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Acordei com um peso no meu peito. Shoto não havia se mexido no seu sono. Seus fios estavam bagunçados, caindo nos olhos fechados, os lábios um pouco abertos e formando um "O" quase perfeito. As mechas vermelhas estavam misturadas às brancas então separei os fios com lentidão, ainda estava um pouco letárgico pelo sono.

Quando voltei naquela cidade nunca imaginei que poderia me envolver com alguém, muito menos a rapidez que meus sentimentos por ele cresceram. Era mais que um simples carinho ou só desejo. Eu sentia uma terna afeição por ele, me sentia bem ao seu lado. Nossas cicatrizes análogas podem ter nos aproximado no começo, mas foram os sentimentos compartilhados que firmaram nosso laço.

Com cuidado me levantei da cama e tomei um banho rápido, apenas para despertar de vez e preparar o nosso café. Minhas habilidades não se comparavam às dele, mas conseguia preparar uma torrada decente pelo menos. Assim que terminei a campainha tocou. Quando abri a porta, me assustei ao ver Bakugou ali outra vez

—Bom dia, Izuku, posso entrar?

—Depende, qual o motivo da sua visita?

—Posso te explicar lá dentro? Não quero que meu parceiro venha se intrometer.

Olhei para um ruivo sentado na viatura, atento a nós. Relutante, me afastei para ele entrar. Bakugou caminhou até a sala e se sentou mesmo sem um convite. Embora ele não estivesse mais gritando, algumas coisas não mudavam.

—Onde estão seus pais?

—Viajaram para Takigakure.

—Você ficou sozinho todo esse tempo?

—Seja direto, Bakugou.

Cruzei os braços, apoiando o peso do corpo em uma das pernas e esperando que ele falasse logo. O loiro bufou, parecia frustrado.

—Shoto Todoroki não dormiu na casa dele ontem e o pai dele está preocupado.

Não me surpreendi, imaginava que logo viriam atrás dele. Dei de ombros para o loiro— E?

—Eu vi vocês dois ontem durante a minha ronda.

—E? - Perguntei outra vez.

—Ele dormiu aqui, Izuku? Por favor, me diz que não.

—Pelo o que eu sei, ele é maior de idade. Pode dormir onde quiser.

Ele balançou a cabeça algumas vezes antes de levantar e caminhar pela sala, um momento clássico antes dele surtar e gritar. Surpreendeu quando ele não o fez, virou para mim com o rosto preocupado e a voz estridente abafada.

—Izuku, ele te odeia! Se o Enji descobrir, ele vai acabar com a sua vida!

—Eu não tenho medo, já fui ameaçado por pessoas mais influentes que ele e ainda estou aqui.

—Enji é perigoso, por que você não me escuta?

—Agradeço pelo aviso, mas eu sei me cuidar.

Ele caminhou até mim, agarrou a gola da minha camisa e no movimento ele viu as marcas de mordidas vermelhas e chupões que Shoto havia deixado em mim. Seja qual fosse sua intenção, ele desistiu e se afastou de mim como se eu pegasse fogo.

—Por que ele, Izuku? Porra, eu disse que queria uma segunda chance!

—Eu lembro o que você disse, Bakugou. Você me viu, ficou um dia inteiro pensando em mim e concluiu que isso é gostar. Isso não é gostar loirinha, isso é remorso.

—Não! Deku, isso não é verdade.

—Eu já disse que meu nome não é Deku!

Aumentei minha voz com ele pela segunda vez. Tinha coisas demais guardada em mime a sua atitude destruiu qualquer barreira que eu havia criado. Me senti doente, cansado. Minha pele ardia intensamente e motivou minhas palavras a saírem.

CicatrizWhere stories live. Discover now