ULTRAVIOLENCE

By ilymills

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Justin Bieber era um gângster em ascensão, conhecido pelo seu sangue frio e sua postura inabalável. Mas ele v... More

ULTRAVIOLENCE
1. The beginning
2. Starting the problems
3. Bad night
4. Care about
5. Protection
6. The truth
7. Let's go to the bar
8. Nightmare
9. One less time
10. Not the evil of the history
11. Patience
12. My wrong
13. Be alright
14. Fire & Desire
16. Things go wrong
17. Jealous side
18. Las Vegas
19. In danger
20. Business in Vegas
21. Let her go
22. Time to leave
23. Enemies around
24. Broken
25. Drunk calling
26. Back together
27. Sex after stress
28. Trying to keep her safe
29. Getting ready
30. Fucked plan
31. The fall
32. Don't leave me
33. Guilty
34. Here we go again
35. Hurts like hell
36. Her blood
37. The end of a cycle
38. We need his help
39. Break up
40. Reminding the past
41. Going crazy
42. Kill or die
43. The battle
44. Forever

15. Secrets of the past

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By ilymills

Justin Bieber • POV

— Acorda. — ouvi alguém murmurar enquanto me balançava de uma maneira extremamente irritante, mas continuei de olhos fechados na tentativa de ignorar isso e continuar a dormir. — Justin. — tentou de novo. Virei para o outro lado resmungando, querendo que a pessoa se tocasse e parasse com aquela merda. — JUSTIN! — dessa vez foi mais um grito e então reconheci a voz da minha garota.

Abri os olhos de uma vez só, me arrependendo assim que a claridade do quarto me atingiu em cheio, pisquei algumas vezes para me acostumar então pude ver a Lily quase em cima de mim, e pela sua cara eu sabia que havia algo errado, o que me fez despertar de uma vez entrando em alerta.

— O que houve? — perguntei ao ficar sentado na cama sendo alfinetado pela preocupação.

— Acho que tem alguma coisa errada comigo. — ela disse e eu franzi a testa sem entender. — Olha. — ela apontou para onde queria minha atenção e eu segui seu dedo, vendo o que ela achava que estava errado. Não consegui não rir ao ver do que se tratava. — Justin, para, isso é sério! Acho que seria melhor eu ir até o hospital...

— Lily, isso não é nada demais. — disse ao parar de rir, dando uma última conferida no lençol que tinha uma mancha de sangue no seu lado da cama. — É só sua virgindade perdida.

— Oh. — foi tudo o que ela pronunciou, com suas bochechas ficando avermelhadas por causa da sua vergonha.

— Qual foi, babe, não precisa ficar com vergonha disso. — aproximei meu rosto do seu e dei um beijo no canto dos seus lábios. — Foi ótimo. — sussurrei.

Ela abriu um pequeno sorriso e deu um leve empurrão no meu ombro.

Lily levantou da cama e foi em direção ao banheiro, a porta foi fechada e logo depois pude escutar o som da água do chuveiro caindo. Suspirei e passei a mão no rosto, com todos os pensamentos sobre ela invadindo minha mente de uma vez só sem nem me esperar acordar direito.

Não tinha mais jeito, eu estava mesmo apaixonado por aquela garota.

Me sentia estranho com tudo isso porque eu não esperava gostar de alguém depois de tudo o que rolou com a Victoria, eu criei um bloqueio emocional enorme mas a Lily pareceu destruir essa barreira que eu construí tão fácil e de maneira tão sutil. Eu estava gostando dela pra caralho e eu estranhamente estava gostando de sentir isso de novo, de sentir isso por ela.

Lily saiu do banheiro com o cabelo molhado e já vestida exalando seu perfume floral, eu aproveitei para observá-la dos pés a cabeça admirando a visão que eu tinha.

— Só falta vestir o short. — impliquei, mas o short parecia mesmo ter no máximo dez centímetros.

— Ué, mas eu vesti. — ela pareceu confusa e olhou para baixo para ter certeza.

— Isso aí é quase uma calcinha. — Lily revirou os olhos mas não conseguiu esconder um sorriso ao voltar a se aproximar de mim, que agora estava na beirada da cama.

Ela ficou entre minhas pernas e colocou seus braços em volta do meu pescoço, abaixou a cabeça e roçou seu nariz no meu com delicadeza antes de me dar um selinho.

— Daqui a pouco eu vou com a Shay até o aeroporto para me despedir dela. — disse.

— Acho mais vantagem você ficar aqui comigo. — envolvi suas coxas com meus braços devido nossa diferença de tamanho por ela estar em pé e eu sentado.

— Eu adoraria mas vou ficar sem vê-la durante o resto das férias e já tinha combinado de acompanhá-la até o aeroporto para me despedir. — entortou a boca. — Podemos fazer isso outra hora.

Bufei e assenti com a cabeça.

— Não vou poder te acompanhar porque ainda tenho que trampar, mas não tem a menor chance de você ir até lá sem segurança. — falei. — Vou mandar um cara da minha confiança ir com você, vou colocar ele encarregado da sua segurança. — me referi à Trenton, que era como meu braço direito.

— Tudo bem. — ela aceitou sem questionar, Lily tinha noção agora dos reais perigos que ela corria.

— Ah, e antes de ir você deveria ir colocar um short mais cumprido ou até mesmo uma calça. — ela estreitou os olhos para mim. — De preferência que não seja muito justa. — completei.

— Agradeço as dicas de moda mas eu estou bem assim. — deu de ombros e afastou o corpo do meu.

Ela estava me desafiando?

— Lily... — fui interrompido.

— Isso não está aberto à uma discussão, Justin. — arqueou uma sobrancelha pra mim, me desafiando de fato. — Eu disse que estou legal assim então não vou me trocar.

— Beleza. — falei praticamente entre dentes, aceitando minha derrota nessa. — Vou tomar um banho e aí a gente desce pra comer alguma coisa antes de você ir.

Fui direto para o banheiro, me sentindo um otário por não estar com todo o controle da situação quando o assunto era ela. Aproveitei que estava sem roupa e fui direto para debaixo do chuveiro, ligando a água.

Fiquei apenas uns minutos sozinho e então a Lily entrou no banheiro, ela se encostou no mármore do mini balcão e me olhou com uma carinha de quem queria conversar.

— O que foi, huh? — perguntei, continuando com meu banho.

— Tem uma coisa me incomodando. — ela disse meio apreensiva, como se estivesse selecionando bem as palavras que usaria. — Parecer que eu não sei sobre você ou sobre suas verdades está me incomodando. — e eu já sabia onde esse assunto chegaria. — É como se você soubesse todas as coisas importantes sobre mim e eu não soubesse sobre você, você sabe, como se eu não soubesse a verdade sobre as histórias do passado que fizeram você ser quem é hoje.

Suspirei, sabendo exatamente o que ela queria saber e onde ela queria chegar com aquele papinho.

A pergunta era: eu estava pronto para revelar o meu passado para ela? As únicas pessoas que sabiam as coisas do meu passado eram os caras, ninguém mais. Eu queria incluir ela nessa lista de pessoas?

E alguma merda dentro de mim me dizia que sim. Era óbvio que eu estava afim dela, que ela mexia comigo de uma forma surreal, que eu sentia verdade nela e uma vontade estranha de querer tentar com ela algo que eu não pensei que fosse querer tentar com alguém de novo. Queria incluí-la na minha vida mas isso só seria possível se ela soubesse minha história, se eu confiasse nela o bastante para falar toda essa merda que eu não costumo falar com ninguém.

Bufei antes de desligar a água do chuveiro, peguei a minha toalha e sequei o excesso de água do meu corpo sentindo os olhos da Lily acompanharem cada movimento meu, enrolei a toalha na minha cintura e levantei meu olhar para ela, bagunçando meu cabelo com a mão para tirar o excesso de água nele.

Fiz um gesto com a cabeça para ela chamando-a para me seguir e voltei para o quarto, com ela atrás de mim. Lily se sentou na cama enquanto eu optei por ficar de pé, ela parecia tão nervosa quanto eu.

— Conheci Victoria há uns três anos atrás, ela foi uma das primeiras pessoas que eu tive contato quando vazei do Canadá e vim morar nos Estados Unidos, querendo ou não eu já tinha um nome na máfia por causa do meu pai então eu já tinha aliados assim como já tinha também inimigos quando cheguei. Ela queria começar negócios comigo para começar a fazer o nome dela, sabia que seria bom pra ela, então foi assim que começamos a sair e nos envolver. — andava de um lado para o outro evitando contato visual. — Nosso namoro foi meio... Conturbado. A gente brigava pra caralho, daquelas brigas feias mesmo, e ficava naquela de terminar e voltar o tempo todo, sem contar todas as traições que rolaram dos dois lados, mas ainda assim a gente insistia em continuar junto, mesmo sabendo que aquela merda não dava certo.

Fiz uma pausa para respirar fundo, me virando para a janela e ficando de costas para a Lily, olhando para a vista dos prédios.

— Eu gostava dela pra caralho e a gente ficou nesse namoro por muito tempo, a gente ficou se machucando por muito tempo. Até que há quase um ano atrás ela me contou que estava grávida, eu nunca quis um filho mas não tinha o que fazer, ele já estava lá. Ela começou a ficar estranha, mais do que ela já era, mas eu relevei porque sabia que ela também não queria ser mãe e aquilo podia estar sendo difícil pra ela também. Eu amava aquela garota, ela me tinha na palma da mão e sabia que eu fazia qualquer coisa que ela pedisse, eu era capaz de fazer qualquer bosta por ela. Até que um dia ela veio com um papo de que queria que eu largasse o crime, queria que eu abrisse mão de todos os meus negócios dizendo que isso era para o bem da nossa família, que não seria bom para o nosso filho se o pai dele fosse gângster. — suspirei. — E eu estava cogitando isso. Você tem noção? Eu gostava tanto daquela vadia, era tão refém dela que eu estava cogitando abrir mão dos meus negócios para ser um pai de família. — ri sem humor, lembrando de tudo. — E foi aí que aconteceu toda a merda. Eu já estava com a data que eu ia deixar o crime marcada, mas os caras tentaram me convencer a não fazer isso, até que Chaz levantou dúvidas sobre Victoria. Ele levantou a hipótese da criança que ela esperava não ser minha, por conta de toda traição que rolava no nosso namoro, e isso me deixou pensativo. Eu falei com ela sobre isso e exigi um teste de DNA com um médico da minha confiança e ela ficou puta. Victoria sumiu por uns dias e os caras estavam na cola dela, eu estava cego de amor por aquela vadia mas eles não, então eles queriam abrir meus olhos. Foi então que descobriram que ela estava com Trevor há meses, que eles estavam jogando comigo e que toda a ideia de me fazer entregar meus negócios foi dele. Ele queria me ver fora do jogo para poder me matar sem problemas, e Victoria que eu achei que estava do meu lado estava na verdade do lado dele.

Era a primeira vez que eu falava sobre isso, que eu contava para alguém sobre essa história. Por um lado eu me sentia aliviado por ter conseguido colocar essa merda pra fora mas por outro eu não queria que ela me olhasse com pena ou qualquer coisa desse tipo.

— E o bebê? — ouvi a voz baixa da Lily perguntar, parecendo um pouco apreensiva por não saber se eu responderia essa.

      Meu sangue parecia ferver de puro ódio. Os caras me procuraram essa manhã para uma reunião urgente onde eles queriam me contar sobre tudo o que eles descobriram na pequena investigação independente que eles resolveram fazer para tentar me convencer a não entregar meus negócios e largar tudo isso para ir viver com Victoria.

Eu tinha um encontro marcado com ela no mirante da cidade, onde eu cheguei mais cedo. Eu encarava as luzes de Los Angeles durante a noite enquanto tentava controlar minha raiva para não acabar fazendo algo que eu pudesse me arrepender depois, mas estava sendo uma tarefa difícil. Tinha acabado de descobrir que a vagabunda que eu namorava estava tendo um caso com o filho da puta do meu pior inimigo, mas o pior nisso tudo é que ela tinha se tornado cúmplice dele na missão de me fazer cair do meu topo.

Comecei a ouvir barulhos e sabia que ela tinha chegado, naquela altura ela sabia que eu tinha descoberto tudo e era corajoso da parte dela vir me encontrar mesmo assim porque eu poderia matá-la naquele exato momento. Pude ouvir seus passos, ela estava correndo, e então parou, sua respiração estava ofegante e eu podia ouvi-la. Continuei de costas para ela, encarando a paisagem a minha frente com minha mandíbula contraída e respirando fundo para não perder a cabeça.

Jay... Victoria chamou com sua voz embargada, eu esperava que ela estaria chorando. Jay, as coisas não são como você está pensando... tentou.

Fechei minhas mãos em punho e respirei fundo antes de me virar, ficando cara a cara com ela.

Victoria estava com as bochechas molhadas por causa das lágrimas e o nariz vermelho por causa do choro, ela me olhava com olhos suplicantes mas ela não iria conseguir fazer a minha cabeça mais uma vez.

E como eu estou pensando? minha voz continha raiva e mágoa. Que a vagabunda da minha namorada tem um caso com o Trevor? Que toda vez que ela sumia era porque ela estava com ele, repassando todas as coisas que sabia sobre mim e participando de planos para me derrubar? Que usou a merda dos meus sentimentos contra mim para me manipular? Você achou mesmo que iria conseguir esconder essa merda de mim para sempre?

Ela negou freneticamente com a cabeça e soluçou.

Não é como você está pensando, não é como se eu e Trevor estivéssemos em um relacionamento romântico, como se eu sequer estivesse pensando em trocar você, eu só... Eu... Eu amo você, Jay. ela soluçou. Essa é a única verdade possível. ri sem humor, incrédulo com sua atuação.

Agora que eu estou de olhos abertos posso te dizer que seu teatro é bem merda. cuspi. Eu fui otário pra caralho de confiar em uma vagabunda como você.

Você não vai entender, mas eu fiz tudo isso porque eu te amo. Victoria continuou. Eu queria ser tudo o que você tinha, queria ser prioridade na sua vida. Não te pedi para deixar o crime porque Trevor me deu a ideia e queria isso mas porque eu queria, porque eu entendi que o único jeito de eu ser prioridade pra você seria se você largasse essa vida que você leva hoje. Eu nunca deixaria Trevor te fazer mal, ele teria o que ele quer e eu teria o que eu quero, era isso.

ISSO NÃO FAZ NENHUM SENTIDO, PORRA. gritei. Trevor usou você para me atingir e você caiu igual a idiota que você é!

Victoria chorou mais, levando sua mão até a barriga que fazia um volume mínimo e acariciou a mesma por cima da blusa justa.

Essa criança nem mesmo é minha, não é? questionei e ela não respondeu. RESPONDE PORRA. e então ela negou com a cabeça, me fazendo rir irônico. Ainda queria me dar o golpe da barriga? Que espécie de vadia traiçoeira você é? Eu te dei tudo o que você queria nessa porra, eu fui tudo o que você precisava nessa porra e você retribuiu indo dar para o merda do meu inimigo e fazer planos pelas minhas costas?

Você também me traiu, Justin. fungou. Até mesmo debaixo do nosso próprio teto, até mesmo com a vagabunda da Rosie. Não venha me cobrar fidelidade quando você sequer foi fiel à mim.

Eu te traí mas eu nunca quis te fazer mal, eu nunca quis destruir você. disse com raiva. Até agora.

Eu precisava sair dali, a raiva estava me consumindo e eu precisava extravasar em algum lugar antes que fizesse merda.

Tentei passar por Victoria para ir embora mas ela me puxou pelo braço para ficar.

Você não pode desistir da gente. ela pareceu suplicar e acabou me arranhando no braço.

Empurrei ela para me soltar, mas talvez tenha colocado mais força do que o necessário sendo movido pela raiva. Victoria cambaleou para trás e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa ela caiu no grande barranco que formava o pequeno morro do mirante, corri até a beirada e vi seu corpo rolar barranco abaixo e parar ao bater em uma pedra. Puta que pariu.

— Eu meio que causei um pequeno acidente e ela acabou perdendo a criança nele. Mas não foi proposital. — suspirei, voltando a me virar de frente para ela. — E nessa noite que rolou o acidente eu descobri que o bebê era do Trevor, não meu.

— Victoria é uma vagabunda. — ela resmungou com a testa franzida. — Sinto muito que você tenha passado por isso com alguém que você amava.

— Já passou. — dei de ombros, querendo evitar todo o papo de ter pena.

— Isso é tudo? — ela perguntou com calma e eu suspirei antes de negar.

— Isso é tudo que aconteceu nesse meu passado distante. — passei a mão no cabelo. — Mas tem uma coisa sobre o passado recente que eu preciso te contar porque a culpa de tudo está me puxando para baixo e eu sinto que preciso me desculpar com você.

Lily ajeitou sua postura e me olhou um pouco receosa, mas acenou com a cabeça como se me incentivasse a continuar.

— O dia em que eu deixei você aqui sozinha de madrugada... Eu... — suspirei enquanto procurava as palavras certas para usar, mas eu não era bom com desculpas e muito menos em dar satisfações. — Eu voltei para a after que Chris fez na casa dele procurando por uma garota que eu pudesse transar. Eu sei que parece escroto agora mas na hora me parecia certo...

Lily mordeu o lábio inferior e suspirou, balançando a cabeça. Ela se levantou da cama e me olhou com um olhar decepcionado que teve um efeito sobre mim e fez eu me sentir a pior pessoa desse mundo.

— Isso é tudo? — sua voz agora estava baixa.

Concordei com a cabeça então ela se virou na intenção de ir embora mas eu segurei seu pulso antes que ela saísse do quarto, eu não podia deixá-la sair daqui me odiando.

— Lily, olha... A gente não tem nada... — fui interrompido.

— Certo, Justin, a gente não tem nada então não tem por quê você querer se explicar para mim agora. — ela puxou seu pulso da minha mão e seguiu para fora do quarto sem nem olhar para trás ou sequer hesitar.

Bufei, pegando o abajur e arremessando contra a parede, vendo o vidro se espatifar.

Eu definitivamente não era bom com desculpas e muito menos em dar satisfações, na verdade eu era péssimo nisso, só conseguia piorar ainda mais as coisas.

Segui para o closet e larguei a toalha no chão, me apressando em me vestir. Fui para o andar de baixo assim que eu já estava vestindo, encontrando Lily e Chaz na sala de estar.

— Chaz — chamei a atenção dele mas Lily pareceu ignorar minha presença. — Chame Trenton para levar a Lily até o aeroporto e fazer a segurança dele.

Lily se levantou e seguiu para a cozinha, passando por mim sem falar nada. Eu bufei então logo Chaz arqueou a sobrancelha, ele sabia que havia algo ali.

— Qual foi? — perguntou quando eu não disse nada.

— Eu contei pra ela sobre... Tudo. — Chaz arregalou os olhos, de fato surpreso, ele apostava que eu nunca fosse falar sobre tudo para alguém.

— Tudo? — questionou surpreso querendo apenas uma confirmação e eu dei, assentindo com a cabeça. — Porra, cara. Você ter conseguido falar sobre isso... Isso é... Muita coisa.

— Corta esse papo. — revirei os olhos.

Chaz se levantou do sofá e colocou sua mão no meu ombro.

— É real, Justin. É bom ver você se abrindo com alguém. — insistiu.

— Vai continuar com essa merda? — rosnei. — Isso parece sentimental demais para mim.

— Tanto faz, estou feliz por você. — deu um pequeno empurrão no meu ombro. — Tenho certeza que a Lily apreciou isso, ela já sabe que não é sempre que você se abre para alguém. Ela só precisa de um tempo para digerir as coisas. — aconselhou. — Bom, vou falar com Trenton e depois temos reunião. Não se esqueça.

E então ele passou por mim também, indo em direção ao andar de cima.

Talvez ele estivesse certo, Lily precisava de um tempo para processar todas as informações que recebeu de uma vez só hoje e eu estava disposto a dar à ela essa tempo para pensar mas quando vi já estava caminhando em direção à cozinha, onde ela estava.

Lily Brooks • POV

Minha mente estava dando um nó e meus sentimentos estavam todos misturados. Justin tinha despejado muita coisa em cima de mim em muito pouco tempo, ainda não consegui pensar sobre tudo e formar minha opinião sobre. A única coisa que sabia era que estava chateada, magoada. Saber que Justin estava com outra enquanto eu estava passando pelo pior momento da minha vida tinha me deixado assim, e eu tinha razão nessa, não?

Olhei para meus pulsos vendo os machucados ainda ali presentes na minha pele e suspirei.

Temia que estar com Justin significasse ter que passar por esse tipo de situação com frequência. Seria entender que eu teria que ter muita paciência com ele nessa fase inicial até porque ele estava completamente quebrado ainda, ele ainda tinha muitas cicatrizes causadas pelo amor e não sabia nem mesmo como lidar com elas. Justin era muito corajoso para quase tudo em sua vida mas muito covarde quando se tratava de amor.

Ouvi um pigarreio e levantei o olhar para ver quem era, e então pude ver Justin encostado no batente da porta. Ele tinha as mãos enterradas no bolso da calça e uma expressão de hesitação, como se tivesse receio por estar ali.

— Eu estava falando sério quando disse que gostava de você. — ele disse baixo. — Que estou apaixonado por você.

Suspirei, relaxando os ombros. Me remexi na banqueta que estava sentada e apoiei meus braços no balcão.

— Eu também estava, nada do que eu disse foi da boca para fora. — observei ele se desencostar e dar passos lentos para se aproximar do balcão. — Eu só... Eu não sei mais se confio em você. Ter me deixado para ir dormir com outra garota ao invés de apenas ter sido sincero comigo na hora... Não sei, isso me deixou magoada. Sem contar com o perigo que eu passei.

— Eu nunca menti para você, Lily. Tudo bem que eu posso ter omitido certas coisas mas eu nunca menti. — ele parou ao meu lado, apoiando sua mão no balcão e mantendo contato visual comigo. — E, porra, eu estou tentando aqui. Desde que a gente começou a se relacionar que eu estou tentando manter você segura, que eu estou tentando ser bom pra você. Só por causa da merda de um deslize eu não mereço sua confiança?

Suspirei, sentindo todas suas palavras me tocarem de forma que eu até mesmo me arrepiei.

— Certo, Justin. Mas eu não posso e nem quero ficar em uma relação indefinida, onde uma hora nós estamos juntos e na outra você está me dizendo que não temos nada. — disse, traçando círculos invisíveis no balcão com o dedo indicador, não conseguindo olhar para ele no momento. — Eu preciso saber o que temos.

— Como assim? — perguntou parecendo realmente não entender onde quero chegar.

Levantei meu olhar para ele, acho que foi a primeira vez que vi Justin parecer nervoso com alguma conversa.

— Quero saber que tipo de relação nós temos. — disse com calma.

— Hã... Bom... Boa pergunta. Eu nunca pensei sobre isso. — encolheu os ombros.

— Nunca pensou sobre nós?

— Em nós sim, o tempo todo. — ele falou rápido demais mas logo pareceu recuar, e então foi a primeira vez que vi Justin parecer sem graça, o que me fez dar uma risadinha. — Só quis dizer que nunca pensei em colocar uma definição no que nós temos.

Confirmei com a cabeça, entendendo o ponto dele. Justin tirou as mãos dos bolsos e se aproximou mais de mim, erguendo sua mão para acariciar meu rosto enquanto me observava com cuidado.

— Acho que nós meio que estamos namorando, não? — ele pigarreou.

Ergui uma sobrancelha ao mesmo tempo que abri um sorrisinho divertido por vê-lo naquele estado, parecendo sem graça demais para falar sobre aquele assunto.

— Esse foi o seu jeito de me pedir em namoro? — provoquei, vendo ele revirar os olhos ao ver o que eu estava fazendo e então abrir um sorriso.

— Qual foi, não torne isso difícil para mim. — Justin resmungou, me arrancando uma risada.

— Vamos lá, peça direito e eu aceito. — brinquei, vendo-o revirar os olhos mais uma vez.

Justin respirou fundo como se realmente estivesse se preparando para algo importante, o que me fez rir e logo em seguida ouvi sua risada acompanhar a minha. Ele segurou minha mão com cuidado e me puxou para que eu ficasse de pé na sua frente, suas mãos seguraram meu rosto de forma delicada e ele olhou em meus olhos de um jeito que fez meu coração parecer vibrar.

— Lily... — ele começou, com um sorrisinho em seus lábios. — Você quer namorar comigo?

Ouvir aquelas palavras dele fez todas as borboletas invisíveis se animarem dentro do meu estômago e meu coração disparar de um jeito que eu fiquei preocupada que ele fosse acabar rasgando meu peito e sair pulando por aí.

— Huh... Acho que vou precisar pensar nisso, mas agradeço pelo pedido. — eu respondi parecendo séria, sua boca entreabriu em surpresa e ele ficou até meio caidinho.

— O quê? Mas que porra? Você... — ele começou a falar meio desesperado mas eu interrompi rindo.

— Eu só estava brincando, Justin. — dei risada, vendo-o revirar os olhos para mim outra vez tentando conter o sorrisinho. — É lógico que eu quero namorar com você.

Seus ombros pareceram relaxar, ele envolveu seus braços em minha cintura e pareceu me puxar para mais perto ainda, fazendo nossos corpos grudarem um no outro. Coloquei meus braços ao redor do seu pescoço, com nossos narizes se encostando devido à proximidade.

— Você é uma idiota. — ele resmungou com diversão em sua voz.

— E você gosta disso. — cantarolei baixinho.

Justin deu uma risada nasalada antes de finalmente me beijar, juntando nossos lábios juntos. A sensação que eu tinha quando ele me beijava parecia sempre a mesma, como se fosse a primeira vez. Meu coração sempre parecia saltitar. Ele me beijava com calma, como se estivesse apenas querendo saborear o momento.

Quando nossos lábios se separaram eu até mesmo suspirei, com minha respiração irregular. E sendo levada pelo impulso do sentimento eu não consegui controlar as palavras que insistiram em sair da minha boca.

— Acho que estou mesmo amando você. — sussurrei de súbito.

Tanto eu quanto Justin fomos pegos de surpresa com a minha fala. Talvez fosse muito cedo para eu falar algo tão forte, mas eu não podia evitar já que era o que eu realmente estava sentindo. Tudo o que eu estava vivendo com Justin estava sendo muito intenso, era como se nós já convivêssemos há anos pela conexão que eu sentia entre nós. E sempre ouvi da minha mãe que conexão nunca foi uma questão de tempo.

Mas eu já estava com medo das minhas palavras terem sido precipitadas pela sua falta de resposta. Eu já tinha entendido o quanto Justin se fecha quando o assunto é sentimento, talvez eu tenha o assustado.

Abri meus olhos devagar, tendo a visão de Justin me observando com um sorrisinho no rosto.

— Não me olha desse jeito. — resmunguei envergonhada, ele riu.

— Não dá, você fica ainda mais linda assim, quando está admitindo as coisas. — ele provocou com a voz rouca e então eu empurrei ele, que riu. — Vamos lá, babe, Trenton já deve estar esperando para te levar até o aeroporto e eu tenho uma reunião com os caras.

E então todo o peso da realidade caiu sobre mim novamente. A reunião com certeza era para discutir sobre o que fazer contra Trevor e para me proteger dele.

Me assustava pensar que nós estávamos bem, mas que eu não sabia até quando continuaríamos.

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