60 - Melody.

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Feche algumas portas. Não por orgulho ou arrogância, mas porque já não levam a lugar nenhum. 

Minhas mãos tremiam enquanto eu encarava pela milésima vez o POSITIVO no teste de farmácia, meu Deus! Grávida? EU?

Não. Não. Não. Não.
Soluços e lágrimas pelo meu rosto enquanto minha respiração falhava e minha cabeça negava várias vezes sozinha.

Meu último sexo foi com o Richard, eu não estive com mais ninguém depois dele, é CASTIGO!

Tento controlar minha respiração acelerada e jogo o teste na pia com força, me olho no espelho, tô acabada, maldita hora em que eu fui inventar de fazer esse teste.

Eu tentei disfarçar por umas semanas mas os sintomas estavam ali, eu neguei por muitas vezes, prendi o vômito na garganta, fingi demência, mas EU JÁ SABIA DO ÓBVIO.

— E agora? O que eu vou fazer agora? Meu Deus! — falo sozinha saindo do banheiro e caminhando pelo quarto, 1 mês....eu tô grávida tem 1 mês.

Ligo para minha mãe e cai direto na caixa postal, desligo e tento ligar de novo mas nada, pego a chave da minha pcx, passo uma água no rosto e saio de casa.

Quando mais eu me aproximo, mais desespero me bate, MINHA MÃE VAI SURTAR, minha vida acabou, eu tô destruída.

Estaciono em frente à casa dos meus pais, vendo uma quantidade grande de meninos ali, provavelmente são da segurança dele, tem uns carros parados também e um é da minha madrinha Giulya, graças a deus alguém vai me ajudar a acalmar minha mãe quando eu soltar a bomba, e meu pai? Meu Deus, ele vai SURTAR 10X MAIS.

Abro o portão sendo tomada por uma música alta, de frente para mim estava um painel enorme, um pouco a frente o Richard abraçado na Ana Clara, enquanto todo mundo comemorava em volta, de longe eu vi o bolo, dois pares de sapatinhos, tudo se ligando na minha mente, gêmeos, ela está grávida de gêmeos.

Eu fui voltando a realidade aos poucos, já com a minha mãe na minha frente, me olhando sem entender o motivo de eu estar parada no portão, sem me mover.

— Filha, o que houve? — ela perguntou preocupada chamando a minha atenção

— Nada....nada — nego com a cabeça nervosa — Não houve nada, mãe! E-eu venho depois — falo prontinha para sair

— Melody, você tá com cara de choro o que aconteceu? — ela me segurou ali, neguei com a cabeça e prendi o choro na garganta

— Não aconteceu nada! Te juro! Preciso ir, não quero estragar o momento fofo do casal — dou um sorriso forçado

— Meu amor, para com isso! Tua tia tá aí, tá todo mundo aí, vem — ela insistiu, neguei com a cabeça

— Tá tudo bem, coroa! Mais tarde eu venho aí pra gente conversar — menti dando um beijo na bochecha dela e saindo rápido antes que ela insistisse mais

Foi impossível não chorar no caminho, eu mal via por onde estava passando, a moto fazia ziguezagues, eu cheguei em casa estacionando de qualquer jeito e entrei correndo.

Meu coração parecendo que sairia a qualquer momento do meu peito, como eu dei esse mole? como eu pude engravidar desse garoto assim? aonde eu estava com a cabeça que me deixei ser levada pelo tesão e permiti que ele jogasse dentro? Eu esqueci completamente do meu remédio.

Eu tenho total parcela de culpa nessa gravidez,, a culpa coisa que teria que ter acontecido é esse meu envolvimento com o Richard, maldita foi a hora.....eu já sabia que seria assim! 

Eu vou embora pelo simples fato de não suportar viver vendo tudo isso acontecendo, ele com a mulher dele GRÁVIDA e eu ficando para trás agora GRÁVIDA TAMBÉM! EU SOU A OUTRA! EU SOU A AMANTE!

Eu sou a amante! A outra! A que é julgada como safada, piranha, por estar saindo com um homem casado, mesmo que ele não esteja mais com ela, ELES SEMPRE VÃO VOLTAR. E eu sempre tive esse julgamento sobre quem se encontrava na situação que eu me encontro hoje em dia. Mas com ele aconteceu. Ele foi me conquistando, até me fazer sentir vontade de estar com ele, me deixando levar, sendo usada na carência dele, até isso tudo desmoronar.

Ele não merece saber disso, ninguém merece na verdade, nem que eu suma com essa criança, eu terei esse filho, com todas as dificuldades, bem longe daqui!

 O que as pessoas mais desejam é alguém que as escute de maneira calma e tranquila. Em silêncio. Sem dar conselhos. Sem que digam: "Se eu fosse você". A gente ama não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A fala só é bonita quando ela nasce de uma longa e silenciosa escuta. É na escuta que o amor começa. E é na não-escuta que ele termina. Não aprendi isso nos livros. Aprendi prestando atenção. 

*Não esqueça seu fav e seu comentário.

Richard: Escolhas.Where stories live. Discover now