Unexpected

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Ally

11:58 da noite. Esfrego minhas mãos nos meus braços, numa tentativa frustrada de me aquecer. O vento que bate no meu rosto me faz sentir como se estivesse congelando. Subo os degraus no meu quintal que levam até a porta da casa, e passo a mão nos meus bolsos procurando pelas chaves, mas não encontro nada. Reviro a bolsa, quase derrubando tudo no chão, e novamente, nada.

Aperto a campainha, com esperança de que alguém esteja acordado e possa me acudir, e espero por alguns longos minutos antes de apertar mais duas vezes. É nesse ponto que me lembro da viagem de dez dias dos meus pais para o Caribe, onde devem estar nesse exato momento. Merda.

Eu até poderia voltar na clínica e pegar minhas chaves, o problema é que outra pessoa ficou responsável por fechar o lugar depois que eu saí, e isso foi há meia hora atrás. Pense rápido, Ally. Camila. Sem dúvida, me deixariam passar a noite na casa dela sem problema, se eu dissesse que a outra opção era dormir debaixo da ponte.

Começo a caminhar, em passos largos, para a mansão a uma quadra de distância. Desejo intensamente estar com um casaco ou uma mísera blusa mais quente, mas meu vestido é o que temos pra hoje, infelizmente. Tenho certeza de que se eu não chegar lá em menos de cinco minutos, morro congelada. Talvez eu esteja exagerando, mas é a verdade é que está fazendo frio pra caralho.

Sem que eu nem notasse o tempo passando, avisto a fachada da casa de Camila em minha frente, e solto um suspiro de alívio. Segundos depois de apertar a campainha, a porta se abre lentamente, e uma figura alta e sonolenta me olha confusa.

-Ally? Que porra você está fazendo aqui a meia noite?

-Obrigada pela doce recepção, Troy - digo - Eu meio que esqueci as chaves e fiquei na rua.

Sem falar nada, ele abre um dos braços, fazendo sinal para que eu entrasse.

-Camila não está, e pelo que parece não vem nem dormir em casa hoje - ele explica - Talvez as coisas tenham dado com o tal de Charlie.

-É, talvez - respondo - Você está sozinho?

Ele assente.

-Sinu e Alejandro foram a uma degustação de vinhos, ou algo assim - ele dá de ombros - Deus, você está tremendo.

Não acho que tenha resposta para aquilo, então permaneço calada.

-Espere aí - ele diz já subindo as longas escadas.

Alguns instantes depois, Troye aparece na sala, meio desengonçado enquanto tenta carregar os cobertores e não cair escada abaixo. Ele os coloca encima do sofá, onde um balde de pipocas enorme se encontra. Olho para a tv, e imediatamente começo a rir.

-Meninas Malvadas? - meu olhar se desvia para Troy.

-É um filme muito bom, caso você não saiba - ele se aconchega debaixo de um dos cobertores - Fica melhor a cada vez que eu assisto.

-Cale a boca - eu digo revirando os olhos.

-Você vai ficar em pé atrapalhando minha visão ou vai se juntar a mim no sofá? - ele pergunta.

-Eu vou sentar no sofá, e não se juntar a você. Que fique bem claro - tiro meus sapatos, e me sento ao lado dele.

-Está claro, Brooke - ele ri.

Seus olhos voltam a prestar atenção nas cenas supostamente incríveis do filme, e eu involuntariamente o observo. Caramba, ele parece uma girafa quando você o olha de soslaio.

-Algum problema? - Troy fala quando percebe que estou olhando para ele.

-Nenhum. É só que... você é tão alto - digo comendo um pouco da pipoca.

Fire And GoldOnde as histórias ganham vida. Descobre agora