Bastidores de ódio | Parte I

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Kaique Mendes é o cara mais repugnante que você pode conhecer na vida. E falo isso com propriedade. Ele me odeia e desde que eu descobri que iríamos contracenar juntos, eu fiquei uma pilha de nervos.

Ele é o ator com menos de 30 anos mais consagrado da atualidade. E eu sei toda sua história. Um garoto do subúrbio de Londres, pais portugueses e que tinha apenas um sonho. Ser um ator de Broadway.

Ele nunca foi fascinado por filmes e séries, sua paixão sempre foi o teatro. Ele dizia que a adrenalina corria por suas veias sempre que estava em um palco, e que a melhor parte disso tudo, é ver as reações do público que instiga sua atuação.

E tínhamos uma coisa em comum, exatamente a atuação.

Nos conhecemos no ensino fundamental, em uma peça da escola quando fomos escalados para ser os protagonistas. Tínhamos 12 anos, e quando percebemos que tínhamos as mesmas paixões, foi união à primeira vista. Não nos desgrudamos mais, e eu era sua única amiga pois ele tinha recém chegado a Inglaterra.

O Problema é que não temos mais 12 anos e não vivemos sonhando. A nossa realidade é que somos atores e que ele me odeia.

Então sim, eu fiquei uma pilha quando soube que seríamos um par romântico em uma nova série da Netflix. E agora aos 29 anos, e mesmo sem se ver a quase 10, eu sabia desde o início que seria um desafio.

Além de ser um grande premiado, ele é extremamente reservado. Todos comentam como a grande estrela não tem quase nenhuma rede social e raramente dá entrevista. Ele sempre foi assim. Quando mais novo me dizia que não queria fama, mas queria ser sucedido em sua área.

Eu nunca entendi, até um dia ele me dizer:

"Eu gosto de atuar, me basta estar em um palco. Se o sucesso vier, quero que seja reconhecimento, que as pessoas admirem e aplaudam meu trabalho. Quero ser reconhecido pela cena interpretada, pelas lágrimas derramadas, pelas risadas tiradas. A comoção. E não pelo que faço fora do palco. A fama midiática não me atrai, mas reconhecimento por meu trabalho sim.".

E ele seguiu assim, mesmo saindo dos palcos e agora ocupando as telas de milhares de pessoas, ele continua isolado. Pouco se sabe sobre Kaique, que apenas aparece no tapete vermelho da estreia e divulga o filme nas conferências. Tão rápido como chega a ascensão da estrela, ele também some e só é visto novamente em seu próximo trabalho. Soube que mesmo fazendo grandes filmes, ele ainda faz algumas peças teatrais.

As pessoas se acostumaram ao seu jeito, e isso criou uma imagem sobre ele. O cara carrancudo e isolado, o cara de poucos sorrisos e frio.

Mas eu sei que ele não é nada disso que o rotulam. As pessoas só o chamam assim porque ele não permite mostrar sua vida, então é óbvio que fazem interpretações erradas de seu isolamento.

Eu sei a pessoa extraordinária que ele costumava ser. E se hoje ele é um arrogante insensível, frio e calculista, talvez haja minha culpa.

Pois bem, eu sou sua ex namorada. Um romance intenso e passageiro quando jovens, até a vida nos separar quando tínhamos 19 anos.

Mas odeio, ah, eu absolutamente odeio a maneira como me ignora nos set de filmagens. Ele chega e cumprimenta todos, um sorriso milimetricamente treinado para parecer educado, mas sem verdade, sei disso, pois o sorriso nunca chega aos seus olhos. Mas ele não fala comigo, exceto quando gravamos ou ensaiamos as falas.

Há mágoa nele, mesmo depois de tanto tempo. E não sei se posso julgar, mas acho exagero. Quase 10 anos, pra quê guardar rancor?

Pensamentos negativos assim nos fazem mal, nos impede de evoluir. Sou o tipo de pessoa que gosta de deixar as coisas fluir, fechar ciclos e seguir adiante.

Très excité - Contos EróticosOnde histórias criam vida. Descubra agora