Almas

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  Minhas pálpebras estavam pesadas, mas me forcei a abri-las, o quarto era iluminado apenas pela a luz do fogo que vinha da lareira. Meus olhos encontraram os dele por extinto, por causa do laço da parceria, eu podia sentir o laço forte, sentir seu cheiro, podia vê-lo.

Azriel havia exposto o laço a mim, para me salvar daquele mar de dor, mas o meu poder havia o fundido ao meu coração, eu não apenas me agarrei ao laço mas o aceitei, em um momento de desespero, e agora estávamos eternamente ligados.

"Azriel." Eu não sabia o que ia dizer, mas não precisei descobrir por que ele começou a falar.

"Eu não queria isso, eu ia usá-lo apenas para puxar vc de volta não imaginei que esse ato poderia causar..."

"Azriel."O interrompi, dessa vez sabendo exatamente o quê precisava dizer. "Não é sua culpa, meu poder e meu desespero para me agarrar ao laço fizeram isso, está tudo bem Az, não culpo você." Ele ainda parecia tenso, eu podia sentir sua angustia pela a ligação. "A quanto tempo eu estou desacordada?"

"A dois dias."

"Lucien!" Me lembrei.

"Ainda não tivemos notícias sobre ele." Ficamos em silêncio por alguns minutos, até que ele o quebrou. "Eu pretendia contar, não desta forma mas eu não ia esconder isso, só precisava de um tempo para entender e..."

"Eu sabia." Falei, porque não suportava velo se desculpar por ter escondido o laço por alguns dias. Pela a mãe, dias! Faziam apenas alguns dias. "Eu sabia, Az."

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  Eu ainda a encarava, olhos arregalados. Pedras afundaram no meu estômago.

"Foi a muitos anos atrás, nenhum de vocês jamais se preocupou em perguntar a minha idade e eu não me preocupei em contar, mas eu estava viva quando ouve a primeira guerra, e não eu não lutei nela, eu tinha idade e habilidade mas não me foi permitido. Eles me disseram que a guerra não era nossa para nos envolver, os humanos e os seres mágicos já viviam em harmonia em Vallahan, tivemos a nossa própria história de escravidão e nenhum ser de Prithyan tentou ajudar." Ela esperou, talvez para que eu acrescentasse ou perguntasse, ou então para se preparar antes de prosseguir. Eu esperei. "Você sabe como fui feita e treinada para liderar meu povo, sabe como fui capturada e mantida refém, sabe uma parte considerável da minha história, mas tem muito que nunca tive...coragem ou tempo de lhe contar. Eu só peço para que não me odeie tanto, eu entenderia mas...por favor, não suportaria saber que você me odeia."

  Eu não compreendi suas palavras, eu não poderia odiá-la por não me contar sobre o laço sendo que eu também tinha escondido dela, eu apenas queria a verdade, queria entender as sombras em seu olhar.

"Como?" Eu questionei, e ela estremeceu antes de falar.

"Eu achei que se lembra-se de mim, eu rezei por anos para que não, mas quando o vi parado no canto do quarto, quando perguntou meu nome, e percebi que você não tinha ideia de quem eu era, pela Mãe eu fiquei decepcionada." Eu não consegui entender de que ela falava, como eu poderia lembrar? Isso quer dizer que eu a conheci antes? Ela pareceu notar minha confusão, puxou um fôlego profundo e eu me preparei também.

"Vallahan sempre foi muito reservado, principalmente quando se trata de fazer negócios com as cortes de Prithyan, por mais simples que fossem. Meus reis e o pai de Rhysand, que ainda era Grão-senhor na época, eles tinham uma aliança razoavelmente boa, Vallahan era o maior fornecedor da obsidiana, e vocês a usavam em quase tudo e principalmente para as armas, a adaga que carrega é da mais pura pedra de obsidiana de Vallahan." Me lembrei da forma como seu olhar sempre parecia se anuviar quando olhava para Reveladora da verdade, e agora eu entendi, a adaga a lembrava de casa. Ela continuou. "Eu tinha ouvido as histórias, aquelas contados pelas crianças, sobre uma cidade banhada pela luz, a cidade que se escondeu da história."

A Corte de Sombras e Verdades- AzrielOnde histórias criam vida. Descubra agora