Chuva

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•°•°•°•°•°•°•°•°•°• Ellora°•°•°•°•°•°•°•°•°•°•

"Gosto do corpo mortal, me faz parecer frágil" Todos estavam em silêncio, prontos para atacar se eu ousasse me mover. "E assim posso enganar e manipular." As sombras do encantador me pediam para parar, para não provocar aquelas pessoas. Mas é bom, tão bom, ver a surpresa, a curiosidade e a ameaça em seus olhos.

Faço um gesto com a mão dispensando aqueles concelhos, e o guerreiro põem a mão sobre a espada, sorrio para ele quando nossos olhares se encontram e recebo de volta o mesmo sorriso viperino.

"Espero poder lutar com você um dia." Digo enquanto pego uma taça e me sirvo de vinho, eu estou ciente da avaliação de todos ali mas não me importo.

"Essa é uma péssima coisa a se dizer." O guerreiro analisa meus movimentos, e abre um sorriso desdenhoso. Perfeito.

"Você não é encantadora de sombras, não é metamorfa e não é uma simples Grã-feérica. Então oque você é?"

"Sou muitas coisas, mas se quer saber a que raça pertenço encantador, a resposta pode ser confusa."

"Então responda, qual sua raça?" As sombras deslizaram saindo das minhas costas, merda. Um olhar e percebo que ele finalmente sentiu falta daquelas sombras e agora está invocando-as de volta.

"Eu sugiro que pare!" Tento soar ameaçadora, mesmo quando o pânico se espalha por mim, as sombras deslizam pela a mesa, pelo chão e não consigo segurá-las.

"PARE!" Me levanto da mesa, me afastando.

"Achou que poderia roubar minhas sombras sem que eu percebe-se?" Ele também fica de pé, sua voz é calma, mortal.

"Não roubei nada, apenas peguei emprestado." As últimas sombras chegam até ele e minhas asas surgem, o preto profundo das penas absorvendo a luz do recinto.

"Porque esconde-las?" Ele da mais alguns passos em minha direção, eu recuo.

"SE AFASTE!" Raios começam a se manifestar ao meu redor, fluindo de mim.

O poder queimava em minhas veias, o cheiro de chuva se espalhando pela a sala. Senti quando os escudos foram erguidos, vi quando as pedras azuis e vermelhas brilharam, quando as sombras se agitaram a espera do comando para atacar, mesmo com relutância elas atacariam assim que a ordem viesse, alguém falava, ou talvez estivesse gritando, talvez todos estejam em silêncio. 

Não posso respirar. 

Vi a mão tatuada se aproximar, não percebi que havia me sentado no chão, asas apertadas e pressionadas contra a parede, raios circulando ao meu redor.

"Se afaste." Minha voz estava rouca, como se eu tivesse gritado. "Por favor, eu não..."

Não me importei por estar implorando.

"Por favor." Ouvi a voz doce em minha mente.  Respire. Obedeci Mais uma vez. quando soltei o ar lentamente a mão tatuada voltou a meu campo de visão, o símbolo da corte noturna pintado na palma.

"Ellora." A voz que havia falado em minha mente pertencia a Grã senhora que estava a minha frente, com as costas eretas. "Levante-se."

Aceitei a mão e me levantei, as asas ainda bem encolhida as costas, afundei para dentro de mim as imagens da câmara escura, da sensação molhada do sangue que inundava o lugar. 

Eu estou em Prythian, eu o encontrei e ele está bem. Lembrei a mim mesma. Soltei a mão dela e dei uma passo para trás.

"Vou perguntar mais uma vez, porque esconde-las?"

"Pergunte a seu Grão senhor porque ele esconde as dele."

Olhei para ele, e vi compreensão em seus olhos violetas. Eles ainda empunhavam as armas, sifões ainda brilhavam, e o encantador de sombras parecia perturbado, estava pálido.

●●●●●●●●●●●●●●Azriel●●●●●●●●●●●●

As imagens invadiram minha mente; dedos sendo quebrados repetidas vezes, pele sendo cortada, curada e então cortada novamente, bem a sua frente, ali jogadas no chão inundado de sangue, vômito e dejetos... Asas negras como as penas dos corvos, ainda pingavam sangue onde antes estavam ligadas a um corpo. Então a imagem embaçou, como se estivessem afundando em um mar profundo, mas a lembrança e o cheiro pútrido e metálico daquele lugar permaneceu queimando em minha mente.

Ele olhou para a fêmea que soltava a mão tatuada de sua senhora, o rosto frio, não havia sinais de que aquelas lembranças tivessem vindo dela, não tinha sinais do terror de segundos atrás. Repeti a pergunta, apenas por quê não sabia como agir, apenas precisava falar algo, repeti mesmo sabendo a resposta. Os Illyrianos são treinados para proteger suas asas a qualquer custo, ela não é uma Illyriana, ela veste pele humana, se move com a graça feérica, mas os olhos...Os olhos tem a luz opaca de um guerreiro, um general que já perdeu muitos soldados, os olhos de Cassian, os olhos dos illyrianos.

Me escondi um pouco mais nas sombras.

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Me mantive no lugar, me forcei a isso, enquanto Cassian com os sifões brilhando, se aproximava dela com as correntes que Helion e Feyre haviam construído, elas podiam neutralizar o poder de um Grão-feérico. Ela não resistiu, senti ela hesitar e apertar mais as asas, porém expôs os pulsos para que Cassian colocasse as algemas, e então deu a ele um sorriso malicioso quando ele terminou.

Se afaste. Ela tinha dito, e eu continuei mesmo quando senti seu medo, aquelas correntes estavam nos pulsos dela por minha culpa.

Se afaste. Por favor eu não... Ela repetiu quando Feyre tentou se aproximar, provavelmente enquanto trabalhava na mente da feérica, ela não estava apenas com medo de ser machucada, não, ela estava com medo de machucar Feyre.

Me senti enjoado, ela estava tentando proteger de si mesma a pessoa que estava invadindo sua mente, em parte para ajudá-la, sim, mas principalmente para saber que tipo de risco ela poderia ser. Mas eu não podia julgar Feyre por isso, por tentar proteger sua família, e seu parceiro. E algo me dizia que a fêmea, olhando em minha direção, sabia perfeitamente oque a Grã Senhora havia feito.
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972 palavras.

Próximo capitulo vai ter narração de outro personagem, vou fazer esse teste, me perdoem se algo não se encaixar bem na personalidade do Az ou dos outros, estou usando tudo que sei sobre eles.

A Corte de Sombras e Verdades- AzrielWhere stories live. Discover now