Fake Love - Parte I

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Eu saía da chamada acompanhada de Michael, em meio a risos após a festa de confraternização do escritório, a festa mais estranha da minha vida, pois tinha sido por vídeo conferência. Mas enfim nossas amadas férias. 

Nos últimos meses Michael foi a única pessoa que tinha tido contato, havíamos nos conhecido no ano passado, mas nos aproximamos esse ano quando toda essa onda de covid-19 começou. Pois ambos estávamos longe da família e moramos no mesmo prédio, por essa razão participamos da vídeo chamada juntos. 

Além de nós, está sua namorada, que apesar de morar na mesma cidade que a gente, ele passa semanas sem ver, mas naquela semana em especial ela havia ido ficar com ele. Mas eu adoro ela, é advogada e uma excelente pessoa, e os dois fazem aquela casal perfeito que ao mesmo tempo que você acha a coisa mais linda, no fundo você tem um pouco de inveja pelo relacionamento perfeito. Então, resumindo, estávamos os três bebendo no meu apartamento. 

— O que vai fazer nessas férias? – ela me perguntou, e eu suspirei frustrada.

— Um lado meu está realmente empolgada em ir visitar a minha família, afinal, lá já está tudo "normal" e é verão, diferente desse inverno canadense, então vou poder sair, aproveitar a praia e afins, sem ficar sofrendo nesse Lockdown.

— Isso me soa perfeito, então qual o problema?

— O problema é que eu não quero ouvir cobranças de relacionamento.

— Como assim? 

Michael perguntou enquanto nos servia mais bebida.

— Oras, relacionamento. Eu estou há anos solteiras, então assim que colocar meus pés naquela cidade, a todo instante vão me perguntar sobre isso e eu não tenho para onde fugir. Digo, antes eu tinha a desculpa que estava muito ocupada com os estudos e que queria focar na minha futura carreira, mas agora não me resta desculpas. Eu tenho meu apartamento próprio e um ótimo trabalho que me paga muiiito bem. Eu estou com a estabilidade que antes usava como desculpa. 

— Mas Nora, o que te impede de arrumar um namorado? – ela realmente parecia interessada naquela pergunta, até mesmo meu amigo me olhava curioso. 

— As vezes eu até quero, mas… eu não tenho paciência para todo aquele processo pré-relacionamento. Digo, encontros e conversas se conhecendo, tentando não parecer uma idiota para não assustar o cara, ou preocupada com a reação dele sobre alguma mensagem que mandou e afins. Eu queria uma fada Madrinha e em um passe de mágica ter um namorado, sem ter que passar por isso. – ambos riram, mas o que poderiam me dizer? Eles estão juntos desde o ensino médio! – se eu tivesse um amigo e sei lá, nos apaixonasse, seria tão mais fácil, mas nem amigos eu tenho!

Michael permanecia me olhando, então percebi a burrada que cometi. 

Céus, ele era meu único amigo e eu não queria insinuar isso. Digo, obviamente assim que nos conhecemos eu fiquei completamente encantada por ele, aquele sorriso, seus intensos olhos azuis, aqueles cabelos loiros encaracolados e o forte sotaque francês que me deixa arrepiada, mas, é isso! Eu desencanei no exato momento que descobri que tinha namorada, mais ainda quando me tornei amiga de sua namorada. Liza é simplesmente perfeita, parece uma Barbie de tão perfeita, confesso que a primeira vez que os vi me senti no lixo. Foi como se toda minha autoestima tivesse ido embora e eu pensei "nunca que eu teria chances".

E não, eu não sou tão mal assim, eu me acho bonita em certos momentos. Como qualquer pessoa normal, tem dias que me sinto fabulosa, mas naquele dia não era um desses. E mesmo nos meus melhores dias ela ainda consegue ser mais bonita. 

— Porque não fingem ser um casal?

Ela sugeriu do nada, e não fui a única a me engasgar com a bebida. 

Très excité - Contos EróticosWhere stories live. Discover now