Deslumbrante

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●°●°●°●°●°●°●°●ELLORA°●°●°●°●°●°●°●

Me levantei, suor fazendo as roupas grudarem em minha pele, sempre os mesmos sonhos, a mesma dor que o tempo nunca foi capaz de curar, e o mesmo desejo se fundia ainda mais em minhas entranhas.

"Você parece péssima." Disse a voz rouca, leve como uma sombra.

"Em compensação você contínua extremamente atraente, Azriel." Me levantei, e segui até as grades onde o enorme macho estava, a postura irritantemente imperturbável. "Não estou vendo comida em suas mãos, vai me contar que hoje você é o jantar? Por que eu não recusaria, mas gostaria de estar bem alimentada e pelo menos me banhar, antes de deixar você caído aos meus pés."

"Não tenho tanta certeza sobre se seria eu que cairia aos seus pés, talvez você esteja se confundindo." Me aproximei mais da grade, segurando o ferro frio com uma mão, deslizando-a lentamente, deixando-o observar. Enquanto a outra mão deslizou com rapidez para o seu bolso. O click da fechadura das algemas soou, e antes que ele pudesse assimilar eu já havia aberto a cela, e parado a frente dele.

"Onde vamos jantar hoje, amor?" Eu disse, a última palavra dita como um pequeno desdém. Sua expressão era gélida. "Você já pretendia me soltar, então vamos pular os sermões e irmos direto para a janta."

"Você tem coisas para fazer antes, e a primeira será um banho, ou então eu não voarei com você."

Rosnei para ele, com um olhar irritado que sumiu do meu rosto quando ele riu, uma risada curta, mas o som grave pareceu consumir o terror que ainda flutuava em minha mente, e eu senti quando um novo buraco surgiu, e mas água começou a vazar. Ele já estava em metade da escada, e eu corri um pouco para alcança-lo.

●●●●●●●●●●●●AZRIEL●●●●●●●●●●●●●

A imagem de sua mão deslizando, voltava em minha mente, e imagens daquela mão deslizando pelos meus cabelos, apreciando os músculos de meu peitoral, e adorando...outras partes minhas, iam e vinham, minha era como um mar turbulento enquanto eu esperava que ela se banha-se, eu estava sentado na cama de um dos grandes quartos da casa do vento, o som da água atravessava a porta de madeira, eu tinha pegado algumas roupas emprestadas com Mor, e pedido a Nuala que deixasse-as na cama junto com algumas peças íntimas. Eu não esperava que Mor fosse escolher vestidos tão exagerados.

"Você está quieto, bom...Ainda mais quieto." Ela falou do banheiro, o som de água cessando e indicando que ela estava saindo, e eu não pude evitar o desejo de ser uma das pequenas gotículas de água que agora deveriam estar deslizando pelo seu corpo.

"E você está demorando, vamos nos atrasar." Ela abriu a porta, a toalha em volta do corpo e os cabelos negros ainda molhados grudando na pele do pescoço.

Ela se passou para o meu lado na cama, olhos focados nos vestidos, e seu perfume de pinheiros e chuva veio até mim como uma carícia suave enquanto ela olhava os vestidos, preto, azul marinho, e vermelho, todos com o corte padrão dos vestidos de Mor, havia poucas diferenças entre eles, o vermelho não possuía decote e sim uma gola alta, sem mangas, o azul marinho deixava os ombros amostra, e tinha mangas com um tecido leve que, ficava solto até a altura dos pulsos. Ela pegou o vermelho e também o último vestido, preto, descartando o vestido azul de suas opções, ela andou com eles até parar a minha frente, o vestido preto também possuía a fenda quase na altura dos quadris, as mangas eram soltas e então apertadas nos pulsos como o vestido azul, mas o decote que chegava até a cintura do vestido era o seu diferencial.

"Oque você acha?" Ela os levantou.

"O azul marinho também é bonito." Eu sugeri.

"A cor não me agrada, qual destes?"

"O vermelho parece o mais formal e simples, se é que esses vestidos podem ser chamados assim."

"O preto então." Ela deixou o vermelho na cômoda e repousou o preto ao meu lado na cama. Após uma exclamação de irritação, falei;

"Como quiser, Nuala deixou algumas peças intimas, sapatos, e alguns outros produtos, estarei esperando lá embaixo."

"Azriel." Ela chamou antes que eu atravessa-se a porta. "Se me permite perguntar..."

"Não permito." Ela respira fundo, e prosseguiu ignorando minha fala.

"Como eu ia dizendo, se me permite perguntar, gostaria de saber para onde vou usando esses belíssimos vestidos."

"Para um jantar, na casa da cidade, precisamos conversar...E uma cela não parecia o lugar certo."

"Ok." Me virei devagar, esperando algo mais, mas eu não sabia o quê. "Obrigado, por permitir que as sombras guardem...as minhas asas. E o que você acha deste sapato?"

"Por os cabelos da Mãe, apenas vista-se."

"Bem lembrado! Oque acha? Devo usar o cabelo solto, ou preso?"

Fechei a porta, e desci as escadas, o som de sua risada me seguiu.
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Me levantei lentamente, quando senti seu cheiro. Movendo meu olhar para as escadas feitas de pedra da lua, não pude evitar que meu queixo caísse levemente quando a vi, e quando ela chegou ao fim das escadas, não levar os joelhos ao chão, cair aos seus pés e reverencia-la foi um desafio, era como se a própria gravidade mudasse para exigir isto de mim. Congelei. A fêmea mais linda que eu já vira, estava parada a minha frente.
Minha parceira, a frase ecoou em minha mente.

-Você está linda...Deslumbrante.
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908 palavras.

Vestido da Ellora.

Vestido da Ellora

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A Corte de Sombras e Verdades- AzrielWhere stories live. Discover now