Kari sobre o lugar.

— Sim, um bordel no meio do nada — Diego explicou. — Mas não julguem o lugar, eles servem bebidas, a comida é ótima e os quartos são bem confortáveis.

— Imagino que deve fazer bom proveito do lugar — Inarê falou com um tom de sarcasmo ao mesmo tempo compartilhando a repulsa de Kari.

Diego ficou calado por um tempo sem demostrar emoção. Parecia estar pensativo, porém, ele suspirou no final.

— É apenas um lugar para passar a noite.

Inarê observava todos caminhando para lá. Ele ponderou um pouco. Observava o lugar, para alguns cavalos em frente e o som de música ao vivo. Ele hesitou. A presença de um elfo ao redor de muita gente não terminava bem.

— Parece estar bem agitado para essa hora do dia e nesse lugar... — Ele falou.

Diego olhou para ele.

— Geralmente é assim todos os dias. Estamos em uma estrada, você sabe. Bordeis no meio do nada é um atrativo, não somente pelas mulheres, mas também pelos dormitórios.

Inarê arquejou.

— Geralmente evito estradas e lugares movimentados.

— Você tem medo de viver!

— Eu tenho medo de morrer por mãos ignorantes. — Ele replicou, puxando de suas coisas um lenço grosso e comprido de tricô, tingido com cores vibrantes entre vermelho e azul.

Náidius observava o elfo enrolar o lenço na cabeça como se fosse um turbante, ocultando perfeitamente as orelhas.

— Por que disso? — ele perguntou, franzindo o cenho.

— Evitar conflitos.

Kari se mantinha calada, não se sentia confortável em frequentar bordéis. O ambiente, os homens, as mulheres seminuas vendendo os seus corpos era um gatilho para si. Ela se lembrava de um certo período de tempo, isso a amargurava.

Como previsto, a música era alta, ambiente com muitas mesas e tinha muita gente. A maioria dos homens estavam bêbados, se divertindo com as mulheres vestidas provocantemente, geralmente com cores quentes em vermelho e com muitos decotes. Havia garrafas de bebidas por toda parte, as fumaças dos cigarros eram intoxicantes, também deixando a vista turva no salão com nenhuma janela e luzes amarelas de lampiões. O assoalho de madeira rangia, na verdade tudo era de madeira, o balcão de onde servia as bebidas, as mesas redondas e o palco onde mais garotas dançavam e se insinuavam para os seus clientes.

Diego estava sentado ao redor do balcão, contanto as moedas de todos seus colegas de viagem para alugar um quarto, sem falar no celeiro que também precisaram para incluir os dois cavalos naquela noite.

— Bem, acho que só temos o suficiente para dois quartos. — Diego falou com a voz ofuscada pela música alta.

Náidius estava ao seu lado, notando que ele tinha mais dinheiro guardado nos bolsos de seu casaco.

— Por que está me olhando assim? — Diego falou. — Não posso gastar tudo o que tenho, ainda precisamos pagar uma embarcação.

Realmente Náidius havia se esquecido disso. Nunca passou por sua cabeça que era necessário ter dinheiro para atravessar o oceano. Só havia lhe restado algumas moedas, e ele nem sabia como faria para conseguir algum dinheiro.

Inarê e Kari adentrava ao recinto após deixarem seus animais no celeiro. A garota sentiu a centenas de olhares de homens bêbados mirando para si. Ao passar por uma mesa, sentiu as garras de um sujeito segurar o seu pulso. Ela vislumbrou uma cara mórbida e embriagada, baforando uma mistura de álcool e comida podre. O seu estômago se revirou no mesmo instante.

— Vadiazinha de cabelo rosa... — Ele falou, soluçando. — Quanto é a noite?

Kari não sabia descrever o misto de sentimentos que a dominava naquele segundo. As suas pernas tremiam, estavam bambas. Ela sentia todo o seu corpo impotente. Os seus olhos se arregalaram quando o sujeito deslizou sua mão do pulso da jovem até as suas nádegas, por cima da saia, a apalpando. Ela instintivamente segurou o cabo de sua espada, entretanto, Inarê interveio.

— Por favor, ela já está acompanhada — Inarê falou sem mais delongas.

O sujeito assentiu, se desculpando no final. Kari apenas observou. O elfo resolveu tudo com apenas uma frase, mas mesmo assim, ela sabia que aquele homem embriagado precisava entender que ela não era uma garota como aquelas que trabalhavam no bordel. Aquele ambiente sujo lhe sujava até a alma.

Inarê apenas a guiou com um toque em seu braço ao encontro de Diego e Náidius no balcão.

— Temos dois quartos — Diego falou, mostrando duas chaves que segurava.

— Certo. Eu divido o quarto com você — Inarê falou, decidido.

Diego sorriu.

— Para me vigiar eu suponho.

Inarê nada falou. Certamente não confiaria a segurança dos dois jovens naquele sujeito.

O homem do bar tossiu disfarçadamente. Olhava para Kari da cabeça aos pés, estreitava os olhos desconfiado, ignorando perfeitamente a espada que a garota levava na cintura.

— Esse estabelecimento não aceita garotas de fora. — Ele falou, analisando continuamente Kari.

Kari franziu o cenho até perceber o que ele queria dizer com aquilo.

— O que você...! — ela esbravejou, mas foi interrompida por Diego.

— Não se preocupe com isso. — Diego de pôs de pé. — Ela é a minha irmã. Somos apenas um grupo de viajantes, passaremos apena a noite e retornaremos a estrada pela manhã.

O homem estreitou os olhos, mas concordou. O grupo seguiu para as escadas diretamente para os seus aposentos, cada um levando seus itens importantes em suas bolsas. Kari se incomodava em estar naquele ambiente, nem se importaria em dividir um quarto sozinha com Náidius, já havia dormido com ele nos últimos dias e ele era apenas um rapaz bobo. Ao entrar no quarto ela só sairia para ir embora e mais nada. Tudo o que queria era ficar distante daquele centro de abusos.

...

— Eu notei que você se incomoda com esse lugar — Náidius falou, relaxando na água morna dentro de uma banheira de madeira.

Kari enxugava o cabelo recém lavado com uma toalha. Ela estava sentada na cama, olhando para a cortina fina que cobria a entrada do banheiro. Os seus pensamentos iam longe, ela mal conseguia prestar atenção no que Náidius falara.

Ainda estava cedo, levaria umas duas horas para o entardecer. A jovem observava um pequeno pardal que pousara na janela aberta. Por alguns minutos se deixou levar na troca de olhares com a ave até ela ir embora. Kari abotoava o último botão da gola de sua roupa limpa, uma camiseta preta e solta com uma calça de algodão folgada e amarelada, cobrindo até abaixo de seus joelhos.

— Em Sidelena tem muitos lugares como este — Náidius continuava a falar, mas já se vestindo dentro do banheiro.

Ele saiu, não estranhando o silêncio de Kari. O seu cabelo estava bagunçado após enxugar com uma toalha. Ele vestia uma camisa branca e comprida e outra calça preta idêntica à que costuma usar.

— Espero que nossas roupas sequem até amanhã. — Ele olhou para ela, perdida naquele estranho vazio. — Você está bem?

Ela o fitou, tentando conter o choro no seu desespero silencioso.

— Eu odeio esse lugar! — ela falou. — Esse tipo de ambiente foi o que matou a minha mãe! — ela desabafou.

Náidius não conseguia entender. Para ele, a mãe dela foi morta pelo seu pai, o que tinha a ver aquele ambiente com isso? Ele se sentou ao lado dela e apenas conseguiu olhá-la, tão deprimida como ele nunca a havia visto, afinal, ela sempre mantinha um semblante encorajador e uma pose de durona. Era difícil vê-la tentando conter as próprias lágrimas. Tudo que ele pôde fazer foi segurar a cabeça dela contra o seu peito e permitir que ela chorasse em seu abraço.

...

Náidius desceu as escadas até o bar. Sentou-se ao lado de Diego no balcão. O assassino estava apenas sem o seu casaco, ele bebericava em um copo de vidro bem pequeno um líquido transparente.

— Sente-se aí. Eu te pago uma bebida — Diego convidou, sorrindo.

— Não, eu não vim pra isso. Eu só vim buscar algo de comer para Kari. Ela já se deitou, não estava muito bem.

— Não esquenta com isso. Sente-se aí — ele convidou novamente, olhou para o homem do bar. — Me dê mais uma dose, por favor, e mais um copo para esse rapaz.

Náidius assentiu e sentou-se. A música continuava alta, os homens ainda estavam embriagados com muitas mulheres em seu encalço convidando-os para um quarto.

— Kari não gostou daqui — Náidius falou, observando em volta.

— Não é o tipo de ambiente que agrade a todos, mas, uma noite com uma cama quente faz toda diferença. Ela deveria ser menos complexada.

— Eu acho que aconteceu alguma coisa. — Náidius aparentava preocupação, mas realmente Kari estava estranha e ele sabia que aquele ambiente a lhe deixou daquela forma.

— Ela já deveria ter superado isso. — Ele bebericou um pouco de sua bebida. — A mãe dela trabalhava em um bordel como esse em Itakiã. Era uma dessas garotas que você vê aqui.

Náidius franziu o cenho.

— Mas ela me disse que a mãe dela era costureira.

— E você acreditou? — Diego sorriu. — Ela tem vergonha te admitir. O nosso pai só dormiu com a mãe dela uma noite, apenas contratou seus serviços e foi embora. Kari nem tem certeza se realmente somos irmãos. A mãe dela dormia com muitos homens. Mas o nosso pai matou a mãe dela, de qualquer maneira ela quer vingança.

Náidius estava calado, um pouco pensativo sobre a verdade sobre o passado de Kari. Talvez Diego estivesse alcoolizado o bastante para falar sobre a vida da irmã daquela forma, mas ele estava tranquilo e sério ao lhe explicar.

— Kari cresceu nesse tipo de ambiente. Ela foi assediada o tempo inteiro à medida que foi crescendo. O dono do bordel onde a mãe dela trabalhava queria empregá-la, ele não aceitava mais ela estar morando ali sem fazer nada. Ela só tinha doze anos.

Náidius estava estarrecido com aquilo.

— E ela... trabalhou? — Ele mal conseguia falar.

— Sim, não tinha escolha. Foi obrigada a isso. O mais doentio era que essa corja de imundos a desejavam loucamente. Ela era só uma criança. Mas ela não conseguiu fazer o trabalho. Com o primeiro cliente ela gritou, se debateu, foi até mesmo agredida por esse sujeito, mas ela hesitou até o final e conseguiu sair do quarto.

— Você sabe de tudo tão detalhadamente.

— Eu estava lá. Eu seguia pistas de meu pai e os rumores me levaram até aquele bordel. Fazia tempo que ele não frequentava, mas me disseram que esse homem havia deixado uma bastarda, nesse caso a Kari.

Náidius olhou para o seu copo, não conseguia nem ao menos tocar em sua bebida.

— Ela disse que te conheceu ano passado.

— Depois que a mãe dela morreu. Ela me viu e me achou parecido com o homem que assassinou sua mãe. Eu tinha voltado a frequentar aquele lugar depois de um tempo. Ela estava em choque. O pior de tudo era que queriam obrigar ela a trabalhar novamente, substituir a mãe. Eu a tirei de lá. Ela só tinha treze anos.

— Kari... Só tem quatorze anos?

Diego assentiu, tomando um longo gole de sua bebida, terminando de vez.

— Mais uma, por favor! — ele pediu ao homem do bar. Olhou para Náidius. — Eu a ensinei a lutar, usar uma espada... quer dizer, não sabe muita coisa ainda, mas já sabe se defender. Ela sabe se virar também. Comprou um cavalo e uma charrete e viaja buscando alguns produtos para revender em Itakiã e outras cidades próximas.

Náidius nunca imaginou que Kari em seus catorze anos já havia passado por tanta coisa, e ele reclamando de sua vida sempre. Só não era justo Diego lhe dizer que ela era complexada, ela tinha os seus motivos.

— Cruel você trazer ela para esse lugar.

— Eu sei. Como eu disse, uma cama quente, um pouco de conforto. Ela precisa superar isso. Pensei que você não fosse do tipo que se importava.

Náidius parou um pouco. Realmente ele estava se estranhando. Ele conseguia sentir a dor de Kari, aquela sensação era ruim, lhe amargurava. Nunca foi do seu feitio ter empatia, ele sempre ignorou tudo e a todos. Mas... Órion... Ele nunca o ignorou. Talvez ele estivesse mudando ou amadurecendo. Quem sabe, se tornando uma pessoa bem diferente do seu pai.

— E esse rapaz simpático, não quer se divertir um pouco?

A voz sedutora de uma mulher pairou nos ouvidos de Náidius. Ela colocou uma mão na cintura após fazer uma sombra sobre o jovem. Era uma mulher mais velha que as demais ali presentes, ela deveria ser da idade de Kelmo, entretanto, mais vaidosa. Os cabelos negros e encaracolados desciam até os ombros, a maquiagem era pesada com um batom bem carregado no vermelho e olhos com um delineado bem escuro. Ela usava roupas bem estampadas em florais, bem decotadas e justa no corpo.

Náidius enrubesceu, cruzou as pernas para tentar disfarçar seu "nervosismo". A mulher conseguia lhe provocar apenas com um olhar. Ela segurava em uma mecha ainda úmido do cabelo dele, encaracolando com um dedo. Náidius estava vermelho feito um pimentão, e ela propositalmente deixava os seus seios próximos o suficiente para o jovem encaixar a sua face naquele par avantajado de "almofadas".

Diego apenas riu da situação, tanto pelo interesse da mulher quanto pela timidez de Náidius.

— Eu... — Náidius balbuciou com a voz abafada. — Só vim buscar comida.

Ownn... — ela falou, colocando uma coxa no colo de Náidius, quase sentando sobre ele. — Não servimos janta, mas... Eu posso te servir... — Ela aproximou os lábios no ouvido dele. — algo mais gostoso.

Diego caiu da rizada, quase se engasgando com a bebida.

— Não perca o seu tempo — ele falou. — Ele não tem dinheiro.

— Ah... Que pena...

Ela subitamente abandonou Náidius e caminhou até Diego, tocando delicadamente a face dele e entrelaçando os dedos no seu cabelo.

— E quanto a você? Parece tão carente... Não vai querer me evitar de novo, não é?

Diego segurou na mão dela e sorriu.

— Sim... Eu vou... — Ele olhou para ela. — Por favor, não insista.

A mulher pareceu se chatear, mas não deixou o sorriso transparecer na face.

— Vai chegar um momento em que você não vai se aguentar mais e eu... — Ela abriu os braços. — Estarei te esperando.

A mulher se afastou, caminhando e dançando com o ritmo da música e logo já estava se jogando no colo de um outro sujeito no balcão. Náidius pegou o seu copo e virou a bebida na garganta de uma só vez. Ele se levantou e foi caminhando de volta as escadas em direção ao seu quarto sem pestanejar.

...

Sônia saltou de uma linha do ar e aterrissou o solo arenoso. Já estava anoitecendo. O sol estava a se pôr, embora o paredão rochoso já lhe escondia fazia tempos. Pelo alto não foi fácil encontrar o casarão perdido no labirinto de cânions, mas enfim, a maga o encontrou. Então era ali que Náidius estava.

A maga suspirou. Vigiar Náidius as escondidas era algo trabalhoso. Mas ela sabia que estava fazendo um trabalho bom, pois, nem mesmo Diego notou a sua presença. Porém, ela estava exausta. Precisava de um banho e de uma longa noite de sono.

Claro, ela não estava vigiando o jovem desde o início. Só conseguiu encontrá-lo um pouco depois de Inarê, mas de qualquer maneira, ela enfrentou uma noite fria e chuvosa e ela mesmo se perguntava se isso valeria a pena, afinal, Náidius já estava viajando na companhia de mais três pessoas! Muito arrogante ele a ter ignorado. Isso a enfurecia. Dessa vez ele teria que aceitá-la.

Sônia caminhou alguns passos em direção ao bordel, entretanto, por trás de si sentiu uma presença surgir acompanhada de uma luz. Ela hesitou e parou um pouco.

— Sônia?

Aquela voz lhe era bem familiar. Ela se virou subitamente com um sorriso de ponta a orelha.

— Ako!

Ako sorriu e abriu os braços para abraçá-la. Sônia correu ao seu encontro e se encaixou no abraço dele, ela mal pôde conter uma lágrima de emoção.

— Você está aqui!

Ako beijou a cabeça dela, apertando o seu corpo contra dela fortemente. Ele abriu seus olhos amarelos em um sorriso cínico.

— Sim... Eu estou.

...

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