King's Cross.

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Harry escutou o silêncio e continuou de olhos fechados. Ele havia morrido? Onde ele estava?
Mexeu a sua mão, e desejou sentir algo, ou melhor alguém, então, veio a sensação do carinho e aperto da de Aurora continuavam lá, mas não a mão em si, o que era estranho. Seu coração batia de forma calma e em paz, mas a solidão da qual sentia era aterrorizante.

Continuou de olhos fechados tentando identificar se era seguro abri-los, usando sua audição. Ele estava deitado em algo...Então, convencido de sua total solidão, resolveu abrir os olhos, notando sua própria nudez. Olhando em volta, percebeu que estava em um chão branco, que não era frio, mas também não era quente e o ar ao seu entorno era coberto por um névoa branca leve e que deixava o ar úmido e aconchegante, como uma nuvem. Ele se sentou e olhou pro seu próprio corpo, ileso.

Tocou em seu rosto e percebeu que apesar de estar sem óculos, sua visão era perfeita. De repente, um barulho, um lamento aterrorizante trouxe seu olhar, era algo que se debatia e oculto. Com uma sensação de desconforto, desejou estar vestido e suas roupas apareceram em seu corpo. Eram roupas macias e boas de vestir, como as roupas que havia ganho de aniversário de Sirius e Dora.

Olhou em volta, aquilo era um tipo de Sala Precisa? Quanto mais procurava, mais encontrava coisas para ver. No teto havia uma cúpula que dava visão para um céu aberto e brilhante. O metal que segurava o vidro da cúpula era similar a ouro, o que fazia Harry pensar que aquilo poderia ser um palácio. Mais uma vez olhou para criatura que se lamentava, não havia mais nada quebrando o silêncio se não fosse ela. Se virou procurando olhar as paredes ou mais coisas que poderiam o ajudar a identificar onde estava.

As paredes eram grandes, com um mármore ilustrado que parecia se inventar e se mover enquanto Harry observava. O lugar era grande, maior até que o Grande Salão de Hogwarts. Apesar disso, ele era o único ali. Resolveu, então, ver se a criatura estava bem. Andou até ela e se abaixou, mas acabou caindo para trás com grito abafado pela visão que o arrepiou por inteiro. Era uma criança ferida, mas horrenda, como se estivesse nem ao menos nascido, como um feto deformado que lutava para respirar. Era frágil, pequeno e cheio de machucados. Embora o medo, Harry tentou se aproximar, talvez no intuito de ajudar a criatura ou criança que parecia tanto sofrer.

-Você não pode ajudá-lo. -Harry ouviu uma voz e se virou. Haviam três pessoas ali.

Um era Dumbledore com longas vestes brancas, cabelos longos e soltos e sua vistosa barba. E ao lado, um jovem de cabelos bagunçados, olhos amendoados e doces, roupas joviais e um grande sorriso. E de mão dada a ele, uma mulher de longos cabelos ruivos acaju e vestido verde água, ela sorria para ele, com carinho.

-Pai? Mãe?-Harry sentiu seu olhos enchendo.
-Vem cá, Prongslet. -Seu pai disse abrindo seus braços. Sem pensar duas vezes,

Harry levantou e correu até eles. James e Lily haviam vindo ali junto com Dumbledore. O casal o enchera de carinho e ele sentiu todo o seu medo e solidão sumir de seu coração ao ser abraçado pelos dois.

-Eu...Eu morri?-Harry levantou o rosto, os observando.

Seus rostos eram mais físicos do que havia visto na Floresta. E o toque era quente, vivo.

-Ainda não, Harry. -Lilian secou o rosto dele e beijou sua bochecha.
-Mas...Eu deixei...Eu vi o raio da maldição da morte. -Disse Harry.
-E novamente você foi acertado, no entanto, mais uma vez isso não te matou. Pela última vez. -James disse.
-Mas vocês...Vocês estão mortos?-Harry olhou para Dumbledore.
-Sim, estamos. -O idoso sorriu para ele.
Harry engoliu seco.
-Você não morreu, Harry. Você, enfrentando todo ódio e ignorância de Voldemort, se deixou morrer pelo amor a Aurora e seus amigos, por todo mundo bruxo. Você matou a parte dele que vivia em você. -Lilian disse.
-A horcruxe...Eu consegui destruí-la?-Harry perguntou e Lilian assentiu.

Os Herdeiros dos Marotos e as Relíquias da MorteWhere stories live. Discover now