Lost

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Dinah

Fodida.

Essa é a palavra para descrever-me no momento. Não pode ser sobrecarregada ou qualquer outro sinônimo, pois realmente não convêm com o momento. O excesso de pressão feita pelos meus pais foi tanta que já atingiu um nível muito alto de estresse em mim, fazendo-me perder a cabeça em questão de uma semana.  

Você não vai conseguir morar sozinha em Miami, Dinah.

Você não tem um trabalho fixo para pagar as contas e a faculdade.

Nós não vamos te mandar dinheiro; você sabe disso.

Você vai voltar correndo para Califórnia e, quando fizer isso, eu vou falar na sua cara que te avisei.

Essas foram algumas das muitas frases que meus pais me falaram enquanto eu estava indo embora. E agora eu consigo ver claramente que eles estavam certos.

Talvez seja aquele lance estranho de extintos paternos ou, talvez, eles realmente estão começando a fazer aulas de magia negra e resolveram testá-las comigo. A segunda opção é bem valida se formos considerar que minha mãe estava muito puta por eu estar me mudando e faria de tudo para provar que estava certa.

Bufo uma última vez, tentando tirar meus pais da minha cabeça por um maldito minuto. Eu saí da Califórnia para seguir um novo rumo da minha vida, certo? Certo. Então eu tenho que parar de pensar nos meus pais e me concentrar em mim — o que não é nada difícil; eu sou uma pessoa muito egocêntrica, afinal.

Seguro meus livros com força contra o peito, tentando não deixá-los cair no meio-fio como ontem. Olho para os lados e vejo várias pessoas correndo para o campus da faculdade, provavelmente não querendo se atrasar para suas aulas. Como eu já terminei minhas aulas de hoje, eu só tenho que ir para o dormitório e arranjar alguma coisa para fazer, tipo dormir ou comer.

Quando eu andava pelas movimentadas ruas e sentia várias pessoas esbarrando em mim, percebi um lugar grande e bem chamativo no final da avenida. Sunset Club estava estampado em uma placa bonita e colorida, como as que se costuma ver em Las Vegas. Acelerei meu passo e parei na frente do estabelecimento, e logo vi a pequena folha de papel no vidro.

Precisamos de funcionários (as) — Eu li, calmamente. Um sorriso largo se formou nos meus lábios. — Bingo, Dinah.

Andei até a entrada e empurrei a porta, que, para minha surpresa, estava aberta. Quando eu entrei encontrei um salão grande, parecido com os das boates que eu costumava frequentar quando estava em casa. As poucas cadeiras que ficavam na frente do bar estavam em cima do balcão do mesmo, algumas moças estavam limpando o chão, e de longe eu consegui ver os camarotes da boate.

— Uau. — Falei e escutei meu eco no salão. Ainda segurando meus livros, comecei a arrumar meu cabelo, desajeitadamente.

— Com licença, senhorita. Mas só permitimos a entrada de funcionários aqui; você vai ter que esperar, como todos os outros. — Um homem alto disse, aparecendo na minha frente e roupando a cena da boate.

Eu abri a minha boca, tentando pensar no que dizer, mas simplesmente não saia nada. Levei uma das mãos até as mexas de cabelo que resolveram querer soltar, novamente.

— Oh! Hm... Eu vim por causa do emprego. — Falei em um tom mais baixo, pois esse cara parecia ser muito intimidante.

Ele arqueou uma sobrancelha para mim, me examinando da cabeça aos pés. Eu não disse nada, apenas esperei ele falar alguma coisa.

— Quantos anos você tem?

— Vinte e um.

— Ok, tecnicamente você já é maior de idade. Venha comigo. — Ele murmurou, apontando com a cabeça para o outro lado do salão, onde fica os camarotes.

Nós entramos em um deles, e, porra, que lugar é esse. É simplesmente mil vezes melhor do que os que eu já fui e é lotado de coisas luxuosas.

— Então, Dinah, estamos procurando um grupo de garotas bonitas para ficar aqui, no camarote. Você não vai ter que fazer muita coisa; apenas sorrir, conversar com todos, ser gentil, e, obviamente, se arrumar para passar uma imagem perfeita da boate. Você vai poder beber e comer de graça, mas isso quando estiver no horário de trabalho. — Ele fez uma pausa e olhou para mim; eu devo estar com uma cara de mané que meu Deus. — Alguns homens podem lhe oferecer... Sexo, mas você não é obrigada a aceitar nada, entretanto, não pode ser rude quando eles lhe oferecerem isso; sorria e negue com delicadeza, ok?

Ok, quer dizer que se alguém estiver dizendo que eu sou prostituta e quer foder comigo eu devo apenas sorrir e negar? Oh, meu Deus, que absurdo.

— Quanto que eu vou receber, se eu aceitar a sua oferta, claro. — Falei, olhando para os lados e imaginando que bagunça esse lugar deve ser durante à noite.

— Quatrocentos dólares por noite. — Quando Will, o gerente da boate, disse isso eu simplesmente arregalei os olhos e virei para encará-lo.

Quatrocentos dólares por noite? E eu vou trabalhar umas três vezes por semana. Isso é muito dinheiro.

Eu consigo lidar com alguns tarados para ganhar esse dinheiro.

— Eu aceito.

Fire And GoldOnde as histórias ganham vida. Descobre agora