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Eu não esperava que meu primeiro desafio seria logo Bakugou Katsuki, meu vizinho e a pessoa responsável por grande parte das minhas cicatrizes físicas e emocionais, um dos principais motivos da minha mudança. O destino é engraçado, com certeza.

Olhei nos seus olhos acajus em busca do meu amigo de infância, mas não havia nenhum sinal dele, assim como do garoto tímido e inseguro que eu era, há muito desapareceu.

—Sentiu saudades loirinha? Por isso está tão agitado ao me ver?

Nezu tinha razão, ver a cara dele vermelha e transtornada me deu muita satisfação. Os policiais que riram com ele antes baixaram o rosto e voltaram ao seu trabalho.

—O que você quer aqui, hã?

—Quero falar com o encarregado pelo caso de desaparecimento da senhora Todoroki — Mostrei meu crachá de imprensa.

—Só pode ter perdido o juízo! Nem fodendo você vai escrever sobre esse caso.

—Se eu te foder garanto que você vai me deixar escrever qualquer coisa, loura — Olhei seu rosto vermelho e sorri internamente — Pena que não faça o meu tipo. Agora, chame o detetive antes que eu decida escrever sobre como esse lugar é homofobico.

—Pode pegar sua caneta e enfiar...

—Tem certeza? O prefeito de vocês está concorrendo a governador. Acha mesmo que um artigo falando sobre como ele permite policiais homofóbicos vai ser bem visto?

Sim, com certeza Nezu estava certo. O loiro ficou vermelho até o pescoço e bateu as mãos no balcão para se levantar calado e me guiar pela delegacia. Foi com deleite que notei que fiquei tão alto quanto ele. Eu não era mais o garoto magro e baixinho, todas aquelas horas semanais na academia valeram a pena. Ele bateu numa porta frágil com uma grande janela de vidro embaçado e uma voz cansada saiu de lá.

—Detetive, a imprensa quer falar com o senhor.

—Imprensa? Que imprensa?

—Olá — Entrei sorrindo gentilmente depois de empurrar o loiro para longe — Midoriya Izuku, do jornal UA de Konoha.

—UA? O jornal do Nezu?

—Isso mesmo! O senhor é Aizawa Shota, correto?

—Exatamente. Prazer te conhecer. Por favor, fique à vontade. Bakugou, traga chá para nós.

—Uma água para mim.

Pisquei para o loiro transtornado que saiu da sala e voltei minha atenção para o detetive Aizawa. Pelo pouco que pesquisei ontem, Nezu era um parente distante que o ajudava com a mídia nas raras vezes que aquilo era necessário. Achei curiosa a sua aparência, cabelos compridos e desalinhados, olhos cansados e uma expressão de sono chamavam minha a atenção. Sozinhos, essas características não eram grandes coisas mas em conjunto naquele homem aumentaram a sua beleza.

—Obrigado por me receber — Decidi me focar no trabalho antes da minha mente se perder em libertinagens — Nezu me avisou que não gosta muito da imprensa.

—Tem razão, eu não gosto de me envolver com a mídia, mas não sou contra a usar quando necessário — Sua voz baixa e aveludada aguçaram os meus sentidos.

—Se isso te tranquilizar, prometo não fazer uma matéria agressiva, apenas um artigo para alertar as pessoas, e quem sabe, conseguir alguma ajuda.

—Farei isso como um favor ao Nezu, apenas isso.

—Por mim tudo bem — Sorri o mais sincero que pude — O senhor pode me dar qualquer informação que julgue cabível de ser divulgada e ficarei fora do seu caminho.

CicatrizWhere stories live. Discover now