Mentiroso

4.3K 457 54
                                    

Aviso: Oi gente, como eu tinha dito estou passando por um bloqueio criativo e tenho tentado voltar aos poucos, por isso não tenho postado todos os dias, espero que entendam. Os comentários e os votos de vocês tem me motivado bastante.
.
.
.
.
●●●●●●●●●●●●AZRIEL●●●●●●●●●●●●●

"Você voará comigo, não está aberto a discussão." Ela cruzou os braços de forma birrenta, exatamente como uma criança. Que a Mãe me dê paciência pedi. O vestido de sedas leves flutuava com o vento forte da varanda, e me questionei se ela não estava com frio já que o vestido deixava a pele até a altura da coxa esquerda exposta, assim como grande parte de seus seios.

"Eu posso voar sozinha. Não preciso de um idiota alado para me locomover." Para firmar sua fala ela permitiu que as sombras deslizassem de suas costas, trazendo as grandes asas negras. A varanda da casa do vento pareceu escurecer, como se a luz tivesse sido extraída do recinto.
As sombras giravam e dançavam ao seu redor, como um cão comemorando a chegada do seu dono.

"Guarde suas penas de tiziu, e pare de drama." Seu olhar para mim dizia que ela estava pensando em todas as técnicas que ela poderia usar para me desossar. Abri um sorriso viperino para ela.

"Eu, Ellora, juro para o grande morcego idiota batizado de Azriel, que não vou fugir." Ela disse, levando a mão ao coração. "Satisfeito? Eu quero voar, e esticar as asas."

Me lembrei da cela escura em que fui mantido cativo por tantos anos, sem ter o direito de obedecer aos extintos Illyrianos que gritavam para que eu voasse, essas lembranças me trouxeram a imagem de outra cela escura, com aquelas belas asas decepadas e então atiradas ao chão. Concordei com um sinal de cabeça.

"Você voará ao meu lado, providenciarei um escudo para nós."

Ela subiu nas grades da varanda, e senti as pedras de gelo em meu estômago, mesmo sabendo que ela não iria se machucar. Ela respirou fundo, e abriu as asas, pensei em como Feyre adoraria pintar aquela cena, e eu pagaria todo o ouro em meus cofres para ter aquela pintura, e este simples saber me trouxe um turbilhão de emoções e aquela maldita frase. Ela é minha parceira, mas eu sabia que haviam outros motivos para eu não desviar os olhos, outros motivos para eu não parar de pensar nela e na forma como ela me fazia querer falar, me expor, com suas provocações, era como se ela sempre estivesse estado aqui, mas ao mesmo tempo ela traz a sensação curiosidade, de desvendar algo novo, me infiltra em um novo lugar. Quando a olho novamente, seus olhos dourados me encaravam de forma confusa, e sua respiração estava acelerada.

"Não consigo acompanhar seu cheiro, o que...em que está pensando, Azriel?"

"Acompanhar o meu cheiro?"

Ela abriu os braços antes de se lançar da varanda, ainda com os olhos focados em mim. Corri por extinto até a beirada, e então ela emergiu no momento em que olhei para baixo, o rosto iluminado de alegria.

"Você vai ficar parado ai? Achei que estávamos atrasados."

Com um impulso das asas me lancei em direção ao mar de estrelas, formando um escudo ao nosso redor, que também a manteria perto. Cheguei mas próximo dela, nossas asas quase se tocando.

●°●°●°●°●°●°●°ELLORA°●°●°●°●°●°●°●°

"O que você quis dizer com não conseguir acompanhar meu cheiro?"

Subi um pouco junto com uma corrente de ar, e agora nós estávamos alinhados lado a lado. E então expliquei;

"Os feéricos, principalmente os machos como você deve saber, podem sentir certas coisas limitadas no cheiro de alguém, como medo e desejo por exemplo, meu olfato assim como minha audição e visão são maiores que a de um Grão-feérico, eu posso sentir quase todas as sensações em um cheiro, eu preciso me concentrar um pouco para isso, é quase como se eu tivesse que ativar este olfato avançado."

"Eu não costumo fazer muito, acho invasivo, mas algumas vezes não tenho controle." Eu acrescentei após ver seu olhar.

"E o que sentiu em mim." Ele perguntou.

"Você estava mudando de sentimentos muito rápido e alguns bem contraditórios, muitas sensações costumam deixar meus sentidos alertas e então eu perco o controlo e ouso verificar de que elas se tratam. Você teve medo, angustia, alegria, raiva e... Desejo, mais que o habitual."

"Mais que o habitual? Uma afirmação duvidosa."

"O cheiro doce e picante do desejo parece sempre estar saindo de você, sempre aumentado e diminuindo, o que não é estranho afinal todos sempre estão com desejo independente do momento." Minha voz agora se tornou um sussurro, sendo carregado pelo vento que batia em nossos rostos. "Mas seus pensamentos parecem ter vagado por lugares bastante interessantes nessas últimas horas, o que me leva a lembrar de uma pergunta que queria lhe fazer, em que você estava pensando que fez seu cheiro atravessar a porta da sala de banho, encantador?"

O vi enrijecer, e um segundo depois relaxar de forma pouco convincente, como se ele estivesse tentando esconder o cheiro que eu não precisei acessar meus sentidos para sentir, puxei um pouco mais de ar, e seja o que for que ele pensou no quarto repassava em sua mente agora, e com ele mais próximo eu senti o cheiro com mais intensidade, desejo, muito mais desejo que o comum.

"Eu estava apenas pensando no trabalho." Eu sorri para ele antes de falar lentamente, minha voz divertida e gutural.

"Mentiroso."

"Não menti." Ele disse.

"Quer que eu acredite que o trabalho é que lhe deixou excitado? Posso estar sendo presunçosa, mas se estar mentindo eu suponho que eu estava em seus pensamentos maculados. Me conte amor, se imaginou na banheira comigo? Se imaginou me beijando contra aquela cama? Imaginou minhas mãos passeando pelo o seu..."

"Chega, você é extremamente indecente." 

Eu ri da forma como seu rosto estava vermelho, mesmo quando percebi o que minhas próprias palavras e o cheiro que emanava dele despertou em mim.
O resto do caminho foi silencioso, e eu aproveitei para apreciar a vista daquela cidade apagada da história do mundo. Senti pena daqueles que jamais poderiam apreciar aquele lugar, eu poderia ter chorado se tivesse tido mais tempo para observar, mas logo minha visão encontrou as cinco figuras no chão, paradas próximas a uma casa mais simples porém elegante. Era uma casa de família percebi assim que olhei para dentro, um lugar para encontros casuais e divertidos, minha garganta fechou, e eu me forcei a engolir a dor, eu tinha aquilo. Eu tinha. E os perdi todas as vezes. Aquele desejo e alegria de minutos antes se apagou, dando lugar aquele mar vazio.

-Olá.- Cassian me olhou dos pés a cabeça, e então olhou para Azriel e Rhysand quando disse.- Por que vocês dois insistem em traze-las para esses jantares sempre tão extravagantes?
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
1139 palavras.

Tiziu:

Tiziu:

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
A Corte de Sombras e Verdades- AzrielWhere stories live. Discover now