Grigontes.

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No alto da estante do menor quarto da Cabana das Conchas estava um pequeno frasco de vidro com um grosso fio de cabelo ondulado retirado da cardigan de Hermione.

-Você estará com a varinha dela, então, será bem convincente. -Disse Teddy ajeitando as vestes que ele usaria, estando disfarçado de Roldophus Lestrange, marido de Bellatrix. Ron ainda estava olhando pro espelho, com um dos disfarces que eles haviam planejado para ele.

Hermione olhava para  a varinha em sua mão com um olhar aterrorizado, como se a varinha sozinha fosse cruciá-la.
-Eu a odeio. -Hermione disse apertando a varinha em sua mão. -Só de pensar no que ela pode estar fazendo com a Aurora, eu fico enjoada.
-Então não pense. É melhor...Não pensar. -Harry disse colocando as coisas dele na mochila, sem levantar os olhos que o traíam. Ele não conseguia evitar de pensar em Aurora. Ele se preocupava com a falta de mensagens. Ronald havia sugerido que talvez Draco não mais estivesse na Mansão e para protegê-la, havia levado a varinha dela. Apesar de saber disso, não gostava de pensar que ela estava sozinha naquele lugar e sem ter como se defender ou pedir por ajuda.-Só pratique com a varinha, a use para entrar no papel.
-Esse é o problema, Harry. Essa varinha foi usada para torturar os pais de Neville, me torturar e cortar a pele de Aurora. Eu deveria ter pedido pro senhor Olivaras fazer outra para mim, essa não funciona direto. -Hermione se sentou na cama, aborrecida.

Dias atrás, antes frágil artesão partir, ele havia feito uma nova varinha para Luna, que imediatamente testou-a nos jardins, enviando um patrono para Gina, e não demorou muito para uma lebre a responder. Após essa breve interação por meio de seus patronos similares, ambas foram conversar pelas lareiras, demonstrando como sentiam a falta uma da outra. No entanto, Dino, que havia perdido sua varinha para os caçadores, olhava Luna praticar  com um olhar melancólico.

Harry olhou para sua varinha, ou melhor, a de Draco. Ela funcionava muito bem com ele, diferentemente da Bellatrix com Hermione, e sabendo o segredo do funcionamento de varinhas que Olivaras havia dado, Harry sabia que o problema da garota era a fidelidade, não havia sido ela a retirar a varinha de Bellatrix, então, a varinha não obedecia tão bem.

A porta do quarto foi aberta e por instinto Teddy escondeu suas espadas na mochila, se arrependendo na hora ao ver o olhar raivoso de Griphook.

-Está tudo pronto? -Perguntou o duende.
-Sim, já avisamos ao meu irmão e à Fleur que partiremos amanhã. Mas não avisamos que iriamos de manhã, para que eles não acordassem para nos impedir. -Disse Ron.

Eles haviam sido firmes nessa parte do plano, já que Hermione estaria como Bellatrix. Teddy de Rodolphus, enquanto Ron estaria como um desconhecido, não seria bom que os dois mais velhos os viessem se despedir. Não precisavam de mais desconfiança vindo da parte deles, quanto menos soubessem melhor seria. Entretanto, não é como se eles não tivessem tentado. William havia emprestado uma nova barraca para eles, já que eles haviam perdido a deles para os caçadores, e nessa barraca haviam diversos rastreadores, que foram totalmente destruídos por Teddy e Hermione quase que imediatamente.
Bom, ainda que eles fossem sentir falta da rotina doméstica da Cabana das Conchas e todos os seus moradores, Harry estava muito feliz em partir. Ele não aguentava mais o confinamento e claustrofobia que o lugar trazia para ele, assim como péssimas lembranças. Ele também estava cansado de ficar vigiando para terem certeza que não estavam sendo ouvidos. E definitivamente, ele não suportava mais a presença de Griphook. E com o plano mal feito de dar a espada de Gryffindor para o duende, ele menos queria estar perto do duende, que não os deixava sozinhos nem mesmo por cinco minutos. 
-Ele poderia dar lições a minha mãe até. -Ron disse em uma das vezes em que foram interrompidos pelo duende.

xXx

Durante a noite, Harry dormiu muito mal. Ele tentava se lembrar do que havia sentido no dia anterior a invasão do Ministério. Naquele dia parecia que tudo daria certo, os planos estavam frescos em sua mente e a sua determinação parecia infinita. Dessa vez não estava sendo nada disso. Ele se sentia perdido, com enormes dúvidas e incômodos. Harry sabia que o plano era...Perfeito, haviam planejado por dias e não haviam buracos a cobrir. No entanto, a sua apreensão chegava a transbordar.
Se mexendo mais uma vez no sofá, ele sentiu alguém o cutucar. Ele se virou e viu Teddy, que fez sinal para ele ficar quieto e depois apontou para Dino, que estava adormecido. O mais novo se sentou no tapete e pegou a mão dele.
-Ron também está acordado. -Ele sussurrou.
-Precisamos dormir. -Harry reclamou apertando a mão de Teddy e levando a outra mão aos olhos.
-Duvido que iremos conseguir. -Teddy sorriu e encostou a cabeça no estofado. 

Os Herdeiros dos Marotos e as Relíquias da MorteOnde as histórias ganham vida. Descobre agora