55 - Richard.

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Mensagem Número Desconhecido: ligue para esse número 000000000

Tento ligar pela quarta vez e cai na caixa postal, caralho, que porra é essa? Só pode ser alguma operadora de sacanagem com a minha cara, alguma dívida que eu fiz e agora tão me cobrando, tomar no cu.

Minha cabeça tá longe, me sentindo estranhão, desde quando descobri que a Ana Clara tá grávida, tô me sentindo estranho, pensando pra caralho, vários ko na mente.

Pressentimento ruim, meu pai morreu nessa vida e não pôde me ver crescer, tudo que eu menos quero é ter o mesmo fim que ele, tudo que eu mais quero é ver essa criança na pista, poder crescer junto, tá ligado.

Tenho a herança do meu pai, honro muito a pessoa que ele foi e tenho certeza que se ele pudesse fazer diferente lá trás pra ter me visto crescer, ele teria feito.

Essa vida que nós leva é muito imprevisível, hoje nós tá, mas amanhã nós já não sabe, tenho orgulho do que eu sou, mas eu preciso dar orgulho pra essa criança que tá vindo aí no mundo.

É como minha mãe me deu o papo: ser pai não é brincadeira, é responsabilidade, faça o melhor para esse criança, independente da tua decisão, é a sua escolha, escolha o melhor para o seu filho ou filha.

— Tô felizão por tu po, tu sabe que tu é um filho pra mim, meu neto tá vindo aí, tenho certeza que vai ser menino po — nego falou me chamando atenção, me fazendo rir

— Tenho certeza po, paizão aqui tem cara de que vai botar um moleque na pista — falo abraçado nele e logo soltando — Valeu papai, tu é referência — ele riu e minha tia Carina me abraçou

— E cadê ela, Richard? Já quero comprar vários mimos para meu bebezinho! – ela falou beijando meu rosto — Tô toda boba, tô ficando velha mesmo! — riu me soltando

— Tá coroa já po, velhinha! — falei sentando na cadeira

Nego tá fazendo um churrasco em comemoração ao carregamento que chegou pra nós, pista tá salgada mas pros meus menor tá tudo tranquilo, terror nenhum.

Meu celular tocou em cima da mesa e eu peguei vendo um número desconhecido brilhar na tela, levantei caminhando para o lado da garagem que tava vazio.

‐ Alô? - falo assim que atendo
- Richard? Sou eu - a voz da Victoria fala do outro lado da chamada
- Qual foi? Caralho, to tentando maior tempão falar contigo - murmuro baixo olhando para os lados e em direção da onde o pessoal tá
- Preciso urgente falar com você! Urgente!
- O que houve? - perguntei
- Não dá pra ser por celular, tem que ser pessoalmente
- Ihhhhhh, acha que eu sou bobão? Tá armando pra mim? Sou otário não po - falo desconfiado
- Deixa de ser ridículo! Eu preciso te contar uma coisa e preciso que você tenha calma!
- Vem na minha direção, pode vir, te garanto toda segurança
- Não, eu não posso ir aí! Tá maluco? Você tem que descer
- Eu não posso descer, tu que tem sabe lá o que pra me falar, vem na minha!
- Nessa madrugada? Como eu entro? Como eu chego aí?
- Eu mando te buscar!
- Como assim?
- No teu prédio, eu mando te buscar ai  
- Vou te passar o endereço - ela falou desligando

Passo a mão no rosto preocupado e uma parte aliviado, tô um tempo tentando contato com ela e não obtive sucesso, nem rede social ela tem, agora esse desespero para falar comigo me deixa desconfiado pra caralho também.

Não sabemos a mente de ninguém, e não tenho só o pé atrás com a Victoria não, tenho corpo todo, nunca se deve confiar em ninguém, foi de muita confiança nos outros que meu pai caiu, mas deixa ela vir po, independente de qualquer bagulho.

Apago a chamada com ela e dígito o número da minha mãe, uns 2 minutos depois ela atendeu.

- Alô? - ela falou assim que atendeu
- Mãe, missão!
- O que? Richard? - perguntou sem entender
- Vou te passar o endereço, a senhora busca e tu sobe com ela direto pra cá! Vem na minha direção
- Ela quem Richard?
- Só faz! É urgente - falo desligando o celular

Vou em direção da mesa, me despedindo dos moleques que não entenderam nada e eu dei a desculpa que ia ver a Ana Clara, já tá tardão, passando de 23h, passei as coordenadas toda para minha mãe que entendeu tudo.

Fui direto para casa da Ana Clara, dispensando os seguranças e mandando reforçar a segurança na favela, avisando que tô fazendo missão oculta, dando o papo de que recebi um aviso fake, nunca se sabe, tá ligado.

— Tá fazendo o que aqui? — Ana Clara perguntou abrindo a porta

— Vim te ver! — falei encostado no batente da porta, casa nova que ela alugou

— Já viu! — falou pronta pra fechar a porta mas eu não me afastei — Richard? — me olhou sem entender

— Não vai me convidar para entrar? Vim te ver po, já falei — ela abriu a porta me dando passagem

— Pode falar! — cruzou os braços e me olhou de cima a baixo

— Quero saber como tu tá? Tu ficou de me amostrar a ultra, esse bagulho aí — ela concordou séria e eu sentei no sofá, analisando ela ir para um outro cômodo, Ana Clara tá linda

Ela me amostrou a ultra e um CD que tinha o som do coração, me bateu maior vontade de chorar, ela chorou me encarando, me analisando toda sensível, com os olhos e o nariz vermelhos.

— O que foi? — perguntou sem graça prendendo o cabelo — Tá me olhando assim por quê? — riu sem graça

– Nada! Tu tá bonita pra caralho! Só por isso — falo sem conseguir me controlar, tirando o notebook do colo dela e botando no braço do sofá

— Para, Richard! — desvia o olhar do meu levantando-se — Eu tenho culto amanhã cedo, preciso dormir — fala de costas para mim

— Tá me expulsando? Caralho! — falei rindo me levantando, sentindo meu celular tocar, ela virou para mim na mesma hora — Ora por mim lá! — falo distraído

— Sai dessa vida! Você não precisa disso não — falou chamando a minha atenção

Encaro o nome da minha mãe brilhando na tela do meu celular e rejeito a ligação, lendo uma mensagem dela falando que já tinha chegado.

— Tô indo! — ela concordou de braços cruzados

— Tua mulher ligando né? Vai correndo — debochou me fazendo rir, se ela soubesse

— Sabe como é.. — minto balançando os ombros

Ela abriu a porta para mim e eu saí escutando a porta bater com força, entrei no carro só tô com dois seguranças, os moleques falaram que minha mãe tava la em casa, agora é a hora de sentar e conversar com a Victoria, botar todas as cartas na mesa.

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Richard: Escolhas.Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang